A volta até a Dalton foi recheada de diversão. O ônibus não parou. Todos gritavam e comemoravam como nunca. Com as seletivas ganhas, era um passo para a vitória nas nacionais.

Chegando na Dalton, Nick e Thad me convidaram para a festa de comemoração que iria acontecer na sala de eventos, porém eu preferi ir para meu quarto descansar.

Assim que acordei, encontrei Nick em sua cama. Porém, o moreno não estava sozinho. Madeixas louras saíam pelo cobertor. A noite passada tinha sido tão boa que Nick fora capaz de trair Nicole com outra menina? E que menina, se a Dalton é uma escola preparatória somente para meninos?

Preferia ficar em minhas dúvidas, porém a pessoa com as madeixas louras se mexeu e eu consegui ver que não era uma menina, e sim um garoto. Não apenas um garoto, e sim Jeff. Jeff. Na. Cama. Com. Nick. Eu precisava absorver essa informação.

Logo, minha atenção foi desviada para a porta do dormitório abrindo. Sem avisar ou bater, Trent já entrava no quarto animado.

– Ei, acabei de falar com Raphael e ele permitiu a nossa noite... Por que o Jeff tá na cama do Nick? - Arqueou uma das sobrancelhas.

– Eu não faço ideia... - Voltei minha atenção para a cama. - Nick. Ei, Nick. Parece que ele não quer acordar.

Trent me olhou malicioso e eu assenti. O outro warbler entrou lentamente no quarto, e em um só movimento puxou a coberta que estava na cama de Nick.

– Ah, meus olhos. - Gritei zombando, entrando de baixo de minha coberta.

– D-desculpa. - Trent se desculpava.

– Hã? - Falou um Nick sonolento. - O q-MAS QUE MERDA, TRENT. - Tentou cobrir novamente seu corpo nu, foi quando Trent começou a gargalhar.

– Você... e o Jeff... - Ele estava sem ar de tanto rir. Eu debaixo das cobertas não consegui segurar meu riso também, e pus-me a gargalhar. Nick só faltava explodir, de tanta raiva que estava.

– Mhm? O que está acontecendo, fofuxo? - Jeff falou abrindo os olhos lentamente.

– FOFUXO. - Gritei, e gargalhei cada vez mais alto. Pelo que conheço Nick, ele queria enfiar sua cabeça em algum lugar e nunca mais aparecer.

– Sai daqui, Trent. - Empurrou o gordinho até a porta, fechando-a. - E Blaine, se você sair de baixo dessas cobertas, você é um rapaz morto.

– Meu dia começou bem já. - E gargalhei mais ainda. Alcancei meu celular e fiquei jogando angry birds o tempo suficiente para Jeff e Nick se vestirem e saírem do quarto. Levantei assim que ouvi a porta bater, estava sozinho finalmente.

Tomei um banho rápido e vesti meu uniforme, e segui caminho até a cômoda aonde estava o gel. Aonde deveria estar o gel, digo, pois só encontrei um bilhete escrito "boa sorte em arrumar seu cabelo, cachinhos dourados". Nick nunca esteve tão encrencado.

[...]

– Belos cachos, donzela. - Nick passou por mim zombando.

– Muito engraçado você.

Estávamos seguindo caminho até a sala do coral, aonde Wes disse que teria um pronunciamento a fazer. Chegamos lá, um a um, e por último Wesley entrou na sala.

– Boa tarde, vamos começar a reunião de hoje. Quero parabenizar a todos pela vitória, principalmente à Kurt e Blaine que arrasaram no dueto. - Douglas revirou os olhos, porém fingi que não vi.

– E também, queria falar sobre a maratona de filmes que o Trent comenta faz meses. Ele finalmente convenceu o diretor Raphael a deixar uma pernoitada, então, hoje, as 21 horas, todos no quarto do Trent. Começaremos com Harry Potter, depois vamos para Jornada nas Estrelas e terminamos com Atividade Paranormal, e todos de pijama, ok?

Todos assentiram com a cabeça.

– Agora, vamos começar o treino de afinação. Douglas e Blaine, vocês começam e nós seguimos logo atrás de vocês.

[...]

Vesti minha calça de moletom listrada e minha blusa de gola v preta, qual eu costumo dormir e segui até o quarto de Trent pelo corredor. A brisa batia em meu rosto, o que só me trazia lembranças ruins. Finalmente cheguei ao quarto de Trent.

Lá já estavam todos me esperando, inclusive Nick e Jeff, que estavam abraçados. Olhei para Kurt, que somente me deu uma risada.

Trent, Thad e David estavam sentados na cama, Wes estava no chão junto com Nick e Jeff. Kurt e Douglas estavam sentados na cama de Thad e eu resolvi sentar na cadeira da escrivaninha, perto da porta.

– Com qual filme começamos? - Perguntou Wes segurando os dvds.

Todos concordaram com Atividade Paranormal (exceto Kurt, que tinha medo) e então, o líder dos warblers colocou o dvd no aparelho. Nos primeiros minutos, tudo ocorreu normal. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava o quarto era o brilho da tv, assim parecendo que só eu tinha visão de todos os que estavam no quarto.

Começou com Jeff e Nick, que esqueceram totalmente do filme para trocar olhares apaixonados e tocarem uns as mãos do outro. Thad já estava dormindo, com minutos do filme começados, junto com David. Trent olhava fixadamente para o monitor.

Passei então meu olhar para Douglas e Kurt, que estavam se beijando. Por mais que eu tentasse disfarçar, eu não conseguia tirar meus olhos do casal. Kurt beijava Douglas da mesma maneira que me beijava, e isso, passando 3 meses ou 3 anos, dói muito de se ver.

Dói saber que Kurt me esqueceu tão rápido. Dói saber que ele se entregou para outro menino, diante jurar pra mim que ficaríamos juntos pra sempre. E dói mais ainda ver Douglas beijando Kurt de olho aberto e me encarando, como se estivesse jogando na minha cara que estava cm ele.

– O que aconteceu? - Perguntou Trent ao me ver acender a luz.

– Eu... vou embora.

– O que está acontecendo? - Kurt perguntou, me olhando com os lábios vermelhos de tanto beijar. Encarei aquela cena e saí daquele quarto. Tudo o que eu mais queria era Kurt, e agora que ele estava com outro, eu não tinha mais porquê continuar contato.

Andei pelo corredor frio sem vontade de voltar para meu quarto. E, como forma de me torturar mais, subi até o telhado. Ao chegar lá, me deitei e comecei a olhar as estrelas. Saber que o telhado, o lugar qual eu costumava chamar Kurt para namorar agora podia ser o lugar onde ele e Douglas namoravam doía muito.

– Blaine? - Kurt abriu a porta que ligava as escadas ao telhado. Olhei pra ele, por causa do susto que tomei em ver que o castanho havia me seguido até aqui. - Sabia que ia te achar aqui.