Eu estava furioso. Como aquele velho ousa? Eu não sei se suportaria ver Annie na arena.
Estava esperando os trens chegarem. Eu ainda não conseguiria vê-la porque só posso vê-la depois dela ter passado pela equipe da "beleza". Mas mesmo assim eu esperava aquele bendito trem que não chegava. Andava de um lado a outro para aliviar a ansiedade, mas era dificil ficar calmo com toda essa demora e sabendo que logo veria a minha amada.
Eu estava no quarto andar do prédio dos tributos. Número que se refere ao nosso distrito. Observava atentamente á televisão. Esperando ver nem que fosse uma mecha de seu cabelo. Alguns diriam que isso é obsessão. Eu digo que faz mais de um ano que não vejo ela. Então me chame de paranóico ou qualquer outra coisa, eu não ligo.
A tela se iluminou e foi mostrado os tributos saindo de seus trens mas era muito difícil de enxergar alguma coisa. Havia muita gente amontoada e com aquelas roupas gigantes da capita só piorava. Percebi que eu não iria conseguir vê-la pela tela. Teria de esperar até ela chegar em seu andar. Eu só me perguntaria se ela sabe que eu serei mentor dela.
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Depois de uma longa espera ouvi os elevadores funcionando. Estavam subindo os andares. Cada vez que passava pelo quarto andar pensava que era ela. Mas os elevadores não paravam. Cheguei a pensar que Snow havia considerado minha ameaça e tinha tirado Annie dos Jogos. Até que a porta do elevador se abriu. A garota tentava arrumar a ponta do vestido branco que usava. Pude perceber que ela tinha dificuldades para andar com os salto altos que a Capital a obrigara usar.
Sorri igual a um idiota com essa visão. E só fiquei ali observando. Assim que Annie subiu o rosto de seu vestido para frente e encontrou meus olhos ela abriu um sorriso jogou os saltos em algum lugar e correu descalça até mim.
– Finn!!! - abracei a garota e a rodopiei me embriagando com seu cheiro de mar. O mesmo do meu distrito porém o cheiro de Annie era um pouco mais adocicado. Ficamos abraçados por alguns segundos, pouco tempo para o tanto que eu queria ficar ao lado dela e matar minha saudade da garota de olhos verdes. Assim que separamos o abraço continuamos próximos apenas nos encarando e apreciando a visão um do outro. Ela passou a mão em minha bochecha fechei os olhos enquanto ela contornava meus olhos, nariz e finalmente minha boca. Sorri.
– O que está fazendo, Annie? - perguntei ainda sorrindo.
– Vendo se você é mesmo real. Ou se não é mais um dos meus sonhos.
– Bem que poderia ser um sonho. Porque eu temo que essa realidade vire um pesadelo. - fiz menção ao único motivo de ela estar lá. Os Jogos Vorazes.
– Shhhhhhh - ela disse colocando um dedo na frente de meus lábios.
Quando voltamos a realidade ouvi alguem pigarrear. Olhei para cima e era o garoto do Distrito 4 que veio com Annie. Eu não o conhecia, parecia novo.
– Me desculpe. - eu disse rapidamente, me separando por completo de Annie.
– Tudo bem. Só gostaria de saber onde é meu quarto.
– Segue o corredor, terceira porta a esquerda.
– Obrigado. - o garoto seguiu seu caminho.
Deixei Annie ir para seu quarto e ter um tempo só dela, pelo que eu me lembre esse é o único momento que os vitoriosos tem sozinhos.
Após o jantar todos voltaram a seus quartos e eu não pude deixar de passar pelo seu.
– Hey, Annie? - bati na porta.
– Entra, Finn. - sua voz parecia um pouco fraca e chorosa.
O que foi, Annie? - perguntei preocupado me sentando rapidamente ao seu lado na cama.
Eu só.. - ela passou a mão nos olhos. - eu só sinto saudades e medo.
Nao tenha medo, Annie. - tentei dizer, mas era um pouco dificil acreditar nisso. Puxei Annie para junto de mim, de forma a aninha-la ao meu peito protetoramente.
