A Caçadora - O Despertar escrita por Ketlenps


Capítulo 10
Capítulo 9 - A Herança de Ouro


Notas iniciais do capítulo

Heey! Como vocês estão?
Ei, cadê alguns dos meus leitores??... Enfim.
Capítulo betado pela Anne.
Espero que vocês gostem =)
Boa leitura!



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Camille's POV

- Você deveria ter falando comigo antes, mocinha.

Eu estava deitada em uma das camas da enfermaria, enquanto Clementina cuidava da minha ferida que ganhei na noite passada graças a estranha criatura com olhos de fogo. Clementina estava retirando os pontos. Os remédios que ela me dera na noite passada já haviam dado efeito, fazendo com que eu cicatrizasse rápido. Agora a perfuração que eu ganhei não passava de mais uma cicatriz entre tantas outras em meu corpo.

- Poderia ter aberto os pontos e ter piorado sua ferida. - Clementina reclamava comigo, pois eu havia acordado e ido direto para o meu quarto e retirado a gaze.

Ela me encontrou depois que eu voltei da casa de Mandy e bem, eu não pude escapar dela.

-Tudo bem, me desculpe Tina, eu deveria ter falado com você antes. - eu disse no momento em que ela terminou de cuidar do meu ex-ferimento e eu me sentava na cama, abaixando minha blusa. - Clementina, tenho umas perguntas para você.

- Pergunte Camille. - ela respondeu, sentando-se ao meu lado na cama.

Eu estava curiosa em relação ao que acontecera na noite passada. Eu havia me lembrado de que, quando Clementina fora tirar a blusa que servia de estancamento na minha ferida, ela se queimou por causa do sangue preto e gosmento da criatura. E aquilo me intrigou, ou melhor, ainda me intriga.

- Por que minha blusa queimou a senhora na noite passada, quando você tentou retira-la? - perguntei. - Antes de perder a consciência, vi a senhora afastar a mão de mim espantada.

Clementina me encarou com aqueles olhos de um azul tão claro que quase parecia gelo. Ela estava com o cabelo grisalho amarrado em uma trança. Ela contraiu as sobrancelhas e deu de ombros.

- Eu também queria saber isto. - ela disse, seriamente. - Foi Daniel que tirou a blusa para mim, não sei como ele não se queimou; nem Katrina e nem você. - Por um instante vi uma pontada de preocupação e frieza passar por sua feição. - Isso é confuso.

-Confuso e muito estranho. - murmurei pensativa, encarando meu jeans escuro.

- Aquela criatura que te atacou era...Venenosa. - revelou Clementina, me fazendo desviar meus olhos do meu jeans surrado e olhar para ela. - Você gritava de tanta dor...

- E queimava também Tina. - disse eu e ela apenas assentiu e continuou dizendo.

- Então, você sentia queimação e dor, porque provavelmente a garra da "coisa" - ela fez aspas ao dizer coisa. - continha veneno. Admito que você foi muito forte e teve muito sorte também. - Ela fez uma pausa que eu achei dramática demais, pois eu sabia o que ela falaria a seguir. - Você poderia estar morta neste exato momento.

Morta.

Por que eu achava está palavra tão boba, simples? A primeira coisa que nós Caçadores aprendemos é que não se deve ter medo da morte, que não devemos temê-la como se fosse uma inimiga. Eu realmente não tenho medo dela, se eu tivesse falecido na noite passada, neste momento provavelmente eu estaria jogando xadrez com os anjos no céu que todos os religiosos dizem.

Eu nada respondi à Clementina.

Ela sorriu no canto dos lábios e me surpreendeu quando me abraçou, um abraço carinhoso. Eu já imaginava o significado de seu abraço, então retribui.

- Feliz aniversário, mocinha. - ela disse e eu podia sentir um imenso sorriso surgindo em seu lábio.

- Obrigada, Tina. - respondi.

Ela se soltou de mim e afagou a minha bochecha, com uma expressão nostálgica e um leve sorriso.

- Já poderei caçar? - perguntei, imaginado que ela me mandaria fica um mês sem fazer qualquer caçada por causa do meu acidente da noite passada.

