Autolove escrita por Giulia Oliveira


Capítulo 3
Três




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─ Carly, estou preocupada com a Sam... Ela chegou toda estranha aqui na escola e agora que era pra estar aqui, simplesmente desapareceu... – Freddie virou-se para a amiga, enquanto colocava sua mochila em cima da mesa

─ Concordo que ela estava esquisita, mas ah... Deve estar de TPM ou algo do tipo. Quantas vezes a Sam já deu esses tipos de ataques e horas depois estava normal?! Já até me acostumei com isso...

─ Carly, nós dois sabemos que não é uma simples TPM. Sam pode ser explosiva, mas nesses anos todos, nunca a vi deprimida, nem mesmo... – ele fez uma pausa

─ Nem mesmo o que, Freddie?

─ Nem mesmo quando eu e ela terminamos. – ele baixou a cabeça

─ Pois é... – a morena respondeu um tanto sem graça – Você tem razão, Freddie.

─ Assim que essa aula acabar irei atrás dela. Não avise a ninguém.

─ Freddie, não faz isso. Com certeza ela vai aparecer no segundo tempo. E caso isso não aconteça, você fica para a aula e eu vou.

─ Você conhece a Sam o suficiente pra saber que ela não vai te dizer nada. Tá decidido, Carls, eu vou atrás dela e ponto final. – respondeu o menino com certa firmeza

A aula seguiu normalmente, ou quase. O garoto não conseguia parar de pensar no que poderia ter acontecido com sua amiga. A verdade é que apesar de terem terminado apaixonados um pelo outro, Freddie e Sam construíram uma amizade inexplicável. Saíam juntos, estudavam juntos... Em outros tempos, isso soaria até estranho e impossível. Talvez por tamanha convivência, ele sabia que a loirinha estava passando por problemas. Mal sabia que ele era o “culpado” de todos eles.

Enquanto isso, na dispensa, Sam chorava copiosamente, porém tentava não fazer tanto escândalo, por medo de descobrirem-na ali. Só conseguia pensar em Freddie rindo e se divertindo com Carly no ensaio do dia anterior, do tempo em que namorou o amigo. Aquilo a destruía, talvez um tiro doesse menos, em sua percepção.

Voltando a sala de aula, o professor acabara de sair de sala, e logo a professora de Teatro daria início à encenação do dia. Aula essa, aliás, que era a favorita de Sam.

─ Carly, vou nessa. Se alguém perguntar por mim, diz que tive uma dor de barriga ou inventa qualquer outra desculpa. – Freddie sussurrava à amiga, enquanto guardava seus materiais na mochila

─ Vê lá o que você está arrumando, garoto... Qualquer notícia me avisa...

─ Ok... Até depois.

O garoto saiu da sala como um foguete. Pedia mentalmente pra que encontrasse Sam o mais rápido possível. Não se importava nem um pouco se o diretor ou qualquer outra pessoa o descobrisse matando aula. Era por um bom motivo. Andou por quase toda a escola, até chegar ao segundo andar. Um choro abafado era ouvido de longe, mais precisamente da área de serviço. A cada vez que se aproximava, ele tinha mais certeza de que era quem ele estava pensando. Sem pestanejar, correu o mais rápido que podia.

─ Sam? – o garoto perguntou baixo, sem acreditar no que estava vendo

Uma figura destruída, desolada, o extremo oposto da menina alegre que estava acostumado a conviver. Tudo o que ele queria naquele momento era acalmá-la e ajudá-la da melhor maneira possível. Porém sabia que pra isso, precisaria se esforçar.

─ O que faz aqui, nerd?! Perdeu o juízo? – a menina respondeu, com raiva estampada em seus olhos azuis

─ Não, não perdi o juízo... – ele pausou – O que está acontecendo com você, Sam? Acha que não percebi que havia algo errado hoje cedo?! Não sou tão idiota para não perceber isso...

Nesse momento, a figura raivosa mudou. Sam demonstrava certo espanto por Freddie notar algo nela.

─ O que você quer de mim? – perguntou enquanto secava as lágrimas

─ Eu só quero saber o que você tem, Sam! Você sabe que pode contar qualquer coisa para mim, não precisa fugir. Eu tô bem aqui na sua frente, e não é à toa! – ele respondeu, enquanto acariciava o rosto de sua amiga

Aquilo foi demais para Sam. Não conseguira respirar com as últimas palavras ditas pelo nerd. A única coisa que conseguiu foi desabar de chorar, novamente, e abraçá-lo forte.

─ Me tira daqui, Freddie, por favor. Me leva pra casa ou pra qualquer lugar. Só... Me... Tira... Daqui... – a garota implorou em meio aos soluços

─ Vem, vou te levar para casa. Só não chora mais, por favor. Isso acaba comigo.

─ Prometo tentar... Obrigada nerd – ela sorriu fraco

─ Não precisa agradecer. Vem, deixa que eu carrego sua mochila.

E os dois seguiram até a saída de emergência, um dos únicos locais em que não possuíam câmeras de segurança. Caminharam até a casa de Sam em silêncio, o que torturava os pensamentos de Freddie cada vez mais.

─ Bem, chegamos... – o garoto anunciou, dando a chave para a loira

─ Quer entrar? Só não repara a louça suja na pia. Não tive tempo de limpar.

─ Tudo bem, relaxa...

─ Se importa de ficar aqui embaixo, enquanto troco de roupa?

─ Não, de maneira alguma. Espero você aqui no sofá...

─ Se quiser, tem comida na geladeira e nos armários, e o controle da televisão está no sofá mesmo.

─ Ok. Obrigada. – ele sorriu

A garota foi até o quarto, onde deixou suas coisas e pôs uma roupa confortável. A presença do amigo deixara-a mais calma, mesmo que, indiretamente, ele fosse a razão maior de seus problemas. Encarou o espelho e desejou a si mesma, muita sorte. Enfrentar Benson no andar de baixo seria mais difícil do que passar um dia sem comer bacon.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Reviews serão bem vindos :)



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