EMILY POV

De fato, o jantar não tinha sido um desastre, como eu pensei. Foi muito divertido. A família de Jackson era muito  divertida e fazia piadas muito boas sobre como ele tinha tinha 12 anos, deu seu primeiro beijo e uma menina no parque de diversões. Ou quando tinha cinco anos e tinha problema de bexiga e fazia xixi aonde quisesse fazer.

Jackson estava totalmente, completamente envergonhado. Todos seus primos, suas tias e tios, avós e até a empregada de sua antiga casa estavam reunidos na casa da avó dele, que não era muito longe da escola.

Eu juro que fiquei encantada com sua família e queria muito que minha família fosse unida novamente. Agora eu só tenho aos meus irmãos e a imensa solidão de ver alguns retratos da minha mãe pendurados pelo apartamento do meu irmão.

[...]

- O que deu nela? – perguntou Alexis, perplexa com as grossas e curtas palavras de Courtney sobre mim. Eu chorava, sem querer demonstrar, mais chorava. Eu achei que estivesse bem do jeito que estava. Com roupas mais legais, achei que todos fossem gostar mim. Mas Courtney parecia não gostar nem um pouco da situação em que eu me encontrava. – Emy, você está mais linda do que nunca.

- Eu... – balbuciei algumas palavras... Nada demais. No momento eu estava tão chocada quanto Alexis, que estava ainda sentada na cama olhando para a porta do banheiro, aonde Courtney se encontrava. – O que deu nela?

Só isso que eu queria saber, o que tinha realmente acontecido para Courtney estar me tratando desse jeito. Nada mudou, só as roupas, o visual e o cabelo. Mas Courtney sabia o quanto era chato e o quanto eu não gostava de viver daquele jeito. Porque era verdade, eu odiava. Ela sabia, ela dizia que sempre que eu precisasse, ela me emprestaria roupas e até seu cartão crédito.

Mas em qualquer das opções, não seria tão fácil recusar.

Eu não sabia o que tinha dado nela. Courtney era minha melhor amiga e o que eu queria mesmo era que ela continuasse me tratando do mesmo jeito de sempre. Como sua velha e mal-vestida amiga nerd. Só que ela mudou.

Mas eu não posso julga-la. Eu também mudei.

Mudei de um jeito que talvez fizesse com que ela nem quisesse olhar no meu rosto. Eu não era popular. Mas talvez eu gostasse de, ter os olhares voltados para mim. Eu era estudiosa, mas gostava de festas e farras alguns dias e horas. Eu não era nerd e não era popular.

Eu só era... Eu.

E talvez, fosse isso que eu tivesse que ser a muito tempo atrás, somente eu, do meu jeito. Mas eu realmente não sabia o que tinha dado em Courtney para ela surtar daquele jeito e me humilhar. Eu só quero saber.

O que tem de tão errado em ser você mesma?

JACKSON POV

Desastre.

Essa palavra define bem o que foi aquele jantar em família com a Emily. A minha família ama me fazer pagar mico, eu tinha descoberto aquilo na noite passada... Eles fizeram todo o tipo de piada com minhas manias de criança perto dela, que só fazia soltar aquele belo sorriso todas as vezes que eu a via.

[...]

Acordei após uma longa soneca. Eu tinha um jantar para ir hoje. Eu estava feliz que Emily não ia mais. Pelo menos. Tinhamos “brigado” e acho capaz que ela não fosse a um jantar comigo nem amarrada. O que me fez ficar aliviado o bastante para tomar um banho sorrindo e me arrumar correndo.

A porta bateu umas cinco vezes e corri para abrir. Era ela.

Ela usava um vestido branco de renda na altura do joelho com sapatilhas douradas. O cabelo estava ondulado e brilhante, até a cintura. Ela usava uma maquiagem leve e tinha um olhar confiante. Ela segurava também uma bolsa dourada, no mesmo tom da sapatilha.

- Está pronto? – Emily perguntou, enquanto eu estava parado, babando nela perto da porta. Sim, eu estava parado a encarando. Ela me encarava também, mas de um modo nada bonito. E sim, com o olhar de raiva. – Vai ficar ai me olhando ou vamos pro jantar com a sua família?

- Ér, eu achei que.. – comecei a cuspir algumas palavras e continuava a encarando.

- Achou que eu não fosse mais? – ela perguntou, soltando o riso pelo nariz, meio fraco – Não é só porque que você está agindo como um idiota que eu vou ter a má educação de não ir em um jantar que a sua própria mãe me convidou – Ela parecia cuspir as palavras em um tom irônico, superior a mim – Seria falta de educação. – Ela mexeu no cabelo, e voltou o olhar, meio entediada para meu rosto – Tá pronto ou não?

