Beck Oliver

Pisquei duas vezes antes de ter total certeza do que via na minha frente. Uma garota realmente estava de calcinha e sutiã deitada ao meu lado? Levantei da cama assustado, algumas lembranças de ontem à noite vieram a minha mente. Eu tinha bebido pela primeira vez, minha cabeça doía muito, e á noite e tinha uma garota na minha cama. Primeiro: A Jade não pode saber disso, eu tinha prometido paz á ela. Segundo: Eu não queria uma garota na minha cama, agora. Eu queria paz e queria ficar longe de garotas, principalmente alguma que queira dormir aqui.

– Vanessa? – Perguntei cutucando o braço da garota. Nem sei como me lembrei de seu nome, minha cabeça doía mias que tudo. – VANESSA! – Gritei, eu já tava surtando.

– Oi? Já acordou? Eu durmo até às 11 horas. – Disse levantando-se e vestindo a roupa.

– Espera! O que aconteceu? Porque você tá assim? ME EXPLICA ALGUMA COISA! – Uma confusão se formava dentro de mim, eu não podia ter transado com ela. Não! Não! Não! Isso tava muito errado!

– Você não se lembra de nada? – Perguntou já vestida, ela era uma linda garota, e tinha tudo o que precisava pra que eu tivesse interesse, mas eu não queria nada com ela.

– Não! Dá pra me explicar, por favor? – Pedi quase implorando. Ela jogou os cabelos pra trás e se sentou na cama me fitando.

– Cara! Odeio bêbados que não se lembram de nada no outro dia... – Disse revirando os olhos.

– Nós... Você sabe... Nós? – Perguntei nervoso.

– Não! Claro que não! Desse jeito você tá me ofendendo. – Falou arrumando sua bolsa.

– Me desculpa! É que eu acordo e vejo você ai toda sem roupa e acabo pensando besteira. – Sentei-me na cama, eu estava tendo um ataque de nervosismo.

– Olha! O Zac me ligou e disse que você queria alguém pra conversar. Então eu vim apenas pra conversar... – Arqueei a sobrancelha. Ela tinha vindo mesmo só pra conversar? – Então cheguei aqui e você tava pra lá de bêbado, ficou falando a noite toda do término com sua namorada.

– Eu fiquei? – Perguntei bobo, eu não me lembro disso.

– Sim, você ficou. E foi muito irritante. Então... Fui ao banheiro e quando voltei você tava com uma garrafa de vinho, você tirou a rolha com tanta força que acabou espirrando vinho em toda a minha roupa. Então você disse: “Fique a vontade” e eu fiquei. – Falou tentando imitar minha voz, eu ri. – E ai eu lavei minha roupa, coloquei no banheiro pra secar e você caiu duro na cama, então como tava esse lixo todo em cima do sofá, eu dormi com você, foi só isso que aconteceu. – Explicou apontando para o meu sofá. Tinha um monte de objetos da Jade, desde seu álbum de fotos a nosso colar de compromisso e outros pertences dela. Caraca! Beck a esqueça, Jade quer apenas ser sua amiga!

– Então... Não fizemos nada? – Perguntei soltando de leve minha respiração. Ela negou com a cabeça. – Ufa! – Suspirei aliviado.

– Agora levanta daí e vai tomar banho, você tá de cueca na minha frente e sinceramente eu não to acostumada a tentações de manhã. – Disse me fazendo rir. Levantei-me e peguei minha toalha.

– Você precisa de alguma coisa? – Perguntei enquanto ela se jogava na cama de novo. Ela negou, fui tomar banho e quando voltei ela olhava minha conta no Splash Face. – O que você tá fazendo? – Perguntei chegando perto do notebook.

– Você me pediu ontem à noite pra que antes de eu sair que eu desse uma olhada na sua conta do School Friends. – Fiquei ainda mais surpreso. – Pelo visto você não se lembra de nada mesmo. School Friends é um aplicativo no Splash Face que você pode ganhar 10 mil dólares. Você se inscreve e de toda rede, várias pessoas são sorteadas, duas pessoas de cada escola e essa dupla tem que fazer tudo que o aplicativo mandar, por pelo menos três dias. Se tudo acontecer normalmente à dupla ganha o dinheiro pra dividir entre eles. – Explicou me fazendo entender tudo. Acho que nunca mais vou beber na minha vida! Quando eu bebo olha o que dá, uma garota aparece na minha casa de roupas intimas e não me lembro que estou participando de um aplicativo doido. Até que não saí no prejuízo completo. A Jade não sabe e nada aconteceu aqui.

– Eu adorei o aplicativo. Obrigado! Mas... Da onde você conhece o Zac? – Perguntei curioso.

– Bom... Foi meio que um rolo que eu tive com ele. Mas nada sério, nada é sério com o Zac. – Disse rindo.

– Por quê? – Perguntei tentando conhecê-lo mais ainda.

