Apenas Amigos. escrita por Yang


Capítulo 3
Despedida.




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O aeroporto estava frio demais. Com um casaco fino e curto e um vestido acima do joelho, calçando botas confortáveis e sentada no banco de espera ouvindo os pais discutir, Júlia ansiosa tenta ligar para Apolo, mas o sinal está baixo. Ela tem medo de não conseguir se despedir dele. Aflita, consegue enviar uma mensagem:

“Ei, onde você está?”

Ela não recebe uma mensagem que confirme a entrega, e isso faz com que ela fique preocupada e nervosa.

Os pais estão falando sobre a quantidade de malas que a garota vai levar. A mãe acha pouco. O pai acha muito. A irmã não acha nada. Apenas olha para Júlia tentando analisar todos os detalhes para lembrar-se da irmã que irá ficar longe por bastante tempo. Mas tudo bem, São Paulo não fica tão longe do Rio de Janeiro, mas ainda assim aperta o coração.

– Vou sentir sua falta. – diz a pequena Juliana. Ela, a irmã mais nova, com 14 anos se espelha na irmã com dezoito.

– Eu também. – As duas se abraçam. Nunca foram de demonstrar muito afeto uma a outra, mas no fundo se amam e cada uma sabe disso.

– Está preocupada com Apolo? – pergunta ela.

– Sim, estou tentado ligar pra ele mais não consigo. Já enviei mensagem mais ele não respondeu. Eu sinto que vou morrer se não conseguir abraçá-lo antes de ir.

– Me diz uma coisa: por que ele só vai para o Rio de Janeiro daqui a seis meses? – pergunta Juliana.

– Ele precisa trabalhar para arranjar mais dinheiro. Ainda não tem o suficiente. Além do mais, eu só não vou daqui a seis meses por que tenho parentes lá. Mas vou ter que arranjar um emprego assim que chegar. Tenho que arranjar um apartamento e... – Juliana a interrompe.

– Um apartamento pra vocês dois... – diz Juliana.

Júlia se surpreende. A irmã sabia da história, mas ela não fazia ideia de como.

– Cale a boca, nem a mamãe e nem o papai imaginam que eu vou morar com ele. – sussurra ela.

– OH MEU DEUS! – grita Juliana.

Júlia repreende o espanto da irmã.

– Fale baixo! Os dois estão logo ali pirralha! – repreende Júlia.

– Vocês dois estão juntos? – pergunta curiosa.

Nesse momento o telefone de Júlia toca. É Apolo.

– Garotinha? – diz ele

– Oi, finalmente. Cadê você? – pergunta.

– Estou perto.

Eles ficam em silêncio por um tempo. Cada um devia estar refletindo sobre a mesma coisa. Não podiam negar: os dois eram mais que amigos e tinham uma ligação muito forte. Ele sabia muita coisa a respeito dela e ela a respeito dele. Como podiam fingir que eram apenas amigos? Como suportavam todo esse peso de amar alguém, ser correspondido e ainda assim fingir que não era nada? Isso estava sufocando os dois.

– Chega logo, preciso muito te abraçar.

– Tudo bem. Até daqui a pouco. – despediu-se dela.

Apolo aparece. Tentando transparecer que a situação é boa. Mas ele sabe que não é. Distância faz as pessoas tornarem-se estranhas depois. São seis meses, mas coisas extraordinárias acontecem em pouco tempo.

Ela o vê. Sorri e se lembra da primeira vez que olhou aqueles olhos e teve a certeza de que algo bom estava por vir. Lembrou-se do primeiro beijo dos dois, até mesmo dos pensamentos sacanas que rolavam quando estavam juntos. Pensou em todas as vezes que foi segurada por aqueles braços que a seguravam agora. Ele estava abraçando ela, e qualquer coisa em volta parecia insignificante.

– Meu voo sai as dez. – foram as únicas palavras que saíram da boca dela naquele instante.

– eu sei. – disse ele.

Os pais dela olharam para os dois de uma forma estranha. Sabiam e não sabiam de alguma coisa ao mesmo tempo. Isso assustava os dois amigos, mas por enquanto nada daquilo importava muito.

O pai de Júlia, Carlos, aproxima-se de Apolo para conversar sobre algo em particular. Tudo relacionado ao Rio de Janeiro. Sabe que o rapaz pretende ir pra lá também. A confiança pela parte dele não é tão forte, mas ele faz um pedido.

– Quando for ao Rio de Janeiro, certifique-se de que ela está bem. Sempre. – ele bate no ombro de Apolo e sua expressão séria muda para um sorriso rápido.

– Com certeza.

O tempo passa e logo os dois abraçam-se pela última vez. Ele entrega a ela um cordão com uma medalha. É uma cruz simples. Apolo não é muito religioso, mas aquele cordão nunca saiu do pescoço dele até aquele momento.

– Para protegê-la garotinha. Quando eu estiver lá, pego de volta.

– Por que? – pergunta ela.

– Porque eu vou estar perto de você, e então te protejo.

Ela sorri, pega a pequena bagagem de mão e segue o resto do caminho sozinha. E em seis meses ela espera que tudo seja como antes. Mas sabemos muito bem que o mundo gira, as pessoas mudam, os sentimentos machucam e a saudade destrói.











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