Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 10
Capítulo 10 - Ela sabe como eu me sinto


Notas iniciais do capítulo

Ia dar essa capítulo como presente de Páscoa, mas mudei de ideia.
Espero que por eu ter falado tanto desse capítulo 10 para algumas pessoas que não decepcione =)
Adorei escrevê-lo e espero que gostem de lê-lo.

Ótima leitura!



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Maura acordou naquela manhã com seu celular tocando. Estranhou, fazia muito, mas muito tempo mesmo que não recebia uma ligação àquela hora da manhã, no começo, nos primeiros dias que ficou em casa depois da morte de Jane vivam ligando para seu celular devido ao costume de sempre ligarem para Maura, mal lembravam dos outros legistas.

- Alô?

- Doutora Isles? – Front perguntou receoso. Estranhou Maura não se identificando com “doutora Isles” quando atendeu ao telefone. Poderia ter ligado para o número errado.

- Sim, sou eu, Maura. Detetive Frost? – Maura reconheceu a voz, mas perguntou só para ter certeza, não tinha olhado no visor do celular para ver quem era. – Algum noticia sobre o assassino da Jane?

- Infelizmente ainda não. – Frost fez uma pausa e pigarreou. – Desculpa ligar a essa hora da manhã doutora Isles, sei que você ainda está de licença, mas é que estamos com um problema.

- Qual problema? – Maura perguntou realmente interessada. Frost nunca ligava para ela, então deveria ser realmente importante. – Algo em que eu possa ajudar?

- Com toda certeza. Teve um assassinato mais cedo e estamos trabalhando com o doutor Parker, só que ele estava muito mal. Pegou uma gripe. Então o mandamos para o hospital e que tirasse alguns dias de folga para que se recuperasse. Só que chegamos ao necrotério e todos os outros legistas estão ocupados, então eu estou ligando para perguntar se você não pode nos ajudar. Não no caso inteiro, claro, só a autópsia, já nos ajudaria muito, só até um legista ficar livre.

Já tinha tentado voltar para o trabalho uma vez e não tinha dado muito certo, se dispersava, ficando pensando em Jane, imaginando que ela passaria pela porta do necrotério a qualquer momento, talvez fosse por que no único dia que tentou voltar foi um dia que não teve homicídio, que ela ficou o dia inteiro trancada em seu escritório vendo relatórios, não conseguia se concentrar, talvez trabalhando diretamente com o corpo fosse algo diferente.

- Pode me esperar que dentro de uma hora eu estou no departamento detetive Frost.

Definitivamente Frost não esperava uma resposta de imediato daquela. Pensei que teria até que implorar para Maura cogitar em fazer a autópsia. Ficou feliz em saber que ela tinha aceitado. Sentia falta de trabalhar com a legista.

Simplesmente tinha saído a confirmação de que iria fazer a autópsia, mas já estava na hora, Angela queria vê-la de volta ao trabalho, sua psicóloga também, então não custava nada tentar mais uma vez.

Depois de duas semanas no hospital, Maura estava finalmente de volta a sua casa. Já não via a hora, estava cansada de ficar em uma cama de hospital sem fazer nada, sentia falta de suas autópsias, de ajudar a resolver um assassinato, sentia falta de Bass, das suas comidas. Única coisa, aliás, pessoa que não sentiu falta foi Jane por que a detetive passou as duas semanas ao seu lado. Estava feliz, tinham se acertado, não do modo romântico da coisa obviamente, Jane não teve coragem de dizer uma só palavra que ia dizer quando estavam presas no frigorifico ou o que disse para sua mãe quando Maura estava a beira da morte, ensaiou, por diversas vezes ainda, mas não encontrava o momento certo, então deixou para lá e resolveu que ia ajeitar sua amizade com Maura. A legista também já tinha decidido que não ia mais tocar no assunto de sua paixão, depois de tudo que tinha passado o que menos precisava era ficar longe de Jane. Então voltaram a ser amigas.

