Faltavam alguns dias para o Chesvan. Os nefilins já estavam fugindo dos anjos caídos. E eu, uma nefilim estava apaixonada por um anjo caído… Engraçado como pra mim as coisas sempre tinham que ser bem mais complicadas.
- Então o que Scott disse? - Eu perguntei a Patch, enquanto ele corria pela estrada. 
- Nenhuma novidade. Eles não querem abrir mão de você. Não enxergam formas possíveis de acordo e não querem você comigo. - Ele foi direto.
- Mas… eu não entendo. Como conseguimos sair? - indaguei, eu ainda não sabia como havíamos escapados de Scott na noite em que ele entrou na casa de Patch.
- Scott é forte, mas não sabe usar sua força. Eu tenho mais experiência - Um sorriso perverso enfeitou seus lábios. - Digamos que alguns truques de mente, e um pouco de dor. Mas o que houve hoje mais cedo? - Ele parecia realmente curioso, mas eu estava mais ainda.
- Pessoas, quero dizer anjos que estão no inferno, podem voltar no Cheshvan? - soava ridículo.
- O que? - Patch riu. - De onde tirou isso, anjo?
- Rixon.
Ele se engasgou.
- Rixon? - Suas mãos travaram em volta do volante. - Aquele… Mas como?
- Eu não sei, Patch…- eu disse por fim. - Eu estava sonhando, não sei… Ele falou que iria atrás de mim e agarrou meu braço com tanta força, eu senti a dor…
- Eu nunca considerei isso… - Patch sussurrava. - Deve ter sido alguma alucinação anjo. - Eu podia ver que ele tentava me tranquilizar mas não desconsiderava . 
- E como explica o fato de alguém ter entrado no nosso quarto hoje? 
Patch ficou mudo por alguns instantes e depois socou o painel do carro. Um baque.
- Anjo… Eu quero que você se lembre que você é a coisa mais importante pra mim - Ele começou a dizer com a voz embargada. - Eu nunca amarei ninguém como eu te amo. Eu serei sempre seu, Nora. Seu anjo da guarda.
Eu não queria saber se ele estava dirigindo, soltei meu sinto e avancei para o seu colo. O carro parou com um solavanco. Os olhos de Patch expressavam dor…
- Não precisa me dizer isso agora… teremos a eternidade para você me provar - Sussurrei em seus lábios. Minhas mãos tocaram centímetro por centímetro de sua face. - Eu amo você, Jev. - O nome parecia engraçado saindo assim, mas era o nome de Patch. Eu queria que ele soubesse que eu o amava de todas as formas, Patch ou Jev. Ele seria meu. Para sempre.
Nossos lábios se fundiram em um só, minhas pernas relaxaram assim como as dele. Suas mãos agarram minha cintura e seus lábios se tornaram um traço de fogo nos meus. 
- Eu te amo. - Ele encostou a testa na minha. - Para sempre, anjo.
Fechamos os olhos e por um segundo eu queria que tudo isso fosse apenas um sonho. Ele abriu o cordão que havia me dado alguns meses, seu cordão de arcanjo, e colocou em meu pescoço.
- Por favor… fique. - Ele estava com os dedos no meu queixo. Direcionando o meu olhar para o seu.
Eu apenas concordei.
- Anjo… eu temo que não possamos ficar juntos. - Ele disse a dor exalando de cada palavra pronunciada. - Eu amo você, mas sinto que devemos nos separar por um tempo.
- Você ouviu o que acabou de me dizer, Patch? - Eu queria chorar. Minha voz já estava soando abafada. - Precisamos que o perigo nos ronde mais quantas vezes para nos provar que isso não dá certo? Não vamos nos separar Patch, nunca. - As lágrimas rolaram quentes e amargas pelo meu rosto.
- Anjo… - Ele me aninhou em seu colo e ficou em silêncio por um tempo. Mas depois voltou a falar. - A escolha não é minha. Nós vamos voltar e resolveremos tudo… Nós vamos nos encontrar novamente. Acredite. 
Era a palavra final, eu não tinha mais como por meus argumentos em questão. Patch havia escolhido por nós dois, eu não podia acreditar, eu não queria acreditar. Meu coração parecia feito de concreto, as lágrimas não sentiam vergonha em sair, enquanto os soluços aumentavam.
Patch me beijou mais uma vez, me colocou de volta no banco e fez o retorno.
Eu voltaria, mas voltaria sozinha, sem Patch. Eu precisava encontrar uma forma de sobreviver a isso, uma forma de acabar com tudo isso de uma vez por todas, eu precisava de alguma maneira acordar desse pesadelo.