Ainda estava atordoado pelo que aquela filha de Hades tinha me chamado. Cabeça de peixe. Não sei se aquilo era um apelido carinhoso ou ofensivo. Saí do meu transe assim que alguns filhos de Hermes passaram correndo ao meu lado. Pensei que aquilo não era um bom sinal, e corri também.
 

Sentei novamente sozinho na mesa de Poseidon, e fiz o que era de costume. Joguei parte da minha comida na fogueira, e pedi ajuda ao meu pai, pois eu sabia que iria precisar.
 

Acabei meu café da manhã e fui correndo pro mesmo lugar da praia que eu havia encontrado a Linya na noite anterior. Assim que eu cheguei, ela chegou.
 

-Vamos para a arena de treino de esgrima- ela disse já me arrastando.
 

-Cadê sua espada, cria de Poseidon? -ela disse confiante.
 

-Ora, eu pensei que fôssemos ter uma aula teórica antes- eu disse aturdido.
 

-Nada de teorias- ela disse desembainhando a espada.
 

Peguei meu colar e fiz o que deveria fazer. Imaginei uma espada e ela apareceu.
 

-Estou impressionada. Então vamos começar o treino- disse e me atacou.
                                                       ~X~
Depois de mais de uma hora de treino, já estava muito cansado.
 

-Vamos parar por aqui- disse com a respiração acelerada.
 

-Nada de pausas.-Ela nem se quer deu tempo para eu reagir.
 

-Isso não è justo! -Gritei.
 

Ela sorriu e ignorou meu comentàrio.
 

 Eu não era muito bom com a espada, não ainda, e ela, pra piorar, desferia os golpes contra mim, sem dó alguma.
 

-Acho que você esta um pouco machucado. -ela disse sarcástica
 

-Não me diga. -suspirei - quando o treino acaba?
 

-Quando você conseguir me derrubar ao menos uma vez.
 

Ela só podia estar brincando comigo. Derrubá-la? Eu fui derrubado por ela umas dez vezes.
 

-Talvez, devêssemos treinar na praia. Lá você vai se sentir melhor. - ela disse me arrastando para a praia.
 

Continuamos treinando na praia. E mais uma vez Linya me derrubou, colocando a ponta da espada no meu pescoço.
 

-Acho que... - antes de ela terminar de falar, dei uma rasteira nela, derrubando-a.
 

Fiquei de pé rapidamente e ela tbm. Enquanto ela tirava areia da boca a empurrei na direção do mar.
 

-Ed! - exclamou puxando a gola da minha camiseta fazendo-me cair no mar junto a ela.
 

Por uma infeliz coisa do destino, nem tão infeliz, rolamos no raso e ela caiu por cima de mim. Que nem naqueles filmes de romance.
 

-Você tem medo do mar hein. - falei e ela sorriu.
 

-Então- ela sorriu- é nessa parte que a gente se beija?
 

E foi o que a gente fez. Nos beijamos por um bom tempo. Até que...
 

-O que está acontecendo aqui?
 

-Nico? Não é o que você está pensando- tentei explicar, mas ele se foi correndo.
 

Tentei correr atrás dele, mas Linya me segurou.
 

-Deixe que eu me entendo com ele depois.
 

-Tá bem, mas voltando ao assunto, você quer namorar comigo?
 

Ela me olhou, sorriu e me beijou de novo.
 

-Isso responde sua pergunta?
 

-Acho que sim- eu não estava nem acreditando.
 

-Mas agora é melhor a gente ir se arrumar. Daqui a pouco soa a concha para o almoço- ela disse e me beijou mais uma vez.
 

-Então, até daqui a pouco- me levantei da água e não estava molhado. A Linya estava encharcada.
 

Comecei a rir dela.
 

-Ei, isso não é engraçado.
 

Segurei os braços dela e desejei que ela não estivesse molhada, e a água simplesmente escorreu do corpo dela de volta para o mar.
 

-Obrigada Cabeça de Peixe. Agora vamos nos vestir para o almoço.
 

Fui para meu chalé, e quando eu cheguei lá, vi que o beliche que antes estava desocupado agora tinha algumas coisas. Ignorei isso, afinal eu estava morto de cansaço e fui tomar logo um banho. Saí do banho e me vesti e logo a concha para o almoço soou.
 

Como era de costume fui para a mesa de Poseidon, mas dessa vez eu não estava sozinho.

Havia mais alguém sentado na mesa. Um garoto, que eu pensei que fosse...
 

-Percy? É você?- perguntei confuso.
 

-Sim. E você quem é?
 

-Eu sou Edward. Seu ir...mão.
 

-O QUE? Irmão? Como assim?
 

-Ué somos filhos do mesmo pai, então irmãos.
 

