~Peter
Aquele dia tinha sido para mim o melhor de todos. Quando meu irmão veio ao meu quarto dizendo que a gente ia para um acampamento, eu achei a ideia muito boa, porque pensei: estamos livres dos nossos primos.
 

Quando estávamos no carro indo para o tal acampamento, me deu uma vontade de ir ao banheiro, e pedi minha mãe para parar em uma lanchonete.
 

Agora me deixe contar uma novidade. Lá no banheiro eu encontrei um bracelete muito legal. Ele tinha desenhado em sua parte superior um tridente, e eu senti que aquilo tinha sido deixado ali para mim. Peguei-o e coloquei em meu braço esquerdo. Era como se fosse feito sob medida. Coube perfeitamente em mim.
 

Fui para o carro, e decidi não dizer nada a ninguém, porque meu irmão é meio paranoico. Aí veio ele com essa história de monstro. Eu já estava começando a achar estranho aquilo tudo.
 

Bem, chegamos ao tal acampamento. "Meio Sangue" não é lá um nome muito criativo.
 

Quando Nico nos levou para conhecer o tal Quíron, quase que eu tive um infarto. Ele era um centauro!!!
 

Mas eu gostei do lugar. Tinha uma ótima vista para o mar (eu adoro o mar), e nem se fala dos campos de morangos (sou fascinado por morangos). E ainda tinha todos aqueles campistas, todos com camisetas laranjas e todos pareciam ser gente boa, menos uns que estavam em um chalé vermelho sangue, decorado com a cabeça de um javali.
 

Quando paramos de frente o mar, depois de ouvir Nico contar todas aquelas histórias da batalha contra Cronos e sobre deuses, eu me senti muito bem, como se o mar estivesse me revigorando, aí vi algo brilhando sobre a minha cabeça e o Nico disse assim:
 

-Percy ganhou dois irmãos. Vocês são filhos de Poseidon.
Não sei por que, mas desmaiei.
 

~Edward
 

-Pit, levanta- eu disse apavorado. Meu irmão acabou de desmaiar bem na minha frente.
 

-Precisamos levá-lo para a enfermaria- disse Nico, também assustado.
Passamos os braços dele pelos nossos pescoços e o levamos à enfermaria.
 

-Vamos deixá-lo aqui- Nico disse- ele estará em boas mãos. Agora precisamos informar a Quíron que vocês foram reclamados.
 

Chegamos até a Casa Grande. Quíron estava na varanda jogando cartas com um homem de camisa com estampa de guepardo, o tal Sr. D.
 

-Quíron, eles foram reclamados-disse Nico.
 

-Que bom, agora temos certeza que teremos mais pestinhas- disse o Sr. D, com muito desprezo- Eu ainda tinha esperanças que fosse um engano.
 

-Bem, bem. Então podem tirar suas coisas do chalé de Hermes- disse Quíron, sem tirar os olhos das cartas.
 

-Mas você precisa saber Quíron- disse Nico- eles são filhos de Poseidon.
 

Assim que ele disse isso, Quíron murmurou alguma coisa baixinho, mas acho que ele disse " a profecia".
 

-Precisamos falar com Percy agora mesmo- disse Nico.
 

Eles estavam preocupados com alguma coisa, mas o que seria? Será que era tão ruim assim ser filho de Poseidon? Pra falar a verdade, eu estava adorando a ideia.
 

-Nico, ajude o Edward a levar as coisas dele e do Peter pro chalé de Poseidon. Vou tentar mandar uma mensagem de Íris pro Percy.
 

Nico assentiu e fomos ao chalé de Hermes buscar minhas coisas e do meu irmão. Quando cheguei lá, todo mundo me cumprimentou e eu ouvia coisas do tipo "parabéns filho do deus do mar" e "sorte sua sair desse chalé lotado". Peguei minhas coisas e pedi pro Nico pegar as do Pit.
 

Chegamos de frente a um chalé, cujas paredes externas eram de pedras cinzentas rústicas, salpicadas de pedaços de conchas e coral e senti o cheiro do mar.
Quando entrei, logo vi que era um chalé bem vazio. As paredes internas eram feitas de madrepérola só tinha duas camas ocupadas, e uma delas parece que não é usada há algum tempo.
 

-Essa cama é do Tyson- Nico disse- Ele é irmão de vocês, mas agora é general do exército do Olimpo e quase não vem mais aqui no acampamento.
 

Fiquei encantado com o chalé. Era como se tivesse esperado por isso minha vida toda.
 

-Vou deixar você aqui arrumando suas coisas-disse Nico- Daqui a pouco é hora do jantar.
 

Disse e saiu do chalé, me deixando sozinho no quarto. Coloquei minhas coisas em uma beliche e fui tomar um banho. Fiquei 30 minutos no banho, ainda me acostumando com a idéia de ser um semideus. Me vesti e voltei para a beliche, onde fui surpreendido por dois embrulhos em cima da cama. Um tinha meu nome, o outro tinha o nome do meu irmão. Peguei e vi que tinha uma carta.
 

"Filho, aqui está meu presente para você. O anel foi seu irmão Tyson quem fez."
 

Abri o pacote, tinha um anel com o desenho de um tridente. Peguei e coloquei em meu dedo médio da mão esquerda. Coube perfeitamente, como se fosse feito sob medida. Coloquei minha mão direita sobre o anel e fui surpreendido. Ele virou um escudo. Um belo escudo feito de bronze e com a imagem de um tridente. Pensei para que ele voltasse a ser um anel, e foi o que aconteceu.
 

