A Ladra De Raios - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Oi! Como estão?



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Viajar por meio de pérolas pode ser bem desconfortável. Imagine a sensação do seu corpo virando ar e depois se materializando novamente. É, estranho.

Imaginava como íamos fazer para voltar da Grécia para o acampamento quando me dei por conta que estávamos em frente ao Empire State. San compreendeu meu olhar e sorriu. Minha mãe ficou em silêncio, apenas nos observando.

- O Olimpo muda de lugar, Britt-Britt. Sempre vai para o lugar mais, digamos importante, do mundo. E os Estados Unidos é esse lugar nos dias de hoje. Agora venha, vamos subir.

Entramos no elevador e San indicou que eu apertasse um botão vermelho no alto. Não pude deixar de rir da situação, pois ela não alcançava o botão. Santana fez uma careta e eu me inclinei para beijar sua bochecha, esquecendo completamente da presença da minha mãe. O elevador começou a subir sem parar, ultrapassando o último andar e ganhando velocidade. Agarrei-me ao corpo de Santana, pois me senti levemente nauseada. Dois minutos para a meia-noite.

Quando o elevador parou, minha mãe disse que não podia ir, pois não era semideusa. Então Finn ficou ao seu lado e eu e Santana corremos pelo longo caminho o mais rápido que podíamos. Era um lugar lindo, pena que eu estava ocupada demais tentando evitar uma guerra mundial e não pude observar direito.

Chegamos perante a entrada faltando dez segundos para meia-noite. San e eu entramos em meio aos deuses e nos curvamos diante a Zeus. Este não tinha uma cara muito boa, e fez sinal para que nos levantássemos. Meus olhos se encontraram com os de um homem com a expressão risonha, cabelos louro-escuros e olhos verdes como o mar. Ele era extremamente parecido comigo, à exceção dos olhos. Vi também uma mulher morena com a pele escura e olhos cinza. O rosto de Santana ficou rubro na presença da mãe.

- Brittany S. Pierce, comece a falar. – Zeus ordenou.

- Senhor, trago de volta o seu raio roubado. – comecei – Mas devo alertá-lo de que não fui eu quem roubou! Estava em um escudo que me fora presenteado.

- E se o que diz é verdade, Brittany, quem o roubou? – Zeus retomou a palavra.

- Não posso afirmar com certeza, mas tenho minhas especulações. Senhor, aqui está. – respondi estendendo o raio.

O objeto tomou proporções gigantescas nas mãos de Zeus. Ele sorriu e segurou o objeto apontando-o para os céus. As nuvens escuras que pairavam antes no céu agora deram lugar a belíssimas estrelas. Sorri com a vista e inconscientemente busquei a mão de Santana. Atena me lançou um olhar fulminante e San descolou nossas mãos. Olhei para ela com um olhar chateado e recebi um sorriso amarelo como quem pede desculpas.

- Pois bem, Brittany Susan Pierce, por completar a missão dentro do tempo especulado, lhe concedo a paz no Olimpo e a não aniquilação de seu acampamento. E... Ah, sim. Você pode ter seus cinco minutos. Mas seja rápido. – Zeus disse olhando para o meu pai.

Pai... Era estranho chamar um cara que eu nunca havia visto na vida de pai. Principalmente sabendo que ele era um deus. Poseidon levantou de seu trono e começou a tomar proporções humanas, vindo ao meu encontro. San e eu nos curvamos diante aos deuses uma última vez e saímos, seguindo o homem louro para fora do local.

A latina olhava para meu pai com os olhos encantados. Assim que paramos, ela pediu licença e saiu de perto, nos dando mais privacidade. Eu fitei os olhos verdes-mar do homem, sem saber o que dizer. Mas o que poderia ser dito? “Oi, homem estranho que desapareceu da minha vida durante praticamente treze anos, como tem passado?”. Eu acho que não.

- Foi você. – eu disse por fim – Você tem sido a voz na minha cabeça durante todos esses anos, me dizendo o que fazer, ou como sair de uma confusão. Você me tirou do hotel Lótus, você me guiava durante as vezes que fugi das minhas escolas... Esse tempo todo, você esteve comigo sem realmente estar. Foi um pai sem realmente ser. Por que nunca veio me visitar? Eu passei tantos anos da minha vida me perguntando quem era o meu misterioso pai e porque mamãe nunca me falava sobre ele, ou sequer tinha uma foto para me mostrar. Eu... Eu só acho que eu deveria saber. Era meu direito.

O homem a minha frente ouvia tudo atentamente e assim que terminei de falar ele abriu um sorriso caloroso. Igualzinho ao meu.

- Nós não temos permissão para falar ou conviver diretamente com nossos filhos, Brittany. Hoje é uma exceção concedida por meu irmão. Sim, você está certa. Fui eu este tempo inteiro, desde a primeira vez em que precisou de mim, quando tinha quatro anos. Fui seu amigo, seu conselheiro, fui seu pai sem realmente ser. E por quê? Ora, você é minha filha, Brittany. Sei que você merecia um pai melhor e que seu padrasto não é nem de perto o que você merecia, mas de certo modo ele foi bom para você. – Poseidon falou.

- Bom para mim? – perguntei incrédula. – Ele me batia quando eu não podia me defender, me tratava como um lixo e fazia o mesmo com a minha mãe. Sempre me senti mal perto dele, nunca consegui ser feliz com ele por perto.

