Quem Sou Eu? escrita por Mia Grayson


Capítulo 35
Capítulo Final


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao fim. Foi um ano escrevendo e mais meio para terminar de postar mas acabei uma história pela primeira vez na vida e estou muito feliz que vocês me acompanharam então a vocês e a todos, muito obrigada.
Também queria dizer ( por que sou muuuuuuito neurótica que NÃO TENTEM REPETIR AS COISAS QUE EU DISSE AQUI POR FAVOR. Isso é uma história de ficção e não é possível sobreviver caindo de lugares altos como vocês verao aqui etc).
Também gostaria de dizer que um pouco da idéia me inspirei em um mangá chamado " tu Aru no kagaku no railgun" que é sobre duas irmãs em uma cidade escola e uma delas tem poderes muito fortes enfim eu achei legal e me bateu a inspiração então acho que é isso.
Boa leitura e por favor coments só nesse finalzinho por favor. Obrigada



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Nos reunimos em volta da mesa do presidente e discutimos nossa estratégia. Precisávamos ser rápidos pois as tropas de Raimon avançavam rápido e quando tomassem a cidade seria o fim. Quando todos os soldados chegassem nossa desvantagem numérica seria gigantesca.
– Bem, nos temos os remanescente que conseguimos libertar mas muitos de nos foram presos ou... - Ed dizia para todos em volta da mesa.
– Meus homens estão espalhados pelo centro e nos limites da cidade mas mesmo assim não vão agüentar por muito tempo, precisaremos de tempo para que os reforços cheguem. Vamos ter que segurá-los. - Meu pai dizia enquanto olhava para um mapa da cidade em cima da mesa.
– Vamos nos dividir e ajudamos a cobrir as outras áreas que sobrarem. Podemos dar conta. - Ed disse olhando também para o mapa em cima da mesa e apontando as áreas livres que iríamos cobrir.
– Certo enquanto isso acho que devemos fazer uma visitinha a Raimon só para sua distração. - Eu disse com um tom de ironia na voz.
– Eu vou também.- Carol disse se levantando da mesa em que estava sentada.
– NÃO! - Ricky protestou - Você não vai se arriscar assim!
– Ricky, você me conhece muito bem a ponto de saber que não vou ficar parada enquanto vejo vocês se arriscarem - Ela se aproxima de Ricky e fica cara a cara com ele - Sabe que não vou ver você se arriscar sozinho e ficar quieta. Além do mais, devo isso a...- E se vira para mim.
– Haiden.
– Prazer, Haiden, devo isso a você. Só esta fraca por minha causa. E acho que posso te ensinar algumas coisas também. - E olhou com malícia para Ed.
– Carol...
– Relaxa Ed, só estou te enchendo. Alias, vem aqui. - E deu um abraço em Ed. - A quanto tempo.
– Um ano.
– Pessoal, vamos nos juntar a todos os outros que conseguimos libertar no salão e passar as ordens- Agora meu pai falava com a autoridade de comandante.
Nos entreolhamos e seguimos meu pai que ficou no topo da escada na frente da porta da sala em que estávamos e que dava para observar todos no grande salão lá embaixo, o mesmo salão onde meses atras eu tinha passado com a minha mãe para conhecer nosso "presidente". Nós nos posicionamos mais atrás do meu pai e observamos a todos lá embaixo, uma bagunça de gente e murmúrios que foram interrompidos pelo pedido de ordem do comandante a nossa frente.
– Silencio!
Um silencio recaiu sobre o salão e todos se viraram para nós.
– Muito bem, como todos perceberam sobraram poucos de vocês, todos os que libertamos ou que haviam fugido estão aqui mas muitos ainda estão presos e por isso precisam me ouvir com atenção. - Falou com firmeza na voz. Mas todos pareciam incertos ou talvez até mesmo receosos com o que poderia acontecer se fracassassem como da ultima vez.
