Lucy estava sentada em uma das mesas da biblioteca, em uma das mãos um copo de café quase vazio, na outra mão estava um livro. As paginas do livro pareciam voar de tão rápidas que elas viravam nos olhos de Lucy seu precioso óculos de leitura rápida, mas por debaixo dos óculos se escondia um rosto cheio de olheiras e vermelho por falta de sono.

As roupas de Lucy eram apenas uma regata azul marinho e uma saia da mesma cor, ambos já manchados por algumas gotas de café que insistiam em cair dos copos de plásticos que a garota usava. Copos estes que permaneciam vazios na mesa, alguns em meio a livros, outros entulhados em um lado da mesa e outros jogados em uma pilha de sujeira no chão, esta composta por guardanapos e copos.

Todo tipo de livro estava espalhado pela mesa, alguns de capa rosa ou branca, vermelha ou preta, grosso ou fino, com letras miúdas ou grandes, mas a loira nem se importava muito com tudo isso. Às vezes ela piscava mais lento que as outras vezes, o sono quase lhe tomando conta, isso tudo devido a alguns dias de insônia.

Fazia um dia ou dois que não pregava os olhos, não sabia dizer bem há quanto tempo já que passara todo esse tempo trancafiada na biblioteca, não por falta de opção, mas sim pelo fato de uma semana já ter se passado e nada de encontrar nem sequer uma linha contendo algo sobre a maldição.

Lucy se desesperava a cada dia que se passava sem informação alguma, o tempo estava passando mais rápido do que deveria, estava ficando cada vez mais apertado e mais curto, quem dera o tempo parasse por apenas alguns dias, para que ela pudesse achar o que necessitava.

Mais uma vez os olhos da jovem pesaram e quase não se abriram, mas a força de vontade da garota era dez vezes maior, a ultima vez em que se deitara em uma cama e dormira nem podia se considerar uma verdadeira noite de sono, no máximo uma soneca, pois dormira apenas duas horas.

Um barulho ecoou pelo recinto, Lucy balançou o copo que estava em suas mãos para ter certeza de que este estava vazio, quando percebeu que ele estava o jogou na pilha ao lado de sua mesa, este foi parar rapidamente lá com muita agilidade, nesse tempo Lucy nem sequer tirara os olhos do livro.

Mais uma vez um barulho, só que estes provindos dos dedos da loira que estalaram levemente eles, como se fosse uma ordem uma bandeja apareceu flutuando a frente da loira, que, sem tirar os olhos da leitura, a pega com uma mão e colocou no único espaço vazio da mesa.

Lucy solta um suspiro assim que fecha o livro que estava em sua mão, e o deixa entre uma das varias pilhas de livros sobre a mesa e se recosta na cadeira fechando os olhos castanhos por alguns segundos, mas logo os abrindo quando sentiu que o sono iria lhe vencer.

A loira olhou para a bandeja sobre a mesa, havia dois sanduiches e um copo de café, provavelmente toda aquela cafeína não lhe faria bem, mas era a única forma de se manter acordada por todo esse tempo, com uma rapidez incrível a loira pegou um dos sanduiches o desembrulhou e mordeu uma boa parte dele.

Como Lucy odiava esses instintos malucos de dragão, esse devia ser o centésimo sanduiche que a menina comia, e seu maldito apetite parecia não se satisfazer, sempre fora assim, um pouco de comida não lhe satisfazia, mas nem uma montanha o fazia, ela já devia estar acostumada, mas quem diria que a loira comia tudo com prazer e sempre que queria mais tinha?

Não demorou a que a bandeja estivesse vazia outra vez, com uma ou duas sujeiras espalhadas pela boca da garota que rapidamente as limpou. Depois de mais um suspiro a loira se levantou e tratou de limpar o lugar, pegando alguns sacos de lixo ela começou a tratar da sujeira que tinha no chão, juntando copos e guardanapos espalhados pelo lugar, no fim só para limpar o chão tinha mais de dois sacos de lixo usados.

Depois de colocar os sacos em um canto a loira pegou uma vassoura e um rodo com pano para limpar o lugar com maestria, quando se escorou ao rodo pode ver que o chão de madeira estava brilhando intensamente, o que deixou Lucy contente.

A loira se virou para a mesa e tratou de fazer o mesmo processo com ela, juntando os copos sujos em um saco que não demorou a encher, ela o colocou ao lado dos outros e voltou para a mesa, havia tantos livros que ela mal sabia por onde começar. Pegou alguns livros e levou para uma estante mais ao fundo daquela ala da biblioteca, ela estava completamente fazia.

Com muito cuidado Lucy organizou os livros por nome ou assunto, deixando assim mais facilidade para poder encontrar livros, voltou para a mesa e repetiu o processo até, enfim, terminar de preencher todas as lacunas da estante com os livros da mesa, um trabalho árduo e cansativo, mas que valia a pena.