- Tô. – falei firme, fechando a porta do quarto e parando a centímetros de distancia de Emily. Ela me olhava nos olhos. Seu olhar agora parecia curioso e meio assustado. Eu estava tão perto que, se alguém passasse no corredor, julgaria que somos namorados ou algo do tipo. Eu não sei o que deu em mim, mas segurei meu queixo com a ponta dos dedos e subi seu olhar para meu rosto.

Ela se aproximou de mim como se estivesse dizendo para mim ir em frente com tudo aquilo. Eu queria beija-la, e acho que ela também estava se preparando mentalmente para aquilo. Meu estomago revirou. Isso nunca tinha acontecido antes, nunca. Meu estomago nunca revirou por uma garota. Nunca. Nem no meu primeiro beijo. Eu me sentia um gay. Emily me encarava, mergulhei nos seus olhos azuis e comecei a fazer um carinho em sua bochecha... Me aproximei mais dela, fazendo nossos lábios de roçarem de leve, mas sem iniciar nenhum tipo de beijo. Ela simplesmente abaixou o olhar, tirou minha mão de sua bochecha e disse:

- Hum... Vamos?

[...]

Sábado é um dos melhores dias no internato. Era o dia que todos nós íamos pra casa, e ficávamos vendo televisão e jogando vídeo-game e indo a festas. Pelo menos esse era o meu fim de semana.

Eu e Tia Katie tínhamos um apartamento na zona central da nossa cidade. Era pequeno, tinha três quartos, um banheiro, uma cozinha e uma sala de estar/jantar. Tia Katie não era casada, mas tinha uma filha de seu ultimo casamento, Liv. Ela praticamente nunca estava em casa e quando estava, era pra se arrumar pra sair novamente.

E lá estava eu. Jogado na minha cama as nove da manhã esperando criar coragem para jogar algumas roupas na mochila e ir para o meu apartamento. Meu colega de quarto, como sempre não tinha dormido lá. Provavelmente, como vários alunos faziam, ficaria na escola durante o fim de semana bebendo dentro do quarto como um retardado.

Levantei, achei minha mochila embaixo da cama e despejei meus livros sobre a estante. Coloquei algumas roupas na mochila e troquei a minha. Escovei os dentes e me olhei no espelho. Eu parecia um fantasma. Claro, eu tinha ficado horas e horas na noite passada jogado na cama pensando  no meu (quase) e perfeito beijo que eu ia dar na Emily.

Saí do meu quarto e sem ligar, fui andando em direção ao refeitório. Mesmo sem vontade de comer, eu queria me despedir dos meus amigos e ver a minha emburradinha pela ultima vez no dia. Havia vários e vários meninos pelo corredor, alguns chegavam das festas que tinham ido na noite anterior e alguns, assim como eu, estavam indo embora.

- Hey dude – disse Larry, que estava sentado em uma mesa com Hendrix, Zack e Joseph – Tá metendo o pé também? Vamos lá pra casa? Hoje vai ter uma festa irada, eu que to dando.

- É cara, não vai dar – falei, dando uma colherada no meu cereal – Jake (n/a: créditos a leitora hahaha) o que ta acontecendo? Você nem anda mais com a gente, desde que começou a ficar com a Turner. Vamo pra festa cara. Vamos nos divertir. Que merda!

- Tudo bem – me rendi. Nessa hora, Hannah, Libby, Casey e Emily sentaram na mesa. Hannah se sentou no colo de Larry e os dois começaram a se beijar. Já Libby, por sua vez, se sentou no lado de Hendrix e os dois começaram a se beijar, também. Casey e Joseph ficaram dando selinhos, eles tem uma espécie de amizade colorida.

- Bom dia – Emily se sentou do meu lado e me abraçou. Não entendi na hora, mas lembrei que ainda éramos ficantes de mentira e tínhamos que honrar nosso relacionamento. – Você vai na festa na casa do Larry hoje? – ela perguntou, sorrindo, como sempre.

- Ah, vou – falei, sorrindo também. Ela sorriu involuntariamente para mim, mostrando seus lindos dentes brancos como a neve. Ok, sou gay.

Emily continuou sorrindo para mim e eu para ela. Até que ela fez a primeira coisa, uma coisa que eu já deveria ter feito a tempo. Ela simplesmente, me beijou. Não um beijão, mas um selinho. Tão rápido que eu mal senti. Mas, conseguiu me fazer feliz pelo resto do dia.

- Me desculpe por isso – ela falou, corando e olhando para o outro lado.

- Tudo bem – falei, dando de ombros e olhando em seus olhos de novo – Nós estamos ficando, não estamos?

Quem sabe aquilo tivesse significado o inicio de algo de verdade.