Ela retirou a mão de meu rosto e deu uma leve risada, enquanto se levantava da cama.

 -É claro, mas acho que você terá de conversar com François e Jack primeiro. - ela disse, o que me entristeceu, pois eu já tinha uma ideia da conversa que eu irei ter. - Duvido muito que Jack te deixe caçar com Katrina, apenas vocês duas sozinhas.

Levantei-me da cama e caminhei até a porta da enfermaria e antes de sair disse a Clementina:

- Daqui a pouco estou com uns dez responsáveis. - Dei uma risada seca e fui embora, passando pelos corredores.

A Casa dos Caçadores estava estranhamente silenciosa, o que primeiramente eu achei esquisito, porém logo depois descartei essa ideia. Provavelmente, muitos Caçadores estavam dormindo, ou no subsolo treinando.

Feliz aniversário, Camille.

Eu paralisei na metade do corredor, em frente a porta da biblioteca. Um frio subiu na minha espinha e eu subitamente me virei para trás, mas não havia ninguém, olhei para os dois lados do corredor. Contudo, não vi o dono da voz.

O dono da voz que disse em minha cabeça.

Fora como um sussurro carinhoso, amigável e ao mesmo tempo horripilante. Fiquei quieta, esperando que a voz dissesse algo novamente. Mas aquilo era surreal! Eu não havia dado feliz aniversário para mim mesma, não havia pensado isso. Alguém disse na minha mente

“Com certeza é o efeito dos remédios de Clementina”, tentei dizer isso para mim. Todavia, uma parte de mim estava repetindo diversas vezes: não foi sua mente, não foi sua mente que sussurrou em sua cabeça; não foi.

- Psiu. - Girei para trás e vi Jack a quatro metros de mim, um grande sorriso estava estampado em sua boca. Os olhos âmbares que sempre me confortavam nas horas difíceis estavam arregalados em alegria.

- Que coincidência eu te encontrar aqui, pois estava mesmo procurando por você. - Ele abriu os braços e arqueou a sobrancelha. No mesmo instante aquilo me fez relembrar minha infância, quando Jack me fazia alguma surpresa e eu ia correndo para seus braços, me aninhar ali enquanto ele me carregava no colo. Pena que, caso eu fizeste isso hoje em dia, eu e Jack nos espatifaríamos no chão.

- Vem cá, Cammie, deixa eu te dar um feliz aniversário, meu amor.

Com um sorriso, andei até ele e o abracei, ele quase me levantou do chão. Não sei por que, mas Jack parecia feliz até demais. Em meus aniversários, ele, François e Maria sempre pareciam incomodados, como se a data de meu nascimento fosse uma memória de algo horrível, porém eles sempre escondiam de mim o incômodo.

- Feliz aniversário, meu amor. - Ela deu um beijo estalado em minha bochecha, enquanto seus braços me apertavam fortemente, num abraço de urso. - Sabe que eu te amo, não sabe?

Eu dei uma gargalhada, jogando a cabeça para trás.

-Não, Jack, eu não sei que meu pai me ama.

Soltamo-nos do abraço e Jack enfiou a mão no bolso da frente de sua calça jeans. Dali, uma pequena caixinha de veludo saiu, era de um azul escuro. Parecia como uma caixa de anéis de noivado, porém está era apenas um pouco maior e retangular.

- Esperei muito tempo para te dar isto. - Jack disse saudoso, segurando fortemente a caixa em sua mão.

- Muito tempo... Quanto? - Eu ergui os olhos para ele.

- Vinte anos. - Pela minha feição assustada, ele completou. - Sua mãe me deu isto, para que eu entregasse para você, na hora certa.

- Nossa, vinte anos era a hora certa? - Ele me reprendeu com o olhar, pela minha feição incrédula e minha pergunta irônica. Sorri amarelo - Desculpe, continue.

