Seus Olhos escrita por MayMalfoy


Capítulo 5
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Heeey, sei que demorei a postar, sorry. (:
Enjoy! ♥



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Sua cama era um grande monstro negro, cuja cabeceira apoiava-se contra a parede esquerda e cujos pés sobressaíam no quarto. Eu estava tão constrangida por seu tamanho que, inicialmente, não percebi que tinha um corpo estendido nela: o corpo de Draco. Em um momento, fiquei sem respiração, deve ter me visto olhando! E, no seguinte, quase comecei a rir ante a impossibilidade. Então me senti culpada por pensar em uma coisa tão grosseira.

Estava deitado na parte superior da colcha com as costas apoiadas nas almofadas. Sua respiração era estável, então me enganei ao pensar que ele estava dormindo. Com essa crença, deslizei-me tranquilamente no quarto e observei-o com mais claridade que em minha visão privilegiada anterior quando ele estava no chão. Estava vestido agradavelmente, com uma camiseta preta e uns jeans que pareciam ser caros. Era como uma estátua de um modelo da Abercrombie & Fitch... Não que alguma vez eu estivesse reparando em um garoto.

Por nenhuma razão, perguntei-me se ouvia bem. Então a estátua estava furiosa. — É você, não é? — e o inocente pensamento foi finalmente esmagado e moído no chão, até que não fosse mais que uma mancha. Pulei, literalmente pulei, quase um metro. Sua cabeça virou com lentidão de filme de terror em minha direção e eu disse a primeira coisa que me veio à cabeça: o cumprimentei. Cumprimentei com a mão, a uma pessoa cega, cumprimentei uma pessoa cega! O que aconteceu? Nada. Claro, nada.

Fui ao plano B, falar.

— Na realidade, meu nome é Hermione.

A cabeça voltou para a posição frontal e não respondeu.

Engoli saliva e olhei ao redor do quarto procurando alguma coisa para provocar uma conversa. Em minha frente tinha uma escrivaninha grande, que só tinha uma pequena pilha de livros e CDs. Pareciam sem tocar e no livro de cima lia-se BRAILE em letras grandes, em negrito. Perguntei. — Então, está aprendendo Braile?

Silêncio.

— Bom, sim... — coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Tem sede? Eu tenho sede. Vou buscar alguma coisa para beber, ok?

Como era esperado, não respondeu enquanto eu fazia minha rápida e desajeitada saída do quarto. Chris estava no corredor, inclinado em um silencioso ataque de riso ante meu apuro. Fixei meus dedos em seu ombro e empurrei-o para as escadas, sussurrando. — Temos que conversar. Presumo que saiba onde está a cozinha?

Conduziu-me pelo vestíbulo que dava para a cozinha. A qual era linda e gigante... Claro. Tinha uma parede de gabinetes de cedro, um grande balcão com tampo de mármore à esquerda e eletrodomésticos de última geração em prata acetinada à direita. Sem se dar conta de nada disso, soltou-se de meu domínio e, enquanto fazia uma vã tentativa de manter o sorriso fora de seu rosto, perguntou. — O que você quer?

— Quero... Tem algum refrigerante? — gesticulei para a geladeira e ele assentiu com a cabeça. — Quero que me conte sobre o Draco. Quero dizer, apesar de ser tão atrativo sentar-se em silêncio durante todo o dia, deve ter algo que queira conversar... Posso considerar que já não está mais na escola?

— Não. — Chris entregou-me uma Coca-Cola. — Mamãe permitiu que ele ficasse fora. Acho que o doutor deu um atestado ou algo assim.

Tomei um gole da lata e coloquei a cabeça de lado. — Ouça, o que tem dentro do armário?

— Oh, coisas velhas do Draco: cartazes, livros, música, computador... Mamãe colocou tudo ali depois do acidente.

Isso explica o vazio de seu quarto. Engoli saliva e estremeci. Que terrível! Estava sentado nesse armário sozinho, com suas coisas ao redor, pegando poeira. Recuperei-me sem jeito. — Bom, uh, pode pensar em algo para eu falar com ele?

— Cavalos. — A pequena voz atrás de mim chegou de repente. Virei-me para ver a figura de Marly com os olhos abertos. Ela estava olhando fixamente para mim e repetiu. — Cavalos. — Antes de meter o polegar na boca.

— Cavalos, ok. — Virei de novo para o Chris. — Sua mãe disse que Draco ficou cego por causa de um acidente de cavalo?

O menino assentiu com a cabeça. — Sim, ele costumava cavalgar o tempo todo. Tem um lugar perto daqui. Chama-se, é... Legado de Estábulos. Aeris ainda está lá.

— Aeris? Ele é dono de um cavalo? — ofeguei.

— Sim, mas Draco não monta nele desde... Já sabe. — Chris negou com a cabeça e disse. — E eu não tentaria fazer com que ele monte.

— Está bem, mas talvez eu pudesse levá-lo lá, não sei, passar um tempo? — Levantei as sobrancelhas para ele, que deu de ombros com ceticismo ante a idéia. — Suponho que não sabe como chegar lá?

— Chegar aonde? — A Sra. Malfoy saía da sala de estar, com uma revista debaixo do braço.

— Legado de Estábulos. Penso que Draco e eu poderíamos ir ali, um lugar familiar.

