Na segunda eu não sabia o que esperar de você James, não éramos namorados, nem sei se chegamos a ser classificados como amigos, e isso me deixou nervosa naquele dia, e isso era o que eu mais gostava em você James, você me deixava nervosa, você não seguia o roteiro que eu fazia de um relacionamento dos sonhos e mesmo assim você tornava o nosso relacionamento um sonho.

  Você havia me ligado no domingo a noite, ficamos horas no telefone, nenhum assunto realmente importante, nada que valesse destaque nesta carta, na verdade eu só queria que você soubesse que eu sinto falta disso, dos telefonemas no domingo a noite contando coisas desnecessárias enquanto eu devia estar estudando, eu sinto falta desse pequenos detalhes que faziam nós dois um casal James.

  E quando te avistei na escola no intervalo aquela sensação me veio, eu devia ter ouvido a razão, ter percebido que isso nunca daria certo, porque quanto te vi na escola na segunda James tudo que eu vi era o veterano popular que estava de dias contados naquela escola e eu era novamente a garota novata que vivia escondida atrás de um livro. E então talvez seja esse o motivo James, nunca foi para ser, você vivia em um momento muito diferente do meu, não deu para juntar nossos mundos, não deu pra juntar a minha história com a sua e formar uma só, eram trechos diferente demais.

  Mas eu não quis prestar atenção nesse fato, você também não quis, e quando me percebeu ali parada com um livro na mão sorrindo para você veio em minha direção e sorriu como se eu fosse à pessoa mais importante do mundo. E então eu lhe pergunto agora James, como você pôde fazer isso? Notar-me no meio da multidão, sorrir para mim como se eu fosse alguém que você estava feliz de ver, como você pôde ter enchido meu coração de esperanças para depois quebra-lo como se não fosse nada, como se não fossemos nada, como se EU não fosse nada?

-Por um minuto cheguei a pensar que não viria mais Liza, só que lembrei que não consegue mais viver sem a minha presença – droga você sorriu, aquele seu sorriso conquistador, o mesmo que dava para as professoras quando precisava de um tempo a mais para entregar trabalhos, o mesmo que dava para as alunas na fila do lanche para que deixasse você passar na frente, o mesmo que você dava para mim sempre que fazia algo errado e implorava pelas minhas desculpas.

-Não se ache tanto James, é o caminho da biblioteca, preciso devolver este livro – e então balancei uma versão nova de Romeu e Julieta para que pudesse ver.

-Não minta para mim Liza, sei que veio me ver – e quando abri a boca para responder você continuou – depois discutimos isso, venha quero lhe apresentar aos meus amigos.

  Eu não estava pronta para isso, eu não queria isso, mas você insistiu me apresentou um por um dos seus amigos, e segundo eles eu agora era parte do grupo, era a garota do Potter segundo Ted.

-Não foi tão ruim assim Liza, é só ignorar as indiretas e as piadas que vai ver como eles são legais – você insistia quando eu saia com uma desculpa de ir à biblioteca depois de ter sido envergonhada com as piadas de Ted e as indiretas de Fred.

-Tanto faz – suspirei cansada – tenho que ir a biblioteca, é o ultimo dia de devolução, nos vemos depois.

-Ei Liza, me desculpe, de verdade, irei falar com os meninos – você ainda me segurava James, não queria me deixar ir embora, e acho que isso era seu forte, eu sempre ia atrás de você, tentava concertar as coisas, mas antes disso acontecer era você que me segurava sempre, que tentava impedir que eu fosse embora.

-Eu já disse James, não foi nada.

-Promete?

 E quando eu não respondi você me segurou com mais força levanto minha cabeça fazendo com que eu o encarasse.

-Promete?

-Prometo.

  Foi a minha primeira promessa James, eu estava mentindo, claro que estava, tinha me sentido envergonhada perto dos seus amigos, aquele não era meu lugar, me senti ainda mais distante do seu mundo perto deles, mas eu prometi mesmo assim.

-Um beijo de despedida?

-Não merece beijos hoje James – hoje também não James.