– Porque ele não namora com ninguém. Ele só tem peguetes como eu, se bem que com um loiro daquele, eu podia ser peguete dele o tempo que precisasse. – Ela riu. – O fato é que ele me disse que sempre fica com alguém, mas não por muito tempo e que só vai namorar um dia com alguém por quem ele se apaixone ou ame de verdade. É eu também o achei meio gay, mas talvez fosse um truque pra ele me dar o pé na bunda, já que ele é muito assustador pra falar essas coisas bonitas. – Fiquei me perguntando o porquê de o Zac ter namorado com a Cat então. – Se bem que nem foi ele que me chutou, foi o pai dele, você acredita? – Fiquei sem entender. – O pai dele disse que eu sou muito espaçosa e folgada... – Eu ri. – A propósito eu usei sua pasta de hortelã. Tomei todo seu café e peguei um lenço seu, espero que não se importe. – E ela ainda acha que não é folgada? Dei de ombros, ela era legal!

– Mas alguma coisa a acrescentar sobre o Zac? – Perguntei rindo do seu jeito falador e folgado.

– Não nada! Apenas uma coisa... Quem o loirinho namorar tem muita sorte, porque um homem daquele não se encontra fácil por ai meu bem e se você não fosse tão melodramático com sua namorada eu até ficava com você, mas na boa, eu já tenho coisa bem melhor. Sem ofensas... – Ela riu e me deu um beijo na bochecha. – To indo lindo, quando quiser pode chamar. Eu venho pra conversar de novo, mas pra conversar ok? E sem bebida, porque não quero sair como estranha no outro dia. E você até que é legal... Se vir seu amigo Zac manda ele me ligar se ele ainda quiser ir pra debaixo da escada comigo... É brincadeira... Não a parte da ligação, a da escada tá? Na verdade eu não falei brincando, mas ficou estranho... Beijos. – Ela é doidinha assim mesmo? Acenei pra ela. O Zac tinha ficado com ela debaixo de uma escada? Que tipo de pervertido ele é? Nossa! Arrumei-me finalmente e fui pra HA, antes disso tomei remédio pra dor de cabeça, pois ela não parava de doer. Encontrei André no corredor e o cumprimentei.

– Você viu o novo vídeo do Robbie? – Perguntou e neguei dando de ombros. O Robbie às vezes é meio estranho, então... Eu não costumo ver os vídeos que ele posta. André me mostrou o vídeo, onde Robbie era o Rei do Hambone, ele mandava muito bem, apesar desses sons saírem estranhos. Olhamos pra algumas pessoas falando com ele, Robbie tava ficando popular. – O Robbie tá adorando essa atenção toda.

– Pois é né! – Assenti. Ele merece!

– Aposto que ele faz o lance característico de frente. – Disse dando um nó na minha cabeça.

– Lance de frente? – Perguntei não entendendo muito.

– É você sabe, o risinho com o queixo... – Disse André. Balancei a cabeça negativamente, eu nunca tinha ouvido falar nisso. – É quando ele ri e coloca o punho contra o queixo. – Explicou.

– Eu acho que eu nunca vi ele fazer isso. – Falei tendo certeza. Isso não é típico do Robbie. Olhamos pra Robbie e ele fez a tal pose. É! Agora eu o vi fazendo isso! – Ah tá! – Falei e André começou a bater pequenas palmas, fiz o mesmo. – É isso ai! Hum... Semente de girassol. – Falei pegando o pacote. Isso era bom! André disse algo, mas não escutei apenas comi, estavam boas, mas duras.

– Ei! Porque tem gente conversando com o Robbie? – Perguntou Tori se juntando a nós.

– Eles adoram o vídeo que ele postou no The Slap. – Expliquei.

– Que vídeo que ele postou? – Perguntou desinformada. Iria explicar, mas Cat falou com a gente mostrando-nos os seus sapatos de sapateado.

– Não se preocupem, não tem nada de errado comigo, eu to fazendo de propósito. – Disse enquanto sapateava. Tem muita coisa de errado com ela, mas tudo bem! Ela parou de dançar e nossa, ela é muito boa nisso! – TCHURUM. – Fez a famosa música de encerramento, só que ao contrario, Tori explicou que era outro barulho. – TAN, TAN! – Fez rindo.

– Porque você tá sapateando? – Qual é? Eu não controlo minha curiosidade! Cat explicou que ia fazer audição pra um musical novo e que tinha que sapatear. – Ah!

– Ei! Tem gente falando com o Robbie... Isso é tão estranho! – Disse apontando para o outro canto. Verdade! Isso é muito estranho e inusitado. André voltou com a explicação do novo vídeo dele. Tori perguntou novamente sobre o que era o vídeo.

– Mostra pra ela! – Falei e André pegou seu Perapad e me perguntou como era o nome do vídeo. – O Rei do Hambone. – O lembrei.

– Hambone? Você falou o Rei do Hambone? O Rei? – Perguntou Tori e assenti. E André começou a procurar o vídeo. Cat perguntou o que era Hambone. – Quem liga? – Tori tava estranha! André colocou o vídeo novamente e elas viram o Robbie batendo e fazendo sons estranhos no seu próprio corpo. Cat disse que era legal! Continuei comendo as sementes duras e André afirmou que tinha que treinar muito.

– É! O que mais o Robbie ia fazer? – Perguntei pra mim mesmo. O sinal tocou.

– Eu... Han... Eu tenho aula do Sikowitz. – Falou Tori saindo dali apressada. Mas não tínhamos aula com ele, foi o que Cat acabara de falar. – É OUTRO SIKOIWTZ. – Disse apressada saindo dali. Que estranho!

– O que, que deu nela? – Perguntou André, também não entendi!

