Quatro semanas depois

Eu e o Nicholas estamos ficando há algum tempo. É estranho dizer isso. Eu não queria me envolver com ninguém por agora, mas foi inevitável. O Nick é um homem extremamente adorável, fofo e romântico. Me digam como resistir a isso? Eu não sei como contar a Cat, e olha que ela já está chegando amanhã. Não nos comunicamos em nenhum momento. Ligações internacionais são muito caras!

As aulas de violão estão indo muito bem. Mas daqui a alguns dias ele nem vai mais precisar delas. O Nick toca todas as músicas que eu peço a ele. Acho que ele já tinha esse dom, só precisava de um empurrãozinho. 

O inverno chegou com tudo. Mas até que essa noite não está tão fria como ontem. Mesmo assim eu estava toda agasalhada. Decidi ir tomar um chocolate quente em uma cafeteria que ficava a duas quadras daqui. Calcei minhas botas e segui em direção à cafeteria.

Não tinha quase ninguém pelas ruas, e eu andava sentindo o vento frio que batia no meu rosto. Passei por frente da casa do Nick, mas eu decidi não bater. Estava tudo escuro. Andei mais um pouco e avistei de longe a cafeteria. Só de lembrar do chocolate me deu água na boca. Em frente à cafeteria tinha uma praça. Algumas pessoas estavam por lá. Entrei no estabelecimento e pedi meu chocolate. Sentei em uma das mesas vazias, e fiquei mexendo no meu celular. De repente duas pessoas param na minha frente. Uma era o Nick e o outro eu nunca tinha visto.

- Oi Lisa, o que está fazendo aqui sozinha? – ele me perguntou.

- Eu só vim tomar um chocolate. – eu sorri para os dois – sentem aí.

- Esqueci de te apresentar. – eles se sentaram – Esse é o Flack, um amigão meu.

- Prazer Flack, meu nome é Lisa – estendi a mão.

- O prazer é meu – escutei sua voz pela primeira vez.

- Estávamos andando e vimos você aqui sozinha. Então decidimos entrar pra te fazer companhia. – eu sorri.

De repente o celular do Flack toca. Ele levanta e atende. Depois de poucos minutos ele volta.

- Bem, eu já vou indo! – disse o Flack

- Fica um pouco com a gente cara. Ainda está cedo.

- Não, eu preciso mesmo ir. Foi um prazer Lisa, até mais. – ele se levantou e saiu.

- Até! – acenei com a mão.

Eu e o Nick ficamos um tempo em silêncio.

- Então, você pediu o que? – ele pergunta.

- Chocolate quente com chantilly.

- Ótima escolha. Vou pedir pra mim também.

Ele se levantou e foi em direção ao balcão de pedidos, que ficava um pouco longe da minha mesa. Continuei mexendo no meu celular, até que senta na minha mesa uma menina desconhecida. Ela era loira e tinha os olhos claros. Era realmente muito bonita!

- Pelo visto você está ficando mesmo com o Nicholas, não é? – ela soou ameaçadora.

- Eu te conheço? – franzi a testa.

- Esqueci, meu nome é Íris. Mais conhecida como ex-namorada do Nicholas.

- Hum! Pra uma ex-namorada você está muito interessada em saber com quem ele fica ou deixa de ficar, não acha? – falei com desdém.

- Eu só vim esclarecer uma coisa. O Nicholas não é quem ele transparece ser. Ele usa e depois joga fora. Já aconteceu comigo e com outras quatrocentas garotas. Você é só mais uma, queridinha. Eu achei melhor te avisar.

- Eu não quero saber o que você tem ou não a dizer. Dá licença da minha mesa, por favor. – falei com raiva.

- Está bem. Só não diga que eu não te avisei. – um sorriso se formou no seu rosto. Ela se levantou e saiu.

O que aquela garota queria na verdade? Me amedrontar? Ela deveria ser só mais uma dessas idiotas que querem ficar com o Nicholas. Mais eu não vou cair no jogo dela. Tentei dispersar esses pensamentos e voltei a mexer no celular.

- Cheguei! A fila estava bem grande. – realmente o lugar estava cheio. – Trouxe os dois chocolates.

- Obrigada! – sorri sem vontade.

Tomei meu chocolate, já sem tanta vontade quanto antes. Meus pensamentos estavam voltados ao que aquela menina tinha dito. Se ela queria me deixar nervosa, conseguiu. O silencio voltou a reinar na nossa mesa. Depois que eu terminei o chocolate, decidi ir embora.

- Eu já vou Nick – disse me levantando.

- Mas já? Vamos ficar um pouco na praça. – ele se levantou também.

- Está bem, só um pouco. – sorri de canto.

Ele pegou na minha mão e entrelaçou nossos dedos. Seguimos em direção a praça. Eu gosto de ficar perto do Nicholas, gosto muito. Mas as palavras que aquela tal de Íris me disse agora a pouco, ainda estão martelando minha cabeça. Fiquei calada, enquanto ele me levava para um banco mais reservado. Sentamos e ele me olhou.

- Por que você ficou tão triste de repente? – ele me perguntou

- Não é nada. Só uma dor de cabeça nojenta. – menti.

- Então deita aqui que passa. – ele colocou minha cabeça no seu ombro.

Ficamos naquela posição por bastante tempo. Quando eu já estava quase dormindo, decidi que devíamos ir.

- Já está ficando tarde. Vamos? – eu disse.

- A cabeça passou mais? – ele passou a mão por meus cabelos. Balancei a cabeça positivamente. – Então vamos. Eu te levo em casa.

Fomos andando de mãos dadas pela calçada. O Nicholas estava falando alguma coisa, mas eu não estava prestando muita atenção. Estava tão dispersa. Só respondia com sim ou não.

Quando chegamos na frente da minha casa, nós paramos.

- A Catherine chega amanhã, não é? – perguntei

-  É sim, por volta das cinco ele desembarca no aeroporto.

- E você já sabe como vai contar pra ela? Você sabe... sobre nós. – não sei por que fiquei sem jeito quando disse aquilo.

- Não faço a mínima ideia. – ele riu e eu também.

- Não quer entrar um pouco? – perguntei.

- Acho melhor não. Só quero que você tome um remédio e vá dormir tá? – eu assenti – E nada de TV até tarde. – eu fui obrigada a rir.

- Você está parecendo a minha mãe falando. – estávamos frente a frente. Ele segurou as minhas mãos.

- Eu só quero que você melhore. Não gosto de te ver tristinha assim. – ele me deu um abraço  – Boa noite!

- Boa noite Nick! – disse sem me soltar do abraço.

Antes de ir, o Nicholas me surpreendeu com um beijo inesperado. Um beijo calmo e carinhoso. Ele pegou na minha cintura e eu passei meus braços em volta do seu pescoço. Não consigo explicar o que eu sinto quando o beijo. Perto dele eu me sinto tão protegida. O que aquela idiota falou mais cedo não podia me deixar abalada. Não passava de uma grande paranoia, isso sim. Há muito tempo eu não me sinto assim, tão feliz. Nada podia estragar aquilo.

Ficamos por mais um pouco na frente da minha casa e depois ele foi embora. Entrei, e troquei de roupa. Não tomei remédio nenhum, até porque a dor de cabeça foi apenas uma grande desculpa. Antes de dormir eu mandei uma mensagem pra ele.

“ Quero ficar com você pra sempre!”

Ele me respondeu:

“Para todo o sempre! xx"