- Jane eu estava com pneumonia e a temperatura do meu corpo estava abaixo do normal, não estava com nenhum problema na coluna para você estar me segurando.

Não que Maura estivesse incomoda, estava adorando a preocupação de Jane com ela, começando para sair do hospital que praticamente a obrigou a ir até a saída do hospital com uma cadeira de rodas, quando pararam na porta Jane foi a segurou pelos braços para levá-la até o carro, abriu a porta, não deixou nem que ela colocasse o cinto, chegando na casa de Maura não deixou com que ela tirasse o cinto e nem abrisse a porta do carro e foi a levando segurando pelos braços até chegarem no sofá de Maura.

- Desculpa se eu não quero você quase morrendo de novo. – Disse sarcasticamente.

- Você não tem que voltar para o trabalho?

- Não... Pedi o dia de folga para Cavanaugh para que eu pudesse ficar aqui com você.

- Não precisava Jane.

- Me falasse antes de eu conseguir a folga. – Jane pegou alguns DVDs que estavam na estante na mão. – Aluguei alguns filmes para assistirmos.

- Alugou O Diário de uma Paixão? – Perguntou Maura animada. Jane revirou os olhos. Se divertia com a animação de Maura por um filme que ela já tinha assistindo milhares de vezes, mas não ia demonstrar que gostava. – Não alugou?

- Você podia escolher um diferente hoje, não acha? Aluguei “Enquanto você dormia”, “Doce Lar” e “Mensagem para Você”.

- Não alugou nenhum de ação para você?

- Você não gosta, ia alugar pra que?

Maura não se importava de ter que assistir um filme de ação se fosse ter Jane ao seu lado, mas estava achando maravilhoso ela se importando até com os filmes que iriam assistir, mesmo sabendo que nos dez primeiros minutos de filme Jane acabaria dormindo.

A detetive pegou um dos DVDs e colocou no aparelho, iam acabar assistindo a todos os filmes mesmo, então a ordem em que assistiriam era o de menos. Sentou ao lado de Maura no sofá, jogou uma manta sobre as pernas das duas e começaram a assistir.

Pensavam que estavam bem do jeito que estavam, eram amigas novamente, tinham voltado a fazer coisas que costumavam a fazer quando Maura não tinha se declarado, quando Jane não tinha encerrado a amizade, talvez o que passaram no frigorifico fosse um empurrão para que ficassem bem de novo e voltassem a ser amigas e talvez também fosse um sinal de que elas tinham que passar a vida sendo só amigas, nada mais. Mas quem acredita em sinais no final das contas? Um minuto e outro entre o filme Jane tentava dizer alguma coisa para Maura, tinha resolvido ajeitar a amizade, mas ainda procurava o momento certo de se declarar para a legista, não tinha mais nada a perder e não era justo Maura não saber de seus sentimentos depois dela conhecer todos os sentimentos da loira, mas não conseguia dizer, queria ter a coragem e espontaneidade de Maura, tudo seria tão mais fácil. Um minuto ou outra Maura pegava Jane olhando para ela por que também tinha resolvido olhar para Jane. Sorriam sem graça quando percebiam que uma estava olhando para outra. A loira tinha tantas perguntas para fazer, tinha tanta coisa para dizer, mas não iria mais, não iria estragar novamente sua amizade com a morena depois de estarem tão bem como não ficavam há muito tempo.

Para surpresa de Maura, Jane aguentou bem os dois primeiros filmes, até via a detetive rindo algumas vezes e claro, reclamando do roteiro, era comédia romântica, o roteiro só precisa ser bonitinho para derreter corações, mas no terceiro filme parecia que era demais para Jane e quando estava na metade Maura olhou para o lado e viu a amiga dormindo. Sorriu. Jane conseguia ainda ser mais linda dormindo. Com cuidado levantou do sofá e com a manta cobriu o corpo de Jane. Estava faminta e tinha certeza que se a amiga sonhasse que ela estava pensando em ir até a cozinha preparar alguma coisa para fazer ia interferir.