– Eu não sei bem! Sabe qual é o problema com essas sementes de girassol? – Perguntei estranhando elas estarem duras demais.

– Tá! Primeiro pega minhas sementes, depois fala mal delas? – Perguntou André.

– É! Dá trabalho pra abrir. – Falei, elas estão muito duras. Cat se ofereceu pra abrir, ela pegou o pacote e derramou as sementes no chão. Depois ela me devolveu. Ai lá vem! Ela começou a sapatear em cima das sementes. – Han... Cat!

– Olha! Ninguém quer comer sementes de girassol que alguém sapateou em cima... – Explicou André. Balancei a cabeça negativamente. Será que era tão difícil que ela entendesse?

– Oh! Sementes de girassol abertas! Vou pegar. – Disse Sinjin se abaixando e comendo as sementes no chão mesmo como se fosse um passarinho. Qual o problema dele? Melhor nem falar nada, vai que é doença! Saímos dali e fomos pra nossas aulas de Estudo Cientifico e Geografia. Saímos de lá e meu celular tocou. Recebi a mensagem do School Friends.

– Você foi o sorteado do School Friends, seu amigo de escola já foi escolhido e se localiza a 3 metros de você. – Disse a voz eletrônica. Olhei pra trás de mim e Jade vinha em minha direção com o celular na mão. – Amigo de escola localizado. – Continuou a voz chata do aplicativo. Jade olhou pra mim de cima a baixo e ela iria ser mesmo minha School Friends? Que demais!

– Não! Não! O que você tá fazendo aqui Beck? Eu não vou participar desta porcaria com você. – Sua voz era um tanto desconfortável.

– Jade! Nem sei como me meti nisso, mas não vou perder 10 mil dólares assim de bandeja. Nós vamos fazer tudo que essa coisa mandar... Espera! O que você tá fazendo inscrita no School Friends? Pensei que não gostasse dessas coisas. – Perguntei esperando uma resposta.

– Não é da sua conta, Oliver. – Respondeu friamente.

– Jade! – Chamei sua atenção, ela revirou os olhos, suspirou irritada e me fitou bem nos olhos.

– O Zac nos escreveu, uma amiga disse á ele sobre isso. Parece que se você conseguir inscrever uma pessoa nisso, você pode ganhar dinheiro. – É claro! Era por isso que Vanessa queria me cadastrar, ela ganharia com isso. Aposto que foi ela que convenceu Zac á isso também e ele a Jade. Mas nossa que coincidência. – Eu vou matar o Smith!

– Bem vindos ao School Friends. – A voz eletrônica falou nos dois celulares, um bipe soou e a voz prosseguiu. – Vocês terão que ajudar dez idosos a atravessar a rua. O período que terão pra fazer a tarefa é de duas horas. Vocês tem uma hora de tempo livre pra começarem a executar a tarefa. BIII! – Jade revirou os olhos e eu ri de canto. Não era tão ruim.

– Eu não vou ajudar os velhos a atravessar a rua. – Falou mal-humorada.

– Ah você vai sim! – Falei e ela balançou a cabeça negativamente. Jade fazia um bico involuntário que estava à coisa mais linda do mundo. – Sabe por que você vai? – Perguntei e ela arqueou a sobrancelha como se dissesse pra eu tentar convencê-la. – Porque vamos ganhar cinco mil dólares por fazer coisinhas simples como essa.

– Argh! Tudo bem, Oliver. Mas não vamos ficar cantando músicas felizes enquanto fazermos isso. Odeio tudo isso! – Disse passando na frente de mim. Apenas a segui ainda rindo por sua inteira falta de paciência. Almoçamos e depois fomos pra uma rua qualquer. Jade apertou seu celular e um bipe foi ouvido.

– Bem vindo ao School Friends. Sensor de tarefas ligado. Um bipe avisará quando a tarefa for terminada, caso não o façam, terão o dinheiro descontado do prêmio que será entregue daqui á dois dias... Boa sorte! BIII! – O bipe tocou novamente encerrando a voz da mulher eletrônica do aplicativo.

– Olha! Aquela velha ali precisa de ajuda. – Apontou para uma Senhora pronta pra atravessar. Fiz sinal pra que ela fosse primeiro. A observei.

– Quer ajuda pra atravessar a rua? – Perguntou um pouco grossa. Eu ri.

– Não! Não gosto de crianças mal-humoradas em plena tarde. – Disse a Senhora. Eu ri.

– Mas não estou mal-humorada, apenas quero ajudá-la, venha. – Jade ia segurando no braço da idosa, mas a mulher apenas tirou o chapéu e deu com ele na cabeça de Jade.

– Não! Não gosto de gente insistente em plena tarde. – Disse a mulher. Eu ri mais ainda.

– E do que a senhora gosta? – Perguntou Jade com os braços cruzados e perdendo de vez a paciência.

– Não gosto de você! – A velhinha passou na faixa de pedestre. Deixando Jade lá com uma cara que só faltava explodir de tanto ódio. Aproximei-me dela.

– Deixa o profissional aqui fazer. – Falei rindo empolgado. Ela bufou irritada. – Olá Senhora, precisa de ajuda? – Perguntei a uma idosa que tentava apertar o botão para o semáforo parar de vez.

– Não sou deficiente. – Disse grossa. O que aconteceu com os idosos bonzinhos dessa cidade?

