Eu estava pronto para o que teria de enfrentar aquela noite. Vesti minha armadura, peguei minha espada e meu escudo e coloquei meu elmo que tinha penachos azuis. Meus irmãos também já estavam preparados. Fomos ao encontro dos outros campistas na entrada para a floresta. A noite estava estranhamente clara, graças ao brilho da lua cheia que estava até mesmo ofuscando o brilho das estrelas.

Nos juntamos ao resto do nosso time.Cada time estava segurando uma bandeira de cerca de dois metros de altura, com um tipo de tecido branco. As duas eram exatamente iguais.

Encontrei Nico e Linya.

-Bem, Pit e Percy, essa é Linya, irmã de Nico e minha namo...rada.

Eles se apresentaram, mas fomos interrompidos por Quíron batendo os cascos no mármore.

-Bem semideuses, vocês já conhecem as regras. O riacho é o limite entre os territórios. O líder do time vermelho será o chalé de Zeus e da equipe azul será o chalé de Poseidon.

Assim que Quíron disse isso, a bandeira do nosso time se tingiu de azul-mar com um tridente preto e a bandeira do outro time de azul-céu com um grande raio branco.

-Agora todos a seus postos. Terão 15 minutos para criarem uma estratégia. Assim que ouvirem o soar da concha, o jogo começou.

Entramos rapidamente para a floresta e nos reunimos para elaborar um plano. Eu ainda estava nervoso, ainda mais que o meu chalé estava liderando.

-Olhe pessoal, vamos fazer o seguinte: Clarisse- Percy se dirigiu a uma filha de Ares- você lidera seus irmãos na busca pela bandeira inimiga. Ed, Nico e Linya, vocês fazem patrulha de fronteira. E a quem eu ainda não deleguei tarefas, venham comigo.

Todos assentiram e estavam se dividindo.

-Ah, e mais uma coisa. Não se esqueçam de que estamos contra o chalé de Atena, e Atena SEMPRE tem um plano.

Aquilo não serviu nem um pouco como consolo para ninguém. Mas por outro lado tínhamos o chalé de Ares ao nosso lado e isso é muito bom.

Eu, Nico e Linya fomos para nossos postos. Estávamos tão nervosos que ninguém nem dirigiu a palavra um ao outro.

Assim que chegamos ao riacho, a concha soou. Nos olhamos e assentimos. Estávamos prontos.

Durante um bom tempo tudo estava quieto. Quieto até demais. 
 

Foi tudo muito de repente. Num instante tudo estava calmo, mas do nada uma flecha por pouco não me atingiu. Ouvi risadas ali perto. Alguém estava nos vigiando.
 

-Apareçam- eu gritei para o nada- eu sei que vocês estão aí. Apareçam.
 

Três sombras saíram do meio das árvores. Reconheci duas daquelas sombras. Ninguém menos do que Vicky e Vince, meus "adorados" primos. Mas aquele outro garoto eu não conhecia.

Cada um estava segurando um arco e um saco de flechas. Mas aquela que quase me atingiu era diferente. Ela parecia um raio.
 

-Ora, ora se não é o nosso priminho querido, Edward- disse Vicky num tom de deboche. Os três caíram na gargalhada, como se ela tivesse contado uma piada.
 

-Olha se não são vocês primos queridos. E cadê a educação? Vocês não me apresentaram seu novo amigo.
 

-Eu sou Ian, filho de Hefesto. Cheguei aqui no mesmo dia que vocês.
 

-E você Ed, também não nos apresentou seus amiguinhos- disse Vince, mais debochado ainda do que a irmã.
 

-Eu sou Linya e esse é meu irmão Nico. Somos filhos de Hades.
 

-Agora que já pulamos a burocracia, vamos à parte interessante- Ian disse e transformou seu arco em uma espada. Vicky e Vince fizeram o mesmo.
 

Eu, Nico e Linya também estávamos prontos pra luta. Éramos três contra três. Não seria uma luta injusta, até Vince despertar minha raiva.
 

-Pra uma filha de Hades, você é até bonitinha. Eu pegaria sem pensar duas vezes.
 

-COMO OUSA FALAR ISSO SEU IDIOTA- sentia o meu sangue ferver. A raiva irradiando dos meus olhos, e ataquei.
 

Por um segundo pensei que fosse atingi-lo, mas ele foi rápido. Continuei desferindo vários golpes, mas ele sempre se defendia. Atingi de raspão o braço dele. 
 

Olhei rapidamente para os lados, e vi Linya lutando contra Vicky e Nico contra Ian. 
 

Me concentrei novamente na minha luta. Agora era ele quem estava me atacando, e eu me defendendo, hora com a espada, hora com o escudo.
 

