Cidade atual – Saint Denis subúrbio de Paris.

Local: Stade de France

Nota: Encerramento da turnê de Jellal na Europa.

O número de fãs que estavam presentes no Stade de France era surpreendente. Elas faziam um barulho ensurdecedor. Quem diria que um cantor japonês faria tanto sucesso mundo a fora? Caminhei por trás do palco para ver como estavam os preparativos, logo um dos homens que estava cuidando da fiação veio até mim.

— Madame Heartfilia est presque terminé! — Ele me disse com o seu belo francês.

— Merci de me le faire savoir Jack. — Eu podia até ser japonesa, mas depois que meus pais se separam eu vim morar em Paris com a minha mãe, resumindo meu francês era impecável.

Assim que conferi tudo me dirigi até o camarim onde a estrela da noite se preparava para seu último show em solo europeu.

— Jellal! — disse abrindo a porta e avistando duas pessoas de cabelos azulados.

Um deles era Jellal, o J-ídolo do momento. Depois que o mesmo assinou um contrato milionário com a Magnólia Records, ele estourou no mundo da música batendo todos os recordes da história da música japonesa. A outra pessoa de cabelos azuis era Levy Mcgarden, alguns a conheciam como a estilista e figurinista de Jellal, outros diziam que ela era uma típica garota japonesa que teve sorte na vida, mas para mim ela era mais que tudo isso, era a minha melhor amiga.

— Lu-chan! — Ela disse empolgada. — Como estão os preparativos para o show?

— Faltam apenas alguns ajustes na iluminação, fora isso o resto já está pronto. — Falei entrando no ambiente e fechando a porta.

— Jellal sua maquiagem já está pronta, agora entre no vestiário e coloque as roupas que eu separei! — Levy ordenou. Em seguida ele se levantou da cadeira em que estava e caminhou até o vestiário parando em frente à porta do mesmo para nos lançar um sorriso travesso.

— Às vezes eu acho que fico meio sem privacidade com duas garotas de vinte e um anos invadindo meu camarim enquanto troco de roupa. — Disse-o rindo.

— Tudo bem. — Acompanhei-o. — Eu posso ir lá fora e convidar inúmeras fãs de vinte e um anos para nos fazer companhia aqui dentro, o que você acha? — Indaguei com uma sobrancelha arqueada, já ele elevou uma de suas mãos até o queixo e fez uma cara pensativa.

— Acho que vocês duas estão de bom tamanho. — Falou Jellal adentrando no vestiário.

— Ei Lu-chan conseguiu falar com seu pai? — Levy indagou preocupada.

— Ainda não, toda vez que eu ligo a secretária diz que ele está ocupado. — Suspirei pesadamente — Sinto falta da mamãe, ela me entendia e me apoiava, desde sempre ela soube que eu queria ser uma grande escritora. — Desabafei. — Mas depois que ela se foi, o papai assumiu o controle de tudo e me colocou para trabalhar na empresa de música da família.

— Mas você ainda consegue conciliar tudo não é mesmo? — Eu a olhei com uma sobrancelha curvada. — Quero dizer ao mesmo tempo em que você trabalha na Magnólia Records como empresária de Jellal você também escreve o seu livro de estreia. — Sorri e assenti, isso era um fato, pois mesmo trabalhando na empresa para Jude Heartfilia, eu ainda matinha acessa a chama do meu sonho de ser escritora. — Além disso, você está fazendo um ótimo trabalho como empresária desse chato aqui! — Ela disse apontando para o vestiário e nós rimos. — Quem diria que em menos de um ano ele chegaria ao topo?

— Quem é o chato aqui? — Ele saiu do vestiário se fingindo de bravo, nós olhamos para ele e rimos novamente. — Então quer dizer que você além de ser minha babá, ainda é uma grande escritora?

— Eu não sou sua babá — Falei mostrando a língua.

— Quando você lançar seu livro pode ter certeza que eu serei o primeiro a ler. — Caminhou até mim, e me deu um forte abraço de urso.

— Não de certeza do que você não irá cumprir! — Levy o repreendeu e ele a olhou com uma sobrancelha arqueada. — Eu serei a primeira a ler o livro da Lu-chan — Disse-a com um tom zangado.