– Mas Senhora, é apenas uma gentileza que quero fazer. – Expliquei. Jade me observava.

– Gentileza lá! Depois vai querer dinheiro apenas por ter me levado até o outro lado da rua. – Minha nossa! Que pessoas são essas?

– Não irei fazer isso Senhora. Posso lhe ajudar? – Perguntei tocando em seu braço.

– Vai fazer pior, vai querer me roubar. – Ao dizer isso, minha blusa de manga prendeu na sua bolsa, e minha mão ficou suspensa entre o vestido da mulher e sua bolsa. – Já começou a me roubar. ASSALTANTE! SAÍ! SAÍ! LADRÃO. – A velha começou a gritar e me bater com a sombrinha. Saí dali e puxei Jade pela mão. Era bom sentir seu toque, sua pele, mas não tenho muito tempo pra sentir isso porque alguém podia chegar e bater em mim devido ao alerta da velha.

– Muito bem profissional... - Debochou quando estávamos em outra rua movimentada. – Já se passaram 30 minutos e ainda não conseguimos atravessar nenhuma dessas velhas. – Disse cruzando os braços. Suspirei irritado por estarmos sendo um fracasso. Olhei para o lado e vi um mendigo pedindo dinheiro através de placas. O ajudei e tive uma ideia. Jade ficou parada me observando. Peguei uma placa de papelão e uma caneta, depois escrevi:“Ajudamos idosos a atravessar a rua. Somos pessoas gentis e não cobramos nada por isso apenas sua felicidade, segurança e satisfação!”. Ergui a placa e algumas velhinhas vieram até nós. Ajudamos até mais que 10 idosos, fiquei feliz por isso e ainda mais porque Jade estava comigo. Escutamos um bipe.

– Bem vindos ao School Friends. Uma câmera de segurança foi ligada no momento que estavam cumprindo suas tarefas e as mesmas foram exercidas. Parabéns, mais uma tarefa irá ser dada amanhã. BIII! – A Voz eletrônica soou de novo.

– Eu quero ir pra casa. – Disse se virando e indo sair apressada. Segurei seu braço e a virei.

– Diz que não foi legal? – Perguntei quase sendo embriagado com seu cheiro, meu Deus quanta perfeição!

– Não foi legal, Oliver. Agora me solta! – Mandou me fitando de perto, seu odor de baunilha passou por minhas narinas. Fechei os olhos para me concentrar. Beck! Ela só quer amizade, siga em frente. Vocês são amigos! A soltei ainda com os olhos fechados, quando os abri, Jade estava ainda perto de mim. – Não... Faça mais isso. – Disse referindo-se a proximidade. Assenti e ela se foi. Já era de noite. Fui pra casa e fiquei no The Slap. Acabei postando:

“Passei o dia ajudando velhinhos, tarefa difícil, mas estou aliviado por ter a cumprido. Novidade? Estou participando do School Friends com Jade West”.

Humor: Contente.

Fui lavar o carro logo em seguida. Depois que acabei vi os comentários das garotas me elogiando sobre minha boa atitude, elas nem ligavam se eu tava fumando, bebendo ou roubando, tudo que eu fizesse era certo pra elas e isso não era legal! Recebi uma mensagem de André:

“Vê o vídeo no The Slap. O Robbie se machucou numa disputa de Hambone, precisamos dar apoio á ele, cara! Estamos na casa da Tori.”

Fui ao perfil de Robbie no The Slap e ele foi marcado numa postagem da Jade que postou um vídeo. Dei play e o assisti por completo. O Robbie tinha perdido feio e ainda tinha batido em certas partes do corpo de um homem que não deveriam serrem acertadas. Do que, que o Robbie gosta? Eu tenho que animá-lo! Já sei! O Robbie é meio estranho e gosta de melancia, será que ele vai gostar se eu trouxer uma pra ele?

– BOBBIE! ME MANDA UMA MELANCIA! – Gritei para meu vizinho da frente assim que saí do RV. Ele costumava plantar coisas estranhas, um dia me ofereceu melancia, mas eu neguei e agora eu tava precisando. Bobbie me cumprimentou e depois me deu a melancia. Fui pra casa de Tori e toquei a campainha, escutei Trina dizer que estava aberto, então entrei dando de cara com Jade, André, Cat e Robbie que estava deitado encolhido no sofá de Tori. – E ai!

– Porque que você tá aqui? – Perguntou Jade sendo rude. Acho que ela não queria passar à tarde comigo e ainda ter que me ver a noite. Já estava meio que acostumado.

– O André mandou uma mensagem dizendo que o Robbie se machucou. Ai eu trouxe melancia. – Falei batendo de leve na melancia e sorrindo. André não entendeu. – O Robbie adora melancia. – Falei lhe entregando a melancia. Robbie apenas a abraçou. Sentei-me junto de Robbie.

– Beleza! Alguém liga a TV. – Disse Tori descendo ás escadas com uma expressão triste. Será que ela vai explicar porque ficou estranha àquela hora?

– Eu vou ligar, mas só porque eu quero. – Falou Jade do jeito dela. André perguntou o que era e Tori apenas disse que íamos ver.

– Ai gente, parece que não tem lugar pra sentar. Então tá! – Disse Trina, ela se jogou se sentando no meu colo. Qual é? Ela é pesada! Apenas não reclamei porque o vídeo foi colocado e havia uma garota e um garoto vestidos de policiais fazendo Hambone.