Aproveitei de um momento de distração dele e o passei uma rasteira. Ele tentou se levantar, mas logo coloquei minha espada contra seu pescoço.
 

Mas eu não poderia ficar assim até a prova acabar, mas tambem não poderia deixar que aquele filho de Zeus escapasse. Então, olhei logo à minha frente estava minha resposta. O lago.
 

Um dia antes, Percy havia ensinado a mim e ao Peter como controlar a água. 
 

Estiquei minha mão em direção ao lago e trouxe um pouco de água para onde eu estava. Usei esta mesma água para criar uma prisão, prendendo o corpo de Vince contra o chão.
 

Ele ficou sem palavras para o que eu havia acabado de fazer. Mas logo a perplexidade em seu rosto sumiu, e vi ele tomado pela raiva. Seus olhos, normalmente que são de um azul profundo, se tornaram brancos como um raio. Mas ele sequer conseguia se mover.
 

Percebi que eu não seria mais útil ali, e invadi o território inimigo. Corri em direção à bandeira. Derrubei todos que apareciam em minha frente. Desviei de várias armadilhas. Não consigo explicar como meus reflexos e meus sentidos ficaram tão aguçados de repente. 
 

Quando me dei conta, já estava com a bandeira inimiga em minhas mãos, levando-a para meu território.
 

Nós vencemos. E melhor, graças a MIM nós vencemos.
 

Eu estava muito feliz. Estava comemorando com mais alguns integrantes do time azul, quando do meio da floresta surgiram duas sombras. Eram Nico e Percy. Corri até eles. Era estranho ele estarem sozinhos, onde será que estavam Linya e Peter?
 

-Nico, Percy nós vencemos- eu disse eufórico. Não podia me segurar de alegria.
 

Olhei para eles de novo. Eles não estavam bem. Estavam com a boca sangrando e arranhões no rosto.
 

-O que aconteceu? Onde estão Peter e Linya?- eu estava apavorado. Como eles poderiam estar feridos daquele jeito?
 

-Levaram eles- disse Percy com a voz fraca, e foi a única coisa que ele conseguiu dizer antes de desmaiar. 
 

Como assim "levaram eles". Chamei alguns campistas e pedi para levarem Percy e Nico para a enfermaria.

Fui para meu chalé. Não conseguia parar de pensar na minha namorada e no meu irmão, e talvez, até um pouco em minha prima. Tomei um banho bem demorado, para tentar organizar minhas idéias. Me vesti com a camiseta do acampamento, uma calça jeans preta e um all star.
 

Eu não podia sair do meu chalé aquela hora, mas também não podia deixar de ir ver Percy e Nico na enfermaria.
 

Abri a porta do chalé e olhei para todos os lados. Não havia ninguém lá fora. O único barulho que se ouvia era o trepidar da fogueira. Fui correndo para a enfermaria.
 

Chegando lá, vi alguns campistas que haviam se ferido na caça a bandeira. Olhei procurando por Percy ou Nico, mas quem eu vi primeiro foi Vince. Não queria, mas me senti na obrigação de ir ver como ele estava. Por sorte, ele estava dormindo.
 

-Com licença- eu disse a um enfermeiro que estava passando- você sabe se ele vai ficar bem?
 

Ele analisou Vince e olhou alguns papéis que estavam em suas mãos.
 

-Ah sim. Vince Stones- confirmei com a cabeça- amanhã mesmo ele sai da enfermaria. O que ele tinha de mais sério era um corte no braço.
 

Agradeci pela informação e fui procurar quem REALMENTE me importava.
 

Ao longe, vi uma garota de cabelos loiros sentada na beirada de uma das camas, acariciando a cabeça de um garoto, que só poderia ser Percy.
 

-Com licença- disse àquela garota, que se virou para mim e me olhou com intensos olhos cinzas- esse daí é o Percy?
 

-É sim- ela confirmou- e você quem é?
 

-Sou Edward, irmão dele.
 

-Então você é o irmão dele- ela sorriu- sou Annabeth, a namorada dele- ela disse e me estendeu a mão.
 

Apertei a mão dela e vi a preocupação em seu rosto.
 

-Alguém disse alguma coisa sobre o estado dele?
 

-Eles disseram que ele vai ter que ficar aqui até amanhã a noite.
 

-E você sabe alguma coisa sobre o Nico?
 

-Sim. Ele está ali- ela indicou uma cama atrás de mim- e disseram também que ele está igual ao Percy. Provavelmente ele também só será liberado amanhã à noite.
 

-Annabeth, foi um prazer te conhecer. Mas agora vou para meu chalé. Tenho que organizar minhas idéias.
 

-Então, até mais.
 

-Até.
 

Saí da enfermaria. Lá fora estava mais frio do que antes. Coloquei as mãos nos bolsos da calça, e voltei para o chalé.