A Caçadora - O Despertar escrita por Ketlenps


Capítulo 6
Capítulo 5 - Morrer ou Viver


Notas iniciais do capítulo

Hooy! ^^
Aqui está mais um capítulo, e novamente betado pela Anne =)
O que vocês acharam da capa nova? Eu mudei ela pq troquei a atriz que eu vejo como a Camille. A capa é simples, mas eu amei. E vocês?
No final do capítulo, como eu sou uma boa autora hehe tem uma foto do Jack e do Daniel, para vocês verem como eu os imagino. Só não se apaixonem e fiquem se iludindo ok?
Caso o link da foto da Casa dos Caçadores de Las Vegas não funcione: http://m.wsj.net/video/20111117/111711lunchauction/111711lunchauction_512x288.jpg
Boa leitura!



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Eu gritava. E gritava. E gritava.

Meus olhos ora captavam a avenida com suas luzes fortes que passavam como borrões, ora captavam o escuro torturante que meus olhos viam quando eu os fechava, por conta da dor que me queimava internamente.

Minha cabeça rodava a cada segundo para a esquerda, direita, esquerda, direita, e assim sucessivamente. Eu me curvava diante do banco do passageiro no carro, que já estava encharcado de vermelho, fuligem e o sangue preto gosmento da criatura que me atacara.

Katrina dirigia rápido, talvez já tivéssemos passado dos cem por hora, mas ela não parecia se importar. Era minha responsável, era seu dever me socorrer. Algumas vezes ela virava o rosto para me ver gritar e sua expressão estava atônita com uma pitada de pena. Mesmo numa situação como aquela, Katrina insistia em não demonstrar desespero sobre mim, porque, se eu morresse, a culpa seria teoricamente dela.

– Continue acordada, Camille, continue. - Ele falou, fazendo uma curva fechada com o carro.

Mesmo com a dor que me preenchia de cima a baixo, eu tive forças para olhar para ela furiosa.

– E eu por acaso vou dormir do jeito que estou?!

Ela não respondeu e nem deveria mesmo. Meu casaco escuro servia de curativo em meu abdômen, pois Katrina o havia enrolado em mim fortemente, amarrando as mangas em minhas costas para que eu não perdesse mais sangue do que já tinha.

A dor que eu sentia era indescritível, como se estivesse pegando fogo na perfuração. E cada parte de meu corpo doía, era horrível. Uma hora ou outra, eu tinha espasmos abominais que estavam me enlouquecendo.

Em meio a toda essa dor, em meio às lágrimas que caiam de meus olhos, eu me perguntava a cada segundo: “Eu vou morrer?” Acho que a coisa mais simples de se pensar num momento que em você esta quase morrendo é isso.

Dizem que vemos nossa vida passar diante de nossos olhos quando estamos nessa situação, mas isto é... Mentira. Posso estar me perguntado se irei morrer, mas tudo o que vivi não esta passando diante de meus olhos, para mim, uma Caçadora, nossa vida passa diante de nossos olhos a cada dia. Há uma hora e um lugar pra morrer e não é agora que eu vou.

– Que porra! - Eu gritei mais uma vez, jogando minha cabeça para trás, arqueando as costas, quando mais uma pontada de dor surgiu em mim.

Katrina brecou o carro e olhou pelo vidro da janela. Vi que ela havia estacionando na frente da mansão.

– Chegamos, calma - Ela pediu, abrindo a porta do seu carro e saindo.

– Calma uma ova! - Eu reclamei. - Não é você que está com um buraco na porra da barriga!

Katrina me ignorou e abriu a porta do meu lado. Pegou-me pelos ombros, puxando-me para fora, eu gritei novamente, mas Katrina insistiu e me tirou de dentro do carro. Ela colocou meus braços ao redor de seu ombro e foi me arrastando para a mansão.

Eu parecia até mesmo uma boneca de pano. Minhas pernas estavam moles e meus joelhos cediam todo instante, mas Katrina ajudava-me quando me segurava forte fazendo com que eu voltasse para a mesma posição: firme em seus ombros. Contudo, aquilo parecia piorar, pois quanto mais eu andava, ou melhor dizendo, arrastava meus pés - o que fazia eu mexer os músculos do abdômen - a dor aumentava, juntamente com os meus gritos e suplicas para Katrina interromper aquela tortura.

– Para, por favor! - Eu pedia, implorava. As lágrimas desciam como cachoeiras de meus olhos, fios de cabelos grudavam-se em minhas bochechas por causa disto.