– Aquela menininha é igualzinha a Tori. – Disse Cat.

– Aquela menininha é a Tori... Sete anos atrás. – Disse Tori, o que será que vem pela frente? Trina apenas ficava se mexendo, isso era incômodo, mas não queria ser rude com ela em sua própria casa. Ainda mais sabendo que ela gosta de mim, isso iria machucá-la profundamente. Não que eu me importasse, mas ela não se enxergaria mesmo. Tori parou o vídeo. Ela era boa no Hambone. – Nós éramos de alto nível. – Jade perguntou quem era o garoto com ela. – Jarold... Jarold Ardbeg... – Quem é esse? – O menino mal que venceu o Robbie essa noite. – Ah! Agora entendi!

– Pera ai! Ele se chama Jarold Ardbeg? – Perguntou André, esse nome é estranho!

– Nós éramos a melhor equipe de menino e menina do leste dos Estados Unidos. A gente devia ir pra o campeonato nacional. – E o que isso tem demais?

– Eu tenho que ouvir essa história de novo? – Perguntou Trina. Revirei os olhos. Porque ela não saí de cima de mim então? Apenas fiz “SHII” pra que ela calasse a boca. Robbie pediu pra Tori continuar.

– Jarold tinha inveja de mim porque todo mundo sabia que eu era melhor que ele no Hambone. Isso deixava ele doído. Ele começou a ser muito mal comigo. Ele até urinou na minha bolsa da Hello Kitty... – Isso não tá ficando muito dramático? – E outro dia eu... Ah! – Tori falava desanimada. André pediu que ela continuasse. Jade fazia caretas pra Tori. Não era certo fazer isso, mas eu tava ficando entediado. – Eu... Eu... Eu o peguei cantando com a Susie Macala. – Tentei ser paciente. André sugeriu que ela desafiasse Jarold pra acabar logo com isso. Robbie disse que ela o vingaria. – NÃO! NÃO! EU NÃO POSSO! EU NÃO FAÇO HAMBONE Á ANOS, MAS O JAROLD NUNCA PAROU. ISSO É A VIDA DELE! EU JAMAIS PODERIA VENCÊ-LO.

– Então me treina. Me treina pra eu ser melhor do que Jarold Ardbeg. – Disse Robbie.

– O quanto você quer isso? – Perguntou Tori se aproximando dele. Robbie perguntou se ela falava de uma escala de um á dez. E Tori assentiu, então ele respondeu oito e meio. – Então eu faço. – Os dois se abraçaram. Levantamos-nos e Jade foi a primeira a sair, me despedi de todos e fui pra casa, tudo estava resolvido, em parte pelo menos. Dormi o mais rápido que pude, estava cansado. Acordei, tomei banho, comi e fui pra HA, parece que a Tori ia mesmo treinar o Robbie e André estava o ajudando no preparo físico. Fui pra minha aula de História e Inglês e depois fui para o almoço. Zac apareceu e se sentou comigo.

– E ai cara! Novidades? – Perguntou comendo seu hambúrguer.

– As novidades? Vejamos... Eu acordei com uma garota de roupas intimas, ela me cadastrou num aplicativo maluco e advinha quem tem que fazer isso junto comigo? A Jade. – Ele riu. – E ela mandou te dizer... – Tentei.

– Que se eu quisesse pegar ela debaixo da escada de novo, que eu ligasse? – Perguntou e eu assenti. – Ela diz isso sempre... – Ele deu de ombros. Nossa! - Parece que a Jade tá sempre em seu caminho né? – Falou dando de ombros. Seu olhar desviou e pude ver, ele reparando na Tori que estava junto com o Robbie, a Cat e o André. Acho que eles estavam correndo, devido à roupa.

– Vem Beck! – Disse Jade me puxando pela mão.

– Espera! O que foi? – Assim que perguntei, eu olhei para o meu celular.

– Bem vindos ao School Friends, vocês tem uma hora até começarem a atividade. – A voz eletrônica surgiu de novo. – Vocês deverão passear por uma hora com cachorros de pessoas de sua rua sem que lhe paguem nada. Sensor de tarefa ligado. BIII! – Olhei pra Jade, ela não era muito simpática com animais, ela não era simpática com ninguém.

– Hey Jade! Vou à sua casa hoje à noite. Sabe... Falta do que fazer. – Disse o loiro. Jade apenas assentiu e saímos dali, acho que ela tava meio que culpando ele por estar participando desse aplicativo. Conseguimos pegar alguns cachorros dos vizinhos e nessa hora. Eu tinha cinco cães com suas coleiras enroladas em meu pulso, enquanto Jade tinha mais cinco.

– Odeio essa tarefa! – Quando Jade falou isso. Um dos cães que estava com ela correu ao ver um gato e a puxou, Jade caiu de cara no chão. Ela soltou a coleira e um monte de cães saiu correndo. Amarrei os cães que estavam comigo em um ferro perto do parque e fui ao seu socorro.

– Jade! Você tá bem? – Perguntei preocupado, notei que ela tinha arranhado o braço e sua perna tava sangrando de leve.

– Me deixa, Oliver. Não foi nada demais. – Disse soltando meus braços que tentavam envolvê-la. Algumas lembranças vieram a minha mente.