— Tudo bem em ficar com o segundo lugar às vezes. — Jellal era realmente uma ótima pessoa, por isso eu não me importava tanto de trabalhar na empresa do meu pai.

— Okay! Agora mudando de assunto, — bati palmas para chamar a atenção de ambos —, Jellal você já está dez minutos atrasado, sem contar que há uma multidão de mais de oitenta mil fãs te esperando! — Dei ênfase na parte do oitenta mil deixando ambos boquiabertos.

— Você está falando sério? — Indagou-o pasmado.

— Sim você fechará a sua turnê com chave de ouro. Meus parabéns! — O azulado ainda estava atônito, assim como Levy. — Agora vá! — gritei tirando-o do transe. — Ou elas ficarão malucas e quebrarão tudo! — Ele assentiu e saiu correndo do camarim rumando para o palco. Com certeza esse show seria memorável.

(...)

Já se passava da meia-noite e por fim o show acabou. Jellal voltou ao camarim extasiado. Nunca o vi tão feliz, essa noite será inesquecível para ele.

— Estou tão cansado, mas ao mesmo tempo tão feliz — ele disse saindo do vestiário trajando uma calça jeans escura, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro. Nos pés ele calçava um all star preto.

— Esse foi o show mais incrível de toda a turnê! — Levy gritou eufórica. — Nós temos que comemorar.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa ouvi meu celular tocar. Peguei-o e estranhei era o número, pois era de meu pai.

— Alô! Pai como está? — Levy e Jellal pararam de falar para prestar atenção na conversa. Meu pai como sempre tão educado ignorou meus cumprimentos. A ligação não demorou mais de um minuto, assim que ele terminou de me dar as ordens desligou o telefone. Olhei para os meus amigos e suspirei.

— O que ele queria Lu-chan? — Levy perguntou preocupada.

— Primeiramente dar os parabéns a Jellal que está fazendo uma carreira memorável. Em segundo ele disse para vocês dois voltarem amanha para Tóquio, pois o mesmo assinará as suas férias.

— Só nós dois? — Jellal perguntou. — Mas e você?

— Eu terei que ir para Londres, parece que a empresária daquela banda Sabertooth, a tal da Minerva ficou doente, meu pai pediu para substituí-la durante o último show deles.

— Mas Lu-chan… — Levy tentou argumentar, porém eu a interrompi.

— Nada de mas, — forcei um sorriso —, quando eu regressar a Tóquio você irá comigo até a editora Ice Maker. — Ela me olhou com os olhos arregalados e Jellal nos fitava sem entender nada.

— Você está falando sério? Tipo a editora Ice Maker? — Eu assenti. — Cara tipo ela é uma Magnólia Records, só que dos livros! — A azulada ficou fascinada.

— É uma editora tão grande assim? — Jellal estava completamente perdido.

— Ela é muito mais que grande! — Minha pequena amiga estava extasiada.

— Muito bem, mas antes de fazermos qualquer coisa vamos nos jogar na balada para comemorarmos esse show magnífico. — Falei animadamente enquanto o pegava minha bolsa.

— Balada? — Jellal questionou com uma sobrancelha arqueada, eu apenas assenti. — Mas temos uma longa viagem, amanha. — Ele argumentou.

— Jellal deixa de ser fresco! — Levy o repreendeu. — Afinal teremos horas e horas para dormir durante o trajeto Paris – Tóquio.

— Temos duas opções — , disse ao pegar uma lista que estava dentro de minha bolsa. — Ou vamos para Le VIP Room, que tem centenas paparazzi ou iremos ao Le Batofar. O que preferem?

— Le Batofar não é aquela danceteria que fica dentro de um barco no rio Senna? — Levy indagou com os olhos brilhando.

— Sim é essa mesma. — Assenti animadamente.

— Adoro barcos! —Gritou-a. — Vamos ao Le Botofar, deve ser tão magnífico!

— Tudo bem para você Jellal? — Fitei-o, e ele deu de ombros.

— Se eu contrariasse vocês não me escutariam, então tudo bem — Ele pegou sua carteira e rumou para a porta. — Vamos logo senhoritas, ou não poderemos curtir a noite.