- Antes de ela falecer em seu parto, ela me entregou esta caixinha, disse que era para eu entregar para você, pois ela significava muito para ela e significaria para você. - Quando Jack disse "em seu parto", uma raiva estranha me subiu a cabeça. Instantaneamente, me lembrei de sua conversa hoje mais cedo, com François e Maria e nela Jack disse: "Eles mataram Lyssandra". Como ele tinha coragem de continuar mentindo para mim? Na verdade, que história era essa de mataram? Droga. Jack estava feliz, estava prestes a me dar um presente, algo que era importante para minha mãe, eu não queria brigar com Jack. Provavelmente, ou melhor, claro, esta data era triste, pois foi o dia em que minha mãe morrera. - Que cara é essa?

Tentei esquecer por um segundo a palavra mataram e sorri para Jack.

- Nada.

Então, ele delicadamente abriu a caixinha retangular de veludo azul escuro e meus olhos captaram uma fina corrente reluzente, que parecia brilhar mesmo sem nenhuma luz ali no ambiente. Era ouro puro. Havia na fina corrente um pingente de duas pequenas asas de anjo, eu imaginei se minha mãe não pensava em colocar este colar em mim quando eu era pequena, pois ele era fofo e realmente parecia infantil.

Um pequeno sorriso brotou no canto de meus lábios e eu ergui meus olhos para ver os de Jack. Seus olhos caramelados eram uma mistura de felicidade, dor e saudades. Eu sempre imaginei o que Jack passou ao descobrir que sua melhor amiga havia morrido. Com certeza, fora dilacerante e hoje, meu aniversário, o estava fazendo relembrar o que passara. Embora, eu pense que toda vez que ele olha para mim, a imagem de minha mãe venha em sua mente.

Jack retirou a fina corrente de ouro da caixinha, ela parecia feita de vidro, era tão delicada; tão angelical. Jack fez um gesto com a mão pedindo que eu me virasse e assim eu fiz. Puxei meu cabelo para o lado, enquanto Jack passava a corrente pelo meu pescoço e a prendia. Por incrível que pareça, a fina corrente de ouro não estava gelada e sim quente.

- Pronto. - Ouvi o murmuro da voz de Jack.

Abaixei meu rosto e com os dedos segurei nas pequenas asas. Eu nunca havia conhecido minha mãe, apenas tinha uma única foto sua em que ela estava à frente da torre Eiffel em Paris - já que ela era francesa, como eu, que nasci na França, porém, nunca vivi lá e muito menos já visitei -, mas neste momento, senti uma imensa falta dela em minha vida, como se, de repente, um buraco aparecera em meu peito, um buraco que não estava preenchido.

Eu estava sentindo sua falta.

- Obrigado, Jack. - falei, virando-me para ele. - Muito obrigado mesmo.

Jack meu puxou e me abraçou, jogando os braços ao redor de mim. Eu enfiei minha cabeça em seu peito e retribui o abraço, fechando os olhos e deixando que a maravilhosa sensação do abraço de Jack me inundasse de forma radiante. Ele beijou minha cabeça e disse:

- Ela estaria orgulhosa de você, Cammie. - A voz de Jack estava estranha. - Ela estaria orgulhosa em saber que sua filha virou uma incrível Caçadora. Lyssa te amava inconfundivelmente, ela só queria o seu bem, só queria te proteger. Neste momento, ela deve estar te olhando lá de cima e te desejando um ótimo aniversário.

Eu respirei fundo. Era totalmente estranho e novo para mim a sensação que eu estava sentindo. Jack dificilmente falava de minha mãe e quando falava, era apenas para dizer o quanto eu era parecida com ela em algumas coisas.

-Ela provavelmente teria sido uma boa mãe para mim. - eu disse, me soltando dos braços de Jack.

Jack com um olhar distante disse:

-É, teria sido sim, Cammie, teria.


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Notas finais do capítulo

Pois é, não aconteceu nada de violência e tal hehe Mas, esse capítulo foi importante para o decorrer da fic.
Como sou muito boa, vou deixar um spoiler do próximo cap:

"- Alguém ai está planejando uma festa para você, o que te impossibilita de sair hoje à noite?
Franzi as sobrancelhas.
—Está me chamando para sair hoje à noite? - Fui direta com sua pergunta."

Gostaram? Comentem! =D