~~ Flashback On

– Então como é sua garota? – Perguntou o compositor. Fiquei pensativo. – Vamos! Me diga tudo que você acha lindo nela.

– Han... Vejamos... Eu... Eu acho lindo a forma como ela acorda de manhã. Eu acho lindo o jeito como ela adora borboletas e mesmo assim não assume que isso é seu lado feminino aparecendo. Eu amo quando ela faz carinho na minha barriga e me deixa como se eu tivesse nas nuvens. É lindo como ela fica brava o tempo todo por coisas que eu nem fiz e ainda briga comigo por estar tentando pedir desculpas. Acho que é lindo quando ela se arruma rápido e mesmo assim está linda e quando eu a elogio ela apenas me manda calar a boca. É lindo quando ela faz coisas que eu nem estou esperando. Eu amo quando ela me deixa acariciar seus cabelos com cheiro de baunilha... – O compositor levantou a sobrancelha pra mim. Ufa! Até tinha me esquecido que ele tava aqui. Fazer uma música pra Jade era o que eu mais queria. Zac me incentivou com seu olhar a continuar. – Por fim, eu adoro quando estou cuidando dela e ela diz que não precisa de ajuda com seu jeito marrento. E depois que eu a ajudo ela me dá um sorriso tão lindo que eu sou capaz de fazer qualquer prova de amor que ela queira, inclusive cantar uma música. – Sorri pra ele que ficou de boca aberta.

– Sabe meu jovem, acho que nunca vi ninguém tão apaixonado a esse ponto. – Disse o compositor que se chamava Jordan.

– Ou tão gay! – Falou Zac, eu ri e Jordan começou a escrever a música. Estava louco pra cantar pra ela.

~~ Flashback Off

– SHHIII! VEM COMIGO! – Passei em uma farmácia e comprei um kit de primeiros socorros. Ajoelhei-me no chão do canto do parque e comecei com os curativos e remédios pra dor. Depois de tudo pronto apenas guardei as coisas e a olhei. – Você está bem?

– Sim! Obrigada. – Disse apenas, sua boca se curvou em um lindo sorriso de canto. Seus olhos brilhavam de encontro ao meu. Eu morria de vontade de beijá-la ali e acabar com toda a distância que existia entre a gente. Mas eu não podia. Não queria mais machucá-la de tantas formas como eu já fiz. Talvez fosse melhor que a gente continuasse assim, do jeito que estamos. Ela parece tão bem desse jeito. – Vamos! – Falou pegando os cães que estavam no parque e voltando a passear com eles. Depois que se passou uma hora, devolvemos os cães aos vizinhos, o bipe de tarefa encerrada tocou e cada um foi pra sua casa, chegando ao meu RV, logo adormeci. Acordei e me arrumei, fui pra HA e todos os meus amigos continuavam a treinar Robbie. Depois de assistir as aulas de Educação física e Artes Visuais, eu fui almoçar e daí o alarme do School Friends tocou novamente. Jade e eu tínhamos que alimentar os mendigos nas ruas. Fizemos isso com a Jade ainda reclamando, mas ela tava bem mais tranquila devido ao último dia e também ao episódio de ontem. – Você vai à batalha do Hambone, hoje no Nozu?

– Não posso perder, não é mesmo? Afinal eu nunca vi o Robbie disputando nada. – Falei e ela riu. Saudades do tempo que ela ria das coisas que eu falava, das minhas besteiras. Das besteiras que nós dois riamos juntos. Fui pra casa e recebi um alerta do aplicativo.

– Bem vindo ao School Friends. Você e seu amigo de escola cumpriram todas as provas. Seu dinheiro chegará pelo correio ás 8 horas da noite. Parabéns. Sensor desativado. – Meu celular se desligou e quando o liguei novamente o símbolo do aplicativo tinha sumido. Ótimo! Arrumei-me e exatamente na hora certa, o dinheiro chegou. Separei os cinco mil dólares de Jade e fui para o Nozu. Avistei-a e André na mesma mesa junto com a Cat. Quando me viram, eles se dirigiram até os fundos do Nozu e os segui.

– Toma seu dinheiro do School Friends. – Imitei a voz de um robô e ela riu. Entreguei-lhe. Todos já estavam esperando a batalha do Hambone, mas o Robbie não chegava de jeito nenhum. – O que vocês acham? Ele vai vir? – Perguntei e Jade e André balançaram a cabeça negativamente enquanto Cat continuava positiva.

– Parece que o Shapiro não vai aparecer. – Disse o loiro que fazia companhia ao tal de Jarold.

– Então eu digo que o Robbie vai vir. – Disse André. – Você pode contar com isso!

– Você acha mesmo que ele vem? – Perguntei sussurrando.

– Eu nem faço ideia. – Disse André. É! Também acho que ele não vai vir. Robbie chegou juntamente com Tori. Ufa!

– E ai manés, querem falar ou fazer Hambone? – Perguntou Tori aos garotos.

– Tori Vega. – Disse Jarold, Tori também disse seu nome. – Anda zangada comigo e Susie Macala? – E começam as provocações. Pensei que isso só existisse em luta de verdade!