Mas tinha mais alguma coisa no pacote. Era um colar com pingente de tridente (bem eu sou filho de Poseidon, era de se esperar que teria tridente em tudo), e tinha mais um bilhete.
 

"Filho, essa será sua arma. Pegue o pingente em sua mão, e imagine uma espada"
Fiz o que estava escrito no bilhete. Surgiu em minha mão uma bela espada de bronze.

Fiquei feliz com aquilo. Afinal meu pai se preocupa comigo. Fui interrompido com batidas na porta.
 

-Pode entrar- eu gritei.
 

-Já tá na hora do jantar-disse Nico.
 

O acompanhei, porque eu já estava morrendo de fome. Cheguei lá e me sentei sozinho na mesa de Poseidon. Vi todos indo jogar parte da comida na fogueira e fiz o mesmo. Joguei um belo pedaço de carne e disse baixinho "Obrigado pai".
 

Me sentei novamente e peguei meu copo, que estava vazio e imaginei um suco de laranja que magicamente apareceu.
 

Depois do jantar Quíron se levantou e pediu silêncio.
 

-Quero dar as boas vindas aos novos campistas e dar um recado. Amanhã após o jantar teremos caça à bandeira.
                                                          ~X~
 

Depois do jantar, fui para a praia pensar. Eu ainda não havia feito nenhum treinamento e já tinha uma prova amanhã. Estava distraído e quando percebi tinha alguém se aproximando.
 

Olhei e vi a garota de cabelos pretos. Era Linya, a irmã de Nico.
 

-Então quer dizer que somos primos- ela disse, sentando ao meu lado.
 

-Como assim, primos? –perguntei, confuso.
 

-Ah, típico dos filhos de Poseidon- ela disse sorrindo- seu pai é irmão do meu pai, então, primos.
 

-Ah. É mesmo.
 

Ficamos um bom tempo em silêncio. Ainda estava pensando em como eu iria me sair amanhã na caça à bandeira.
 

-Você parece preocupado com alguma coisa -ela disse.
 

-Na verdade eu estou preocupado com amanhã. Eu ainda não tenho nenhum treinamento.
 

-Eu posso te ensinar alguns golpes. Qual é sua arma?
 

-Uma espada.
 

-Perfeito. Também uso espada. Se você quiser podemos treinar amanhã bem cedo. Depois do café da manhã, neste mesmo lugar.
 

Ela levantou e foi embora. Já estava tarde e também fui pro meu chalé.

                                                                       ~X~

Acordei bem cedo naquele dia. Estava muito ansioso pra treinar. Tomei um banho e me vesti. Vi que ainda faltava algum tempo pra soar a concha pro café da manhã e decidi ir visitar meu irmão na enfermaria.

Saí do chalé e quase fiquei cego pelo sol. Ainda havia poucos campistas fora dos chalés. Passei por alguns conhecidos e os cumprimentei, mas eu estava realmente com pressa de ver meu irmão.

Cheguei na enfermaria e entrei. Tinha vários campistas com diversos tipos de feridas. Alguns estavam dormindo (ou desmaiados, sei lá), mas alguns já estavam acordados, e meu irmão era um desses. Até achei estranho ele estar acordado àquela hora, ele gostava de dormir até tarde.

-Bom dia, Pit. Já está se sentindo melhor?

-Bom dia, Ed. Tô melhorando. Eles estão me dando um remédio muito bom. Tem gosto daqueles biscoitos com chocolate que a mãe fazia quando éramos crianças. Eles dizem que isso se chama néctar. Alguma novidade.

-Bem, tenho. Hoje após o jantar vai ter caça à bandeira, eu vou treinar esgrima com a irmã do Nico (fiquei enrusbecido quando disse isso), e papai mandou um presente pra você.

-Pra mim! - ele se exaltou- deixa eu ver.

-Tá guardado lá no chalé. Quando você sair da enfermaria eu te entrego.

-Ah não- ele emburrou.

-Não fique assim- chamei um enfermeiro e perguntei- Quando ele vai poder sair?

-Hoje à tarde. -ele respondeu sorrindo.

-Obrigado- ele foi ver uma garota que estava passando mal- Viu Pit, Hoje mesmo você sai, então pode esperar um pouco. E eu tenho que ir. Até mais.

-Até- ele respondeu e se deitou novamente.

Assim que eu saí da enfermaria, soou a concha para o café da manhã. O acampamento já estava mais movimentado do que a hora que eu acordei. Nico e sua irmã vieram ao meu encontro.

-Bom dia filhos de Hades- eu disse e sorri.

-Bom dia- Nico disse sorrindo também.

-Bom dia- Linya disse- se preparou para o treino?

-Bem, eu tenho uma espada- caímos na gargalhada, menos o Nico, que pareceu não gostar muito disso.

-Que história é essa de treino? Só vocês dois?- ele disse nervoso.

Fiquei muito sem graça e ele continuou.

-Você poderia pedir Clarisse pra te ensinar, afinal ela é a professora de esgrima.

-Ei. Calma aí maninho- Linya disse- é só um treino de esgrima. Se você quiser pode vir também.

Mas já era tarde demais. Nico virou as costas e saiu nervoso.

-Não se preocupe. Isso vai passar. Ele é meio ciumento.

-Deu pra perceber -e caímos na gargalhada.

-Bem, vou tomar café da manhã. Te espero lá na praia, Cara de Peixe.

Ela nem me deu tempo de responder. Virou as costas e correu atrás de Nico.