Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 8
Parte VII


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me a demora, mas este final de semana foi muito complicado para mim. Tive dois simulados, um no sábado e outro no domingo. Se não bastasse isso, eu ainda tive uma festa de quinze anos para ir na virada de sábado para domingo. Bem... Vocês provavelmente já devem saber o meu estado depois disso. ._.'

Sem falar que eu tive prova hoje, na terça-feira, e por causa do final de semana complicado, eu tive que estudar um dia antes e nas pressas.

Mas agora eu estou aqui com um novo capítulo, espero que gostem.

Boa leitura :)



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Quinze anos em 1936

Não muito diferente do que você vive hoje, leitor; as garotas do pré-guerra  também valorizavam muito os seus quinze anos. Mas sempre há quem não se importa tanto com isso. Um exemplo disso é Andrija. Ela não era muito ligada a isso e provavelmente nunca seria.

Naquela manhã, estava sentada junto a Vencelau embraixo de uma árvore. Ela lia um livro que ele havia emprestado, enquanto o garoto de dezessete anos enrolava os dedos nos longos cabelos castanhos claros de Andrija, acariciando-os.

Ele sorriu.

- Você não parece tão animada... - Ele comentou.

Ela tirou a atenção no livro e olhou para ele.

- É que eu... Não sinto algo assim de tão especial no meu aniversário. É como se fosse um dia comum para mim, entende?

Ele assentiu.

- Eu entendo sim... - E continuava acariciando os cabelos dela.

- Hum... Por que você faz isso? - Perguntou ela.

- O que?

- Passar a mão no meu cabelo.

Ele alongou o sorriso.

- Ele é liso, comprido e macio, é bom de ficar passando a mão nele.

Ela corou. De fato, os elogios de Vencelau significam muito para ela. Isso demonstra o carinho que ambos sentiam um pelo outro.

- Obrigada... - Ela disse com uma voz rouca, um pouco tímida.

Sem tirar o sorriso do rosto, ele levantou-se. Esticou a mão para que ela se levante. E assim, Andrija o fez, pegou a mão dele, que ajudou-a a se levantar.

Olharam um nos olhos do outro.

- Você pode ficar com esse livro, pelo visto gostou muito.

Andrija surpreendeu-se. Apertou o livro com as mãos.

- Verdade? M-Mas Vencelau... - Ela engoliu em seco. - Esse é um dos seus livros favoritos e... - Foi interrompida.

- Eu insisto que fique com ele. - Ele parecia bem tranquilo e feliz. - Afinal, é o seu aniversário, não é? Mesmo que não se importe tanto, é necessário que ganhe presentes.

Ela sorriu para ele. De fato, o melhor presente que havia recebido em anos. Um livro; não apenas um simples livro. Aquele era o livro em que Vencelau entregou para ela.

A fase adulta de Alexis

Duas coisas aconteceram em 1939: Primeiro, Alexis, com vinte e três anos, ganhou um trabalho na empresa em que seu pai adotivo trabalhava. Segundo, Alemanha invadiu a Polônia, a Segunda Guerra Mundial começou.

Definitivamente, a vida não estava boa para os judeus de Belgrado. Não seria diferente de Scepan e Andrija, que foram restringidos de várias coisas, como de sair de casa até tarde e fazerem compras em algumas lojas. Ainda tinha horários para cumprir, e ainda tinha uma maldita estrela amarela, a Estrela de Davi costurada em seus casacos. Isso para os Krleza, para os Petrovik e para todas as outras famílias de origem judaica residentes na Iugoslávia e na Europa.

Mas vamos para Alexis e seu primeiro dia de trabalho. Provavelmente um dos mais jovens trabalhadores na empresa de fabricações de jornais. Ele não estava nervoso, muito longe disso.

Só existia uma pessoa mais jovem do que ele trabalhando naquele local, uma mulher de vinte e dois anos romena chamana Hannelli Dracuela. Sendo descendentes de ciganos, refugiou-se com o irmão para a Iugoslávia quando Hannelli tinha cerca de onze anos de idade. O refúgio era por culpa da perseguição aos ciganos na Romênia. Quatro anos mais tarde, seu irmão mais velho ficou gravemente doente e morreu aos dezessete anos. Sozinha e sem saber o que fazer, aos dezesseis anos foi acolhida pelo dono daquela empresa, para que pudesse trabalhar lá, em troca de moradia e comida.

Ela era loira, com cabelos médios e ondulados; olhos cor de mel e uma pele com uma tonalidade branca. Ela era secretária de lá. E logo, trabalharia com Alexis em várias coisas.

Mais ou menos uma semana depois da sua entrada na empresa, Alexis percebeu que conhecia Hannelli de algum lugar. Não conseguia lembrar-se de onde. Certa manhã, os dois estavam sozinhos no salão principal da empresa.