– Você ainda limpa o nariz e come? – Perguntou Tori. Eca! Essa foi boa! – Ah oi Bell, vejo que ainda fica bajulando o Jarold. – Continuou Tori. O tal loiro foi tentar ir pra cima dela, mas André e eu chegamos perto dele e ele se afastou se rendendo. Nossa!

– Essa batalha de Hambone é assustadora. – Disse Cat á Jade, pude ouvir.

– Vamos assistir dois Nerds competindo quem bate mais neles mesmos. Acho que ficaremos bem. – Como sempre a resposta da Jade tinha algo a mais. Pior que era verdade. Acho que eles exageram nesse troço de Hambone, mas se a Tori quer vingança pelo que o Jarold fez com ela, estou aqui pra apoiar. Engraçado era ver a Jade aqui, ela não gosta dessas coisas, a não ser que acontecessem coisas trágicas pra que ela possa humilhar alguém e colocar na internet. Tori disse que Jarold podia começar e ele assentiu.

– Como num jogo de Nintendo. – Disse Robbie. O que? Isso foi um insulto ou uma provocação? Tori disse pra ele deixar que ela soltasse as frases legais. Tirei o casaco de Robbie e sacudi, ele se sentou no banquinho e Cat lhe deu um beijo na bochecha lhe desejando boa sorte. – Com certeza eu to pronto. – Bell gritou a palavra Hambone e Jarold começou a fazer o som, nossa eles são bons! E isso é tão inútil, pra que se usa Hambone na vida? Eu nunca faria isso! Robbie imitou o som de Jarold. WOW! Ele tá bem melhor. Jarold lançou outro som e Robbie começou a imitá-lo, só que um sushi acertou sua mão e Robbie ainda fazendo os movimentos, bateu em sua própria cara, e depois caiu, perdendo a batalha. Droga! Isso foi trapaça! Jarold e Bell comemoraram.

– Espera! Espera um pouco. Você jogou Sushi nele. – Disse Tori pegando o mesmo do chão. Ele negou. Como ele pode negar se todo mundo viu? – Jogou sim! Você jogou e estragou o ritmo dele. – Robbie disse que podia ir de novo, mas Bell falou que tinha acabado. – Você trapaceou.

– Ainda é uma péssima perdedora, Vega. – Disse Jarold. Bell pegou o banquinho e perguntou se alguém mais queria enfrentá-los.

– Ei! Eu vou enfrentar o Rei do Hambone. – Disse Tori. Isso tá ficando interessante, eu acho!

– Mas Tori não faz isso á sete anos. – Disse Cat.

– Bom... Agora eu tenho um motivo. – Ela se sentou e tirou a jaqueta. – Manda a ver. – Bell gritou Hambone e ela começou. Ela ainda conseguia fazer isso muito bem! Estava torcendo por ela, e também eu tava cansado de ficar em pé. Jarold fez o mesmo, ele também era muito bom. Tori fez um ritmo melhor. E Jarold a superou. Tori foi fazer o ritmo dela.

– TORI! – Robbie gritou e olhamos para Bill que tinha jogado um Sushi novamente. Mas Tori conseguiu comer o sushi ao mesmo tempo em que batia em si mesma.

– WOW! – Vibrei, queria o ver fazer melhor.

– Errou! – Disse Jade quando Jarold tentou fazer o ritmo.

– ERROU! ELE ERROU! – Gritou Tori. Comemoramos. André e eu pegamos Tori no braço. VIVA!

– VIVA AO NOVO REI DO HAMBONE. – André e eu gritamos juntos.

– É Rainha. – Disse Tori. Olhei pra Jade, ela também estava feliz.

– RAINHA! – Gritamos de novo. A levantamos uma última vez antes de colocá-la no chão. Fui saí dali, mas avistei Jade a minha frente, peguei seu braço fazendo com que ela virasse.

– Ficou feliz por quem ganhou? – Perguntei percebendo a cara risonha dela. Era um lado da Jade que eu não conhecia. Ficar com o André, ajudar o Robbie a praticar. Comemorar pela Tori. Eram coisas raras de se ver, e agora eu estava vendo isso nela o tempo todo, ela estava se tornando mais amiga. Isso a deixava ainda mais linda.

– É claro que não, Oliver. – Disse fechando a cara, coçando o nariz e saindo dali, ela virou pra mim e me deu um último sorriso antes de ir. É claro que era mentira, ela estava feliz por seus amigos. Isso era bom, isso era muito, muito bom e me fazia ter ainda mais orgulho dela.

Zac Smith

Saí da minha aula de Francês e fui almoçar, encontrei Tori almoçando sozinha na mesa do Asphalt Café.

– Hey Tori! – Falei animado.

– Você? Falando comigo? – Perguntou rindo e comendo sua salada.

– To animado. Sabe por quê? – Ela deu de ombros. – Consegui um teste pra uma série de comédia e preciso de alguém pra ir comigo. Quer vir? – Perguntei animado.

– Que legal! E porque você tá me chamando? – Perguntou desconfiada.

– Porque a Jade tá na aula de Espanhol com a Cat e o Beck. O Robbie é um chato e o André está na aula de música. Só você está livre. – Falei rindo da cara que ela fez por ver que era a última opção.

– Pensei que não servisse pra ninguém. – Falou baixando a cabeça. Droga! Ela ainda estava triste com o que eu disse, pensei que tudo estava certo com a história do meu aniversário e do beijo na bochecha que ela tinha me dado. Minha mão começou a suar.