Mas Katrina não falava, ela estava concentrada em apenas me levar para a mansão, por mais que eu me curvasse, quase caindo no chão, ela continuava atônita me segurando fortemente. Eu estava ficando fraca, eu sentia isto, era como se a cada passo que eu dava, cada movimento que eu fizesse, dizia que a qualquer momento eu poderia perder a consciência e cairia num sono profundo, que talvez eu nunca mais acordasse.

Havia vários motivos para que minha morte chegasse hoje: eu havia perdido muito sangue e com certeza ainda estava perdendo, mas meu casaco não deixava transparecer isso. A garra da criatura pode ter acertado algum órgão meu e isso pode me levar a uma morte dolorosa e lenta.

Além do mais, com toda certeza, meu ferimento deveria estar infeccionado.

Que droga! Por que eu só penso em morrer? Nestes momentos, gostaria de ter o otimismo de Mandy.

– Só mais um pouco. - disse Katrina.

Por mais que fosse pouco, para mim parecia uma longa maratona. Era como se eu enxergasse a Casa dos Caçadores a quilômetros de distância. Será que aquele era o primeiro sinal de que eu perderia meus sentidos?

Não, Camille, são apenas as lágrimas borrando a sua visão. Uma voz no fundo de meu ser, discutiu comigo, meu eu interior.

– Katrina, Camille, o que houve?

Katrina virou-se para trás junto comigo. Eu ainda chorava e me contorcia. Consegui, por um instante, focar meus olhos na figura masculina à frente, seu casaco longo e preto com uma pequena mancha branca na barra, logo me fez identifica-lo antes mesmo de meus olhos se fixarem em seu rosto. A feição de Dan mudou de confusa, para estarrecimento completo ao ver o estado em que eu me encontrava. Ele correu os seis metros que nos separavam, e depois parou.

– Por Deus, o que aconteceu? - Ele perguntou, os olhos me analisando de cima para baixo.

Eu gritei mais uma vez. Era como se a dor tivesse voltado mais forte em todo o meu corpo, meu ombro queimou como da vez que a gárgula apareceu voando e saindo, ou apenas atravessando, a chama que queimava a casa em que os novatos e recém-nascidos estavam e que eu e Katrina colocamos fogo. Desta vez, Katrina não me segurou, ou simplesmente me deixou se soltar de seus braços finos, porém fortes. Eu senti meus joelhos se curvarem, vi minha figura cair de encontro com o chão.

Minha mente e corpo se prepararam para o choque, mas os braços musculosos de Daniel me seguraram, trazendo-me de volta para cima. Só que desta vez, ele levou meu corpo todo quando me pegou no colo. Eu me encaixei em seu peito, fiquei encolhida parecendo tão indefesa e inútil. Minha cabeça insistia em não ficar quieta. Os braços firmes de Dan que me apertavam, impediam-me de me contorcer, mas não me impedia de chorar e jogar a cabeça para trás toda hora que a dor me atormentava.

– Aguente firme, Cammie. - Dan disse, a voz calma e segura. - Aguente.

Vi quando Katrina abriu a porta da mansão e as luzes do lustre de cristais do Hall de entrada me atingiram os olhos, obrigatoriamente, fechei-os fortemente. Permiti-me afundar minha cabeça no ombro de Dan. Minhas mãos apertavam-lhe o pescoço, porém ele não parecia se incomodar. Eu mordia meus lábios na intenção de não gritar, eu estava mordendo tão forte que o gosto metálico de meu sangue surgiu, mas eu não parei de mordê-los.

Aguente firme, Camille, aguente. Eram estas palavras que estavam me ajudando mentalmente.

Eu sabia que Dan seguia comigo para a enfermaria, eu ouvia murmúrios e perguntas feitas a ele, todo vez, eu acho, que ele se encontrava com um ou três Caçadores pelos corredores.

– Jesus! - Porque que todo mundo tem a mania de dizer nomes sagrados toda vez que veem ou ouvem algo assustador? - Daniel, o que aconteceu com ela?

– É o que eu também quero descobrir. - Dan retrucou, visivelmente irritado, claro, todos que o encontravam no corredor perguntavam a mesma coisa.

Caçadores fuxiqueiros.

Abri meus olhos querendo ver a dona da voz feminina. Eu estava tão fraca que já não conseguia identificar a voz de ninguém. Com a cabeça deitada no ombro de Dan, eu vi Kate nos seguindo, preocupada; ela era a mulher que tinha uma queda por Jack. Kate era nova, seu rosto era delicado, os cabelos escuros eram curtos na altura do pescoço e ela usava um longo vestido de veludo cor vinho escuro, que tinha mangas e um grande decote nos seios, porém não tão profundo como os de Katrina.

