EMILY POV

Dançar.

Esta ai uma coisa que eu nunca fiz. Parece tão assustador ficar sem movimentando de um lado pro outro. Deve ser tão mais difícil para quem não tem ritmo (eu).

Parecia tão fácil fazer quando Libby, Claire, Jane e Casey faziam. E era tão difícil comigo. Eu odeio dançar. Na verdade, eu nunca nem tentei, mas eu sei que nunca iria conseguir. Parece tão fácil, mas não é.

Todos estavam dançando, até as pessoas bêbadas que caiam no chão a todo momento. Jackson e alguns amigos já estavam totalmente bêbados. Eu não quis chegar perto de Jackson depois do incidente do ficante de mentira. Era mico demais. Eu ainda não soube ao certo porque ele fez isso. Quer dizer, porque ele disse que estava comigo?

Vi Jackson vindo em minha direção, literalmente se arrastando no chão de tão bêbado que estava. Ele chegou perto de mim, se sentou no banco comigo e ficou olhando para a frente.

- Sabe – ele começou a falar, senti o cheiro da bebida invadir o local aonde estávamos – A vida é como uma roda gigante, as vezes você tá em cima – ele suspirou – as vezes você tá embaixo. – soltei uma gargalhada tão alta que quase me joguei no chão. Jackson era ainda pior quando estava bêbado.

Ele caiu no chão e eu ri mais ainda. O pior era que ele não tinha reação nenhuma. Ficava apenas lá, parado caído no chão.

- Nathan! – gritei um dos únicos amigos do Jackson que não estava tão bêbado – O Jackson caiu aqui e não quer levantar, você me ajuda a levar ele pro quarto?

- Ahn, tá – ele largou o que estava bebendo e cambaleou um pouco até nós. Colocou Jackson nos braços e nos indicou a saída. Andamos em silêncio, afinal, se algum inspetor visse Jackson naquele estado, com certeza ele seria encaminhado até um hospital.

Entrei no dormitório masculino. Ele tinha um cheiro diferente do dormitório das meninas. Era fedido. Nathan tinha Jackson nos braços, e o olhar atento até o caminho de seu quarto, que era no final do primeiro andar. O quarto parecia nunca chegar, mas, o dormitório estava vazio. Não tinha ninguém por lá.

- Chegamos – Nathan escancarou a porta e foi até o banheiro com Jackson. O jogou no chão, fazendo com que  ele se apoiasse na privada e vomitasse tudo que tinha ingerido na noite. – está entregue. Quando ele sair do banho vai estar melhor pra colocar uma roupa qualquer, você não precisa se preocupar – Natan parecia frio, ao mesmo tempo muito sincero. – Vou indo.

Então a porta se fechou e o único barulho ainda representado, era de Jackson se afogando em vômito. Parecia nojento, e era. Mas, como uma boa ficante de mentira eu tive que o ajudar.

- Jackson – adentrei o banheiro e senti aquele cheiro ruim. Tirei os sapatos e caminhei até Jackson, que por sua vez, estava jogado no chão, como se estivesse agonizando alguma dor. Me senti na obrigação de ajudar o meu falso ficante. Que tipo de falsa ficante eu seria se não ajudasse,  afinal? – Jackson, sou eu, Emily. Você pode me ajudar a te carregar até o chuveiro? – Jackson assentiu, se arrastando para o chuveiro. Se jogou lá dentro e desabotoou a calça e a chutou para fora do corpo. O deixando apenas de camisa e cueca box. O que me fez arrepiar, Jackson tinha realmente um corpo maravilhoso.

- Me ajude a tirar a camisa? – ele perguntou, ainda agonizando um pouco sua dor. Ele parecia querer terminar tudo logo e se deitar na cama. Claro, ele estava bêbado, quase em estado grave, e jogado dentro de um chuveiro, depois de ter vomitado quase seu fígado junto com a bebida. Nessas circunstâncias, eu também iria querer. Mas ajudar Jackson a tirar sua camisa? Como não pirar? – Me ajude.

