Tudo me veio como um flash, as palavras eram pronunciadas da boca de Jimmy me fazendo lembrar aquele dia da festa. Não que aquilo tenha sido algo grande. Porém, o toque era gentil e me fez me sentir muito, mais muito bem.

– Princesa. – Fui tirado de minhas lembranças com um beijo na bochecha que um garoto de cabelos vermelho fantasia havia acabado de deixar.

– Jimmy. – O tom de minha voz fora tão sério, mas Schimt estava acostumado comigo e com meu “bom-humor”.

– Sempre de bom humor, Cam. – Ele sorriu deixando de lado minha cara feia.

– O que achou? – Ele deu uma volta, certamente perguntava sobre seu cabelo.

– Legal. E chamativo. – Não, eu não diria que desse vez ele ultrapassou o nível de sensualidade e charme, eu nunca diria isso, mesmo que pensasse toda vez que visse.

– Hey! – Joseph havia chegado no colégio, parecia que ela nunca mudava, diferente de Jimmy e seus cabelo.

Nós éramos veteranos – finalmente – e por algum motivo éramos conhecidos no colégio, talvez fosse por termos nos enturmado logo no primeiro dia de aula do ano passado, talvez. Lembro-me que no primeiro ano aqui eu havia acabado de me mudar, saído da cidade grande para uma pequena ilha na costa sul Inglesa, a Ilha de Wight. De primeira – É claro – Um garoto da cidade grande não iria gostar nada,nada de ir para uma ilha. Eu morava em Londres, hoje moro na cidade de Cowes, famosa pela regata na primeira semana de Agosto. Esse ano seria a primeira vez que eu sairia de casa para ver a competição de barcos, disso eu estava ciente.

– Você esteve fumando, Jimmy? – Eu já sabia que ele fumava, mas na última vez que nós falamos eu “jurou” que iria parar.

– Eu largo o vício, mas ele não me larga. – Ele riu fraco.

– Não adianta Cam, ele fuma desde os 13 anos, talvez morra cedo. – Mesmo que fosse “brincadeira” de Joseph, meu coração estava acelerado, imagine perder um algo tão importante como Jimmy?

– Vazo ruim não quebra, Jojow. – Disfarcei.

Ouvi Jimmy rir pelo nariz mostrando seus dentes brancos naquele sorriso sacana que me deixava um tanto excitado. Ele não mudava, mesmo que quisesse. Jimmy era sempre Jimmy, e eu e Joseph e amávamos daquela forma. Desde que o conheço, nunca o vi com nenhuma garota, diz Joseph que ele só transava com elas e as jogava fora. Nunca ouvi nada sobre o pai dele também, apenas sobre sua mãe Elizabeth e suas irmãs Jenna e Tinna. A é claro sobre Zeus, o lagarto.

Estávamos na sala, exatamente na aula de física do professor Edith Hazzo, ele era um professor enrolado,falava,falava,falava e todos os alunos dormiam em sua aula. Inclusive Jimmy, eu estava completamente avulso, assim como Joseph que brincava com sua caneta de bichinho.

– psiiiiu – fiz baixo para que Jimmy me olhasse. Não deu certo.

– psiiiiiiiiiiiiiiiiu – um pouco mais alto. – PSHIIIIIIIIIU! – não deu certo.

– PORRA, JIMMY, O CAMERON TÁ TE CHAMANDO! – Obrigado, Joseph.

– Senhorita Scarlet, algum problema? – O professor parecia bravo, contei que ele cuspia? É ele cuspia.

– Não, o Cameron que está. – Ela me olhou de rabo de olho, filha da puta.

– Mas uma de vocês, fora da sala. – Ele olhou para Joseph com cara de nojo e voltou a escrever no quadro.

Jimmy agora me olhava querendo saber o que eu queria, desviei o olhar olhando para frente e o rapaz voltou a dormir. Até o sinal tocar para o intervalo.

Eu havia cochilado naquela porra de aula chata e quando acordei assustado com o sinal de intervalo, Jimmy não estava mais á minha frente. Arrumei minha mochila e antes de caminhar até a porta avisto um papel amassado jogado ao chão, coitado.

“Admitir que possa ir longe, que pode ir além. Não tente fugir do que ama. Correr pro lado oposto está sendo pior pra você, oh se está querida. Olhe para frente caminhe e esteja segura de sim, owowowow. Eu estou por aqui, por enquanto mas logo irei longe, você precisa se virar mas sempre estarei com você baby, oh! Para sempre...”

A letra de Jimmy com certeza era garranchos um por cima do outro, era Jimmy. Mas o que seria aquilo? Letra de música? Era típico ser letra de música, afinal, Jimmy era fascinado por música, música boa, lenta, rápida, era definitivamente o que o deixava feliz, depois disso era pão, ele amava pão. Por fim, coloquei o papel no bolso indo para fora da sala.