– Abra a porta Kate. - Dan mais ordenou do que pediu. Na grande porta de mogno, como a de todos na mansão, havia uma placa branca onde, em vermelho, estava escrito: ENFERMARIA. - Rápido!

Dan estava mesmo sem paciência. Kate rapidamente abriu uma das portas duplas e nós entramos. A enfermaria era um grande espaço com várias camas umas ao lado das outras, nas duas opostas paredes, e elas eram da cor cinza.

– Faz parar, por favor! - Eu implorei, minha mão automaticamente ia para meu abdômen.

Eu vi Dan se encaminhar para uma cama ali perto e me deitar com toda a delicadeza. Aquela dor parecia aumentar, aquilo estava me queimando, estava doendo; não iria acabar até que minha vida se fosse como água escapando por entre os dedos?

– Oh! O que houve com ela? - A enfermeira perguntou, que agora eu notara que estava guardando alguns remédios num armário de vidro do outro lado da sala.

– Está doendo! - Eu gritei, atordoada. - Não da para aguentar!

– Eu acho melhor avisar para Maria ou Jack, que ela está aqui. - Ouvi Kate dizer, e depois seus passos ecoaram-se até eu não ouvir mais.

– Eu tenho que ver isto. - A enfermeira disse, inclinando-se sobre mim.

Ela era uma mulher que tinha cabelos grisalhos e sempre presos num coque. Sua roupa sempre era um vestido branco e ela sempre ajudou os Caçadores com graves ferimentos. Clementina, esse era seu nome, era enfermeira e médica ao mesmo tempo.

A enfermaria é um lugar para quem está com ferimentos mais graves. Temos remédios que pessoas normais (os não Caçadores) não têm, e estes remédios ajudam em muitos ferimentos. Quando eu tinha sete anos, por exemplo, idade em que ganhei minhas amadas Beths, uma Caçadora mais nova que eu atirou uma das Beths em minha direção e a estaca passou de raspão pela minha testa. Clementina usou um pequeno curativo e deu-me um remédio que tinha um gosto terrível, para que não ficasse cicatriz e curasse em menos de duas semanas. E funcionou.

Ela era uma boa pessoa.

– Fique quieta, querida. - Sua voz adocicada pediu.

–Primeiro, me dê morfina, por favor, dói muito! - Eu disse, mas ele insistiu em ver meu ferimento.

Eu estava aflita e mordia os lábios nervosamente. Clementina levou suas mãos enrugadas para desamarrar meu casaco atrás de minhas costas, porém sua mão retornou juntamente com uma exclamação confusa que saiu de sua boca.

–Isto me queimou. - Ela apontou para meu casaco, abaixei meus olhos e vi o sangue preto e gosmento da criatura que me atacou. Claro, quando Katrina havia chicoteado a cara da coisa, seu sangue espirrou sobre mim.

Eu poderia ter pensado em várias hipóteses para o sangue daquela coisa ter queimado Clementina, mas minha fraqueza não deixou. A dor era tão forte que eu sabia o que aconteceria.

Os sintomas haviam começado a aparecer: minha visão já estava ficando turva e eu já não conseguia controlar meus próprios olhos e corpo, tudo estava ficando lento e pesado. Aquela sensação horrível que parece que você vai morrer. A sensação da perda abrupta e transitória da consciência. O preto tomou conta da minha visão e tudo silenciou, se eu havia desmaiado ou morrido... Eu simplesmente não sabia.

***

A morte é algo natural. A única coisa que sabemos é que tudo tem o seu fim.

Eu ainda tentava entender o que havia acontecido, eu estava confusa, eu… Resumindo: eu estava me sentindo uma estúpida, tola, como se tivesse acabado de nascer e não soubesse em que mundo se encontrava e nem o que significava um abraço.

Tudo bem, às vezes minha mente exagerava, entretanto, eu só queria saber onde eu estava. Eu sentia minha boca seca, muito seca. Sentia-me tão fraca que não conseguia mexer minha mão para coçar meus olhos e também estava com fome.

Oh, Deus, a quanto tempo eu estou sem comer?

Acho que lembrar-me de comida me fez ter força, pois minha mão fora em direção ao meu estomago, o que não foi bom. Como num flashback, eu me lembrei de tudo, desde o que eu fiz ao acordar de manhã cedo até o momento em que Dan me deitou na cama da enfermaria.