-Tenho que falar com Quíron- disse e saiu da mesa. Acho que ele não gostou muito da ideia de ter um irmão. Imagina quando ele souber que tem DOIS irmãos.
 

Então eu vi um garoto e uma garota chegando em uma das mesas ao lado da minha. Estranho. Aquela mesa sempre esteve vazia. Olhei mais atentamente e percebi que eram meus primos. Mas se eles chegaram no mesmo dia que eu, porque é que aquela mesa sempre esteve vazia?

Bem, ignorei isso e fui jogar parte da minha comida para meu pai, e joguei parte para Hades também, afinal, agora ele é meu sogro. Pensei nisso e fiquei apavorado.
 

Acabei meu almoço e fui buscar meu irmão na enfermaria. Cheguei lá e ele já estava na porta.
 

-E aí Pit, pronto para voltar a viver?- disse isso e sorrimos.
 

-Vamos logo para o chalé. Não aguento mais esperar para abrir aquele pacote que você disse que tem pra mim.
 

Fomos para o chalé. Pit foi correndo na minha frente

-Bem, aqui está o seu presente- disse entregando o pacote pra ele.
 

Olhei o braço dele e vi algo diferente. Um bracelete com o desenho de um tridente.
 

-Ei Pit, o que é isso no seu braço?
 

-Isso é um bracelete que eu achei no banheiro da lanchonete o dia que a gente tava vindo pra cá.
 

-E você pegou assim, do nada. Você não pensou que o dono podia aparecer e querer de volta?
 

Meu irmão era muito ingênuo. Afinal ele ainda tinha 11 anos e eu 15. Ou ás vezes é porque eu sou mais paranoico.
 

Ele então abriu o pacote e havia um bracelete exatamente igual ao que ele tinha no braço. E ainda tinha uma carta que dizia:
                                       

                                   “Esse é o outro par de suas adagas "
 

Ele colocou o outro bracelete no braço direito. Assim que ele fez isso, eles começaram a brilhar e se transformaram em um par de adagas de aproximadamente 50 centímetros cada uma. Meu irmão ficou encantado. Eu fiquei surpreso.

De repente Percy entrou no quarto.
 

-Olha, me desculpe pela minha atitude àquela hora. Eu só não estava esperando que eu tivesse mais irmãos- ele disse olhando para o chão. Acho que ele estava envergonhado.
 

-É claro que eu te perdoo. Afinal, somos irmãos- caímos na gargalhada depois disso.
 

Nos três ficamos um bom tempo conversando, tentando nos conhecer melhor.
 

-Tenho que ir agora- eu disse- tenho que treinar na parede de escalada e depois tenho que treinar montaria em pégaso.
 

-Pode ir. A gente vai continuar conversando aqui- disse Percy.
 

Saí do chalé. O acampamento estava movimentado. Muitos campistas estavam treinando. Alguns estavam jogando vôlei. Outros estavam descansando.
 

Cheguei na parede de escalada e fiquei apavorado. Eu NUNCA sairia dali vivo.
                                                      ~X~
Depois de muitas tentativas frustradas, consegui subir até o fim. Terminei com parte das minhas roupas chamuscadas pela lava. Passei no chalé pra me trocar antes de ir para a aula de montaria.
 

O Pit e o Percy já não estavam mais lá. Devem ter saído para treinar. Me troquei rapidamente e saí.
 

Cheguei na aula e vi Percy montado em um pégaso preto e o Pit em um marrom. Eles estavam levantando voo. Observei durante um bom tempo até que apareceu um pégaso branco ao meu lado e ouvi alguém dizer.
 

-Você é o Ed, não é?
 

Olhei para os lados e não vi ninguém.
 

-Quem está aí?- perguntei assustado. Minha paranoia estava cada vez pior.
 

-Eu estou ao seu lado. Como pode não estar me vendo?
 

Olhei para aquele pégaso branco ao meu lado.
 

-É você quem está falando comigo?
 

-Sim.
 

-Como isso é possível?
 

-Seu pai criou os cavalos. Isso é um dom dos filhos de Poseidon. Ah. E meu nome é Junny.
 

-Bem, meu nome é Edward. Mas você já sabia. Você sabe onde está o professor?
 

-Bem, o professor é o Percy. Ele está ensinando ao seu irmão, mas se você quiser, eu levo você.
 

-Não sei. Eu nunca montei em um pégaso.
 

-Normalmente isso é fácil para filhos de Poseidon, já que têm a vantagem de poderem falar com a gente.
 

Pensei que aquilo poderia não ser uma boa idéia, mas me deixei levar pelos instintos e montei em Junny.
 

-Segure-se firme.
 

-Pode ter certeza que eu irei.
 