– ESCUTEM!- Carol saiu de trás do comandante e tomou a frente falando com firmeza e determinação no olhar - Há um homem chamado Raimon aqui e todos foram traídos por ele, ele quer o poder de muitos de vocês e matar todos os que não forem direitos. Se quisermos salvar essa cidade e todos os que amamos precisamos nos unir ao comandante e seus soldados, eles estão do nosso lado e precisam de ajuda para impedir os soldados de Raimon de invadir a cidade até que seus reforços cheguem. - Seja lá o que fizeram a ela, conseguiram uma inimiga implacável (eu que o diga por que força é o que não a falta, diferente de mim). - O que me dizem? Eu sei que devem estar indecisos por que o que tentaram não deu certo mas se ficarmos aqui estaremos desistindo de tudo. Não estamos sozinhos agora, por favor, nos precisamos de ajuda para para-los.
– Mas quem é você? - Um dos garotos mais a frente perguntou. - Por que nos conhecemos eles - E apontou para nos - e não deu certo então por que confiaríamos em uma completa estranha?
– Você esta certo - Ela abaixou a cabeça com um leve sorriso e se virou para todos - Tudo bem, querem saber por que faço isso? - Agora ela estava séria. - Por que eu fui tirada da minha família adotiva depois de anos sem ninguém e torturada até quase ficar sem forças para reagir e sem parar com as ameaças a minha família e...amigos - Ela olha para Ed e depois seu olhar encontra o de Ricky por um breve momento. Ela continuou - Quando eles perceberam que eu não ia me entregar eles... Me obrigaram a atacar vocês e para terminar, depois de um ano sem ver a luz do sol, quando volto para minha cidade a encontro quase destruída e meus amigos ameaçados de morte. Mais alguma pergunta?
Todos estavam em silencio sem saber o que dizer até que alguém, depois de vários minutos, perguntou:
– E você tem como provar?
Ela que estava com um casaco de couro por cima da blusa o tirou na frente de todos nós, permitindo ver seus braços cobertos por marcas de machucados e cicatrizes.
Mais silencio se caiu sobre a sala.
– Certo, eu não vou mais perder tempo aqui. Com ou sem vocês eu vou até lá. - Ela disse descendo as escadas e passando pelo meio de todos que abriam um caminho conforme ela andava.
– Eu vou também! - Ricky saiu atras dela. E eu e Ed os seguimos. Quando estávamos a porta ouvimos barulhos lá de dentro e vozes gritando uma a uma:
– EU TAMBÉM VOU!
– EU TAMBÉM!
Aquilo se transformou em um mar de vozes e logo todos estavam virados para nos esperando dizermos alguma coisa.
– Comandante? - Ed se virou para meu pai ainda parado no topo da escada, observando tudo.
– Quais as suas ordens soldado? Você conhece esses homens melhor do que eu, então dê as ordens.
– Precisamos cobrir a maior área que conseguirmos então vamos nos dividir - SEM - ele falou com ênfase - separar as habilidades. Vamos misturados, um da apoio ao outro. Fomos fracos em nos separar, somos fortes juntos.
Não somos em muitos mas conseguimos nos espalhar em grupos e cobrir as áreas que os soldados não puderam e aonde acreditamos que as tropas podiam vir.
Ster foi com meu pai para a base para ficar de olho na cidade enquanto nos quatro fomos cobrir o centro e impedir os que conseguissem entrar. E esperamos.
Ficamos observando a cidade a nossa volta, a cidade central de um país inteiro, ela que estava sendo atacada, destruída. Pedaço por pedaço estava ruindo e no seu coração estávamos nos, ali parados olhando para lugares que antes havíamos passado com pressa e agora estavam destruídos e inabitados. Ficamos esperando pelo sinal e ele não demorou a vir. Estávamos sendo invadidos e eles vieram rápido, muitos deles e mais uma vez estávamos cercados mas não intimidados e cada um a seu modo se defendeu como pode mas ainda precisávamos de tempo e estávamos em menor número e depois de algum tempo, cansados. Mesmo assim, não íamos perder de novo. Não VAMOS perder de novo. Eu e Carol sabíamos disso, sabíamos que não íamos para-los com nosso pequeno exército e ja estávamos preparadas. Só precisávamos que ELE, estivesse lá e ele estava,Raimon. Nos observava com um sorriso no rosto, um pequeno sorriso de malícia e ao mesmo tempo de felicidade. Ele havia conseguido... Ou não.
