A vida normal de uma garota normal (ou não) escrita por Lholi
Na semana seguinte, fui visitar novamente o George no hospital. Gary não pode ir comigo, ele iria sair com os amigos dele (que disse que depois iria me apresenta-los), então chamei Annekin.
Quando entramos no quarto, George continuava vendo TV. Apresentei Annekin, e eles ficaram se olhando de uma forma diferente.
-Annekin Belluz?- ele perguntou olhando pra ela.
-Sim. Nos conhecemos de algum lugar?- perguntou Annekin.
-CARALHO!! Eu estudei com você no 3º ano! Nem lembra de mim né? Eu era aquele menino quieto que sempre chegava atrasado na aula!- ele falou animado.
-OMFG! George Franklin? Sabia que eu conhecia esse nome de algum lugar!- falou ela chegando mais perto dele.
-Bom, acho que vou deixar vocês conversando sobre o passado a sós né? –falei me retirando.- Annekin, depois que vocês terminarem a conversa, me encontre lá na lanchonete do hospital, ok?
-Ok!- falou ela e continuou a conversar com o George.
Fui para a lanchonete e pedi um suco de laranja. Enquanto eu bebia, fiquei pensando como seria conhecer uma pessoa há muito tempo, depois se distanciar dela, com o passar de vários anos, encontrar essa pessoa novamente e descobrir que ela está com uma doença fatal. Eu não sei se ficaria feliz por ter reencontrado a pessoa ou triste por saber que ela está doente.
Annekin entrou na lanchonete um pouco triste, porém feliz ao mesmo tempo. Perguntei o que tinha acontecido. Ela disse que eles ficaram conversando sobre quando brincavam juntos e coisas assim, depois começaram a falar de namoros e etc. Até que ele disse que sempre gostou dela e que não poderia demonstrar isso porque ele achava que ela gostava de outro cara. Ele mudou de escola e continuou pensando nela. E hoje se reencontraram, ele falou que ainda gostava dela mas dessa vez não poderia demonstrar, pois não queria que ela fosse namorada de um cara que vai morrer.
-Nossa. Quanta coisa.- falei depois de ouvir tudo.- Mas você gosta dele? Ou alguma vez já gostou?
-Ah... nunca falei muito com ele... Fiquei surpresa quando ele disse que já havia gostado de mim e ainda gosta. Acho que eu vou vim toda terça e quinta aqui no hospital para vê-lo.
-Acha que precisa de minha companhia?- perguntei.
-Não precisa. Mas sabe... agora fiquei preocupada com ele.
-Entendo o porquê.
Ficamos uns minutos sem falar nada. Até que eu recebo um sms do Gary:
Tá tudo bem aí?
Respondi:
Sim, a Annekin e o George já se conheciam.
Ele respondeu rapidamente:
Como o mundo é pequeno.
Concordo com ele. O mundo parece pequeno.
***
Quando cheguei em casa, tomei um banho e fui fazer a lição de casa do dia seguinte.
Mas que beleza... a lição é fazer um poema... Não sou muito boa com essas coisas. Fiquei algumas horas pensando e tentando escrever alguma coisa. Depois de 3 horas, o poema estava pronto.
Quando te conheci
Os olhos da cara eu perdi
Você não ligou
Depois me ignorou
Quando finalmente de tudo esqueci
Você apareceu
E como aquilo doeu
Quando você vem em minha direção
Eu perco a coordenação
Você sorri porque não esqueceu?
Cai entre nós, isso tá uma merda. Pelo menos a lição tá feita né? Não vou levar anotação. Isso já é bom demais.
Fui até a cozinha tomar o meu remédio para virose. Fiquei pensando, do que eram feitas aquelas cápsulas? São coloridas. Lembro de quando eu tinha uns 5 anos, pegava essas cápsulas e as abria, jogava o remédio de dentro no lixo e ficava brincando com a cápsula. Depois minha mãe chegava e me dava um puta bronca.
Como eu era feliz quando tinha 5 anos... 10 anos mudam muita coisa cara.
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