– Tá! Olha! Você entendeu tudo errado. Eu não queria ter te magoado, ok? Eu só disse aquilo porque não queria que você beijasse o Beck ou ele te beijasse, ele é da Jade e você é... Bom... Você é você e não pertence a ninguém, ninguém como o James Rich pelo menos. – Falei aliviado. – O caso é que eu não queria te ofender. Só acho que você merece alguém melhor do que o Beck. – Ela pareceu mudar de expressão.

– Espera! Não tá dizendo tudo isso só pra eu ir com você pra o teste né? – Perguntou levantando-se da mesa.

– Talvez! – Falei rindo e andando junto com ela. Na verdade, eu já devia ter pedido desculpas á ela há muito tempo, mas estava esperando o momento certo e agora pareceu o momento certo já que ela ainda ficou meio desconfiada com meu pedido de desculpas. E eu não queria que ela me achasse bonzinho como o Beck. Abri a porta do carro e ela sorriu. Esfreguei as mãos na minha bermuda, pois estava suando, nem sei por que minha barriga tá embrulhando. Coloquei os óculos escuros que ela me deu, e liguei o carro, começando a dirigir. Estava um silêncio.

– Parece que você gostou mesmo do presente. – Disse desviando o olhar.

– Se eu não tivesse gostado eu diria pra você. – Ela riu, realmente eu diria. O silêncio tomou conta do carro de novo.

– Sem assunto... – Sussurrou me fitando.

– Temos assunto, como por exemplo... Você sendo a Rainha do Hambone ontem à noite, meus parabéns. – Falei já que estava informado. Ela sorriu em agradecimento.

– Valeu! Sobre o que é o seriado que você vai fazer o teste? – Perguntou olhando a estrada.

– É sobre um cara que é totalmente sem graça, mas que se dá bem com a mulherada, então várias coisas acontecem com ele. Como uma viagem a Las Vegas ou a uma prisão. - Expliquei-lhe. Chegamos finalmente no estúdio. Ficamos na fila e depois de algum tempo, o diretor nos chamou. Tori se sentou na cadeira de acompanhantes e eu os cumprimentei. O diretor me pediu pra começar o teste.

– Sofia! Você viu minha mãe? – Perguntei a uma das ajudantes do diretor.

– Não, Steve! Da ultima vez que a vi, você tinha a deixado na floresta quando saímos do acampamento. – Disse a mulher.

– Ah é mesmo! – Atuei não dando muita importância. Sentei no sofá montando ali.

– E você vai ficar ai, sentando no sofá enquanto sua mãe está na floresta sozinha rodeada de ursos? – Perguntou a garota. Ela até que não era feia!

– É! Talvez eu dê sorte e minha sogra fique perdida lá também. – Falei dando de ombros.

– STEVE! Sua sogra é a minha mãe. – Arregalei os olhos.

– É mesmo! Ligue pra ela e pergunte se ela não quer fazer acampamento com minha mãe da próxima vez. – Falei chegando perto da mulher.

– STEVE! – Ela gritou.

– Tudo bem! Eu vou resgatar a minha mãe, se ela não já estiver sendo comida por ursos. – Falei quase colando minha boca a da mulher.

– Só não termino com você, porque você é bonito. – Disse a garota. Ela passou suas mãos por meu pescoço e a beijei. Foi mais um selinho, não pude nem sentir o seu gosto direito e na verdade, eu nem queria. Afastei-me.

– Talvez minha mãe possa esperar lá na floresta rodeada de ursos, mesmo. – Falei a agarrando pela cintura novamente e lhe dando outro selinho. Foram ouvidos palmas das assistentes do diretor.

– Meu jovem, meus parabéns. De todos os rapazes bonitos que vieram aqui, todos eles olhavam pra mim antes de beijar a garota, como se pedissem permissão e você foi o único que agiu conforme o roteiro e não ligou pra nossa presença. Meus parabéns. – Disse o diretor. Agradeci. – O seriado começará com as gravações no ano que vem, e ligaremos pra você se não acharmos alguém mais qualificado. Mas você foi o melhor até agora.

– Obrigado! – Falei olhando pra Tori, ela saiu da sala às pressas. - O que foi que deu em você? – Perguntei já fora da sala de audição, os outros rapazes que esperavam na fila nos olhavam.

– Nada! – Disse saindo daquela sala. Ela entrou no meu carro. Entrei também o ligando.

– Está assim porque eu beijei aquela garota ou porque você é chata mesmo? – Perguntei querendo a entender.

– Eu não sou chata. – Disse parecendo estressada. O que ela tem? Que saco!

– Você é insuportável. – Falei acelerando o carro.

– Você tá dirigindo rápido demais. – Falou com medo.

– O carro é meu! – Baixei a velocidade, mas não meu tom de voz.

– Porque sempre que ficamos juntos e sozinhos, nós brigamos? – Perguntou baixando o tom de voz.

– Porque eu não gosto de você. – Disse a primeira coisa que me veio à mente. Droga!

– Chato! – Falou saindo do carro, assim que estacionei na frente de sua casa. Ela entrou e bateu a porta com tudo. Ridícula! Eu a odeio, nunca deveria ter pedido desculpas á ela e nunca deveria tê-la chamado pra ir comigo! Argh!