Doppelgänger: Primeiro Dia escrita por Rauker


Capítulo 10
Capítulo 09 - Liberdade ameaçadora


Notas iniciais do capítulo

Voltando após algum tempo de hiato.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/338934/chapter/10

A sociedade impele qualquer indivíduo a ir para um lugar novo onde possa experimentar novas situações, explorar o infinito desconhecido que o mundo e o ser humano oferecem. Determinados ambientes são paradigmas, determinadas ações também. A escola e o ato de estudar, por exemplo.

Por esse motivo, Léo foi obrigado a sair de sua casa antes do céu despertar e atravessou um longo caminho até sua nova escola. Mas o desconhecido que confrontou o jovem não integra o leque de situações proporcionadas pela sociedade, não era um desconhecido banal. Era mais insólito, oferecido por algo que não é humano e por um mundo além do racional, próprio de um ambiente como Ventura.

Um pássaro negro adejou suas asas e passou a observá-lo como se o jovem fosse esperado. Num primeiro contato criou-se a tensão, num segundo contato ela desenvolveu-se e se materializou na forma de um misterioso papel. Enquanto a série de oito zeros e o “despertar” forçavam as ponderações de Léo, um segundo mistério percorria os corredores do colégio: um jovem com um importante objetivo a cumprir.

Fisionomias sorridentes que saciam a saudade de rever os amigos destacam-se enquanto caminho. Pelos corredores, duplas, trios, quartetos, quintetos e outros mais se encontram, sorriem e se abraçam para celebrarem mais um ano de convivência escolar. Esse é o clima por onde quer que eu ande. Sei como é. Já o senti antes. Afinal, também sou um estudante de Ventura. Mas o que sinto agora é diferente, completamente deslocado dos prazeres de amizade que vejo aqui e ali.

É engraçado com estar numa posição diferente da maioria lhe dá uma percepção diferente das coisas, do que pode acontecer. Há tanta tranquilidade em seus rostos, tanto descaso pela imprevisibilidade, que posso facilmente criar um choque nesses mesmos rostos. O que me impede de, neste exato momento, matá-los? Nada. Claro, desconsiderando as consequências dessa atrocidade, eu tenho a liberdade de realizar múltiplos assassinatos. E posso fazer visando algum objetivo ou simplesmente por mero capricho. Enquanto esses jovens sorriem, eu posso matá-los. É exatamente isso que acho curioso. Ninguém sabe o que está acontecendo em volta por estar voltado demais ao seu próprio mundinho. Nenhum desses estudantes tem conhecimento de que irei matar alguém daqui a pouco. Mas, se não fosse eu, se fosse algum garoto qualquer querendo se vingar do bullying que sofreu na escola, essas faces alegres subitamente se transformariam em semblantes de desespero.

A verdade é que ninguém espera atos de extrema violência, ainda mais dentro de uma escola, embora não seja difícil de ocorrer. Por isso consegui entrar aqui portando uma arma dentro da mochila, porque nenhum daqueles seguranças imaginou que eu estaria levando um objeto tão perigoso ao lado de livros e cadernos. Mas não sou um jovem psicopata. Possuo um propósito, um alvo fixo. Sei que consigo fazer isso! Sei que consigo…

Entro no banheiro masculino, confiro se estou realmente sozinho e procuro ritmar minha respiração ansiosa. Não consigo diminuir o nervosismo por mais determinado que tento parecer. Encaro-me no espelho, as mechas loiras colando na testa suada, os olhos verdes tentado conter as lágrimas de medo que podem irromper caso eu fraqueje mais um pouco. Quem estou querendo enganar? Estou assustado, realmente assustado com o que pode vir me acontecer. Ou pior, o que pode acontecer se eu falhar.

Desconsiderando as consequências, ninguém me impedirá de matá-lo se este for o meu desejo. Na verdade, só me importo com uma consequência, com um único saldo positivo após a morte de meu alvo. Pensar nisso já é o bastante para encontrar um rosto afoito e determinado no reflexo do espelho.

Eu só preciso matá-lo. Só preciso matar Victor Damásio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: 12/05



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doppelgänger: Primeiro Dia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.