– AGORA! - Eu gritei e dois soldados do comandante apareceram e no meio da confusão em que nos encontrávamos naquele campo de guerra e pegaram Ed e Ricky os afastando de nos. Inclusive, Carol. Pega de surpresa ela ficou paralisada e tentou se esquivar, eu sabia que poderia mas ela percebeu, aquela batalha era minha, mais do que todos, era eu quem tinha que terminar aquilo, era eu quem já havia estado dos dois lados da barreira, era eu quem tinha me tornado alguém saída do meio dos que, para o resto, não existiam. Essa batalha era minha e ela me permitiu.
– HAIDEN! - Ed protestava tentando se soltar mas não conseguindo.
– Eu te amo. - O olho com carinho e me viro para encara-lo.
– Raimon.
– Haiden, que desprazer. Ainda com essa idéia de revolução na cabeça? Pode deixar, vou acabe com ela pra você.
Ele vem rápido em minha direção com uma lâmina mas desvio rápido, o som do corte passando ao lado de meu rosto e cortando uma mecha de meu cabelo. Ele para atras de mim.
– Como você?!
– Como eu?... - Olho para minhas mãos. A pulseira preta ainda estava lá. Eu perdi meus poderes então como...
– SUA! - Ele vem em minha direção e me esquivo. Ele acerta o poste atras de mim e ela fica presa.
– Acabou Raimon.
– Ainda não.
Ele corre para dentro do prédio que acabara de sair e o elevador se fecha a minha frente. Escuto o som de um helicóptero vindo do alto. Olho apressadamente a minha volta procurando as escadas. Subo-as correndo o mais rápido que posso, meus pensamentos indo até ele, Ed e minha família.
Quando chego Raimon está subindo a bordo.
– Raimon. Não acredito que depois de tudo você vai fugir, cade sua honra?
– Não se preocupe, já está tudo encaminhado. Agora, se me da licença. - Ele faz uma reverencia e o helicóptero começa a partir.
Ao meu lado havia
– Raimon, se entregue, não percebeu que acabou? Você perdeu, tire as tropas da cidade e nos deixe em paz.
– Eu não perco sozinho. - Ele começa a andar para trás para perto da borda.
Lá em baixo seus soldados que antes invadiam a cidade agora se encontravam cercados...por todos. Os reforços chegaram mas não em peso como todas as pessoas. Civis, direitos e esquerdos, pobres e ricos, lutavam lado a lado eram indistinguiveis, eram iguais. Não se viam diferenças.
Raimon a minha frente via seus planos ruírem enquanto se desesperava.
– NÃO! O QUE ESTÁ ACONTECENDO?! COMO VOCÊ PODE TER ESSAS HABILIDADES? ISSO É IMPOSSÍVEL!
– Não, não é. Não percebeu ainda? As barreiras se foram, somos todos iguais...sempre fomos. Você é que nos fez a acreditar nisso mas acabou. Todos temos habilidades sejam elas fortes ou não. Vivemos até hoje acreditando no que nos ensinaram que devemos nos prender, que não somos ninguém a menos que tenhamos algo a mais...algo que service a seus interesses e por isso não nos deixou perceber algo fundamental...algo que só percebi agora. Eu nunca tive poderes, o que eu tenho de diferente é que pude enxergar além desse mundo de superficialidade que você criou. Eu, Raimon, só fiz o que TODOS podem fazer. - Me aproximo de si e estico minha mão.
– Se entregue com honra e cumpra as consequências, esse mundo é muito mais do que você criou. - olho para o céu acima de nós. - O que me diz? Venha viver e esqueça o passado. É hora de deixa-lo para trás.
– Tocante. - Ele pega em minha mão e parece sorrir. - Pena que não penso como você. E me puxa se jogando comigo. Estou caindo. Em queda livre em direção ao solo, mas não penso se vou morrer ou não, penso que acabou. Posso morrer ali mas tudo terminou, todos estão livres. A vida vai voltar, melhor, justa. E eu vou acabar aqui como eu sou, como nasci. Quem eu sou.