Me agachei até aonde ele estava e tirei sua camisa. A barriga dele, lisa e totalmente definida, mostrando seus músculos. Aquilo estava me dando nos nervos de tão perfeito que estava.  A cena poderia estar desagradável, mas não pra mim.

Foi então que uma lei da física disse que o Jackson sempre tinha que estragar os momentos bonitinhos de amizade e de ficantes de mentira.

Jackson ergueu a cabeça. Me olhou nos olhos e depois olhou para os lados. Seus olhos azuis abertos me encaravam com toda sua timidez. Talvez para ele o momento estivesse sendo – vulgo, estaria, sendo legal também. Então, ele levantou mais a cabeça e... Vomitou na minha roupa.

Sim,  vomitou na minha roupa.

- Desculpe – ele disse, ainda um pouco lesado pelo efeito que a bebida fazia – Liga o chuveiro? – eu estava desesperada. Minha roupa cheia de vômito. Eca. Eca duplo, eca triplo.

- Você me empresta uma camisa? – perguntei, levantando do chão do chuveiro e ajustando a água para a temperatura fria. – Já que sabe, um idiota bêbado acabou vomitando na minha roupa inteirinha.

- Aham – ele sentiu um calafrio ao sentir a água fria entrar em contato com sua pele quente e bronzeada. Deixei ele em seu momento em que ele estava jogado debaixo do chuveiro só de cueca. Saí do banheiro e olhei em volta do quarto dele. Era totalmente arrumado, o que eu me duvidava porque acontecia já que ele tinha cara de desarrumado.

Tirei minha roupa no quarto dele. Afinal, eu não tinha nada a perder mesmo. Jackson estava tão bêbado que nem notaria meu corpinho de gazela. Entrei no banheiro novamente e joguei minha roupa na pia, tirando um pouco do vomito (eca) presente nela. Jackson ainda estava no banho.

Foi ai que ele reuniu forças e saiu do banheiro. Ele já estava enrolado na toalha e me olhando. Eu, de calcinha e sutiã lavando uma saia e uma blusa. Ele soltou um risinho de canto e continuou me encarando. Ele não parecia tão bêbado agora. Parecia decente. Continuou sorrindo e saiu do banheiro.

- Você quer uma blusa? – ele perguntou, adentrando o banheiro de novo, um tempo depois, agora usando um calção. – Eu tenho uma calça moletom aqui e te empresto uma blusa, alias, me desculpe por vomitar em você. Quer tomar um banho?

Eu não iria mentir. Eu queria muito tomar um banho. Mas eu tenho certeza que fiquei toda vermelha. Eu estava de sutiã e calcinha na frente do menino mais popular da escola, no banheiro do quarto dele no dormitório masculino. Um lugar que nunca eu pensaria que tivesse que entrar.

- Não precisa ficar vermelha – ele disse, balançando os cabelos lindos que ele tinha e chegando perto de mim - Você é ou não é minha ficante de mentira? – ele disse, sorrindo, me fazendo soltar uma gargalhada junto com ele.

- Tudo bem. – dei as costas a ele e entrei no chuveiro. Tirei minhas roupas intimas e fechei a porta do banheiro, ligando a água fria e me banhando totalmente. A água estava realmente muito boa, o banho foi maravilhoso.

Saí do banheiro e me sequei com uma toalha que achei no armário. Coloquei minhas roupas novamente e vesti a calça de moletom que ele me emprestou e a blusa também. exatamente o cheiro dele. Uma blusa dos Ramones, minha banda preferida.

Saí do banheiro e vi Jackson deitado na cama, quase jogado. Ele estava passando os canais da TV. Passei correndo e peguei meu sapato e olhei para Jackson. Abri a porta. Olhei para trás e vi ele parado atrás de mim.

- Já vai? – ele perguntou, sorrindo, bem travesso.

- Sim... – falei, sorrindo também, agora, francamente – É tarde e minha colega de quarto deve estar preocupada.

- Tudo bem. – ele disse, passando a mão pela nuca – Obrigada.

Dei um passo para fora. Então senti a voz dele ecoando pelo corredor.

- A propósito, pelo corpo.