- Brittany... Há coisas que você ainda não entende. Sua mãe casou com Gabe para proteger você. Ele tem um odor tão... Forte que era capaz de encobrir seu cheiro, te protegendo dos monstros. – ele respondeu.

Arregalei os olhos. Minha mãe tinha casado com aquele gordo inútil só para me proteger? Ela podia ter ficado com qualquer pessoa, mas escolheu me proteger. Podia ter me mandado para o acampamento assim que nasci, mas escolheu a mim. Senti-me idiota pelos dias que a odiei por ter ficado com ele.

- Sua mãe é uma rainha, Brittany. E merece ser tratada como tal. Ah! Eu estava vagando na sua mente insana outro dia, e devo dizer: nem pense em mandar a cabeça da Medusa por correio para o Olimpo, mocinha. Seu tio não tem muitos dias de bom-humor. E talvez você possa dar um destino um pouco melhor a ela... – ele disse com um sorriso no rosto.

Não pude evitar de sorrir também. San estava certa, meu pai era certamente o deus mais simpático e educado que eu conheceria. Hermes não conta.

- Bom... Temo que meu tempo com você tenha acabado. Adeus, Brittany. E pense sobre o que lhe falei. – Poseidon disse, logo desaparecendo em uma nuvem e deixando o cheiro da maresia no ar.

Sorri e voltei a caminhar. Santana me esperava na ponte que levava ao elevador. Corri ao seu encontro e me joguei em seus braços, arrancando-lhe um beijo. Ela sorriu e me rodopiou, abraçando-me com força.

- Como foi? – ela perguntou entre os beijos.

- Tudo bem, San. E ele me deu uma ideia do que fazer com a cabeça da Medusa... – respondi sorrindo.

Entrelaçamos nossas mãos e começamos a atravessar a ponte. No meio do caminho fomos interrompidas por uma mulher alta e morena, extremamente bonita. Atena.

- Olá meninas. – ela cumprimentou, olhando com certo carinho para Santana.

- Boa noite, senhora. – cumprimentamos tentando não gaguejar.

- Escutem, serei bem direta. Eu e Poseidon temos nossas desavenças há anos, por toda a história de Atenas e outras coisas e consequentemente, nossos filhos não são o que se podem chamar de... Amigos. Mas vocês? Eu não sou cega, sei muito bem que namoram. E também não sou exatamente a favor deste relacionamento, mas dou a vocês meu voto de confiança. Passar bem Brittany Pierce. Santana, nos veremos em breve. – a deusa disse, antes de desaparecer em meio a uma fumaça cinza, assim como meu pai.

Naquela altura do campeonato, não soube dizer qual de nós duas estava mais vermelha. Provavelmente eu, em função da minha pele branca. Num acordo silencioso, desentrelaçamos nossos dedos quando chegamos mais perto do elevador. Minha mãe ainda não sabia sobre nós, mas eu certamente teria que conta-la. Se o menino-bode não tiver feito isso por mim ainda, é claro. Finn tem a péssima tendência a falar tudo o que sabe sobre determinado assunto quando fica nervoso. E isso já me causou vários problemas.

Entramos no elevador e começamos a contar aos dois tudo o que acontecera no Olimpo. Comecei a contar a minha mãe todas as nossas aventuras, tirando as partes em que eu quase fui morta e as que eu fiquei me agarrando com Santana, é claro.

Saímos do Empire State e fomos direto para o nosso apartamento. Eu tinha algumas coisas não resolvidas ainda.

Quando entramos, vislumbramos Gabe atirado dormindo que nem um porco no sofá. Fiz uma careta e caminhei direto ao meu quarto, arrumando um colchão para Finn. Caminhei ao quarto de minha mãe e fiquei sentada em sua cama, esperando para podermos conversar.

Ela sentou ao meu lado e me fitou séria. As palavras travaram na minha garganta, não consegui falar nada. Precisava de um incentivo. Nessas horas, um beijo de Santana me faria falar.

- Mãe, eu... Conheci alguém no acampamento. – comecei.

- Isso é ótimo, filha! E está apaixonada? – minha mãe perguntou sorrindo.

- Estou amando. Nunca me senti assim por ninguém. E sou correspondida. – continuei.

- Mas que bom Britt! E quem é o rapaz de sorte? – ela perguntou.

Suspirei e juntei minhas forças para falar.

- É Santana. Estamos juntas há um tempo. – confessei de uma vez.

Ela me olhou incrédula.

- Brittany Susan Pierce? E você pretendia me contar quando? Nem as boas vindas eu dei direito para a minha nora! Francamente, o que ela deve estar pensando de mim... – minha mãe protestou.

- Não está brava? – perguntei.

- Brava? – Minha mãe sorriu. – Minha filha, você a ama e ela te ama também. Se ela te fizer bem, eu estou feliz. Independente da orientação sexual. Agora vá para a sua cama, que amanhã eu tenho um café no mínimo perfeito para aprontar. Minha nora tem que tirar essa primeira impressão da cabeça. E nada de porta fechada!

Sorri e abracei minha mãe, mesmo sem entender o último comentário. Ela era inacreditável. Corri para meu quarto e encontrei Finn já dormindo e San me esperando. Sorri para ela e a latina abriu os braços, indicando para que eu me deitasse em seu peito. Selei seus lábios demoradamente e me ajeitei para dormir. Nossa aventura não havia terminado.


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Notas finais do capítulo

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