─ Desculpa a demora... – ela disse sem graça, ao descer as escadas

─ Não se importe com isso... Agora você está melhor? – Freddie deu um sorriso fraco

─ Bem que eu gostaria...

─ Sam... Se abre comigo! Não vou sossegar enquanto você não falar o que está acontecendo contigo. Te conheço o suficiente para saber que enquanto não desabafar, não vai se sentir melhor...

─ É que... – ela sentou no sofá, de cabeça baixa – Tá tudo tão confuso... – uma lágrima escorreu de seu rosto

─ Hey, não chora, por favor! Se tem uma coisa que acaba comigo é te ver chorar... – ele a abraçou

─ Não vou ao iCarly hoje... Sinto muito, mas não dá! Tá pesado demais!

─ Tudo bem, não se preocupe... Nesse momento o programa é o que menos importa. – ele sorriu fracamente

─ Não me leva a mal não, mas não estou no espírito de conversar... Até porque sei que daqui a pouco, Carly estará aqui na porta dando chiliques pelo meu sumiço... – ela deu de ombros

─ Se ela sabe que você está aqui, é por intuição, porque não avisei a ela.

─ Então você não avisou?

─ À absolutamente ninguém.

─ Vamos lá, Benson, me diga logo qual é o seu jogo!

─ Entenda de uma vez por todas de que não estou fazendo nenhum joguinho idiota para me aproximar de você. Eu realmente me preocupo com você, Sam. – ele respirou e prosseguiu – Você pode não acreditar, mas não paro de pensar em você e no seu bem estar nos últimos dias. Acha que eu não percebi que estava estranha?! Pois é, eu percebi. Só que como sempre, seu orgulho falou mais alto, e obviamente você achou muito mais válido fingir. Tente enganar à qualquer um... Menos à mim.

A firmeza que Freddie tinha em cada palavra dita, deixara Sam ainda mais conturbada e surpresa. Primeiramente, porque após anos, ele não havia colocado Carly no meio de um assunto que envolvesse ela. Naquele momento, havia tido a certeza de que o garoto se preocupava com ela, e que estava sendo idiota por tratá-lo daquele jeito. A menina não podia acreditar nas palavras que ouvira. O que mais queria é que tudo aquilo acabasse, que ela e o nerd finalmente se acertassem, sem empecilhos. Porém sabia que havia certo caminho a percorrer e não seria com a indiferença, que isso se resolveria. Depois de uma longa pausa para digerir aquilo, decidiu quebrar o silêncio.

─ E desde quando você se importa comigo?

─ Desde o dia em que você disse que não tinha ido com a minha cara, e tacou uma bola de neve em mim, no Green Lake. – ele riu ao lembrar-se do dia em que os dois se conheceram, e Sam acabou por fazer o mesmo

─ Obrigada por isso. Apesar de ser um idiota, você é um cara legal, e eu gosto de caras legais.

─ Não há de quê Sammy. Você é a minha melhor amiga, nunca que iria te deixar assim. Não tão fácil. – ele sorriu, fazendo-a corar

─ Você também é meu melhor amigo e eu...

Por ousadia do destino ou não, o celular de Freddie começou a tocar sem parar. Talvez as forças superiores tivessem preferido deixar o “eu te amo” para depois. Sam agradeceu por dentro, mas logo ficou aflita, ao ver o nome da amiga aparecendo no visor.

─ Você não vai atender? – perguntou ao ver o amigo recusando a chamada

─ Não, é só a Carly. Ela pode esperar...

─ Você está bem? – ela riu

─ Estou. Por que não estaria, oras?

─ Pois é... Os tempos realmente mudaram... – ela murmurou, irônica

─ Graças a Deus...

─ Por mais que eu me divirta com isso, de certa forma, retorna à chamada dela. Não é porque não irei gravar hoje, que vocês têm de parar tudo por minha causa. Uma hora ou outra ela vai saber mesmo...

─ Não se preocupe, sei exatamente o que estou fazendo...

Não demorou menos de 1 minuto, para Freddie entrar no site do iCarly, e colocar um aviso de que não teria programa naquele dia, pois uma das apresentadoras não estavam em boas condições para gravar, o que deixou a menina furiosa.

─ Freddie, você perdeu a noção? Qual foi a parte do “Não é porque não irei gravar hoje, que vocês têm de parar tudo por minha causa”, que você não entendeu? A Carly vai querer nos matar, e pra começar, vai ser comigo!