De alguma forma, ele deu uma iniciativa:

- Bom dia. - Falou educadamente.

Hanna - como era conhecida por lá. - olhou diretamente para ele.

- Bom dia, senhor Alexis.

Como ela sabia o nome dele é fácil, ela sabia de todos os trabalhadores novatos. Ela estava sentada no balcão da recepção. Alexis chegou mais perto dela.

- Qual seria o seu nome? - Perguntou Alexis.Ao ver de mais perto o rosto dele, teve a impressão que conhecia ele de algum lugar, talvez de vista. Sem sucesso.

- Meu nome é Hannelli. - Ela respondeu. - Sou secretária daqui. Pode me chamar de Hanna.

Ele juntou as sobrancelhas.

- Hanna... - Repetiu. - Prazer em te conhecer.

Ela assentiu, passando alguns segundos em silêncio.

- O prazer é meu e... - Levantou-se, aproximando-se dele. - Senhor Alexis... Nós já nos conhecemos?

Então, ela também tinha aquela impressão. Era estranho. O rapaz deu de ombros.

- Talvez... De vista. - E deu um meio sorriso. - E não precisa me chamar de "Senhor".

Ela corou.

- Er... Tudo bem. É que eu já estou acostumada...

Ele suspirou.

- Tudo bem.

Como qualquer outra mulher, Hannelli se encantava com a beleza de Alexis. Sempre foi assim e sempre será. Fazia força para procurar as lembranças dele, pois sabia que o conhecia, mesmo de vista.

- Você é daqui da Iugoslávia...? Só por curiosidade. - Ela perguntou.

Ele fez que não.

- Vivi muito tempo aqui, desde os meus seis anos. Na verdade, eu sou búlgaro.

Pelo menos uma coisa tinham em comum: Ambos não eram iugoslávos.

- Interessante... Bem, eu sou da Romênia.

Ele juntou as sobrancelhas novamente.

- Nossa...! Eu nunca conheci uma romena antes.

Ela sorriu largo.

- Pois agora conhece.

Foi a partir desse dia de 1939 que os dois começaram a conversar um com o ouro. No que iria dar isso, só o destino sabia.

Injustiça judaica

Há muito tempo Andrija ouvia de seus pais: "Deveriamos nos mudar para algum lugar mais seguro do que aqui. Já como somos judeus, logo nós não vamos mais ter liberdade nem para respirar o mesmo ar que os cristãos."; e sempre ficava com medo. Não queria abandonar a Iugoslávia, aquele era o seu lar; mas também não queria passar o resto da sua vida sendo condenada a restrições injustas, só porque era judia.

O mesmo aconteceria com Scepan, que foi proibido de ir para vários lugares com os amigos. E ainda tinha que aguentar a alienação dos pais, que mal perceberiam o que estava acontecendo.

Era uma guerra que estava a cada passo mais próxima à Iugoslávia. A mente de todos os habitantes - judeus ou não - tinha sido esvaziada, porque eles estavam com muito medo.

Pensando em coisas boas; Elizabeta, irmã mais velha de Andrija, havia encontrado alguém, um noivo. Ele também era judeu e se chamava Roderich Edelstein. Isso fazia com que os Krleza se aliviem um pouco mais. Se Deus quiser, os dois noivos estarão vivos para se casarem. Deus irá querer isto, não é?

Pobre deles, mal sabiam do que estava por vir.

Enquanto a Vencelau? Mesmo com as restrições e os boatos de que "os judeus são inferiores" "os judeus são pessoas do mal" ou coisas do tipo, ele nunca deixou de falar com os seus melhores amigos. Ambos judeus, Vencelau não podia fazer nada em relação a isso.

Mas vendo todas aquelas restrições, acabava com que o coração de Vencelau doesse. O que eles tinham de tão ruim? O que eles fizeram?

São questões que, como sabes, até os dias atuais não se tem resposta. O que Vencelau queria era que isso não comprometesse a vida de Scepan e Andrija.

Eis uma verdade - que você provavelmente já deve saber. -: Alexis e Vencelau têm um pouco de sangue judaico correndo por suas veias, por causa de sua mãe biológica, Lisa Petrovik. Mas ninguém sabia, além de seus pais adotivos.

Acha esse sobrenome familiar? Pois é, a verdade está aí. Lisa Petrovik, a irmã mais nova de Louis Petrovik, pai de Scepan.

A verdade era essa: Vencelau e Scepan eram biológicamente primos, mas não sabiam disso.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo?

De novo, desculpem-me a demora. Mas esse capítulo é o início do conflito da história. Espero que tenham gostado.

Até o próximo capítulo :)



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