Me separei do beijo, contra a minha vontade. Eu o olhava ainda não acreditando no que tinha acabado de acontecer.

– Eu preciso ir. – fui me distanciando aos poucos.

– Mas, e o brigadeiro? – ele apontou para o prato em cima da mesa.

– Fica pra outro dia. – me virei e segui em direção à porta.

– Espere – ele segurou meu braço – Você ficou chateada, por causa do beijo? – ele me olhava.

– Não. – eu sorri – Eu realmente preciso ir.

Saí da casa e segui pela calçada. Em poucos minutos eu cheguei à minha casa. Larguei a bolsa no sofá, e subi pro meu quarto. Me joguei na cama e fiquei pensando no que tinha acontecido a poucos minutos atrás. Eu não acredito que beijei o Nick. Aquilo não podia ter acontecido. Mas não, foi ele que me beijou, a culpa é dele. Aquele idiota! Conseguiu me seduzir com seus lindos olhos verdes. Eu gostei do beijo, não posso negar. Mas não posso me envolver com ninguém por agora. Me perdi em pensamentos e acabei pegando no sono.

(...)

Hoje o trabalho está me estressando. A garota que dividi a sala comigo não para de reclamar das coisas. E de quebra, eu ainda não terminei o meu ultimo projeto. Precisava da ajuda da Catherine, mas ela está no Brasil, então não podia me ajudar em muita coisa. Eu também estava resolvendo algumas coisas que ela deixou na minha responsabilidade.

– Lisa – o Nick entra na minha sala.

– Esqueceu de bater na porta. – eu falo sem tirar meus olhos dos papéis.

– Calma, eu só vim te contar uma novidade. – ele estava sorridente.

– O que foi? – mostrei interesse.

– Sabe aquela música que você me mostrou semana passada?

– Sim... – eu o incentivei a continuar.

– Eu consegui pegar ela no violão! – seu sorriso se abriu ainda mais.

– Sério? – minha expressão estava alegre – Que bom! Como conseguiu?

– Eu fiquei treinando bastante – ele estava em frente a minha mesa – meus dedos ainda estão doendo – ele olhava pros dedos e eu ri.

– Com o tempo você se acostuma! – eu sorri.

– Por falar em violão, hoje é dia de aula, lembra? Você pode passar lá em casa?

– Ah Nick, desculpa. Mas é que eu estou tão atarefada...

– Eu passo na sua casa então – ele me interrompeu – e eu posso te ajudar com a papelada.

– Se for assim, pode ser. – dou um sorriso.

– As sete tá bom?

– Combinado, as sete!

Depois de terminar o projeto, eu entreguei a diretora. Hoje o dia foi longo e bastante cansativo. Eu precisava da minha casa e de um banho.

(...)

Saí do banheiro com o roupão e uma toalha enrolada na cabeça. Dei uma olhada rápida no notebook e o meu pai estava no Skype.

– Filha quanto tempo!

– Oi papai, eu estou com saudades.

– Eu também.

– Cadê a mamãe?

– Ela está aqui, e está querendo falar com você.

– Fala com ela que eu só vou me trocar e que daqui a pouco falo com ela.

Abri o armário e vesti uma calça jeans e uma bata vermelha sem mangas. Levei o computador pra sala, peguei um pacote de salgadinhos na cozinha e liguei a câmera. Comecei a falar com minha mãe.

POV Nicholas

Não sei por que, mas eu gosto da companhia da Lisa. A Catherine não poderia ter conseguido uma amiga melhor. E depois do beijo de ontem, eu fiquei mais encantado ainda. Eu sei, isso está muito gay, mas é a verdade!

Nesse momento eu estou saindo de casa, com o violão da Cat na mão. Eu preciso comprar um pra mim. Se acontecer alguma coisa com esse violão, eu estou frito.

A noite está bem iluminada por conta da lua. O céu estava bem limpo, e isso é uma raridade aqui em Londres. Eu estava usando um casaco de moletom com o capuz na cabeça, e qualquer um podia me julgar como um bandido. Ando em passos largos, e rapidinho chego à casa da Lisa. Bato na porta, e fico com medo dela não me atender, e eu ficar aqui com cara de pateta.

– Oi Nick, pode entrar – nossa, como ela estava linda.

– Com licença – entrei.

– Eu estou conversando com minha mãe, vem ver ela. – a Lisa me puxou pelo braço e me conduziu ao computador, que estava na mesa de centro. – senta aqui no tapete comigo.

– Oi, tudo bem? – sorri sem graça. Não sou bom com apresentações.

– Mãe, esse é o Nicholas, o irmão da Cat. – ela dizia sorridente.

– Prazer Nicholas, eu sou a Anne. – a mãe da Lisa era muito simpática.

Ficamos conversando um pouco com ela, mas depois ela teve que se desconectar.

– A sua mãe é muito legal. – falei me sentando no sofá.

– Você precisa conhecer ela pessoalmente. – ela disse desligando o computador. – E aí, não vai me mostrar?

– O que? – perguntei confuso.

– A música que você disse que aprendeu. – ela se sentou do meu lado, e eu pude sentir seu perfume.

– Ah sim, claro! – peguei o violão e comecei a tocar. A música era “Wonderwall” do Oasis. – Não se surpreenda se eu errar algumas vezes.

– Ah sim, tudo bem. – ela sorria

“Today is gonna be today

That they’re gonna throw it back to you…”

Comecei com um pouco de vergonha, mas ela estava gostando, então eu relaxei. Ela sorria, e eu acho que isso era um bom sinal. Treinei tanto, então não podia errar.

“I said maybe

You’re gonna be the one that saves me

You’re gonna be the one that saves me

You’re gonna be the one that saves me!”

Terminei com um sorriso enorme no rosto. Ela sorria lindamente pra mim, com aquele sorriso que só ela tinha. Meu Deus, ela me hipnotizava. Minha expressão ficou séria de repente, e ela não estava entendendo nada. Não pude resistir, e beijei ela de novo. Tirei o violão que estava entre nós com um pouco de dificuldade. Pude sentir o toque de sua pele novamente, e eu estava desejando que o tempo congelasse. A Lisa era sensacional! Ficamos naquele beijo por um bom tempo. Aos poucos fomos nos separando, pois ambos estavam sem ar.

– Nick, por que você fez isso? – ela dizia ainda próxima do meu rosto.

– Não sei – respondi baixo – Você não gostou?

– Ao contrário – ela sorria - me beije de novo. – nós rimos e demos inicio a outro beijo.

(...)

Voltei pra casa e pensei em ligar pra Cat, mas já estava tarde. O que ela diria se soubesse que eu e a Lisa nos beijamos? No dia do brigadeiro foi mais ou menos um acidente. Mas hoje não, a gente estava consciente do que estávamos fazendo.

Comi alguma coisa e depois fui deitar. Tentei dormir, mas os pensamentos na Lisa não estavam deixando. Será que eu estou apaixonado? Não, eu não posso estar apaixonado. Não pela melhor amiga da minha irmã.