A vida normal de uma garota normal (ou não) escrita por Lholi


Capítulo 17
Capítulo 17




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Cap 17

Depois daquela longa noite, fui a primeira a acordar. Eram 11:30 ainda. Peguei o celular enquanto as duas dormiam. Tinha um sms do Gary:

Espero não ter atrapalhado a noite aí. Kkkkk. Acho que você só vai ler esse sms amanhã, então, bom dia Thei (depois você me responde dizendo se eu acertei ou não). Ah, quanto ao livro... eu li sim. Achei muito legal. Só não vou falar que chorei, se não vão achar que eu sou bicha.

Depois que eu acabei de ler, vi que Sanne já havia acordado e estava me obsevando enquanto eu lia o sms. Falei “bom dia” para ela, que respondeu o mesmo. Ela pegou o celular e viu se havia algum sms. Fez um cara de triste, acho que a caixa de entrada estava vazia.

Respondi o sms do Gary:

Ah, nem atrapalhou tanto. E sim, você acertou. Agora são 11:36. Fico feliz de você ter lido esse livro! É um dos meus favoritos!

-Ei Thei.- sussurrou Sanne.- Vamos acordar a Annekin jogando uma almofada na cara dela?

Olhei para ela e nem precisei responder. Jogamos duas almofadas nela, que acordou desesperada. Ficamos rindo por alguns minutos até que minha barriga começou a doer, então tentei me segurar.

Fomos tomar café da manhã, os pais da Annekin não estavam em casa, tinham ido na feira (de acordo com um bilhete que haviam deixado). Depois, trocamos de roupa e ficamos vendo um pouco de TV.

Fui para casa umas 15:00 e fiquei o resto do dia lendo um livro.

***

Na terça-feira eu já não tinha mais nenhuma energia para aguentar as aulas. Meu corpo estava fraco e eu mal conseguia me manter acordada.

Inicialmente, achei isso normal. Mas fiquei assim durante várias semanas. Nem consegui fazer as aulas de Ed. Física (em uma delas, disseram que eu até desmaiei enquanto corria).

Minha mãe decidiu me levar ao hospital. Eu estava me sentindo muito mal, com muita dor de cabeça, febre,  e dores no corpo inteiro. Chegamos no hospital e fomos atendidas por uma médic bonita (por mim ela deveria ser modelo, era bonita demais pra ser uma médica).

Mãe e ela ficaram conversando um pouco, eu não prestei atenção. A médica me examinou e disse que eu deveria fazer um raio-x do meu crânio. Achei um pouco estranho, será que aquilo poderia ser fatal? Eu estava doente?

No sábado fomos fazer o raio-x, que ficaria pronto no dia seguinte. Tentei não me preocupar com o que estava acontecendo, para assim, não preocupar outras pessoas. Meu pai estava muito preocupado também (se eu cortar o dedo com papel, ele já fica desesperado pra caralho, então se eu for no hospital, ele pode vir a ter um piripaque).

Depois de um mês (já estávamos em Setembro), voltamos ao hospital e a médica observou o raio-x com uma expressão não muito boa. Ela me pediu para sair da sala dela e ficar esperando no saguão, pois ela queria conversar com a minha mãe.

Fui para o saguão achando tudo aquilo muito estranho. Fiquei mais ou menos 1 hora sentada lendo aquelas revistas sobre famosos, até minha mãe sair da sala dela chorando. Eu não sabia o que estava acontecendo, e parecia não ser algo bom.

Entramos no carro e fomos até em casa sem falar nenhuma palavra, ela tentava conter o choro, mas não conseguia. Então decidi perguntar:

-Mãe... você tá bem?

-Sim.- ela demorou a responder.

Continuamos o trajeto até em casa sem falar mais nada.

Chegamos em casa. Meu pai estava na sala lendo um jornal enquanto tomava um café. Minha mãe pediu para eu ir para o meu quarto, pois queria conversar com meu pai. Por que caralhos eu não posso ouvir nenhuma conversa?

Fiquei no quarto por alguns minutos, até ouvir minha mãe gritando:

-EU NÃO SEI O QUE VAMOS FAZER! ESTOU MUITO PREOCUPADA COM ELA!- depois começou a chorar novamente.

Saí do quarto e fui até eles querendo saber o que estava acontecendo. Ficamos alguns segundos em silêncio até que meu pai disse:

-Filha, nós estamos preocupados com você.

Por que? Eu tinha feito alguma coisa? Estava indo mal na escola?

-Você está doente.- falou meu pai.

Fiquei tentado assimilar o que ele havia dito. Minha mãe começou a chorar mais ainda.

-Como assim eu to doente?- falei.

-Você está com aquela doença da vaca louca.- ele disse entre lágrimas.

PUTAQUEOPARIU COMO ASSIM??? EU TO COM A DOENÇA DO CAM NAQUELE LIVRO “LOUCO AOS POUCOS”?? NÃO! NÃO PODE SER! EU NÃO QUERO MORRER!! SÓ TENHO 15 ANOS!!!

Fiquei calada por uns minutos. Meu pai me olhava com lágrimas escorrendo pelo rosto dele. Minha mãe chorava muito. Eles disseram que daqui uma semana eu iria ficar internada no hospital para que eu pudesse ser curada.

Eu ainda não tinha tido nenhuma ilusão como o Cameron. Estava tudo em seu devido lugar.

Liguei para Annekin explicando o que estava acontecendo, ela começou a chorar também. Dizendo que eu sou uma amiga super foda, mas eu a interrompi falando que eu não ia morrer (eu acho), ela tentou rir.

Agora eu entendo o que a Hazel queria dizer com “eu sou uma granada”. Eu também sou uma granada, quando eu explodir, vou atingir as pessoas mais próximas, fazendo com que elas sofram também. Não quero que ninguém sofra por minha causa.


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