Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 5
Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, estou postando aqui haha!
Estou muito contente pelos reviews, espero que gostem ainda mais da minha história, ela é cheia de emoções e surpresas =D



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Um pouco sobre a amizade dos irmãos.

– Alexis, Alexis! - Vencelau chamava o seu irmão mais velho, que estava lendo um livro, sentando em um banco.

O mais velho suspirou.

– O que foi, Vencelau? - E aquele pré-adolescente de treze anos ainda não olhava para o caçula; estava ocupado demais ajeitando o casaco. Que frio insuportável fazia naquele inverno.

– O que você está lendo? - Irmãos mais novos sempre serão irmãos mais novos, sempre interrompendo com perguntas bestas.

Alexis massageou os olhos.

– Você me interrompeu só para perguntar isso? - Juntou as sobrancelhas, lançando um olhar para Vencelau. E toda vez que via aquele olhar, a pobre criança se calava, engolindo em seco. Por fim, Vencelau fez que sim. - Pois bem... Um livro qualquer de sociologia. - Voltou sua atenção ao livro.

Vencelau tímidamente foi para o lado dele, com um meio sorriso no rosto.

– Só mais uma coisa, Alexis... - Ele deu uma risadinha. - Por que você é tão monótono?

O garotinho pensou que aquilo não iria afetar emocionalmente Alexis, mas estava errado. O mais velho lançou um mesmo terrível olhar, mas agora estava tristonho. Vencelau parou de sorrir, sentindo-se mal.

– Er... Desculpe-me, irmão.

Alexis balançou negativamente a cabeça, pedindo para que não se desculpasse.

– Não se preocupe, irmãozinho. Eu é quem não deveria me importar com isso. Eu sei que sou estranho e muito quieto, mas eu não posso fazer nada, eu sou assim.

Vencelau aquietou-se, revirando o olhar. Alexis voltou sua atenção ao livro. O que mais doía no garotinho era ver o seu irmão cabisbaixo daquela maneira. Até que teve uma ideia, e sorriu ao tê-la.

Fez uma bola com a neve e acertou no seu irmão.

– Mas o que...! - Alexis tentou pronunciar algo.

Vencelau começou a correr.

– Venha me pegar! - E riu.

Alexis levantou-se e começou a correr atrás dele.

– Volte aqui, seu pirralho! - Mas ele não sentia raiva, ficava feliz em ver que o irmão mais novo se importava com ele e como ele perdia o seu tempo achando alguma maneira de destrair o seu irmão.

Era nessas horas de afeto fraternal em que Alexis sentia-se importante. E se tinha uma pessoa com quem Alexis poderia confiar, era no seu irmãozinho.

Semelhanças entre pai e filho

Ano de 1931; parecia que o tempo passava rápido. Naquele dia de outono, Alexis caminhava com o seu pai adotivo, Wagner. Eles conversavam sobre diversas coisas, inclusive mulheres. Afinal, Wagner sentiu a necessidade de ter que falar sobre essas coisas com ele, que já tinha quinze anos de idade.

– Você nunca se apaixonou, Alexis? - O pai perguntava.

Alexis fez que não.

– Não que eu saiba... - Revirou o olhar. - Eu não sou muito bom em perceber os meus próprios sentimentos. É estranho, não é?

Wagner suspirou, olhando para o lado oposto a Alexis. Olhava as árvores que passava, e mesmo sem olhar para os olhos do filho adotivo, respondeu:

– Não, não é... - Não falou com confiança.

Alexis parou de andar.

– Tem certeza...? - Ele pareceu nervoso.

Wagner parou na mesma hora, agora olhando para os olhos do filho.

– Alexis... A minha impressão é que você se acha estranho demais. - Balançou negativamente a cabeça. - Não se sinta assim. Você tem um entendimento melhor do que os garotos da sua idade, só isso. Mas você não é estranho. - Pousou a mão no ombro dele. - Mais tarde, quando você tiver o seu trabalho, você vai entender.

Voltou o seu olhar para o pai, tentando ao máximo acreditar nas palavras dele.

– Eu não tenho uma baixa autoestima, pai.

Ao olhar para os olhos castanhos esverdeados do filho, logo lembrou-se se alguém. Alguém que ele não falava faz tempo.

– Você me lembra muito o seu pai, o Maxis.

"Você me lembra muito o seu pai."

"lembra muito o seu pai."

"o seu pai."

"Maxis"

Pobre Alexis.

Ergueu o olhar, raivoso. Como se o que Wagner tinha dito fosse uma heresia. Balançava a cabeça negativamente, o que de certa forma fazia um contraste com o seu olhar de desaprovação.

– Por favor, não me compare à ele. - E virou-se bruscamente, andando da mesma forma.

Wagner o seguiu.

– Quer dizer que se lembra dele?

– Lembro do rosto, lembro daquele rosto despresível. E parece que nunca irei esquecer.

Wagner o olhou com uma expressão sofrida.

– Mas você não está entendendo, Alexis... Ele amava vocês.

Alexis virou-se para o pai adotivo; com raiva, profundo ódio dentro daqueles olhos.

– Então por que ele nos abandonou? Por que ele nos deportou para outro país?

Wagner não conseguia achar alguma resposta; jogou uma sem pensar:

– Ele achava que os dois ficariam melhor sem ele.

Alexis abaixou o olhar. E só de olhar para aquela reação, não tinha jeito; Wagner só conseguia lembrar de Maxis quando olhava para os olhos de Alexis.