Saímos do camarim e nos direcionamos para o estacionamento, é claro que o Jellal havia colocado uma toca para esconder aquele seu cabelo nada chamativo.

— Vamos curtir essa noite como se fosse à última! — Gritei entrando no carro.

(...)

Cidade atual: Canal Inglês (Estreito de Dover)

Local: Túnel da Mancha

Nota: Em um trem da companhia Eurostar rumando para Londres.

Abri meus olhos lentamente após bate a cabeça no vidro do trem. Olhei para meu relógio de pulso cor-de-rosa, vi que o mesmo indicava que ainda eram 6h 35min da manhã. Suspirei pesadamente. Ainda faltava uma hora para a conclusão da viagem.

Senti uma pontada em minha cabeça, eu havia bebido demais e dormido pouco, o resultado não poderia ser outro a não ser uma bela enxaqueca.

Abri minha bolsa e comecei a procurar algum analgésico. Sorri, eu havia o encontrado. Retirei a cartela de remédio de dentro da mesma e peguei a garrafinha de água que tinha sobre a mesinha a minha frente. Coloquei comprimido na boca, em seguida tomei um gole de água para engoli-lo. Pus a garrafa no mesmo lugar e encostei minha cabeça no vidro, afinal eu ainda tinha uma hora de viagem que poderia ser transformada em uma hora de bom sono.

— Lateefah! Lateefah! — Ouvi uma voz infantil gritar meu nome.

Virei-me para trás, fazendo um movimento suave, este fez com que a minha enorme saia esverdeada rodasse, meu longo cabelo chocolate esvoaça-se, por fim meus olhos que também eram chocolates se depararam com uma pequena garotinha que aparentava ter no mínimo uns oito anos de idade. Fitei-a intensamente, logo notei que ela fazia o mesmo.

— Como sabe meu nome? — Indaguei-a.

— O grande Verano pediu-me para lhe entregar isso, — ela me deu um pequeno pedaço de papel, abri-o rapidamente e avistei uma caligrafia impecável, esta marcava o horário e o lugar do nosso encontro. Abri um enorme sorriso. — Você é tão bela, assim como o senhor Verano a descreveu. — Disse-a para mim, abaixei-me ficando na sua altura e lhe dei um beijo na testa.

— Você é uma graça — disse voltando a ficar em pé — obrigada por isso.

—Não há de que — ela abriu um sorriso, um tanto banguelo, já que lhe faltava alguns dentes da frente. — Agora irei me retirar senhorita Lateefah, caso contrário sentirão minha falta —Acenou a rumou em direção à cidade.

Olhei para o bilhete novamente, sorri, Verano era mesmo um ser imprevisível.

(...)

— Vejo que veio. — Senti dois braços extremamente fortes enlaçarem minha cintura, em seguida lábios começam a roçar em minha nuca. — Senti sua falta Lateefah, falta do seu corpo junto ao meu, falta do toque dos seus lábios, falta do seu cheiro, falta dos seus sorrisos. — Esbocei um enorme sorriso ao perceber de quem se tratava. Virei-me e enlacei meus braços em seu pescoço, logo colei meus lábios aos seus.

O beijo começou calmo e tranquilo, com um misto de saudade e carinho, mas assim que nossas línguas se encontraram uma batalha fogosa se iniciou. Verano apertou minha cintura com força, fazendo com que eu me segurasse para não soltar um gemido, em seguida entrelacei minhas mãos em seus cabelos negros, alternando carinhos e puxões. Separamo-nos quando o ar se fez ausente, fitei o moreno a minha frente e comecei a apreciar sua beleza, cabelos negros curtos e bagunçados, pele clara, seus orbes negros pareciam duas ônix, seu sorriso encantador me tirava o folego. Desci minhas mãos pelos seus ombros largos até encontrar seu peitoral definido, então ele aproximou-se de mim e mordeu levemente o meu pescoço arrancando-me um gemido.

— Sabe o quão perigoso é seduzir uma cigana? — Perguntei com uma voz sensual.

