Seus Olhos escrita por MayMalfoy


Capítulo 10
Capítulo Nove




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Se tivesse em sã consciência, teria saído exatamente nesse momento. Mas estava congelada. Estávamos em uma grande sala, provavelmente do tamanho de duas salas de aulas juntas, e aqui estavam aproximadamente cinquenta estudantes do último ano da Hogwarts olhando-me fixamente. Todos eles estavam no nível de Rodeo Drive  , com trajes elegantes e mesas redondas cobertas – honestamente – com toalhas brancas. Na parte dianteira da sala, uma tela gigante estava suspensa no teto e projetava o que parecia ser o esboço de sua formatura. Um homem mais velho estava de pé atrás de um pódio, seu indicador a laser assinalava algo na tela enquanto ele, também, olhava-me fixamente.

Fiz uma careta, abaixei minha cabeça, e atraí Draco para a mesa mais próxima. Enquanto me movia para uma cadeira para sentar-me, ele golpeou sua perna contra o assento justamente a meu lado. Tirou sua mão de meu quadril e, discretamente tocando o comprimento da cadeira, conseguiu sentar-se. Na frente da sala, o homem limpou sua garganta, reclamando a atenção de todos, e explicou: — Agora, como estava dizendo antes que o Sr. Malfoy decidisse honrar a todos nós com sua presença, sentem-se por ordem alfabética. Vamos começar...

Estava distraída pelo sussurro dos outros estudantes. No início, podia unicamente escutar fragmentos e pedaços. Então, claramente ouvi a voz de uma garota. Virei para ver Astoria, sentada em uma mesa próxima com outras quatro garotas. Uma estava sussurrando. —Então, estive falando com essa garota que saiu com Draco quando ele era estudante do segundo ano...

— Na verdade, quem não saiu com ele? — perguntou outra.

— Você saiu, Astoria. — disse a terceira.

Astoria disparou. — Sim, mas isso foi no primeiro ano, quando ele era gostoso. Agora olhe para ele. — Todas as garotas viraram e apressadamente virei a cabeça para a tela. — Ele está usando óculos escuros aqui dentro. Não costumava ter que se esforçar tanto para ser legal.

Ei, não acho que esteja tão ruim! Não que eu esteja me perguntando como ele fica sem óculos.

— Acha que ele está cego? — Perguntou a quarta garota.

A primeira garota disse impacientemente. — Como te disse, estava falando com essa garota que saiu com Draco e ela disse que ele queria dedicar todo seu tempo a montar em seu cavalo. Pode acreditar?

— Qual é. — Quase pude ver Astoria revirar seus olhos. — Draco e eu estávamos sempre vadiando.

— Mas eu não acho que ele sequer tivera um encontro esse ano, — sussurrou a outra. — Você sabe, antes de desaparecer.

Mordi minha bochecha e mantive minha cabeça olhando para frente. Elas estavam só fazendo fofoca. Só boatos. Quem se importa sobre seu histórico de encontros, de qualquer forma? Tentei concentrar-me no Senhor que estava dizendo monotonamente. – Agora, dêem as boas-vindas a nosso Valedictorian  , Ronald Weasley. Ele fará seu discurso e sem dúvidas serão bem-vindas todas as críticas construtivas que possam oferecer. Afinal, os discursos da Hogwarts têm uma história de... — Blá. Blá.

Incapaz de resistir por mais tempo, aproximei-me de Draco e sussurrei. — Então, exatamente quantas das... – lancei um olhar ao redor da sala. — trinta garotas de sua sala já ficaram contigo?

— Só uma era do último ano, mas eu já fiquei com treze garotas da Hogwarts. — respondeu com facilidade. — Mas tive mais encontros, se quer saber.

Murmurei. — Que humilde, Romeo.

Respirando superficialmente, tentei não pensar no porquê me incomodava que ele tivesse saído com tantas garotas. Por que isso não era de minha conta, não era! Eu tive encontros antes, embora nem de perto fossem tantos garotos... Que seja.

Vagamente escutei aplausos enquanto o Valedictorian, ou qualquer que seja seu nome, terminava de falar. O homem mais velho, que suponho seja o diretor, reclamou seu pódio. — Obrigado, Ronald. Espero com interesse seu discurso amanhã. Agora, teremos um breve descanso. Se tiverem sede, a APM   fornecerá refrigerantes. Em dez minutos escutaremos as notas de Salutatorian   de Sarah Tyson e logo o Corpo Estudantil nos dirão seus planos para o baile depois da graduação.

   Salutatorian: Nos EUA, o orientador é o estudante que tem maior média de notas, o mais inteligente, o primeiro da classe. Já o Salutatorian é geralmente o próximo estudante no ranking da turma da escola.

