Apenas Amigos. escrita por Yang


Capítulo 2
Malas prontas.




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O despertador toca. São sete horas da manhã e o sol bate forte no rosto de Júlia. Faltam poucos dias para a grande viagem. As coisas estão começando a ficar complicadas. Seus pais já demonstram desconforto pela distância. Sempre indagaram o fato de a garota querer estudar em outra cidade. Distante de todo mundo, buscando independência cedo demais. Pelo menos para eles.

Mas não é todo dia que alguém consegue uma bolsa de estudos para uma grande faculdade. A PUC-RJ é mais que reconhecida. E finalmente alcançar seus objetivos: ser uma grande psicóloga. Ela queria tanto isso. E estava bem ali.

Tudo exige sacrifícios. Distanciar-se dos amigos, da família. E mais que isso, ficar longe de quem não sabe ficar algum tempo sem notícias.

Enquanto ela levanta da cama, o celular toca.

- Bom dia garotinha! – dizia ele.

- Bom dia marrento!

- Eu liguei pra saber como você tá. Sei que tá cedo e acho até que acordei você...

- Eu acordei agora a pouco.

- Por isso a voz de bêbada então.

Ela soltou uma gargalhada que fazia ele se sentir bem.

- Pode passar aqui em casa mais tarde? – perguntou ela meio tímida.

- Huuum... – Disse ele maliciosamente. – O que você tá querendo aprontar garota? Não sou esse tipo de cara. Não faço besteirinhas. Sou sério. – respondeu ironicamente.

- Não era nada disso seu idiota. Preciso de ajuda pra arrumar algumas malas. – disse ela.

- Tudo bem, passo aí às três horas. Tenho que desligar agora viu? Vê se toma banho pra passar essa ressaca aí.

- Vai se ferrar Apolo!

Ele riu e se despediu.

Enquanto os pais dela discutiam na sala de estar, ela tomava banho. Tentava não pensar nos dias que restavam ali. Sentiria falta de tudo. Até mesmo da irmã que estava cantando nesse exato momento no quarto. Realmente ela não tinha talento para ser cantora, mas desenhava muito bem. Poderia seguir uma carreira promissora como estilista. Seria encantador.

Enquanto o tempo passava, a mãe separava alguns álbuns de fotos na sala. Queria que a filha não se esquecesse desses pequenos detalhes.


Julia sentou-se no sofá e viu uma foto cair. Era dela com Apolo no dia da formatura. Ela percebeu agora como ele estava parecendo um príncipe. E como estava sexy com aquela gravata. Ela sempre gostou do sorriso dele. Ele sempre foi um cara desejado por várias garotas. Só que aquele sorriso pertencia à ela de alguma forma, por que ela se lembrava de todas as vezes que viu ele feliz com ela presente.

A mãe, dona Amélia, percebeu a curiosa atenção à foto.

- Vai sentir saudades do Apolo? – perguntou ela.

- Muita.

- Em seis meses ele estará lá, e vocês poderão se encontrar nos finais de semana.

Só nos finais de semana? Eu acho que não. Não é o plano deles dois. Eles querem acordar todos os dias juntos e fazer besteiras juntos. Entenda como quiser.

- Sabe, eu e ele poderíamos economizar bastante se dividíssemos um apartamento juntos...

- Isso não daria certo, filha. Vocês dois poderiam acabar... – Ela interrompe sua própria voz ao perceber a presença do marido.

Ele olha desconfiado para as duas.

- Tenho que ir à oficina. Houve um problema por lá.

- Tudo bem. – responde dona Amélia, enquanto Júlia encolhe-se no sofá.

Assim que ele sai, Júlia decidi confessar.

- Nós combinamos há muito tempo em morarmos juntos. Mas eu lhe juro que não nos envolvemos. Somos só amigos e... – Ela faz uma pausa enquanto se lembra de todas as vezes que ficaram. – seremos sempre isso.

- Seu pai jamais irá concordar.

- Ele não precisa saber! – diz ela eufórica.

A mãe se levanta e segue para a cozinha sem esboçar reação alguma.

Pensativa e um tanto confusa, Júlia começa a separar algumas roupas em seu quarto. Recebe uma mensagem de Apolo avisando estar perto.

A campainha toca. Dona Amélia abre a porta e o vê.

- Quanto tempo, Apolo! – diz ela surpresa. – Júlia nem me avisou que você viria.

- Ela deve estar muito empolgada com a viagem. – diz ele.

- Suba, ela está lá no quarto.

A confiança depositada nele era tão grande que Dona Amélia não se importava muito com o fato de um garoto estar no quarto da filha. A amizade dos dois já durava cinco anos.

Ele bate a porta e a encontra dobrando algumas roupas de frio.

- Não vai precisar de moletom ou coisa do tipo quando eu estiver lá com você. – ele se aproxima. – Eu sou quente, esqueceu? – ele levanta a sobrancelha e a encara de uma forma encantadora.

- Não pode invadir meu quarto assim. – diz ela. Os dois se olham. Ele dá meia volta e encosta a porta. Puxa Júlia para perto e a beija. Prolongam aquilo enquanto ele tenta se aproveitar para tocá-la melhor.

- Eu tava com muita saudade. – sussurra ele.

Ela continua calada. Ele tenta tirar a blusa dela, mas é repreendido.

- Minha mãe e irmã estão lá embaixo.

- Desculpa. – ele a solta e se afasta. – o que quer que eu faça? Ajude você a colocar as roupas na mala ou a tirar essas que você tá vestindo?

Ela ri. Ele continua sério.

- A colocar roupas na mala. – responde ela.

- A outra era mais divertida. Não quero te ajudar a ir embora.

Isso soa triste. E os dois tentam não transparecer sentimento algum um para o outro.

- Você vai estar lá em seis meses mesmo, não é? – pergunta ela ainda tentando ter certeza.

- Estarei. Mas antes disso precisamos de uma despedida.

Ela sorri. Sabia exatamente do que ele estava falando. Com todo esse tempo juntos os dois nunca transaram por que ela não queria perder a virgindade com um cara que era apenas seu amigo. Ao se lembrar disso, para de sorrir.

- Não quero me despedir de você dessa forma.

Ele assente com a cabeça, mas no fundo sabe que cada vez fica mais difícil controlar sua própria natureza. Ele a quer muito.

- Vamos terminar de arrumar logo essas malas porque eu ainda quero beijar você e tentar alguma coisa que me faça te sentir melhor. E antes que eu esqueça, você caprichou hoje sabia? Eu tenho permissão pra falar assim porque eu sou seu melhor amigo.

- Você é safado, isso sim.

- Mas você gosta. Sempre gostou. E ainda vai gostar muito mais, te garanto.

- Verdade, você é irresistível, mas eu sei me controlar. Até quando eu não sei.

Exatamente Júlia, até quando você não sabe.






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