Assim que ele levantou voo, senti um frio na barriga. Não sei se foi a melhor ou a pior sensação da minha vida. Mas logo me acostumei.
 

-Junny, você poderia alcançar Percy e o Pit?
 

-Claro.
 

E ele se inclinou para frente e ficou cada vez mais rápido. Aos poucos consegui ver dois pontos escuros à minha frente. Eles viraram e vieram ao meu encontro.
 

-Ei Ed- exclamou Percy- não sabia que montava tão bem. Você nem precisa de um professor.
 

-Bem, tive uma bela ajuda do meu amigo aqui.
 

-E também a vantagem dos filhos de Poseidon.
 

-Ei Ed, olha o que eu consigo fazer- disse Pit e começou a fazer várias manobras em seu pégaso marrom.
 

-Uau Pit! Percy te ensinou tudo isso em um dia?
 

-Sim.
 

Meu irmão estava realmente feliz. Eu sentia isso. A gente sempre teve uma ligação muito forte um com o outro.
 

-Vamos nos arrumar para o jantar- Percy disse- Quíron me disse que hoje vai ter escolha dos conselheiros de chalé antes da caça a bandeira.
 

Escolha dos conselheiros de chalé? Só espero que Quíron escolha o Percy.
 

Voltamos aos estábulos e deixamos nossos pégasus lá e fomos para o chalé.
 

Tomei um belo banho. Mal esperava a hora para ver Linya de novo.
 

Logo a concha para o jantar soou. Aquela noite estava muito bonita. O céu estava repleto de estrelas e a lua estava cheia. Mas ao longe parecia estar chovendo. Lembrei alguma coisa que Nico disse sobre eles poderem controlar o clima do acampamento. E lembrando do Nico, pensei que era melhor eu ir falar com ele.
 

-Percy, Peter, vão na frente. Tenho que fazer uma coisa antes do jantar.
 

Eles assentiram e seguiram em frente. Me virei e fui em direção do chalé 13. Um chalé de mármore preto, frio, decorado com caveiras e que emana medo. Me aproximei e bati na porta. Estava vindo uma música alta de lá. Acho que era "Stay away" do Nirvana. Mas a música estava tão alta que resolvi bater na porta novamente com mais força. Nico abriu a porta e assim que me viu, fechou com força. Mas eu pus o pé entre a porta e a parede, a impedindo de fechar.
 

-Nico, eu preciso falar com você.
 

Ele me ignorou e foi mais pra dentro do quarto.
 

-Por favor, Nico. Eu tenho que te explicar.
 

Ele continuou me ignorando. Entrei no chalé

Ele continuou me ignorando. Entrei no chalé e o segurei pelo braço.
 

-Olha Nico. Eu sei que você está com ciúmes de mim com a sua irmã. Mas eu quero que você saiba que eu gosto dela de verdade. Mas também quero que saiba que você é meu único amigo aqui no acampamento e não quero que fique brigado comigo.
 

Ele me olhou com aqueles profundos olhos negros e senti a raiva o deixar.
 

-Ed, me desculpe por isso. É porque ela é minha única irmã agora e eu fiquei nervoso quando vi vocês se beijando. E você também é um dos meus únicos amigos aqui.
 

Fiquei feliz em ouvir isso. Nico havia me perdoado.
 

Fomos juntos para o refeitório.
 

-Te vejo mais tarde Nico. Agora vou pra minha mesa.
 

-Até mais.
 

Me sentei com Percy e Peter. Nico foi se sentar com a Linya.
 

Quíron se levantou em suas quatro patas.
 

-Bem campistas. Antes do jantar teremos a escolha do conselheiro de cada chalé.
 

Todos ficaram eufóricos.
 

-Então- continuou Quíron- chalé de Zeus, Vicky Stones. Chalé de Poseidon,- torci para ele dizer Percy- Edward O'Connel.
 

Parei de ouvir aí. Não estava acreditando que EU tinha sido escolhido.
 

-Agora vamos ao jantar.
 

Todos jantaram rapidamente, esperando ansiosos pela caça a bandeira.
 

-Agora, quanto aos times- continuou Quíron- confiram a lista que foi deixada em cada chalé. Vocês terão meia hora para se preparar.

Voltamos para o chalé. Percy nos contou como foi sua primeira caça a bandeira. Estávamos ansiosos para saber qual era o nosso time. Eu estava torcendo para sermos do mesmo time do chalé de Hades.

Chegamos lá e pegamos a lista. Éramos do time azul junto com os chalés de Hades, Ares, Hermes, Íris, Nêmesis e Hécate. Para minha felicidade, não iríamos ser do time de meus primos. Ainda não aturava eles.

Nos vestimos com as armaduras e pegamos nossas armas. Eu estava preparado para ganhar. Custe o que custasse.