Por Isso A Gente Acabou escrita por Guess The Riddle


Capítulo 11
Livraria




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    Tudo bem, eu admito James, essa é sem dúvida a minha parte preferida, o ponto da história em que a mocinha e o herói estão totalmente apaixonados um pelo outro e vivem momentos maravilhosos juntos.

   Nos filmes, esses momentos vêm sempre antes de algo terrível, momentos de paz antes de uma grande guerra, momentos de felicidade antes da tristeza. O casal vive feliz até que algo aconteça e eles se separem, e então, como em um passe de mágica o final feliz chega, tudo é resolvido, e eles vivem felizes para sempre.

   Você sabe que cheguei à parte em que tudo está bem, nos momentos James em que você me fez feliz de um jeito que eu nunca pensei que pudesse ser, e então me perdoe se eu me demorar mais ao contar os pequenos capítulos que se desenvolvem nesta parte da nossa história, porque James, no fundo eu tenho esperança que você leia cada parte feliz dessa história com aquele sorriso no rosto que eu tanto amei.

- Nunca mais me faça acordar antes das dez, aos sábados isso deveria ser proibido.

- Vamos lá James, não seja tão mal humorado, é por uma boa causa, os bons livros costumam durar apenas até as nove, e eu não gostaria de perder a chance de encontrar o novo livro de John Green.

 Você apenas fechou a cara e continuou a andar calado com um enorme bico na boca o que me fez rir e pensar no quão mimado você era.

- Eu trouxe café para você. – tentei.

- Eu não bebo café.

- O que disse?

- Nunca fui chegado, e bem, o treinador disse que faz mal, que vicia.

- Claro, as pessoas viciadas costumam ficar lá em baixo do viaduto sabe, realmente, um vicio terrível causado pelo café.

- Não comece Liza, é nojento.

- Você alguma vez tomou?

- Não. Quer dizer, alguns goles, mas eu sempre cuspia.

- Eu te desafio James, vamos lá, um gole, apenas um gole, e se não gostar não precisa tomar nunca mais e eu lhe prometo que a partir de agora sábado só depois das dez.

- Me de logo isso.

  Eu te passei o copo. Você olhou e deu um gole, depois deu outro gole e piscou. Depois, um gole bem grande.

- Isso é muito bom.

- Creme extra, três colheres de açúcar, meu preferido.

- Eu vou tomar isso todas as manhãs da minha vida, e vou gritar “A Liza estava certa e eu estava errado!” toda vez.

   Você gritou mesmo. Será que você ainda diz isso toda manhã, James? Quer dizer, eu sei que não, mas espero que se lembre disso, mesmo que não faça. Espero que se lembre deste momento e de como a partir disto começou a se levar as sete todos os sábados e me acompanhar até a livraria, de como sorria sempre que tomava café, de como éramos felizes.

   Nós atravessamos a rua rapidinho até a livraria, a sombrinha enfiada debaixo do meu braço porque eu não conseguia segurar o café, a sua mão e a sombrinha ao mesmo tempo. E quando chegamos à livraria, o livro novo de John Green me esperava. Eu li a sinopse para você James, e então as primeiras páginas, e então os primeiros capítulos. Era o destino, era esse o feeling que eu tinha, radiante e sem fôlego por ter esse momento acontecendo. Agora, claro, eu vejo diferente, que não foi o destino, mas foi fatal, fatal e errado eu ter lido aquelas páginas para você e ter ficado entusiasmada, e então ter contado para você o meu plano dos sonhos.

  Lá fora o tempo tinha se aberto, repentino e mágico como um alvorecer vampiresco português com pássaros emplumados e harpias de trilha sonora. Não durou muito, não ficou aberto por muito tempo, e foi por isso que a gente acabou, mas quando fecho este livro para te entregar, não penso nisso, na gente segurando o livro nas mãos para comprar e levar, porque, porra, James, não foi por isso que a gente terminou. Eu o amo, sinto falta, odeio ter que te devolver essa coisa complicada, e foi por isso que a gente ficou junto.


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