Eu não queria conversar com ele naquele momento. Eu queria ficar sozinha. Tinha algo me incomodando e eu não sabia o que era. Mas não queria ninguém por perto. Queria estar sozinha no mundo, pelo menos por alguns minutos. Eu chamei o elevador, mas o mesmo estava demorando para chegar e eu podia ver Terry se aproximando cada vez mais.

Entrei em uma porta enorme e pesada onde tinha uma placa dizendo ser a escada de emergência do hospital. Eu não pensei duas vezes e entrei batendo a porta. Quando senti a mesma se fechar atrás de mim, parei e comecei a pensar. E agora, eu devo subir ou descer? Não quero ninguém me atazanando, acho que ir para a cobertura será a melhor solução.

Então, mais do que rápido, comecei a subir as escadas correndo e, quando ouvi a porta se bater de novo (provavelmente era Terry) eu já tinha subido dois andares. O único problema é que o prédio do hospital tinha quinze andares e o Josh estava no segundo, ou seja, eu teria que subir muuita escada!

Eu ainda pude ouvir Terry chamando o meu nome e sendo deixado no vácuo. Eu não queria mesmo conversa com ele. Para piorar a minha situação, aquela tontura que eu havia sentido no dia anterior, estava voltando e com força total! Eu podia sentir minhas pernas tremerem à cada degrau que eu subia. Eu estava quase chegando, já estava no quartigésimo andar (não sei se é assim que se fala, ok).

Quando cheguei à cobertura, quase fui jogada escada abaixo pelo vento que entrou assim que eu abri a porta. Estava ventando muito naquela noite e eu estava sem jaqueta, já que eu, distraída (desligada), como sempre, havia esquecido a minha jaqueta no quarto do hotel, durante a correria pra levar Josh pro hospital.

Eu sentia o frio rasgando a minha pele, mas mesmo assim, me sentia bem. Me sentia confortável. Me sentei na beira do hospital, mas não ficando muito às vistas, afinal, a última coisa que eu queria era chamar a atenção de alguém.

Fiquei lá sentada por horas (mentira, foram uns cinco minutos) até que, ouço a porta se abrir (sim, ela fazia um barulho irritante quando era aberta). Não olhei pra trás, pois sabia quem era e o que eu provavelmente iria ouvir dele.

- Demi!... - parou para tentar recuperar o fôlego - Demi? Demi, sai da beirada, já! Anda, sai daí! Tá ficando louca? - ele gritava desesperado ao me ver sentada na beirada da cobertura.

- Eu tô bem! Me deixa em paz! - gritava tentando fazer com que ele se afastasse.

- Demi, por favor! Olha... Eu sei que eu errei, não devia ter falado daquele jeito com você, mas foi sem intenção de te magoar! Eu também tava assustado com o Josh! - dizia ele inconformado com o que via.

Eu queria provocá-lo. Mostrar que eu era poderosa e que nada nem ninguém me atingia. Me levantei e comecei a andar no meio-fio da cobertura enquanto ele falava. Até eu estava assustada com a minha reação. Não me reconhecia mais era como se eu estivesse dopada também! Eu caminhava com a maior calma do mundo e ria descaradamente da cara do Terry, que ao me ver andando ali, quase teve uma parada cardíaca. O vento parecia me puxar pra baixo. Mas eu não era fraca e continuava a duvidar da natureza.

Sentia minha cabeça latejando e tudo ao meu redor girando. Foi quando eu caí sentada na cobertura. Tá, eu não caí, eu me joguei mesmo. Queria acordar daquele transe super esquisito. Eu estava me sentindo meio mal nos últimos dias, meio... Vazia.

De repente pude sentir as mãos de Terry no meu ombro e logo depois seus braços me abraçando por trás. Aquele abraço me passou uma sensação enorme de carinho e de ternura. Era exatamente o que eu precisava. Ele me soltou e se ajoelhou de frente pra mim. Não foi preciso uma única palavra vinda de sua boca. Ele então me deu um beijo suave na testa e me abraçou novamente. Ficamos ali, naquele momento de irmãos durante alguns minutos, até que uma equipe de enfermeiros saiu daquela porta como se estivessem atrás de algum louco que havia fugido do seu quarto.