- Jane uma ajudinha aqui! – Disse Angela entrando na casa de Maura cheia das sacolas. – Jane!

- Shiii! – Pediu Maura indo a encontro de Angela e pegando algumas de suas sacolas. – Ela está dormindo.

- É desse jeito que ela diz que ia ficar cuidando de você hoje?

- Eu estou bem. – Maura colocou as sacolas em cima do balcão da cozinha. – Não preciso de cuidados, mas como ela pediu folga hoje... – Angela soltou um riso. – O que é tão engraçado Angela?

- Nada. – Angela começou a tirar as coisas que tinha comprado de dentro da sacola. – Vou fazer o jantar para nós. Tenho certeza que você está sentindo falta de uma comida caseira.

- Não posso mentir, então... Sim, estou sentindo muita falta, ainda mais da sua Angela, mas não precisava ter se preocupado.

- Já disse que a vejo com minha filha Maura, então é normal eu me preocupar com você.

Maura abriu um sorriso. Se sentia tão feliz depois de tudo que tinha dito para Angela ela ainda a tratava como filha. Se tudo não fosse tão complicado ia ser a pessoa mais grata do mundo em ter Angela como sogra. Sempre teve as piores noras do mundo, a última a acusou de ser a culpada pela morte de seu ex-namorado. Angela era um presente, pena que Jane não estava a fim de tornarem as duas sogra e nora.

- Posso te ajudar a fazer o jantar? Já estou cansada de ficar sem fazer nada e tenho que aproveitar enquanto minha guardiã está dormindo.

- Pelo jeito sua “guardiã” não vai acordar tão cedo.

- Por quê? – Maura perguntou sem entender. – Eu sei que ela não gosta dos filmes que eu gosto, mas ela normalmente só cochila.

- Jane não dormiu hoje ainda. – Maura a encarou com uma cara de ponto de interrogação. Angela percebendo que tinha falado demais procurou disfarçar. – Vamos cozinhar?

- Vamos sim, mas depois de você me explicar o que está acontecendo. Por que Jane não dormiu hoje ainda?

Angela suspirou vencida. Ia ter que contar para Maura, mesmo que Jane ficasse louca da vida com ela. Mas desde quando isso era um empecilho? Ia contar de qualquer forma.

- Jane saiu do turno na delegacia e foi diretamente pra o hospital te ver.

- Pensei que ela ia ficar poucos dias no turno da noite.

- Ela trocou de turno para poder passar os dias com você. Sean está louco atrás dela por que ela não foi trabalhar hoje. Era para ela ter ido pra casa, descansado um pouco e voltado para o departamento, está com um assassinato que está tirando o sono.

- Não Angela, não pode ser. – Maura estava realmente confusa. – Jane disse que não aconteceu nada demais durante essas duas semanas, que tudo estava bem no departamento. E que loucura é essa que ela tinha que voltar ao trabalho? Ela disse que tinha conseguido uma folga.

- Ela pediu a folga, mas Cavanaugh não quis dar devido a esse caso, então ela se deu folga por conta própria.

Maura estava bestificada. Jane prejudicou mesmo seu trabalho para estar ali com ela? Tinha trocado de turno só para ficar com ela? Racionalmente falando sabia que aquilo não era necessário, por que assim que Constance ficou sabendo do acontecido correu para Boston para ficar com a filha o que foi uma surpresa para Maura já que pensou que ela só daria um telefonema perguntando se estava tudo bem, só deixou Maura dois dias antes de ter alta por que apareceu alguns problemas para resolver, mas estava sempre ligando para saber como a filha estava, então não era necessário Jane ter feito aquilo. Mas emocionalmente falando Maura adorou o que Jane tinha feito, se sentia importante para a amiga, sabia que ela se preocupava, não que duvidasse, mas teve a confirmação, olhou com carinho Jane que dormia no sofá e sorriu, a vontade que tinha era de abraçar, beijá-la e agradecer por tudo, poderia até fazer isso tirando a parte do beijo, por que elas voltaram a ser só amigas, nada mais. Logo a revelação de Angela fez com que Maura fizesse uma pergunta que estava martelando em sua cabeça fazia duas semanas.