— Um nobre espanhol não teme nada. — Disse-o entre os beijos que distribuía em meu pescoço. — Ainda mais quando ele tem só para si a mais bela cigana de toda a Espanha. — Esboçou um sorriso sedutor que derreteu meu coração.

Oh céus que homem era este? Verano era a perfeição em pessoa, sempre que eu estava com ele perdia toda a sanidade, ele me levava à loucura.

Acordei com alguém dando leves tapas em meu braço, bocejei e por fim consegui abrir meus olhos. Deparei-me com um senhor que aparentava ter em média quarenta anos, ele trajava um uniforme da companhia de trem.

— Já chegamos senhorita — Ele se retirou ao dizer isso.

Levantei-me pegando minhas coisas, em seguida rumei para a Estação de King's Cross St. Pancras, a qual era o destino final do trem. Assim que sai da mesma comecei a procurar por um taxi vazio. Achei-os uma graças, afinal não é todo dia que se vê um taxi tradicional britânico. Entreguei ao motorista um papel que continha o endereço do hotel, o qual a banda Sabertooth estava hospedada, assim que o mesmo o leu o entregou para mim novamente e deu partida no carro.

Em questão de segundos chegamos à frente do luxuoso St. Pancras London Hotel. Antes de sair do automóvel entreguei ao senhor britânico uma boa quantia em euros, e logo segui para a entrada do hotel.

Rumei para a recepção, entreguei para a recepcionista alguns documentos e junto com eles o meu cartão, o qual indicava que eu trabalhava para Magnólia Records, ou seja, eu estava junto com a boy band que era febre em toda a Europa. A bela moça loira dos olhos esverdeados me entregou uma chave, que tinha junto a si dois números, o primeiro era acompanhado a letra F, já o segundo da letra R, certamente seria sétimo andar, quarto número setenta e sete.

Agradeci-a com um sorriso e me desloquei até o elevador, assim que o mesmo chegou ao andar em que eu estava adentrei-o e cliquei no número sete, porém quando as portas estavam prestes a se fechar um belo moço passou entre elas. Ele possuía cabelos loiros curtos e um tanto bagunçados, seus olhos eram de um lindo azul-celeste, notei uma pequena cicatriz em sua sobrancelha direita, mas esta não diminuía sua beleza, até deixava-o mais sexy e atraente.

— Eu sei que sou bonito, mas não precisa me comer com os olhos —Zombou-o.

Fuzilei-o com o olhar, talvez o mesmo fosse mais belo de boca fechada.

— Eu estava apenas contando quantas espinhas há em seu rosto. — Respondi com indiferença, agora foi ele quem me fuzilou com o olhar.

— Você sabe com quem está falando? —Questionou-me.

— E eu deveria? — Dei de ombros.

— Eu sou Sting Eucliffe, líder, guitarrista e vocalista da Sabertooth, perto de mim você não passa de uma mera plebeia — Falou-o convencido, estendi minha mão para que ele apertasse.

— Prazer Eucliffe-san — Fez uma cara de nojo e eu ri.— Sou Lucy atual empresária temporária da Sabertooth. — Ele fitou-me com os olhos arregalados, mas em seguida soltou uma risada sarcástica.

— Sinto lhe informar, mas não irei cair nesse truque barato. — Suspirei pesadamente ao encostar-me à parede do elevador, existia cara mais convencido que esse?

Logo o sonho que eu tivera já hoje invadiu meus pensamentos, foi um tanto assustador, mas, ao mesmo tempo, parecia ser real. Nele eu era a cigana Lateefah. Era como se fossemos uma única pessoa. Eu senti todas as emoções dela, eu me vi nela, como isso seria possível? Suspirei novamente, talvez eu estivesse ficando louca, ou quem sabe minha imaginação de escritora estivesse dominando meu subconsciente, ou até mesmo ambas as coisas. Por hora eu deveria me focar no trabalho e nada, além disso.

Mal eu sabia que meu livro oitenta e oito constelações estava prestes a ganhar uma continuação, pois um romance nunca é um romance se não tiver seus mistérios, não é mesmo? Soul Sister iria além do que conhecemos e mostraria ao mundo desde o meu trágico fim até o meu grande renascimento.

By: Lucy Heartfilia.