Como posso nao ter medo? Eu sou só eu, nao sei lutar, nao sei caçar, nao sei sobreviver. - ela chorava.
Eu vou te ensinar. Você consegue. Vou te manter viva.
Nao depende só de você, Finn.
Você vai aprender, eu sei que você consegue. Você é forte, Annie, você é forte. - apertei ela mais forte contra mim.
Era o dia da carruagem. Eu nao consegui passar muito tempo com Annie pois ela ficaria mais com seu estilista. Esperei pacientemente o dia todo até a hora de adentrar no grande desfile das carruagens. Como eu era mentor tinha um lugar vip" por assim dizer. As carruagens nao tinham nada de muito diferente esse ano, como sempre. Annie estava radiante na carruagem do nosso distrito, estava vestida com uma roupa feita de algas marinhas. Ela sorria e acenava para a plateia, por um momento acreditei que ela estava feliz. Um momento.
Assim que toda cerimonia acabou subi para o quarto andar do edifício.
– Haymitch! - encontrei o louro no elevador. Estavamos só eu e ele, todos os tributos ainda estavam no térreo.
– Finnick. - ele me cumprimentou.
– Alguma aposta este ano?
– Nada que valha a pena, a unica coisa que aposto esse ano é no meu uísque refil. Coloquei uma recomendação ano passado, mas eles nao aceitaram a ideia do refil de uisque, Quem sabe este ano?! - Haymitch, sempre bebendo. - qualquer dia apareça no meu andar para bebermos, basta apenas tres copos que lhe conto qualquer segredo. - rimos juntos.
– Quem sabe, quem sabe. Esse ano preciso me dedicar.
– Fiquei sabendo da Annie. Sinto muito e Boa sorte, cara. - Haymitch me disse assim que abriu a porta do elevador no meu andar dando um tampinha nas minhas costas e entao a porta se fechou atras de mim novamente.
Pouco tempo depois Annie e Marcus (nome do outro tributo) subiram.
– Venham, preciso lhes dar alguns conselhos. - chamei eles para a sala.
– Como mentor de vocês devo auxilia-los. Amanhã começa o treino. Normalmente os carreiristas ja foram formados entre o 1 e 2, entao a dica é treinem amanha mas nao chamem muita atenção, na arena os carreiristas procuram matar primeiro os mais fortes. Então seja forte e despercebido. O ultimo que sobreviver vence. Só isso, podem ir. - os dois se retiraram .
Eu nao sabia exatamente que conselho dar, mas acho que para a personalidade deles esse se adequou mais. Eu precisava da minha Annie viva.
– Finnick. - nao havia percebido a presença de Marcus. - Eu sei que você vai fazer de tudo para proteger só a Annie. Conheço a historia de vocês. Todos no 4 conhecem a história de vocês. - Eu venho pensando tanto em Annie que acabo me esquecendo de Marcus.
– Marcus, vou tentar fazer o máximo para te ajudar na Arena. - disse sincero.
– Está tudo bem, Finnick. Ela tem mais valor mesmo. E alem do mais tenho só 13 anos, nao consigo nem segurar as armas direito. - o tipo fisico de Marcus nao ajudava mesmo. Ela era magro, cabelos escuros e pele morena.
– Marcus, nao desista tao facil. Você nao sabe como será a arena. Concentre em seu ponto mais forte e trabalhe nele. Eu vou te ajudar. Farei tudo ao meu alcance.
– Obrigado, Finnick, mas acho que pescar com meu pai nao vai me servir para nada. - ele disse desapontado.
– Eu também pescava com meu pai. Isso pode te ajudar na hora da fome.
– Isso se o campo for de agua. - ele parecia mesmo triste. - Acho que vou deitar. Boa noite.
– Boa noite e Marcus - ele olhou para mim. - Nao desista antes de lutar. - ele assentiu e se retirou.
Ja estava tarde entao fui para meu quarto e Marcus nao saiu de meus pensamento. Eu tinha de arranjar um jeito de ajuda-lo. E eu ia arranjar um jeito.