- Angela eu preciso que você seja sincera comigo. – Angela a encarou curiosa.  – Não sei se eu estava delirando devido aos medicamentos que haviam me dado para que eu voltasse a minha temperatura normal e que me curasse da pneumonia, mas eu acredito que ouvi Jane conversando com você, dizendo que me amava.

- Vocês são amigas há seis anos Maura. – Angela tentou disfarçar. – Claro que ela te ama.

- Não estou dizendo como amiga. Eu ouvi Jane pedindo para eu não morrer, que ela me amava.

A mãe de Jane tinha sido pega de surpresa com o que Maura dizia. Não imaginava que ela poderia ter ouvido a conversa das duas. E por que não tinha comentado nada antes? Não podia dizer o que realmente Jane tinha dito naquele dia, isso sim não era de direito seu, não podia se intrometer por que estaria interferindo a vontade de Jane de querer ou não que Maura soubesse de seus sentimentos, mesmo não concordando com Jane escondendo isso da amiga, não podia contar, esse era um assunto que ela e Jane teriam que sentar e conversar e se Deus quisesse se entendessem, por que ela não estava aguentando mais. Daqui a pouco ela que ia trancar as duas em um frigorifico para que finalmente se entendessem e assumissem esse amor.

- Querida acho que isso é algo que você e Jane deveriam conversar, é melhor eu não me intrometer.

Respeitou a decisão de Angela não dizer nada, mas também ficou pensando que poderia ter ouvido aquilo mesmo, mas que Jane só havia dito aquilo por que pensou que ela fosse morrer, assim como no frigorifico que conversaram por que Jane pensou que elas fossem morrer, mas em nenhum momento ela pensou em se declarar, se é que tinha alguma declaração a ser feita, ás vezes podia estar se sentindo culpada por ela ter revelado seus sentimentos e Jane ter ido atrás de outro a machucando de uma forma. Se conformou que jamais ouviria aquelas palavras saindo da boca de Jane se ela não estivesse praticamente morrendo. O jeito era seguir com a amizade.

Começaram a cozinhar e não tocaram mais no assunto. Conversaram sobre qualquer outra coisa, menos os sentimentos de Maura por Jane e os possíveis sentimentos de Jane por Maura. Riram, se divertiram, Maura estava com saudade daquilo, no hospital só ficava era deitada, nem televisão assistia por que achava os programas muitos chatos, não entendia os programas de comédia, os desenhos não faziam sentindo por que patos, coelhos e porcos falavam e os canais com documentários não pegavam. Se distraia quando ficava jogando xadrez com Jane e esse tempo todo pensou que a amiga estava a deixando ganhar, mas se ela estava no turno da noite e chegava ao hospital sempre cedo, tinha dormido poucas horas essas últimas semanas, então não tinha concentração para o jogo. Só Jane mesmo para fazer uma coisa dessas.

- Eu durmo por alguns minutos e você já está colocando a Maura pra cozinhar Ma?

- Alguns minutos? – Angela perguntou. – Está dormindo tem quase duas horas.

- Quase duas horas? – Jane perguntou surpresa, não imaginava que tinha dormido tanto assim. – Por que você não me acordou Maura?

- Por que você estava precisando dormir, já que não dormiu hoje.

- Claro que eu... – Maura a encarou com o olhar de desaprovação já a repreendendo pela mentira que estava prestes a contar. – Mãe! – Angela deu de ombros. - Sobre o que mais conversaram enquanto eu dormia?

- Nada.

Falaram juntas.

- Ótimo que acordou. – Disse Angela entregando alguns pratos para Jane. – Arrume a mesa.

- Só vou para você não abusar mais da Maura.

