Quando os deuses amam

Achando o caminho de volta.

A noite se assolou impiedosa na floresta que rodeava o Templo. O frio não perdoava a pele da jovem menina metida em uma minúscula caverna com uma ninfa e um cálice em forma de canário.

Sakura pegou o cálice e o aninhou entre os braços, seus sentimentos falando mais altos que os instintos que a criança poderia ter, ela sentia a necessidade de proteger o passarinho acima de si mesma. Como ela sobreviveria desse jeito? Pensando assim.

“Assim que amanhecer, temos que achar o caminho de volta” A ninfa disse cruzando os braços. Já aceitava melhor a presença do cálice e não o tratava mais tão mal.

O canário ergueu sua cabeça dos braços de Sakura e encarou a ninfa. Mas logo desviou o olhar e falou em seu tom de piado.

“Não é assim tão simples. Como acha que EU fiquei perdido aqui em primeiro lugar?” Sakura fechou os olhos. Estava com muito medo. Por que fora se meter de heroína e entrar sem a companhia das Mikos na floresta? A menina de cabelos cor de rosa ergueu a cabeça em um ímpeto e perguntou com a voz vacilante.

“Como as Mikos entram e saem a vontade sem se perder?” O cálice e a ninfa se entreolharam confusos por alguns milésimos de segundos apenas. Depois a ninfa abriu a boca para falar, mas foi cortada pelo cálice.

“Parte do ritual para se tornar uma Miko, é entrar em harmonia com os espíritos do templo. Eles as guiam por esta floresta em segurança” O rosto da menina assumiu a feição de confusa. O que tinha naquela floresta que fazia as criaturas se perderem?

O caos?

Não, não era tão poderoso para ser o caos. Mas era parte, tudo ali fazia parte do templo, inclusive a floresta. Não agüentando a pergunta entalada em sua cabeça, a menina arriscou.

“O que tem nesta floresta?” O cálice em forma de canário se encolheu nos braços de Sakura e a ninfa sorriu nervosa. O que tinha naquela floresta? Nenhum deles sabia... Sabiam apenas que até o mais norteado de todos os aventureiros se perdiam naquele lugar. Que servia de barreira para evitar que indesejados, invasores ou inimigos atingissem o templo. Mas então... Como os ALIADOS fariam para passar?

“Há um jeito” O canário piou alegremente. Aparentemente ele estava pensando o mesmo que Sakura, mas seu raciocínio fora mais alem pelo fato de que ele possuía mais informações a respeito daquele assunto que ela. Sakura só sabia de algumas historias contadas pelas Mikos do templo.

“Como?” Bibi praticamente abraçava o pequeno canário dourado. Ele lutou contra o aperto da ninfa e se soltou. Olhou as duas fêmeas a sua frente e saiu da floresta. Sakura gritou.

“Ainda é noite!” Mas ele não ouviu, a menina e a ninfa o seguiram e quase engasgaram com o que viram. Já era dia... Mas eles não passaram nem mesmo meia hora dentro da caverna!

“O-o que houve?” Sakura estava alem de confusa e assustada. O que acontecera?

“O tempo nesta floresta é caótico. Podem-se passar horas quando para nós aparenta passar apenas alguns segundos. Temos sorte pois não está tão acelerado assim. Mestre Itachi quem fez esse feitiço!” A ninfa falou alegremente, ganhando um olhar bravo do cálice e um assustado de Sakura. Mas logo a menina sorriu. Esse ato a fez ganhar a atenção imediata da ninfa e do cálice.

“Itachi-sama me deu este anel.” Ela disse trazendo a sua mão para a frente do rosto. Analisando o anel detalhadamente com seus olhos esmeralda. A ninfa pareceu também iluminar-se ao lembrar daquele simples fato. Pegou a mão de Sakura e também ficou avaliando a peça dourada nas pequenas mãos da menina.

“Será que podemos usar?” Sakura perguntou. Seu sorriso se desfez um pouco quando suas sobrancelhas se cerraram e ela encarou Bibi atenta.

“Claro! Apenas peça ajuda de Itachi-sama!” Ela falou/cantou alegremente. Sakura piscou confusa mas fez o que foi dito. Fechou os olhos e se concentrou somente no anel e sua ligação com o Deus. Se ele havia lhe dado aquele anel, devia ser para alguma coisa...

Sakura sentiu sua mão ficar mais quente, logo esse calor se espalhou pelo seu corpo todo e sua visão falhou. Começou a escurecer ao seu redor, ela piscou algumas vezes mais aquilo acelerou a vinda do escuro. Logo ela estava envolvida no breu. Uma voz de repente soou em seus ouvidos. Vinda de todos as direções.

“Quem é você?”A voz perguntou, não, exigiu que Sakura respondesse. A menina se contorceu um pouco. Tentou mexer as mãos e as pernas mas descobriu ser inútil. Fechou os olhos assustada e tentou abrir de novo. Não conseguiu também...

“Onde e-estou?” Ela tremeu. Cega e imóvel, não era uma sensação boa estar indefesa.

“Eu perguntei primeiro filhote de fêmea humana” Filhote? De fêmea? Humana? Sakura piscaria se não tivesse incapacitada pelo momento. Para aquela voz falar-lhe assim, não devia ser humana ou um espírito. Uma entidade talvez?

“Sa-sakura Haruno senhor” Ela respondeu, citou senhor, pois pelo timbre grosso da voz, claramente era um homem quem falava. A voz calou-se por alguns segundos antes de voltar a perguntar.

“Por que tens este anel Sasakura Haruno senhor?” A menina sentiu vontade de rir. Mas segurou bem por causa que o medo que sentia era maior... MUITO maior.

“Meu nome é Sakura... Eu tenho este anel por que fiz um acordo com Itachi-sama” A criatura se calou novamente. Sakura nem tentou abrir os olhos, apesar de que, pelas suas pálpebras fechadas, podia ver finos raios de luz penetrando em seus olhos.

“Perdão Sakura-san. Este anel é de Itachi-sama realmente não estas mentindo.” Agora Sakura era forçada a abrir os olhos. A luz imediata a fez fecha-los imediatamente, mas depois de alguns momentos, tornou a abri-los. Se acostumando com a claridade.

Procurou ao seu redor e se viu presa em um emaranhado de raízes. Muitas raízes. Procurou pelo homem dono da voz que falava com ela. De pé, em sua frente, um homem moreno com olhos cerrados como felinos. Ele sorriu fechando os olhos. Tinha uma espécie de chapéu na cabeça. Os cabelos negros presos para trás.

“Prazer senhorita Sakura. Meu nome é Yamato”.