Eu já não acreditava que pudesse ser Josh, minha cabeça ainda estava doendo o que me dificultou um pouco de reconhecer a voz de quem estava me chamando. Quando me virei para ver quem era, quase caí pra trás. Era Josh, sim e, mais feliz do que nunca por ter me visto ali naquele corredor. Ele veio caminhando rapidamente em minha direção e ao me ver pálida e com um papel nas mãos logo imaginou que eu havia passado mal.

- Demi! Ai, que alívio! Você tá bem? O que aconteceu? Você tá pálida meu anjo! Que papel é esse que você tá segurando? Você passou mal? - ele começou a fazer tantas perguntas que eu já não me lembrava nem do meu nome.

- Josh... - ele não parava de me fazer as mesmas perguntas - Josh... Josh! - gritei - Vai devagar, tá! Eu tô meio zonza. Eu tô bem sim, e você, como é que tá se sentindo?

- Ah, desculpa! Eu tô melhor. Tô meio mole, mas tô bem. E você, o que aconteceu?

- A gente pode conversa depois que eu dormir um pouco? Não tô me aguentando em pé. - falei fazendo-o rir.

- Tudo bem. Vamos.

Fomos todos de volta para o hotel. Ninguém dizia nada no caminho, acho que ninguém tinha algo à dizer. Pelo menos não que pudesse ser dito e não começasse uma discussão ali mesmo. Durante o caminho todo Josh (que estava sentado ao meu lado), foi abraçado à mim. Fazendo cafuné em meus cabelos e beijando minha testa. Ele disse que eu estava quente e que ele iria cuidar de mim, porque eu agora era sua protegida.

Chegamos ao hotel e fomos cada um para os seus quartos pegar as malas para descermos novamente. Quando saí do quarto, vi que todos estavam à frente do elevador à espera do mesmo. Me juntei à eles e fiquei quieta o tempo todo. Eu guardei o papel que o médico havia me dado dentro da bolsa e esqueci de mostrar para Josh.

Fomos novamente em silêncio durante o trajeto feito ao aeroporto. Dessa vez eu decidi quebrar o silêncio. Não aguentava mais o clima extremamente pesado que pairava naquela van.

- Nós vamos direto pra Paris? - perguntei.

- Sim. Nós vamos da jatinho. - respondeu Josh orgulhoso.

Logo chegamos ao aeroporto. Ainda teríamos que esperar quinze minutos, para que a bagagem fosse posta no jatinho. Como estava entediada e não muito afim de papo, fui até uma banca e comprei umas revistas e uns caça-palavras (aproveitei que ainda estava em Portugal pra comprar coisas em português, não gostava das revistas americanas).

Paguei as revistas e fui me sentar perto dos outros. Logo, aparece Josh nos chamando para ir embora. Fomos todos para o avião. Sentamos ainda em silêncio. Aquilo estava me incomodando tanto, mas eu mal sabia que aquele silêncio que até então era incômodo, se tornaria a salvação. O piloto fechou a porta da sala de controles, nos deixando “à sós”.

- O que deu em você, Josh? Tá ficando doido? Você nunca foi tão irresponsável! - começou Terry, o que pareceu ser uma deixa para que todos começassem também.

- Qual é o seu problema, hein? Esqueceu que você é o produtor de uma banda que além de muito famosa, está em turnê? - continuou Will.

- Gente, por favor, pára! Agora não adianta mais discutir. Já tá tudo resolvido, não tá?! Tá todo mundo bem e indo pra Paris, como o combinado certo! - eu não achava certo o que eles estavam fazendo.

Admito que Josh havia agido muito mal, mas isso não era motivo pra tanto. Eles falavam como se Josh tivesse que viver só e unicamente para a banda. Ele tinha o direito de se divertir de vez em quando também, não é mesmo?

- Não, Demi... Deixa eles falarem... - retrucou Josh num tom de voz tão baixo que era quase inaudível.

- Mas Josh... Não... Não é justo... - eu não aceitava aquilo, mesmo!
- Justo? O que não é justo, Demi? - perguntou John, um tanto quanto arrogante.

- Deixa ela em paz! - interviu Terry.

- Não, agora deixa ela falar! - continuou John.

- Não é justo vocês castigarem ele desse jeito! - comecei bem séria - Ele também tem o mesmo direito que nós de se divertir de vez em quando.

- Se drogando? - indagou.

- Se é assim que ele acha que vai resolver os problemas dele...

- Problemas? Que problemas, Demi? O cara tem a maior vida mansa.

- Vida mansa? Onde, John? - aí ele me irritou de verdade.

- Vida mansa temos nós, que temos tudo o que queremos em um piscar de olhos nas nossas mãos, que somos tratados como deuses.

- Deuses? É isso que se ganha de recompensa por trabalhar com o que nós trabalhamos.

- E ele não trabalha com a mesma coisa? - perguntei provocando-o.

- Ele é o produtor. Não precisa se preocupar em agradar à fãs o tempo todo.

- É lógico que precisa. Ele passa o tempo todo pensando no que vamos fazer para agradar os fãs. É ele que sempre procura uma saída para os problemas que nós entramos. Não é justo puni-lo de tal forma.

- Ele pensa e nós agimos. Nossa que profissão desgastante, não?! - perguntou sarcástico.

- Qual é a sua, hein? Ficou nervosinho por que? Por que ele errou uma vez? E você? Faz o que?

- Eu sou o guitarrista, tá! E eu tenho todo o direito de ficar do jeito que eu quiser.

- Toca guitarra, grande porcaria! Você não é necessário nessa banda! Em menos de cinco minutos, a gente pode encontrar um outro guitarrista pra substituir você!

- Ah, mas você se acha muito importante não é mesmo? Você nunca vai ocupar o lugar da Amy! Você não é ela, então pára de agir como se fosse ela. - aquilo realmente me aborreceu. Cheguei perto dele, eu estava pronta pra descer a mão na cara daquele infeliz, mas Terry segurou minha mão antes mesmo que eu a levantasse.

- Não! Pára Demi, não vale à pena. Ele só tá nervoso e você também. Vai ficar tudo bem. - disse ele enquanto olhava para John.

- Demi, vem, senta aqui. - me chamou Rocky.

Eu nem pensei duas vezes. Logo me sentei ao lado dele e ele me abraçou e perguntou se eu estava bem. Me deu um copo d’água e ficou ali conversando comigo. Da minha poltrona eu podia ver Terry e John conversando (discutindo, pra sr sincera). Eles falavam baixo para não chamar a atenção. Josh nem ao menos tentou se defender. Eu então pensei em ajudá-lo, dar um apoio moral. Fui então me sentar ao seu lado, mas não antes de agradecer Rocky por tal carinho.

- Oi - disse sentando-se ao lado de Josh.

- Oi - ele respondeu com um sorriso meigo no rosto.

- Olha, eu não vou deixar aquele infeliz te tratar desse jeito, mas não vou mesmo!

- Demi, tá tudo bem. Eu só preciso saber que você tá do meu lado.

- Eu tô!

- Então eu não preciso de mais nada... Pensando bem... Preciso sim!

- Do que?

- De um beijinho e um abraço bem gostoso. - respondeu com um sorriso muito meigo.

Dei um beijo em sua bochecha e fiquei ali abraçadinha com ele, um bom tempo. Aí ouvi um barulho de música eletrônica e pensei que fosse meu celular tocando. Abri minha bolsa, mas num momento de distração soltei uma das alças fazendo com que tudo o que estava ali, caísse no chão, inclusive a tal receita.