– Mas... Até na aparência... Vocês dois...

Levantou o olhar de novo, ainda com uma certa raiva.

– Eu não sou parecido com ele.

Concuída a conversa, Alexis virou-se e caminhava voltando para sua casa. Wagner suspirou e o acompanhou. Pediu desculpas, não sabia que ele odiava tanto assim o pai biológico. Ainda com a dor de se sentir abandonado.

Mas ainda assim; as expressões, o modo de pensar, o jeito de falar, as ideias e as impressões. Maxis e Alexis ainda assim eram tão... parecidos.

Raízes do amor judaico por um não-religioso.

Ano de 1934. Estavam em uma pequena ponte Vencelau e Andrija; olhando para as águas do pequeno rio que percorria por lá. O frio era algo que não era preocupante para dois jovens, um de quinze e outra de treze anos.

Seguiam o mesmo processo desde crianças: Vencelau falava muito, enquanto Andrija apenas escultava; ás vezes questionava, mas eram poucas as vezes. Na maior parte do tempo, a garota apreciava o rosto do sérvio.

Ao olhar para ele, Andrija esquecia do que era, e do que ele era. Era uma judia, que sabia que aquele garoto não tinha religião, não se sabe exatamente se ele acredita ou não em Deus. É algo em que Andrija tinha medo de perguntar a Vencelau.

Era realmente um amor bonito daquela croata judia pelo jovem sérvio. Eram melhores amigos, mas sentia algo a mais quando ele a abraçava. Seja um abraço de despedida, ou um abraço de bom dia. Um amor meio que "Romeu e Julieta"; a garota não sabia ao certo se seus pais aceitariam.

– Andrija... Você está tão quieta nesses dias. Aconteceu algo? - Perguntou o jovem.

A garota balançou negativamente a cabeça, olhando para ele em seguida.

– Nada... É que eu estava pensando em algo.

Vencelau aproximou-se dela, curioso. Sim, Vencelau era uma pessoa altamente curiosa; chega até ser um pouco chato em vezes. Mas era algo dele que não podia se resolver.

– E o que seria esse "algo"?

Ela engoliu em seco.

– Eu poderia... - Pensou um pouco antes de falar. - te fazer uma pergunta?

O jovem a olhou confuso, mas fez que sim. Andrija teve que reunir coragem suficiente para perguntar:

– Você acredita em Deus...? - Ficou nervosa ao perguntar.

A reação dele foi um pouco diferente. No que se poderia imaginar um olhar incrédulo, veio um olhar duvidoso e pensativo.

Uma só resposta definiria os tãos longos pensamentos que deixavam a menina nervosa:

– Eu não sei.

Como não sabe? Como alguém não saberia o seu prórpio credo? Mas Andrija aceitou a resposta, como sabia que religião era um assunto difícil de se falar. Ela apenas balançou a cabeça positivamente.

Voltaram a olhar para o rio. Até que Andrija revirou o olhar para ele novamente, com o rosto vermelho. Aproximava a sua mão da dele, sem que o jovem percebesse. Ela engoliu em seco, antes da distância entre as duas mãos serem mínimas.

Algo interrompeu. A voz de um garoto:

– Vencelau! Andrija! - Era Scepan.

Vencelau olhou para ele, com um sorriso no rosto.

– Bom dia, Scepan. - Falou o outro garoto.

Imediatamente, Andrija segurou a própria mão. Tinha perdido a oportunidade. Se pudesse ter sido mais rápida...

– Bom dia... - Ela falou baixinho.

Scepan olhou para ela, confuso.

– O que foi, Andrija?

Ela abaixou as mãos, com uma expressão incrédula no rosto.

– N-Nada... Ah... Não foi nada. - Ela sorriu torto.

Scepan sussurrou para Vencelau:

– O que ela tem?

Vencelau deu de ombros. Andrija se aproximou deles.

– O que vocês estão sussurrando? - Perguntou desconfiada.

Os garotos ergueram as mãos.

– Nada. - Juntos. Como se tivessem medo dela.

Ela sorriu.

– Por que demorou tanto, Scepan?

Scepan se encolheu. Ele tinha uma vida complicada; era de uma

família de origem judaica; os pais brigam muito e ele é obrigado a conviver com isso o tempo todo. Além da sua irmãzinha mais nova, que não parava de irritá-lo. Com a falta de atenção dos pais, o garoto tinha que fazer as coisas sozinho desde muito cedo.

– Vocês sabem...

Vencelau e Andrija se entreolharam.

– Me desculpe... - Falou Andrija.

Scepan sorriu.

– Não foi nada.

Depois disso, fizeram o que normalmente fazem quando estão juntos. E em algumas esquinas, Vencelau percebia os olhares indiscretos dos outros garotos para Andrija. O jovem sentia ciúmes, muito mesmo. E ele parecia gostar de acreditar na ideia que só sente isso porque ela é a única amiga menina dele. Mas não podia de forma alguma negar que ela era uma garota linda, com olhos verdes esmeraldas e cabelos longos, lisos e castanhos. Céus, ela era linda demais. Era como Vencelau pensava.

Pobre dele, caindo na armadilha do amor tão cedo...


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Espero que tenham gostado do capítulo.
Mas não posso prometer que vou postar sempre, porque a minha internet não é uma das melhores.
Espero que entendam ;w;



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