– Pode recomeçar sua cidade agora mas eu não vou ser preso. - Raimon diz a meu lado.
– O que você vai... - ele me abraça e caímos. Como um estrondo surdo na escuridão.
Quando Raimon caísse , seria o fim da nossa batalha e nos o derrubamos. Naquele dia ele caiu. Seu egoísmo cego e sua sede de poder o levaram a ruína. Ele perdeu o controle e tudo mas ganhou uma chance de recomeçar. A queda que deveria nos matar... Foi a nossa segunda chance.
– Haiden? - uma voz preocupada me chamava. - Haiden, está me ouvindo?
– Hã? - tentei abrir os olhos que estavam muito pesados. Quando finalmente consegui só vi um par de olhos castanhos claros me encarando assustados. Os mesmos olhos que eu vi da vez que nos conhecemos só que agora ele não era um estranho e estava bem perto. Muito perto e agora, com seus lábios colados aos meus e eu retribui o beijo me lembrando da nossa promessa "quando voltar viva". E ao nosso lado, uma onda de felicidade explodia quando os soldados pararam de atacar e viram Raimon caído mas vivo. Estava acabado.

Meses depois...
A cidade está aos poucos se adptando ao novo ritmo e a presença constante do exército que desde ja estão fazendo mudanças e ganhando a confiança do povo, que vai se manter mais alerta agora.
Todos os prisioneiros de Raimon foram soltos, inclusive o pai de Ed que apesar de estar presos ha anos, estava vivo e muito feliz de rever o filho, só um pouco confuso, como ele mesmo disse.
Alguns realmente não foram encontrados e todas as prisões foram demolidas.
A cidade agora está sob comando militar e o novo presidente foi eleito por voto popular e está sob constante vigia.
O sistema de esquerdos e direitos foi extinto e o colégio demolido para a construção de uma academia sem divisões, exceto por idade.
As marcas daquele dia ainda são visíveis mas a cidade está se reerguendo. Claro que a mudança completa ainda vai levar muito tempo, as poucas pessoas que eram a favor da divisão ainda não aceitaram a mudança muito bem mas estão indo e com o tempo, acredito que tudo vai se ajeitando a essa nova cidade - estado, assim como foi nomeada. Raimon que agora é mantido em uma cela vigiada 24 horas.
Quanto a nos, estamos bem, bom, bem melhores agora. Conseguimos o que queríamos e mais um pouco.
Carol pôde rever os pais depois de um ano desaparecida e quer terminar o colégio para poder estudar fora (segundo ela, um senhor na prisão lhe falou tanto sobre Londres que ela decidiu conhece-lá) e quer que Ricky vá com ela. Mas prometeu voltar sempre.
Ricky, após protestar muito, finalmente foi convencido a voltar para casa e terminar o colégio junto a nós e Carol. Aliás, eles voltaram a namorar mas não sabemos o que ficam fazendo por que as vezes os dois desaparecem sozinhos e ficam horas sumidos mas isso Ed não me deixou perguntar.
Ed voltou com o pai para casa (após este passar por vários exames e ficar internado por alguns dias por desnutrição) e apesar de estar, como ele mesmo se descreveu "um esqueleto peso pena enrolado em um cobertor de pele", sua esposa o reconheceu e, segundo Ed, ela chorou muito abraçando os dois. Ed confessou que também chorou, mas me pediu para não contar isso a Ricky.
Ster disse que vai terminar o colégio e entrar para o exército atuando na área de planejamento tático.
E eu, bem, quando voltei para casa, minha mãe quase surtou ao saber que eu e meu pai estávamos diretamente envolvidos no que chamaram de uma guerra civil e meu irmão me abraçou me chamando de baixinha corajosa.
Do meu ponto de vista, quando paro para pensar, vejo que que pude fazer coisa incríveis como amigos, salvei uma cidade inteira ou melhor, um país inteiro e consegui um namorado (por mais incrível que pareça, essa é a parte em que ainda não acredito).
Enfim, se eu descobri quem sou? Eu sou como você. Sou só alguém. Sou só eu.

FIM


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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