Eu estava sendo esperado no portão por uma garota impaciente pela qual eu queria passar sem ser notado, mas isso não foi possível. A expressão dela mudou ao me ver e ela exibiu um sorriso relaxado.

-John! –Acenou para mim como se nada tivesse mudado. Eu queria que isso pudesse ser verdade.

-Anne, hum, bom dia.

-Temos a primeira aula juntos.

-Que bom. –Eu deveria ter ficado em casa hoje. Segunda temos a maioria das aulas juntos. Talvez se eu explicar para ela, posso contornar essa situação. –An, eu... Você falou sério quando disse que me ama?

-Sim, John.

-E entendeu quando disse que não gosto de você desse jeito?

-Infelizmente sim. –Minha Pequena desviou o olhar para longe do meu. Ela parecia triste. Sem pensar, estendi a mão para conforta-la, antes que eu fizesse isso ela se virou e sorriu. –Mas eu te amo e não vou desistir de você. Agora venha, não quero chegar atrasada.

Fui conduzido pela mão até a sala de aula. Eu estava enfrentando a determinação dela por mim mesmo. Ainda era bastante confuso o fato de ela se sentir daquele jeito quanto a mim. Preciso esclarecer meus sentimentos.

Tudo correu rápido até o intervalo. Contrariando nosso costume, ela se sentou com algumas amigas em outra mesa depois que lhe entreguei parte do meu almoço. As pessoas nos encaravam de um jeito estranho, olhando dela para mim sem parar e cochichando sabe-se lá o que. Ignorei tudo e me preparei para algumas aulas sem ela.

-Sabia, cara. –Mark veio assim que nos afastamos. –Você estava guardando a garota para si, não é? É por isso que ficou todo nervoso comigo outro dia.

-É... –Melhor não tentar responder nada. Ele provavelmente não conseguiria entender a situação nem se eu desenhasse. Deixei que ele continuasse falando.

-Muito esperto da sua parte. Anne é muito inteligente e nunca ouvi alguém falar nada negativo sobre ela, ela também é boa em vários outros aspectos, se é que me entende.

-Olha aqui, Mark... –Eu estava com uma vontade latente de socar a cara dele por falar dela com aquele tom.

-Calma, calma. Só falei a verdade. Os outros não tiveram sucesso em se aproximar dela como você, e não foi por falta de tentativa.

-Cale a boca e estude, certo? Você é irritante.

Na aula seguinte foi a vez de Peter. Mas o que é isso? Algumas aulas juntos e o colégio todo já sabe que estamos “namorando”? Peter só me parabenizou por conseguir expressar meus sentimentos para ela. Realmente nenhum deles entendia pelo que eu estava passando.

-Anne, preciso falar com você. –A puxei de uma roda de garotas na saída.

Caminhamos até um parque e nos sentamos na grama. Ela pôs sua mão sobre a minha. Eu me virei surpreso e fui surpreendido com um beijo.

-Sei que está confuso. Mas tente entender o que sente quando faço isso.

-Não sei, An. É estranho. Nunca pensei em você desse modo.

-Tente. -Ela insistiu, me beijando de novo.

-Espera. –A empurrei com força, derrubando-a na grama.

-Você está nervoso. Gosto disso. –Ela riu.

-Pare de me provocar.

- Vamos, tente me beijar e ver o que sente.

-Beijar você? Não posso fazer isso.

-Por favor, John.

-Não.

-Estou pedindo. Por favor, John, só um beijo.  -Eu também devo ser o único cara no mundo que faz uma garota implorar por um beijo.

Suspirei. Aquilo era tortura. Porque ela estava me pedindo? Se eu não o fizesse, a magoaria muito e eu não quero isso. Fazer tudo o que puder por ela, dar a ela o máximo de mim.

As pequenas mãos de Anne seguram meu rosto. Ela fecha os olhos. Presto bastante atenção em cada detalhe daquele rosto que me é tão familiar, eu conheço até o menor deles. Anne definitivamente é bonita, mas em nenhum momento eu havia pensado nela de um jeito diferente, do jeito que ela pensa em mim agora.

Me inclinei para mais perto devagar até beija-la suavemente. Assim que o fiz, Anne tomou o controle e pressionou seus lábios contra os meus com uma força abrasadora. Alguma coisa se agitou dentro de mim. Ela me soltou, respirando rápido.

-Foi ruim?

-Não. Nada do que você faz é ruim. –Admiti. –Mas porque está fazendo isso comigo?

-Eu te amo, John. Com o tempo, você vai me amar também.