Ela franziu a testa, mas assentiu com a cabeça lentamente. — Se pensa assim, querida. O acidente ocorreu fora do estado, então não deveria ter nenhuma má recordação... Mas só por tirá-lo dessa casa será um milagre.

— Um milagre? — ri — Bom, vou tentar o melhor possível.

— Muito bem. Agora, só quero encontrar uma caneta...

Chris, vendo sua mãe muito ocupada abrindo e fechando gavetas, lançou-me um olhar furtivo e correu para as escadas.

— Ei! Aonde você vai? — Gritei, mas ele não olhou para trás.

A Sra. Malfoy tirou uma caneta de uma gaveta e começou a escrever a toda pressa as indicações em uma caderneta. Ela suspirou. — Depois de tudo o que aconteceu, Chris tem lutado bastante para conseguir a atenção de Draco. Estou segura que fofocar sobre você está servindo.

Estranho, nunca fui a garota de que todos falavam. Não costumava atrair muita atenção, positiva ou negativa, e não podia deixar de perguntar-me o que Chris estava dizendo sobre mim. Pegando as indicações da Sra. Malfoy, corri escadas acima e segui pelo corredor do segundo piso. Quando virei no canto, escutei debilmente uma voz masculina. Ao dar-me conta que Draco estava falando em seu quarto, colei-me contra a parede e deslizei-me até a porta.

A voz parou e foi substituída pelo tom mais alto de Chris. — Não sei. Ela parece boa para uma garota, suponho. — Revirei os olhos ante o comentário e aproximei-me mais. — Seu cabelo é um pouco comprido, abaixo dos ombros, e é ondulado na parte inferior. É cor de, er, caramelo.

Caramelo? Isso era novidade. Nunca gostara muito de meu cabelo. Não era nem vermelho nem castanho e tampouco podia dizer se era ondulado ou liso. Uma coisa era certa: meu cabelo nunca quis cooperar. Durante anos tenho lutado contra ele usando os aerossóis mais fortes e as chapinhas mais quentes.

O resultado? Rendi-me e, basicamente deixo que ele faça o que quiser.

— E os olhos dela? — perguntou com uma voz calma que não tinha usado comigo.

— Não sei, Draco! — Queixou-se Chris.

— Ela é bonita? Tem que me dar algo melhor do que isso para continuar! —Grunhiu.

Sorri. Disso eu gostava mais.

— Muito bem. Vou ver, — resmungou o menino. — É provável que ela esteja aqui em cima, de qualquer jeito.

— Não! Espera! — Gritou Draco.

Como eu duvidava muito da capacidade de Chris de escutar alguém, recuei pelo corredor, dando a volta na esquina, e rapidamente me posicionando na escada como se acabasse de chegar. No momento seguinte, minha suspeita confirmou-se quando me encontrou ofegando, com um aperto forte sobre a grade. Lançou-me um olhar como se pensasse que estava louca e perguntou-me. — O que aconteceu?

Engoli saliva e soltei. — Nada!

Chris arqueou as sobrancelhas. — Está bem. — e entrecerrou os olhos para conseguir uma boa vista dos meus olhos. Depois desapareceu pelo corredor para informar a seu irmão da cor azul escuro que tinha visto.

Pouco a pouco fui voltando ao quarto de Draco, pelo qual Chris estava saindo antes que o alcançasse. O garoto tinha uma postura de assobiar casualmente enquanto caminhava passando por mim, mas resisti à tentação de atirar nele meu sapato. Encontrei Draco deitado tranquilamente em sua cama como se não tivesse feito nada desde que sai. Dando dois pulos entrei em seu quarto, aterrissando, com um salto, sentando na borda de sua cama.

As entradas são importantes.

Surpreso, abriu a boca e sua cabeça virou para encarar-me. — O quê?

Eu disse com falso entusiasmo. — Sua mãe está no andar de baixo, assim eu acho que poderíamos passar o tempo... — foi à vez de Draco olhar-me como se eu estivesse louca, mas pelo menos sabia que estava escutando. -... Ou poderíamos ir a algum lugar.

Soltou um sorriso curto, sem sentido de humor e disse com sarcasmo. – Soa muito bom.

Por que não podia só fingir que concorda? Cruzei meus braços e disse. — Sabe, Draco, isso simplesmente é patético. Quando foi a última vez que deixou sua casa?

O rosto endureceu-se ante minhas palavras e cuspiu. — Sou patético. Sim, obrigado pela injeção de moral. Agora entendo por que minha mãe está pagando-te tanto quanto sua psiquiatra.

Senti uma familiar ducha fria de vergonha, mas sacudi-me e respondi. — Bom, se ela vai conseguir o valor de seu dinheiro, melhor sairmos do caminho. — Coloquei-me de pé e observei. Queria poder vê-lo sem seus óculos, assim poderia dizer o que estava pensando.

Houve um longo, longo momento incômodo de silêncio. Quase desmaiei prendendo a respiração. Então Draco saiu da cama e levantou-se. Hesitei, perguntando-me se ele deixar-me-ia levá-lo, mas ele começou a caminhar por sua conta, com uma das mãos estendida. Sai do caminho e segui-o enquanto avançava pelo corredor. Quando chegou perto do patamar, perguntei. — Então, você consegue descer as escadas? — Montes e montes de degraus girando em um círculo?


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Notas finais do capítulo

É isso por hoje (:
beijinhos sabor Draco Malfoy ♥



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