"Eu estava sentada na beira da plataforma equanto pescava. Vi Mel se aproximando. —Olha Mel, o peixe que eu pesquei! -Mas percebi que ela chorava. —Amor, o que houve? —Nada... -Tentou dizer."

Acordei e lembrei de que aquilo era só um sonho daqueles, talvez um pesadelo. Porque a minha vó sempre dizia que não era uma coisa boa, você sonhar com alguém chorando.

Levantei  e fui para a janela. "Como o dia está lindo", pensei. Eu nunca havia brigado ou parado de falar com a Melissa. Eu estava mal com ela, eu nem conseguia dizer "oi" nas redes sociais. Talvez eu precisa-se me divertir, e ela também.

Tentei ligar, mas só dava na secretária. Então deixei um sms pedindo que ela me encontrasse na balada onde nos beijamos pela primeira vez.

A noite chegou e eu comecei a me vestir. Comecei colocando uma Skinny preta, um all star de cano longo com salto, preto e branco. Uma regata branca do AC/DC e passei um delineador preto com lápis preto. Eu estava perfeita, assim como nos beijamos.

Fiquei preocupada pensando se ela havia recebido ou não a minha mensagem. Ou se ela comparecería ou não á casa. —Hey colega, pode me dar uma torre? -Pedi para o barman. Bebi umas duas até a última gota. Já passavam das 23hrs e nenhum sinal de Melissa. —Com licença, tudo bem? -Um rapaz que aparentava ter uns 19 anos. Ele era lindo e tinha uma boca perfeita. —Oi! —Posso te pagar uma bebida? -Olhei fixamente para ele e lembrei de quando eu não tinha atrações pela Melissa. Eu nunca dispensava um garoto nessa casa.  —Gata? —O que? ­Eu posso te pagar uma bebida?

Eu sabia muito bem o que ele queria. Primeiro se apresentar, depois pagar uma bebida pra mim, depois me levar pra dançar e por fim me levar para um desses motéis baratos.

Só que eu cansei de esperar pela Mel, que não aparecia. Como ela mesma me disse: Nós não iremos ficar para sempre juntas. E na boa, aquele garoto não era de se jogar fora. Ele conseguia mexer com os meus hormônios. "Mas o que é isso que eu estou pensando?"

—Por que você não me leva logo pra pista? -Fui direta. —Ah, claro. Eu não sabia se você iria aceitar. Mas vamos.

O Dj colocou a minha música preferida "Euphoria da Loreen". Dançamos muito, fizemos  vários passos inusitados. Cantávamos junto com a Loreen. Logo tocou "Famous Before Five do Rogério Gonçalvez".  O rapaz me puxou pela cintura fazendo nossos corpos se juntarem. —O que está fazendo? -Eu também queria. Me beija logo! Eu pensei. E ele me beijou!

Foi um beijo demorado, língua pra lá, língua pra cá e eu já não queria mais saber se a Mel chegasse ali agora, ou não! Eu queria é mais, aproveitar a noite, já que ela estava perfeita. Até que dei uma procurada nos rostos dentro da casa noturna e percebi um rosto familiar. —Droga! -Praguejei. —O que foi? -O rapaz perguntou. —Nada. Eu não te contei. Mas eu tenho namorada, e eu acho que ela estava bem ali. -Os olhos do rapaz arregalaram-se. —Você quer dizer que eu beijei uma lésbica? -Eu não tinha tempo para dar explicações ao rapaz.

Sai correndo dali e fui gritando até perceber que o rosto familiar era o de Melissa. —Mel! -Eu gritava. Mas se ela tivesse visto meu beijo com o rapaz, com certeza ela iria me ignorar. —Mel, espere! Eu sei que você está furiosa. Mas você não apareceu. Eu fiquei esperando sua resposta. -Ela parou firme sobre a bota que usava. Como ela estava linda. —E por isso você foi logo beijando o primeiro que viu? Quer dizer, pensando bem, do geito que você é rápida, ele já deve ser o seu quinto de hoje! -Espumava. —Mel. -Apoiei as mãos sobre os joelhos cansados. Eu iria falar, mas ela prosseguiu. —Lucy, eu não culpo você. Eu que sou a lésbica da história. Você é a hétero que só namora comigo por curiosidade. -Fez uma pausa. —Eu te amo muito. Mas já você...? Nem você sabe o que sente por mim. -Disse calmanente. —Mel, como pode dizer uma coisa dessas? Eu sempre te amei. Eu gosto de você. Eu não estou com você só por curiosidade. Eu te amo de verdade. Por que é tão difícil de acreditar? Você não confia em mim? -Começou a chover. —Eu sei que você me ama, ou gosta de mim sei lá. Mas as vezes você não me dá escolha de dúvidas. Por que beijou aquele garoto? Eu vi a língua de vocês. Eu estava ali o tempo todo, só você não viu. -Ela deu um passo á frente. —Lucy, me diz somente uma coisa. Se você diz que me ama, então o que passou na sua cabeça, para que fizesse você beijar ele? -Fiz um silêncio mortal. —Lucy? Responda. -Nada disse. —Era o que eu imaginava. -Ela deixou uma lágrima cair de seus olhos. —Não estamos mais juntas.

Ela saiu andando, foi desaparecendo na noite, e eu não fiz nada para impedir que ela fosse embora.
Será que eu fiquei com a Melissa só por curiosidade? Claro que não!
Por que eu beijei aquele garoto, se eu estou namorando com a Melissa?
Eu nunca gostei quando meus ex-namorados me traía, e agora eu faço a mesma coisa com a minha namorada! Minha melhor amiga.

A chuva aumentava e já passavam das 3hrs da manhã, o rapaz da balada se aproximou de mim e me ofereceu uma bebida. —Eu não a traí! Traí? -Perguntei arrasada. Ele fez que sim com a cabeça. —Você quer ajuda? -Ele perguntou. —Não há ninguém que possa me ajudar nesse momento. Só eu mesma! —Então, me conta aí. -Me irritei com a sua irônia nas palavras. —Olha, eu já disse que tenho namorada! E não, eu não quero ir para um motél com você. -Ele riu. —Qual a graça? —Você! -Ele foi firme e direto. —Como assim? Eu...? —Olha garota, eu não sei qual é a sua, mas eu não fiquei afim de você. Desculpe! Eu te beijei porque você me pediu. -Olhei confusa. Como assim eu pedi? Droga, eu devo ter pensado alto demais. —Então, eu não sou um problema como você pensava. Eu tenho namorada também. E ela jamais poderá saber disso. -Fiz que sim com a cabeça. —Então, vamos. Vou te levar pra casa.

Fomos andando até seu carro. Nele, conversamos e depois de ficar muito sem graça com ele, eu fiz silêncio. Fiquei lembrando de quando nos conhecemos, e de quando começamos a namorar. —É aqui. -Falei. Sai do carro e agracedi ao rapaz.

Estava claro de que ela não iria olhar na minha cara novamente. Ela me encarava friamente ontem. Eu consigo chorar só de lembrar que eu não perdi só uma namorada, mas sim uma amiga. Talvez a minha melhor e única amiga.

—Luciana, você não vai levantar pra ir trabalhar hoje? -Minha mãe perguntou tirando o cobertor da minha cabeça. —Não, mãe. -Cubri a cabeça novamente. —E por que não? -Ela quase gritou. —Eu estou doente!

Ouvi minha mãe saindo do quarto e resmungando qualquer coisa, como: "Ah, essa garota é um problema." Fiquei sem sair de casa uma semana.