Amor Entre Amigas escrita por ChicaSweet


Capítulo 2
Capítulo 2




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O dia começou como outro Sábado qualquer. Ensolarado. Olhei a hora no radio-relógio e quase me matei por ainda ser 7:30. Levantei agradecendo muito por eu ter os finais de semana livre do trabalho. Fiz minha higiene matinal e desci para tomar café. Minha mãe não estava, provavelmente ela teria ido trabalhar.

Aproveitei para passar no "apart" da Mel. Chegando, dei um toque para que ela abrisse a porta, já que eu detestava bater na porta. Ao abrir, ela me olhou meio irritada. —Bom dia! -Falei entrando. —Por que essa cara? —Você já viu que horas são? —Vi sim. —Você por acaso não sabe que eu odeio que me acorde? -Eu adorava ver ela toda irritada. Ela ficava muito fofa. —Você quer que eu vá embora? -Fiz drama. —Não né. Agora que veio, fique. -Vi um sorriso. —Vou preparar um achocolatado. -Melissa odiava café, qualquer coisa que tivesse gosto de café. Então ela nunca dizia que iria tomar café, ela dizia "tomar chocolate". —Nossa, aonde você compra esses pijamas? Está parecendo uma "otome". -Rimos. —Mas o que te fez aparecer aqui tão cedo? —Nada, só estou no tédio. —Hum... —Mas como você está? -Perguntei. —Eu, estou bem. Mas só com um pouco de sono. -Bocejou. —Vou tomar um banho.

Entre eu e Melissa, não havia o "homem" da relação. Afinal, se a gente quisesse um homem, ela não seria lésbica e eu não estaría com ela. Muitas pessoas pensam que só por você ter uma opção sexual diferente das outras, você é mais viciado em sexo, drogas ou até mesmo rebeldias. Não, não é assim. Pelo ao menos não comigo e Melissa. Somo como as pessoas normais. Afinal, não tem essa de "pessoas normais". Ninguém é normal.

—Demorei? -Perguntou quando voltou. —Não. -Logo fizemos silêncio. Por uns minutos. —Mel, a Lety foi ontem lá na lanchonete. -Quebrei o silêncio. —Hum... Que legal. -Foi para a pia. —E...? —Mel, por que não dizer, pelo ao menos pra ela sobre nós? -Implorei. —Já conversamos sobre  isso, Lucy. -Disse friamente. —Eu sei, mas ela é nossa irmã. Se ela aceitou numa boa sua opção, ela também vai aceitar o nosso namoro.

Ela secou os copos cuidadosamente, jogou o pano de prato na pia e começou a contar. —1...2...3... —O que está fazendo? -Perguntei. —Estou evitando me irritar com você. —Como assim? —Lucy, você não entende. Não tem essa de que ela "vai aceitar" o nosso namoro. —Como você sabe? —Eu sei! -Sentou-se na mesa novamente. —Eu sei que você quer que todo mundo saiba sobre nós, mas ainda não está na hora. Eu quero dizer que, ela não está preparada. Nem os outros. —Como pode ter tanta certeza? Eu só quero que nossos amigos saibam que nos amamos. Que eu amo você não só como uma simples amiga.  -Ela se levantou novamente, indo em direção á porta da cozinha. —Olha, mais uma vez eu vou pedir. Não conte á ela. Nem á ninguém. Só temos dois meses juntas. —E...? —E se a gente não der certo? -Fiquei pensando sobre o que ela havia falado.

Eu não podia ficar imaginando que ficaríamos juntas para sempre. Eu sabia que a parte do "sempre", era uma puta de uma farsa para todos os casais. Então eu devería pensar apenas em viver aquele momento.

—Você sabe que não vamos ficar juntas para sempre né? -Graças ao meu entendimento sobre ser realista, eu podería concordar com ela agora. —Sei. —Então, o que custa deixar que nós vivemos esse momento? -Abaixei a cabeça. —Lucy, eu sei que ela tem de saber. Mas não agora. —Está bem. -Disse por fim forçando um sorriso. —Então, como podemos esquecer esse assunto tenso, por hoje? -Ela perguntou. —Que tal sairmos dessa casa? —E ir pra onde? —Visitar a Paula e a Maria? —Claro, faz muito tempo que eu não vejo essas garotas.

Saimos de sua casa e fomos para o ponto de ônibus. —Cara, o ônibus demora séculos para passar aqui. -Reclamei. —Você ainda não viu nada.

****

Chegamos á casa de Paula e para a nossa tristeza, ela não estava. Então partimos para a casa da Maria, que depois de quase uma hora, ela foi abrir o portão.

Maria era uma amiga nossa, de amizade distante. Nós já fomos melhores, mas agora estamos tentando recuperar o tempo de quando estávamos brigadas uma com a outra. —Oi meninas. -Sorriu grande. Quase não consegui respirar direito, pois ela nos esmagava em seus braços. —Por que vocês sumiram? —Eu estou trabalhando, então quase não tenho tempo nem pra mim. -Disse. Olhei jogando a pergunta para Mel, que não se entimidou. —Eu não venho mais porque estou atolada de desenhos pra terminar. Levei um ano pra fazer os desenhos do mangá que ainda nem está pronto. O pior é que o menino quer publicar logo. —Ah sim. Entrem meninas.