Maura sorriu. Estava adorando ter Jane cuidando dela, não torcia para que viesse a quase morrer de hipotermia e pneumonia novamente, mas podia ter uma gripe ás vezes, mesmo sabendo que era difícil já que sua imunidade era muito boa devido a sua alimentação, horas de sono e as corridas matinais, mas talvez o tempo no frigorífico tivesse abalado isso, mas seria ótimo ter Jane cuidando dela mais vezes.

Sentaram a mesa para jantar. Foi um jantar descontraído, divertido, como os jantares costumavam ser depois que Jane fez amizade com Maura, conversavam sobre tudo, só quando Maura disse que voltaria para o trabalho no outro dia que Jane não aprovou e começou uma pequena discussão, mas nada que Maura não pudesse contornar, estava se sentindo perfeitamente bem e se sentiria melhor ainda voltando ao trabalho. Mas mesmo assim Maura estava adorando a preocupação e sabia que mesmo se trancassem a porta do departamento para Jane não ir até o necrotério ela arrumaria um jeito, ficaria de olho em Maura, saber se ela estava bem, se não queria ir para casa, mesmo sabendo que a legista estava 100% recuperada.

- O que você pensa que está fazendo? – Disse Jane tirando o prato que Maura ia começar a lavar das mãos dela. – Já fez o jantar, nada de lavar louça.

- Sua mãe que fez o jantar eu só ajudei, não acho justo ela também ter que levar a louça.

- Eu arrumo aqui a cozinha, não tem problema.

- Jane...

- Não falou que queria tomar um banho? Que estava com saudade de seu chuveiro? Então, vá tomar um banho. Termino isso aqui em cinco minutos.

Maura balançou a cabeça em negativo. Sabia que não podia competir, ia perder, por que ela podia ser persistente, mas Jane era muito mais, ainda mais com essa superproteção toda que ela estava possuindo durante essas duas semanas.

- Tudo bem.

A legista disse por fim vencida. Jane a viu deixando a cozinha para subir até seu quarto e ir tomar seu banho.

Jane começou a lavar a louça e mesmo que tivesse dito que ia arrumar sozinha não pode proibir a presença de Angela que fez questão de ajudá-la. A morena estava concentrada lavando a louça, mas sentia que sua mãe queria lhe dizer algo, mas nada perguntou, vai que ela tivesse alguma coisa para dizer mesmo e ela teria que ouvir? Se fosse em outras ocasiões não pensaria em perguntar o que era, mas estava realmente cansada, por que só tinha dormido aquelas duas horas enquanto era para estar assistindo ao filme.

- Jane... – Disse Angela guardando o último prato no armário. Não demoraram nem 15 minutos para terminar de arrumar a cozinha. Jane voltou sua atenção para sua mãe. Sabia que ela tinha alguma coisa para dizer. – Por que você não conta logo para ela como você se sente?

- Do que você está falando Ma?

- Ela sabe que você disse que a amava, só acha que estava delirando por causa dos remédios.

- Que continue pensando assim então... Eu não vou dizer para ela como me sinto, antes eu não disse por que tinha medo de você, do departamento, medo até de mim, mas agora tenho medo de não darmos certo e estragar nossa amizade, estamos tão bem agora.

- Tem que parar de pensar no medo Jane, ela te ama, você a ama, está esperando mais o que?

Jane nada disse, por que não tinha nada a dizer, sabia que a mãe tinha razão. Não tinha mais o que esperar, só era subir as escadas e dizer para Maura tudo que sentia e ver no que ia dar.

- Vou ver se a Maura já saiu do banho e me despedir dela. Preciso dormir e aguentar meu chefe amanhã. Boa noite Ma.

Angela balançou a cabeça em negativo. Sempre soube que a filha tinha problemas para lhe dar com seus sentimentos, mas dessa vez estava demais. Daqui a pouco ia chamar um desconhecido na rua para casar com ela só para fugir de Maura de novo. Deixou a casa, sabia que não ia ser essa noite que ia ter Maura como nora.

