Capitulo 10

Ele perguntou me provocando de proposito. Nossa como eu o odeio! Mais eu preciso descobrir por que ele esta se envolvendo com a minha irmã e por que queria a foto do meu tataravô.

– Eu preciso falar com você. – Eu olhei em volta para me certificar de que ninguém estava vendo. – Mas não aqui.

– Ok, entra no meu carro e nós vamos para onde você quiser. – E o fuzilei com os olhos.

– Me encontre no Kaelson’s daqui a meia hora.

Atravessei a rua que separava aquela pequena lanchonete do meu colégio e fui atrás da Ticia. Na verdade eu não sabia direito o que eu estava fazendo ali, eu só queria poder contar tudo isso para alguém. Ela não estava no nosso lugar de costume, também não a encontrei pelo pátio. Fui até a quadra e achei a Natalie chorando em baixo á arquibancada.

– Ai meu Deus Natalie, o que foi? – Eu perguntei preocupada, secando as suas lagrimas.

– É o Adam. – Ela falou entre soluços. – Ele terminou comigo. – Dito isso ela desabou em meus braços. Eu nunca, desde que conheci a Natalie, a vi chorar por um menino. NUNCA! Aquele Adam não sabia com quem estava mexendo. Eu não ia deixar ele entrar em nossas vidas e bagunça-las daquela maneira. Então eu me lembrei que eu deveria estar me encontrando com ele no Kaelson’s. Agente tinha muita coisa para esclarecer, eu não podia deixar de ir.

– Não chore. Tudo vai ficar bem ok? – Eu disse com falsas esperanças. – Quer saber o que todas nos precisamos? De uma noite para garotas. –Consegui arrancar um leve sorriso dela. – Hoje á noite na minha casa? – Ela hesitou mais assentiu com a cabeça. Eu dei um ultimo abraço e falei “Se cuida” antes de virar as costas e ir andando em direção á saída do colégio. Quando eu passei pelo portão vi a ultima pessoa que eu esperava ver. Eu vi o Peter debruçado na janela de um carro desconhecido para mim conversando com alguém que estava no banco do motorista. Ele falou algo que eu não consegui identificar o que era, virou as costas e foi buscar seu carro. E eu fiquei ali parada e meio abalada, tentando analisar o que havia acontecido. Não esperei muito tempo, eu já estava cansada de ser feita de idiota, de segredos e mentiras. Eu ia descobrir o que estava acontecendo, custe o que custar, e a minha única chance de chegar perto de uma resposta era indo me encontrar com o Adam. Então assim eu fiz.

Cheguei ao Kaelson’s e ele estava sentado no bar, vestindo a mesma jaqueta de couro preta que eu havia visto mais cedo. Ele tinha um copo de uísque á sua frente e eu me perguntei como ele havia conseguido aquilo se era menor de idade. Não tive muito tempo para pensar na resposta, pois ele me viu e acenou para mim. Fui me arrastando até ele e puxei uma cadeira. Fiquei encarando o garçom por um tempo e depois pedi um como de agua com gás. Adam bebia o resto de uísque que tinha em seu copo e eu quebrei aquele silencio.

– O que você fez com os cartões do Dimitri? –Essa era uma das muitas perguntas que eu tinha para fazer.

– Estão seguros. – Ele respondeu cinicamente.

– A onde eles estão? – Eu insisti e ele fez um sinal para o garçom lhe trazer outra bebida.

– Em algum seguro. –Adam disse revirando os olhos impacientemente.

– Por que você os queria? – Eu perguntei já ficando irritada. Eu acho que o que mais me irritava era a cara dele de cínico dele. Ele deu mais um longo gole no seu uísque, fez um barulho esquisito e resolveu responder.

– Eu honestamente não queria nada com eles. Digamos que eu sou só um serviço de entrega.

– Entrega? Como assim? Entrega para quem?

– Cale a boca, sua voz tá fazendo a minha cabeça doer. – Ele falou, rudemente, colocando as mãos na cabeça. Como se a minha voz fosse as varias doses de uísque que ele tomou. Eu já estava de saco cheio, então estourei. Dei um tapa na cara dele, um tapa tão alto que até o garçom parou o que estava fazendo para ver a cena.

– Você pensa que pode entrar na minha vida e na das pessoas que eu amo, trair minha melhor amiga com a minha irmã, dar drogas para ela, me agarrar á força, roubar as coisas da minha família e ainda ter a cara de pau de exigir que eu cale a boca?

Virei às costas e sai furiosa, meio desnorteada. Eu ouvi o Adam gritando “Juliet espere” e também ouvi seus passos me seguindo. Mais meus olhos estava cheios de agua e a única coisa que eu conseguia fazer era correr. Tropecei em uma cadeira e ela foi para o chão, eu nem voltei para arruma-la. Abri a porta do Kaelson’s e fui correndo em direção à rua. Adam continuou me seguindo e então ele gritou mais alto do que as outras vezes “JULIET” ele parecia assustado, quando eu me virei para encara-lo percebi que tinha um veiculo vindo em minha direção. Eu não consegui fazer nada além de assistir ele tentando frear. O barulho do pneu contra o chão era ensurdecedor e de repente eu senti uma forte batida contra meu corpo. Cai no chão, batendo a cabeça e sentindo dor em cada osso do meu corpo. A ultima coisa que me lembro foi de enxergar alguém descendo correndo do veiculo prata, esse alguém se aproximando e então falou “Ai meu Deus, você esta bem? Acorde por favor, por favor.” Era a voz mais doce que eu já havia ouvido. Aquela voz ecoou, e ecoou na minha cabeça por longas horas. Aquela voz era a ultima coisa que eu me lembrava do acidente. Aquela voz foi a ultima coisa que eu ouvi antes de fechar os olhos e dormir por um bom tempo.