A casa da Maria não era como a minha e muito menos como o apart da Mel. A casa dela era pequena, mas bem confortável. Eu me sentia bem ali.

—Maria, você tem visto a Paula? -Perguntei.

Paula Noah era a "garota-da-noite". Ela era a mais nova entre nós. Com apenas 16 anos, Noah beijou mais de 20 garotos em uma noite só na balada em que a gente frequentava. Todos eles lindos. Assim, ela foi eleita a "garota-da-noite", mas havia um porém; seus pais não sabiam disso. Eles eram rude com ela. —Ela está namorando. —Nossa, que legal. -Soltei um comentário. —É, seria mais legal ainda se ela não estivesse grávida.

Quase me engasguei ao saber dessa. Aquilo foi demais para nós. A Paula não era assim, quer dizer, não estava na lista dela ter um filho. Ela era toda preocupada com o corpo e se achava muito nova para engravidar. —Como isso? Passou-se um ano apenas, que eu não tenho noticias de vocês e ela já está grávida? -Soltei. —É, pra você ver como as pessoas mudam. -Ironizou a Mel. Sentei em uma poltrona enquanto ouvia o que Maria tinha para falar. —Então, vocês dificilmente irão encontrá-la em casa. Ela está morando com a vó. Já que os pais a colocaram para fora.

Maria não ia muito com a cara da Paula, e por isso pareceu tão fácil ela contar.

—Com quantos meses ela está? -Perguntei desesperadamente. —Três meses contadinhos. -Disse ela. Se Maria tivesse um esmalte para contar as fofocas e pintar a unha, ela seria profissional. Ela estava sendo tão fria que eu começava a pensar na possibilidade de que ela estava inventando toda a história. —Ah, então tem pouco tempo isso? -Perguntou Mel. —É né.

—Mas ela continua legal, como vocês sempre acharam. A única diferença que vocês vão perceber, é que talves quando vocês á verem, ela estará com a barriga enorme, ou então com o filho no colo desfilando pelas ruas. -Soltou um risinho. —Mas não acho que ela aguente por muito tempo. —Como assim? -Eu queria saber. —Vocês sabem que nunca esteve nos planos de Paula, ter um filho. E principalmente com dezessete anos. Eu tenho medo de que ela faça uma loucura. -Fez pausa dramática nos deixando com os olhos arregalados. —Mas mudando de assunto. -Levantou-se e pegou o controle remoto para trocar a tv de canal. —Estão namorando? -Aquilo saiu foi como uma batida no meu coração. —Como assim? Estão namorando? -Perguntei trêmula. —Eu quero saber se você está namorando, e se a Mel está namorando. -Riram. —Ah, sim. -Disse aliviada. —Bem, eu estou gostando de alguém. -Disse Mel tão tranquila. —E você, Lucy?

Aquela pergunta acertou em cheio, foi na direção certa. Antes de sair do apart da Mel, nós havíamos treinado nossas respostas para as possíveis perguntas da Maria ou de Paula. E uma delas era sobre namoro. —Eu...Eu estou, bem, sozinha. -Menti.

A palavra "sozinha", se transformou em um grande bolo na garganta que me impedia de respirar. Foi dificil, mesmo tendo ensaiado antes com a Mel.

"Lucy, você tem que se concentrar, para que o que você for falar, pareça real. Verdadeiro. Não, ensaiado. —Mas eu não consigo. Como eu vou dizer que estou bem sozinha, quando na verdade eu estou bem com você?"

Foi difícil mas mesmo assim eu tive que falar, não consegui conter a tristeza na palavra. Maria logo percebeu. —O que foi Lucy? —Nada. -Eu disse. —É, vamos ter que ir. -Disse Mel percebendo a situação tensa. —Mas já? -Choramingou. —Quando nos veremos novamente? —Me passa o seu número de telefone.

Deixamos a casa da Maria com o maior silêncio, descemos do ônibus sem falar nenhuma palavra. Nos comunicamos apenas quando o ônibus parou em frente á sua casa. —Você vem aqui amanhã? -Ela perguntou. —Não sei, talvez. -Entrei em outro ônibus que me deixava na minha casa e segui meu caminho.

O que a Mel temia afinal? -Fiquei pensando. Ela não quer que ninguém saiba de nós. Eu estou chegando á conclusões que que terrívelmente fazem sentido.

Talvez ela tivesse vergonha de mim. Ou talvez ela não me amasse o suficiente para poder contar para eles, que estamos juntas. Mas ainda acho que ela tem vergonha de mim. "Pensei"

Saí dos meus pensamentos e fui tomar uma ducha para esquecer os problemas por hoje.
Que amanhã seja um domingo melhor.


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Notas finais do capítulo

Comentem na fic, eu prometo que não morderei :3



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