As conversas que eu escutara em sussurros cresceram a decibéis mais fortes. Empurrei minha cadeira da mesa e perguntei a ele com forçada amabilidade. — Quer alguma coisa?

Parecendo incômodo, Draco cruzou seus braços e disse. — Não sei, uma coca-cola?

— Ok. — caminhei para o lado da sala onde tinha uma mesa com latas de refrigerantes e pratos com bolachas. Estava olhando os numerosos tipos de sanduiches, perguntando-me qual escolheria para mim, quando senti alguém aproximando-se de mim. Virei-me e pulei, vendo Astoria olhando-me fixamente apenas a uns centímetros. Estampei um sorriso em meu rosto. – Oh, oi!

— Oi. Hermione, não é? — Ela tranquilamente estendeu uma das mãos e pegou um biscoito doce. — Então, está ficando com Draco?

— O quê? — Estava surpresa pelo atrevimento de sua pergunta. — Uh, não. Sou sua... Assistente.

— Oh, assistente? — Astoria inclinou-se mais perto de meu espaço pessoal. – Então, Draco realmente está cego? Ou está fingindo por que não quer voltar para a escola?

— Não acredito. — Olhei para Draco, que parecia estar olhando para o espaço enquanto a sala zumbia a seu redor. Esse era um elaborado plano para não ir para a escola? Não tinha pensado nisso antes. Disse tentativamente. — Uma vez, vi-o tropeçar...

Astoria assentiu. Mas continuou falando sobre mim. — Se eu fosse você, gostaria de estar certa disso. Ele poderia estar fugindo da escola só por que quer evitar... alguém. — ela afastou o olhar por um segundo e sabia que se referia a si mesma. - E ele odeia cerveja. Ele não beberia de jeito nenhum, se pudesse ver a lata.

Duvidei, minha mão afastou-se da lata de coca-cola para a sedutora lata de cerveja na mesa. Ele não podia estar me enganando, então por que queria descobrir sua mentira? Inclusive seu irmão tinha dito que pensava que ele não voltaria a... Meus dedos fecharam-se ao redor da cerveja e caminhei de volta para a mesa. Abrindo a lata, empurrei para sua mão. Meu estômago contraiu-se de expectativa enquanto eu dizia. — Aqui está.

A sala ficou em silêncio. Talvez por que a Salutatorian estava parada no pódio quando Draco levou a lata a seus lábios. O mundo parecia ir em câmera lenta. Observei enquanto ele tomava um grande gole e fazia uma careta imediatamente. Bateu a lata na mesa e sussurrou. — Merda! Acha que foi divertido? — Empurrou a cadeira para trás e levantou-se. — Eu mesmo pegarei!

A sala estava agora com toda certeza, completamente e totalmente em silêncio. Podia sentir cem olhos olhando fixamente em nossa direção e logo os risos começaram. Foi horrível, fortes gargalhadas. O pior de tudo foi que pude ver como o barulho refletia-se no rosto horrorizado de Draco, quando notou a cena que nós causamos. Ele deu um passo para frente, com a intenção de fugir, mas minha cadeira estava em seu caminho e, em um desastroso movimento, ele caiu sobre seus joelhos.

As suaves risadas replicaram-se e viajaram como ondas através dos malvados sussurros enquanto me colocava a seu lado. Falei em voz baixa. — Oh, não, oh não.

Sobre os sussurros, escutei Astoria ofegar. — Ele realmente é cego.

Sentindo meu toque, Draco afastou minha mão e grunhiu. — Afaste-se de mim!

Bem, obriguei-me a dar uns passos para trás para recomeçar. Espere um minuto... Eu não vou começar outra vez do zero! Sei que cometi um grande e grave erro, mas não podia me afastar e deixá-lo abatido. Com um ânimo renovado, envolvi meu braço ao redor de sua cintura e o ajudei a levantar-se. — Vamos. Temos que sair daqui.

Desta vez, ele não resistiu.

Saímos, onde uma ligeira chuva seguia caindo do céu. Sem saber o que dizer, guiei-o sem palavras para a porta do passageiro. Enquanto me dirigia para o lado do condutor, escutei-o declarar em voz baixa. — Vou para casa.

Dessa vez, não tinha outra escolha a não ser seguir suas palavras.

A viagem de volta para a casa dos Malfoy foi um borrão de escuridão tenebrosa e chuva. Sentia como se tivesse fugindo de mim mesma, dentro de um solitário lugar escuro e perguntei-me se era assim que Draco sentia-se sem sua visão. Aturdida, estacionei meu carro perto das escadas e ele queria sair por conta própria, mas parou com sua mão na maçaneta da porta. Disse em voz baixa. - Amanhã, tenho que estar lá às sete. Não chegue tarde dessa vez. 


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