Jane subiu até o quarto de Maura pronta para se despedir, mas não conseguiu achar palavras ao ver Maura com um dos pés em cima da cama passando hidratante, ela vestia uma camisola branca, sem muitos detalhes, mas que caiu muito bem na pele de Maura tinha acostumado só a vê-la com aquelas roupas de hospital que tinha esquecido como ela ficava maravilhosa com suas próprias roupas, sua própria camisola.

- Jane... – Maura a tirou do transe. Tinha percebido sua presença parada do lado de fora do quarto a observando. – Tudo bem?

- Hã? Sim... Tudo, tudo. Só vim me despedir, vou para casa ver se durmo um pouco.

- Não quer passar a noite aqui? Arrumo o quarto de hóspedes para você. Deve estar cansada, seria perigoso dirigir assim.

- Eu vou ficar bem. – Disse com um meio sorriso. – Nos vemos amanhã no trabalho? – Maura fez um afirmativo com a cabeça. – Boa noite.

- Boa noite.

A detetive estava pronta para deixar o quarto. Chegou a passar pela porta, mas não conseguiu seguir a diante. Parou de costas do lado de fora do quarto. Talvez sua mãe tivesse razão, estava na hora mesmo de se declarar, mesmo depois de tudo que tinha feito, mesmo depois de ter machucado o coração de Maura, ainda ter uma chance com a loira, entenderia se ela a rejeitasse, mas precisava dizer como se sentia, como já deveria ter dito há muito tempo. Se virou para ficar de frente para a porta do quarto de Maura e disse:

- Eu pensei que fossemos morrer. – Maura a encarou sem entender, mas não disse nenhuma palavra. – Depois eu pensei que você fosse morrer e a única coisa que eu ficava pensando era “Ela não sabe como eu me sinto”.

- Jane... – Maura tentou intervir. Se fosse destruir o que tinha reconstruído durante essas duas semanas que ela ficou no hospital não queria ouvir. Jane já não tinha a machucado demais todos esses meses? – Não... – Jane se aproximou de Maura. – Por favor.

- Eu sou a idiota que não merece o seu amor, que só fez você sofrer todos esses meses, que decidiu casar com outro por que não sabia lhe dar com os sentimentos.

- Com os meus sentimentos. – A legista disse baixando os olhos. Já estava entristecida, Jane ia começar com o mesmo discurso do frigorífico.

- Não, não com os seus sentimentos... – Jane levou sua mão até o queixo de Maura e levantou sua cabeça fazendo com que assim ela a encarasse. – Com os meus sentimentos. – Ia mesmo começar o mesmo discurso do frigorífico, mas o que Maura não tinha ouvido. – Eu não queria senti-los, mas já era tarde demais e quando percebi que era tarde demais eu resolvi afastá-la de mim, mas quando te vi na UTI, cheia daqueles aparelhos correndo o risco de nunca mais te ver viva eu vi o quanto fui estúpida não ter dito isso antes para você. Fiquei pensando em como tudo poderia ser diferente, quanto tempo eu não teria perdido, como eu poderia estar sendo imensamente feliz.

- Você não é feliz Jane?

Maura foi obrigada a perguntar. Não fazia a mínima ideia como seria o final daquela conversa, mas depois dos últimos meses, com toda certeza acabaria com a porta sendo fechada abruptamente e as duas se ignorando por semanas. Não suportaria, de verdade. Já estava cansada de Jane fazê-la sofrer. Já estava cansada dos seus sentimentos não correspondidos. Mas estava disposta a seguir em frente, se Jane seguisse, mas parecia que a detetive não conseguia.

- Eu pensei que eu era Maura, até descobrir que minha felicidade tem nome e sobrenome.

- Acho melhor você ir embora Jane.

Estava prestes a começar a chorar e não queria que Jane a visse chorando. Sabia que a detetive não merecia nenhuma gota de suas lágrimas depois de tudo que tinha feito e estava prestes a fazer de novo. Não queria saber o nome muito menos o sobrenome da tal felicidade de Jane.

