Samantha Puckett, a caminho do Buswell, resolve dar uma parada rápida em sua loja de comes e bebes favorita. Não estava com cabeça para encarar as pessoas no dia, mas o "jantarzinho" de comemoração a obrigava a isso.

Ela, com sua bota preta, entra sem mesmo limpar os pés. Já passavam das sete da noite, então o estabelecimento estava quase vazio. Se sentou em uma mesa para dois, chamando o Costela com um gesto da mão direita.

-Qual é o pedido, Puckett?

-Qualquer coisa, dred.

-Morango com chantilly, seu favorito. Já volto.

Costela havia virado um grande amigo para Sam, já que agora ela praticamente boiava no grupo. Carly, quase sempre ocupada com Dave, saía com Sam só durante a semana. Aos sábados, geralmente pegava um cinema com o namorado. Aos domingos, dormia no sofá. Se Sam ousasse a acordar, talvez ganhasse xingamentos e seja proibida de visitar o 8-C.

-Acorda, loira! Toma aqui. Vamos logo aí, vou fechar daqui a pouco.

-Achei que você ficava aberto até a meia-noite.

-Fico, mas hoje eu tenho um "compromisso". - ele disse, ajeitando a gravata invisível, e fazendo cara de ocupado.

-Ah, sei. Com a mulher invisível.

-Não!  Quer saber? Engole logo essa vitamina! Não tenho que dar satisfações pra você. - ele sai, rindo.

Sam suga o primeiro gole, com o olhar fixo no chão. Fica pensando como sua vida havia mudado desde a visita à Nova York. Sim, três meses atrás. Tudo estava diferente. Agora passava a maior parte do tempo tomando vitamina e, às vezes, até encarava uma esteirazinha na academia. Sua melhor amiga tinha outros compromissos, e sua mãe tinha se mudado pra Itália. Dessa vez, para se casar com Peter, um loiro atraente, dez anos mais novo que a quarentona. 

Já do seu primeiro amor, não tentava se lembrar. Não queria, na verdade. Porque ela se lembrava a todo segundo. Freddie não saía de sua cabeça, nem em seus sonhos. Só de lembrar de seu toque, seu beijo, sua respiração ardente e ofegante, já sentia vontade de chorar. Chorar pois ele já havia a esquecido. Chorar porque sabia que não tinha mais chance. Chorar porque outra já tinha ocupado seu lugar.

Uma lágrima sorrateira desce pelas suas bochechas, pingando na ponta da mesa.

Ao limpar seu rosto, percebe que estava sendo observada por alguém, na mesa ao longe. 

“Merda.”