─ Não Sam, eu não perdi a noção. Não me importo com o que a Carly pensa. – ele sorriu – E ela vai ficar uma fera? Que bom pra ela. Quantas vezes eu e você, já tivemos que nos sacrificar para fazer as vontades dela? Ou quantas vezes já deixamos de falar o que pensávamos, pra ela não ficar chateada com nós? Você é a alegria daquele programa, Puckett, e mesmo que a Carly dê uns ataques, no final ela vai entender. O iCarly sem a Sam, não é iCarly. E quanto aos fãs, eles irão entender...

─ Me diz que você está pregando uma peça e que eu caí direitinho...

─ Não é pegadinha, acredite ou não. – ele divertia-se com o olhar lançado pela amiga – Só quero que entenda que, assim como a Carly, você é muito importante em tudo. Ou talvez, até mais...

Alguns feixes de raios de Sol adentravam aquela sala de estar, com o foco nos dois amigos. Já não havia mais o que ser dito ou contestado. Mas obviamente, o destino tinha de pregar mais uma peça.

“Ding. Dong”

─ Sam, abre essa porta agora, não adianta não responder, porque eu sei que você está aí! – Carly gritava furiosamente enquanto batia na porta

Sam levantou-se para ir em direção à porta, com o coração em revoluções por minuto. Porém Freddie foi mais rápido e a interrompeu.

─ O que você...? Por que você...? O que é que está acontecendo? – a menina parecia um furacão, indo em direção aos dois, fazendo o garoto congelar

─ Olhe Carly, me desculpe viu? Eu não estava muito bem, o Freddie me encontrou e me trouxe pra casa. E, aliás, eu o forcei a por o aviso no iCarly.com, porque não queria que o programa de hoje fosse sem mim. Não brigue com ele, afinal só quis se manter vivo. – mentiu, jogando-se no sofá em seguida

─ Eu estou muito nervosa. Vocês... – apontou em riste para os dois – Eu não sei o que dizer! Vou para minha casa. Já que hoje não tem iCarly, vou dormir e tentar apaziguar meus pensamentos. Amanhã quero os dois no estúdio às 10h00, ouviram? E sem atrasos!

Os dois assentiram em silêncio, e logo a morena saiu batendo a porta, deixando-os um tanto perplexos.

─ Me desculpa. Eu... – o menino tentou quebrar o longo silêncio que se estabeleceu

─ Em outras circunstâncias, agora seria o momento em que eu quebraria a sua cara, mas não se preocupe, tudo bem. Amanhã resolvemos isso...

─ Ok... Acho que é melhor eu ir andando. Não quero tomar um esporro gigante da minha mãe...

─ Ei! Espera! – ela segurou seu braço – Por que não fica aqui hoje? Sua mãe só volta amanhã mesmo, do plantão...

─ Mas tem a sua mãe, e a Melanie... Vão estranhar minha presença aqui.

─ Elas estão fora da cidade, esqueceu? Voltam em duas semanas...

─ Não tenho certeza, Sammy.

─ Eu prometo que não vou te bater, te xingar ou qualquer coisa... Vamos lá... Tem cervejas e comida na geladeira

Por mais que ainda não tivessem 18 anos completos, os amigos já bebiam há algum tempo. Nada excessivo. E, além disso, não era uma má ideia passar a noite com a garota dos sonhos, não para Freddie. Então resolveu por se render ao pedido da amiga.

─ Ok, Sam! Você venceu! Mas nada de me encachaçar, por favor. Temos que estar vivos para conversar com a Carly amanhã, não se esqueça...

─ Sem problemas, Mr. Preocupação. – ela riu

─ Nyeh!

─ Está com fome? Tem lasanha congelada, bacon boliviano e macarrão instantâneo.

─ Na verdade estou, mas... Deixo pra você escolher. Temos o mesmo gosto...

─ Sem problemas. Enquanto vou fazendo as coisas, liga a televisão ou o rádio, se quiser...

─ Se importa se eu tomar um banho? Meu corpo está pedindo por um.

─ Tudo bem... Acredito que essa roupa esteja desconfortável. Vou ver se tem alguma roupa do Joey que sirva em você...

─ Quem é Joey? – o garoto perguntou surpreso

─ É meu novo namorado... – ela gargalhou – Brincadeirinha! É o namorado da minha mãe. Ele vive aqui em casa, e sempre deixa alguma peça de roupa dele no armário dela.

─ Ah sim... – ele suspirou aliviado

─ Bem, vou lá buscar uma toalha e sua roupa. O caminho do banheiro você conhece, certo?

─ Sim, claro. Obrigada!

─ Não há de quê. – ela assentiu

Sendo assim, Sam buscou as peças e Freddie seguiu para o banho. Precisava digerir aquele dia e as futuras horas que passariam juntos. Talvez fosse a chance dele, de reconquistar de vez o amor de sua vida.