- Maura Isles. – A primeira lágrima caiu, não por ter ouvido seu nome saindo da boca de Jane, nem tinha entendido o que aquilo significava, mas é que estava tão acostumada com o sofrimento causado pro Jane, por não ter seu amor correspondido, que já estava sofrendo de novo. – O nome da minha felicidade é Maura Isles. Você. – Jane se aproximou mais de Maura e limpou as lágrimas que tinha começado a cair. A loira tinha ficado estática, ainda assimilava o que Jane tinha acabado de dizer. – Eu estou completamente apaixonada por você Maura. Eu te amo como nunca amei outra pessoa na vida. – Maura continuava a encarando sem dizer nada, parecia até que estava vivendo um sonho ouvindo todas aquelas palavras saindo da boca de Jane. - Me perdoa por ter feito você sofrer esse tempo todo, me perdoa por ter te afastado de mim, me perdoa por eu não ter dito a tempo como eu me sentia. Não espero que sejamos um casal depois de tudo que eu fiz, que você queira construir uma família comigo, por que acho que já é tarde demais. – Jane baixou os olhos. - Eu já estraguei tudo.

Não sabia mais nem o que estava sentindo. Pensou que viria mais sofrimento para ter que conviver nos próximos dias, mas pelo contrário, Jane tinha mesmo acabado de se declarar para ela? Tinha mesmo acabado de se desculpar por tudo que já tinha a feito passar? Dessa vez foi a vez de Maura fazer com que Jane a encarasse. Olhou bem nos olhos da detetive e pode ver arrependimento por tudo que tinha feito, por tudo que tinha dito, não agora obviamente, mas por tudo que tinha dito antes, por toda briga que havia causado. Via também nos olhos da morena suplica, que mesmo que não aceitasse em sua vida como namorada, se não quisesse ser um casal que todos já pensavam que ela era, que pelo menos a deixasse continuar em sua vida, como sua amiga.

- Você não estragou nada Jane.

Para surpresa de Jane que pensou que ia ser enxotada da casa de Maura assim que terminasse de dizer tudo que tinha dito Maura a beijou.

Novamente, depois de muito tempo teve os lábios da legista colados com o seu. Pode sentir o gosto doce da boca de Maura. Pode sentir também seu coração bater mais acelerado, como nunca bateu por ninguém que ela havia beijado. Queria que aquele momento durasse para sempre e que se fosse sonho que nunca mais acordasse.

- Eu ainda pretendo ter uma vida do seu lado Jane Rizzoli. – Maura disse após se separar do beijo. – E eu pensei que você nunca fosse admitir que queria ter uma vida ao meu lado também. – Jane riu. – Eu te amo.

Se beijaram novamente. Agora o beijo para selar a nova etapa da vida das duas, o beijo que finalmente as tornariam o casal que elas já deveriam ser a muito tempo. O beijo que as levou até a cama para que se descobrissem, para que aprendessem uma com a outra, para que se amassem como nunca tinham amado ninguém na vida.

- Maura! – Frost a chamou. A legista parou no saguão do prédio para que Frost e Korsak a alcançassem. – Obrigado por ter nos ajudado com o caso.

- Não foi nada. – Disse com um sorriso. – Já estão indo embora?

- Na verdade estamos indo ao Dirty Robber. – Respondeu Korsak. – Gostaria de se juntar a nós?

Perguntou mesmo sabendo que a resposta seria negativa. Era esperar demais que a legista tivesse voltado a trabalhar em um caso, sim, Maura havia trabalhado no caso inteiro, até pegarem o assassino, não fez só a autópsia como de começo Frost havia pedido.

- Adoraria acompanhá-los.

Se surpreenderam com a resposta, mas procuraram não mostrar a surpresa, estavam felizes por ter Maura de volta, mesmo que fosse só por alguns dias. Mas a realidade era que Maura também estava feliz por estar de volta.


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