Depois de colocar o ultimo livro a loira voltou para a mesa e pegou em sua bolsa, antes despercebida pela enorme quantia de livros, um bloquinho de anotações, anotou em letras grandes a palavra “LIDA”, arrancou do bloquinho e o levou até a estante onde o grampeou, olhou para as outras seis estantes atrás desta, todos continham o mesmo bloquinho.

Junto com esta Lucy tinha lido três sozinha na ultima semana, Lyry lera duas assim como Amom, mas ambos tiravam um tempo para descansar ou dormir, tempos este, ironicamente passados na sala de jogos.

Lucy voltou para a mesa e passou alguns panos nela para ter certeza de que ficaria limpa, a que realmente funcionou já que a mesa ficou brilhando de tão limpa. Passados mais alguns minutos Lucy decidiu arrumar a mesa para a próxima remessa de livros da outra estante, mas quando se virou para ir em direção desta ouviu um barulho que lhe chamou a atenção.

Amom e Lyry desciam as escadas, eles estavam sérios e isso fez com que Lucy ficasse igualmente séria – Erza acabou de me contatar – ele disse – Parece que a menina esta acordando – o homem disse – É melhor terminarmos isso outro dia e trazer junto a sua amiga Levy, outra hora eu tenho certeza que vamos conseguir – o homem disse.

 – Também acho, isso está me matando, preciso de um descanso – a loira disse – Faz algum tempo que eu não durmo direito, e talvez aquela menina possa nos ajudar em alguma coisa – a loira parecia querer manter as esperanças de toda forma.

– Eu ia sugerir isso – o homem falou enquanto colocava o pé no piso do ultimo andar – Você está parecendo um zumbi – ele ironizou. Lucy fingiu não ouvir e pegou sua bolsa, com alguns passos ela foi em direção de Amom, mas um barulho a impediu era um rangido. Todos pararam de se mexer, depois de algum tempo Lucy pensou que não havia nada e deu mais um passo.

O chão embaixo de Lucy cedeu e ela caiu na completa escuridão que era aquela parte debaixo da biblioteca. Amom desesperado para ir ajudar a amiga deu dois passos, sem se importar com os protestos de Lyry, quando deu o terceiro o chão cedeu igualmente e ele também foi engolido pelo chão.

Lyry apenas colocou a mão na cabeça em sinal de indignação e mergulharam na escuridão atrás do amigo, alguns segundos se passaram antes que ele pegasse o jovem e plainasse até tocar o chão, não era muito fundo, mas uma queda poderia causar a morte.

Eles procuraram Lucy que nem loucos, sem ter nenhum êxito, o lugar era um breu eterno, apenas a escuridão que os impedia de ver qualquer coisa, mesmo que esta estivesse a um palmo de distancia deles.

– Vocês podem parar de gritar? – uma voz irritada se fez presente logo ao lado deles, estes se viraram e correram em direção da voz, trombando em seguida com Lucy – A minha bunda não é de ferro, já não bastava o tremendo tombo que eu tomei e vocês ainda me derrubam? – a loira estava irritada demais para pensar concretamente.

– Desculpa – os dois murmuraram – Você conhece esse lugar? – o pobre gatinho perguntou.

– É claro que não, caso contrário teria arranjado uma decida um pouco menos dolorosa – a loira ainda tinha a mão na bunda em sinal de dor – Vamos ver se encontramos alguma luz, se não encontrarmos nada o Lyry nos leva até lá em cima – a loira decidiu por todos. Eles caminharam por alguns segundos, mas quando foram dar mais um passo uma luz se fez presente os assustando.

Quando Lucy se acostumou com a luz ela abriu os olhos para depois arregala-los – O que é isso? – ela murmurou incrédula do que via.

#*#*#*#

Minha cabeça doía, meus músculos pareciam estar rígidos por passar algum tempo sem me mexer, minha cabeça era a pior, ela estava uma repleta confusão, cheia de imagens desconexas e fora do sentido, imagens sobre pessoas desconhecidas ou completamente medonhas.

As imagens iam de um lado para o outro, as pessoas lutavam ou brigavam entre si, destruíam coisas ou pagavam por elas, era uma coisa mais louca que a outra. Entre todas essas imagens uma me intrigava, um dragão, um lindo e majestoso dragão dourado, com poucas escamas azuis entre as outras.

Tirando essas imagens desconexas “nada” isso era o que se resumia a minha cabeça no momento, nenhuma memoria, nenhuma lembrança, nem uma imagem de pessoas queridas, tudo completamente em branco.

Em minha cabeça só uma coisa martelava, proteja o livro, era o que minha consciência dizia, mas que livro? Que maldito livro era esse? Perguntas sem respostas, perguntas que um dia se veriam respondidas. Com força eu movi os dedos das mãos, era doloroso, mas ainda podia fazê-lo.

Com mais um pouco de força consegui mover a mão direita inteira e depois o braço, os deixei cair na cama, que eu constatara a pouco estar, era muito difícil mover qualquer musculo, qualquer parte do meu corpo, ouvi algumas palavras sem sentido, de uma voz desconhecida, mas foram elas que me incentivaram a tentar novamente.