Abri meus olhos e vi um teto branco. Girei minha cabeça e confirmei o que eu pensara: estava mesmo na enfermaria. Apertei ligeiramente meu abdômen e senti o curativo. Percebi que já não estava com a blusa branca que eu usava por baixo do casaco quando saí com Katrina para caçar. Eu vestia uma t-shirt rosa. Eu a levantei para poder ver minha barriga e vi a gaze ali, enfaixando todo o abdômen.

Suspirei pesadamente e resolvi me sentar. Com certa dificuldade ergui primeiramente minha cabeça, apoiei minhas mãos em punho na cama e me forcei para cima. Senti uma pequena dor no abdômen, mas não era como a de antes. Eu me sentia um pouco zonza e sonolenta. Clementina provavelmente havia injetado morfina em mim, o que eu agradeço, porque senão eu ainda estaria sentindo dores.

Encostei-me na cabeceira de ferro da cama e foi só então que percebi Jack sentado numa cadeira ao meu lado esquerdo da cama. Ele estava com a cabeça caída para o lado e dormia serenamente. Que horas eram? Jack devia estar há horas naquela enfermaria, para cochilar daquele jeito.

Ele estava esperando que eu acordasse. Ah, como Jack é um ótimo pai.

Eu não queria interromper seu sono, mas se eu não fizesse isto, quando ele acordasse, iria ficar com raiva por eu não tê-lo avisado que eu não estava em coma.

– Jack - o chamei pela primeira vez, mas ele continuou dormindo - Jack - eu disse um pouco mais alto, porém como não tenho paciência e como eu queria assustá-lo, peguei o travesseiro atrás de mim, mirei no rosto dele e joguei. - JACK CARTER!

Ele acordou tão assustado com a almofadada no rosto, que sua cadeira acabou caindo para trás e ele foi junto, suas pernas ficaram balançando no ar, e eu caí na gargalhada. Segundos depois, ele levantou-se e me encarou sério.

– Não teve graça, Camille Carter. - Ele deu ênfase em nosso sobrenome.

Ele pegou a cadeira caída do chão e colocou-a na mesma posição de antes, porém ele a aproximou um pouco mais da cama em que eu estava e se sentou, me fitando com seus maravilhosos olhos, preocupados e confusos. Eu parei de rir e o fitei de volta, sorri fracamente com canto dos lábios e abaixei meus olhos, encarando o jeans imundo que eu ainda estava usando. Eu não gostava de encarar Jack quando ele estava com esses tipos de olhares. Não sei, me sinto desconfortável.

– Como se sente? - Jack perguntou placidamente. - Ainda sente dor?

– Não. - Respondi, apenas.

– Daniel me contou que você gritava de tanta dor. - Ele explicou sua razão pela pergunta. - Eu realmente fiquei preocupado.

– O que importa agora é que eu estou bem, não? - Voltei a encara-lo, retribuindo os olhares sérios.

– É. - Ele respondeu.

– Estou com sede. - Disse subitamente.

Jack se levantou da cadeira e rodou minha cama. Havia uma mesa do meu lado direito e nela uma jarra de vidro estava com água. Ele pegou um copo e despejou a água ali dentro e entregou-me o copo.

– Obrigada. - Agradeci, enquanto ele retornava para a cadeira e sentava-se.

– O que aconteceu? - Jack perguntou, curioso e confuso. Seus olhos estavam numa fenda. - Katrina disse que uma estranha criatura as atacou. Ou melhor, atacou apenas você, pois ela disse que até chamou o bicho, mas ele simplesmente saiu voando, indo embora.

– Eu também queria essa resposta. - Falei, dei um gole na água gelada, ela refrescou minha garganta. - Aquilo era tão grotesco...

Fiquei a encarar o copo, a água parada me fez ver um filme do que aconteceu mais cedo, naquela noite. Ainda era noite, pois pela janela aberta atrás de mim, eu sabia disso.

Eu ergui meu rosto e fitei Jack. Meus lábios contraídos, meu olhar firme e pela primeira vez, acho que em minha vida, por mais que eu esteja exagerando, eu estava segura de mim e do que eu diria.

– Eu só sei de uma coisa, Jack. - Eu disse convicta.

Ele franziu as sobrancelhas.

– O que?

– Aquela coisa me queria morta ou viva. - Respondi, lembrando-me de tudo. - Aquilo me queria.



Jack Carter




Daniel Solomon












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Notas finais do capítulo

Então, o que me dizem do capítulo? E claro, o que me dizem de Daniel e Jack? Garotas, tenho uma boa noticia, os dois estão muito bem solteiros.
Podem deixar comentários??
Obrigada por lerem!
Kissus, Ketty =*