E assim eu fiz com muito custo eu levantei o braço e logo em seguida a perna, quando me senti forte o suficiente eu abri os olhos. O lugar em que eu me encontrava era uma enfermaria isso podia ser visto de longe, talvez fosse por causa dos aparelhos ou pela cor branca das paredes.

Olhei para os lados, mas depois parei quando avistei uma cabeleira escarlate, tão linda que me deixava surpresa, logo ao lado desta eu vi uma cabeleira branca e outra loira. Pessoas diferentes, mas todas tinham um sorriso contagiante no rosto.

– Ohayo – eles disseram em uníssono. Fiquei surpresa ao ver eles, eram pessoas tão diferentes, tão distintas, mas ao mesmo tempo tão parecidas, como por exemplo, o sorriso deles, a albina tinha um sorriso contagiante no rosto e parecia estar realmente feliz com o fato de que tenha acordado o homem de cabelos loiros também sorria, mas seu sorriso era contido.

A ruiva tinha um sorriso de dar inveja, parecia realmente disposta a sorrir para aqueles que precisavam – Seja bem vinda a Fairy Tail – a albina exclamou sorridente. O que diabos é Fairy Tail? Eu me perguntei, estava perdida em loucuras, pois afinal de contas, onde eu estava? – Qual o seu nome querida? – a mesma albina perguntou.

Senti minha consciência pesar, antes que meus olhos se fechassem e eu caísse na completa escuridão que era os meus sonhos eu me perguntei, quem sou eu?

#*#*#*#

Uma jovem de cabelos albinos caminhava pelos corredores da guilda Fairy Tail, mais precisamente, pelos corredores do andar de cima. As roupas da mulher eram chamativas, pois em pleno verão ela estava com roupas de inverno, um grosso casaco rosa que ai até os joelhos da mulher, exuberante e chamativo em sua cor rosa forte meio apagado.

Uma gola branca adicionava o visual do casaco, ela cobria todo o pescoço da jovem e dava um charme complementar às vestimentas da garota, os botões negros faziam contraste ao casaco de cores mais claras, complementando o perfeito visual de inverno. As mangas assim como a gola do casaco eram brancas, se fazendo presentes em todo o pulso da garota, apertados levemente para que o frio não entrasse pelo casaco.

Luvas negras nas mãos, dando ainda mais perfeição as mãos pequenas da menina, de dedos finos e longos, o suficiente para manusear armas. Para complementar as vestimentas, uma meia preta que subia até acima dos joelhos, uma bota da mesma cor que as roupas com alguns brilhantes na parte externa.

Os longos cabelos brancos da garota caiam até os joelhos, com um brilho sedutor, levemente ondulado nas pontas dando mais charme a eles, se isso era possível, a franja caia sobre a testa quase tapando a visão dos lindos orbes castanho avermelhados da moça, eles eram tão bonitos e aconchegantes que quando se focavam neles era quase impossível parar de contempla-los.

Os lábios finos e levemente rosados estavam entre abertos enquanto a jovem forçava o ar a entrar, parecia ter corrido por um bom tempo para chegar até aqui. Por ultimo, para terminar aquele lindo visual, uma tiara que sustentava um pequeno laço branco.

A menina dava longas passadas no intuito de chegar logo à sala do mestre, mas em seu caminho parou ao ouvir vozes da enfermaria, ela não era de ouvir conversas atrás da porta, mas algo estimulou a garota a se escorar na porta e ouvir o que as pessoas ali falavam.

E assim a albina fez, encostou a cabeça e ouviu o que as pessoas ali dentro diziam – Ela desmaiou novamente – uma voz falou. A garota atrás da porta identificou esta como a de Mira – O que será que aconteceu com ela? – a mesma se perguntou.

– Eu não sei – alguém falou do outro lado da porta, esta pessoa a mulher albina não conhecia, mas podia saber que era uma mulher – Tudo esta uma loucura, e a Lucy me pareceu muito interessada na menina – novamente a voz se fez presente.

– E onde a Lucy está? – uma voz imponente e grossa falou. A mulher atrás da porta constatou como sendo de Laxus, futuro marido de Mira – Se ela está tão interessada na menina porque não a trouxe?

– Ela descobriu que a uma forma de curar a maldição – seja lá quem fosse à segunda mulher ela parecia ser muito inteligente – Ela está entrando em uma busca pelo outros amaldiçoados, pelos dragon slayer da maldição – a mulher disse.

A garota atrás da porta se afastou dela de olhos arregalados, seja quem fosse Lucy, a garota tinha certeza que esta estava atrás dos amaldiçoados, o que resultaria no encontro do seu irmão de consideração e amor de sua vida. Com um sorriso a menina saiu de lá a passos rápidos querendo se distanciar o mais rápido possível da porta, quem sabe agora tudo não voltasse ao normal?