Indo para casa com você pela primeira vez, juntos no ônibus, depois de ter ficado assistindo o seu treino. Eu estava exausta, cansada por não ter tomado o meu café de todos os dias, me sentindo estranha por não ter ido à biblioteca depois da aula como fazia todos os dias regularmente. Dei uma dormidinha no seu braço, no ônibus, e quando acordei você estava olhando para mim, pensativo. Estava suado, um nojo. O sol entrava pelas janelas sujas do ônibus. Você disse que gostava de me ver dormir e eu me senti a garota mais amada do mundo.

Quando chegamos até a sua casa você gritou “Gina, temos visita” e por um minuto pensei que falava com sua irmã. Sabe James, nunca entendi o fato de chamar sua mãe pelo nome, era como se isso fizesse ela menos mãe, mas você nasceu dela James, nada muda o fato que ela é sua mãe, e eu agradeceria se pudesse passar a chama-la de mãe, tenho certeza que Gina ficaria muito feliz.

–Sabe as regras James, primeiro o banho, depois a conversa.

–Pode ficar com a minha mãe um minutinho? – você perguntou enquanto já ia subindo as escadas.

–Mas eu não conheço sua mãe James. – falei enquanto já preparava minha bolça para ir embora.

–Ela é legal, minha irmã também está ai, bem ela não é tão legal, mas acho que vão se dar bem – e então você desapareceu me deixando na sua sala repleta de almofadas completamente sozinha.

Pela porta pude ouvir barulhos vindos da cozinha e alguns sons do que parecia ser uma conversa, fui em direção ao barulho e encontrei Gina Potter segurando uma colher de pau enquanto deixava tudo a sua volta cair, e sua irmã sentada enquanto brincava com uma boneca. Havia montinhos de legumes cortados no balcão, James, a sua mãe é linda e fantástica, pode dizer que eu falei.

–Precisa de ajuda?

–Perdão? – Gina Potter se virou assustada.

–Desculpe assusta-la – e nesse momento tudo que eu queria era afundar minha cabeça no buraco mais próximo – queria saber se precisa de ajuda.

–Você é a menina que liga para o Jay toda noite - e então me virei para ver sua irmã que tinha tirado a atenção das bonecas para mim.

–Sim, sou eu.

–A amiga de Jay presumo – sua mãe disse sorrindo.

–É, a amiga.

–E então amiga do Jay, qual é o seu nome? – foi a vez da sua irmã sorrir ao largar completamente a boneca.

–Elizabeth, Elizabeth Berbatov.

–Belo nome, bem sou a mãe de James, me chame de Gina querida, e essa é Lílian, minha outra filha.

E foi então que reparei na sua irmã James, Lílian uma bela garotinha de treze anos que não podia andar, eu não havia reparado na cadeira de rodas até percebe-la de fato, e isso você nunca tinha me contado.

– Bem Elizabeth, acho que irei aceitar a sua ajuda. – e então me passou o ralador.

–Você não parece as meninas que o James namora, se me permite dizer.

— Não?

— Você é mais... — pica, pica, ela queria a palavra, pica, pica, certa. Atrás dela tinha um porta facas. Se ela dissesse “nerd”... — ...interessante.

Eu me esforcei para não sorrir. “Obrigada” não parecia ser a resposta certa.

– Bom, hoje eu fui uma garota de arquibancada. Acho.

–Ei! —sua irmã disse irônicos, os olhos arregalados e a boneca erguida como um teatro do que falaria a seguir. — Vamos assistir garotos treinarem para o jogo para depois vê-los jogarem o jogo!

— Você não gosta de futebol?

— Você gosta? Como é que foi ficar vendo o Jay?

— Chato — falei no mesmo instante.

— E ainda namora o meu irmão — ela disse, fazendo “não” com a cabeça. Sua mãe foi até o fogão, mexeu na panela e lambeu a colher, alguma coisa com tomate enquanto sorria a todo momento. — Você vai ser a viúva, a viúva do futebol num tédio sem fim enquanto ele bate essa bola mundo afora. Se não gosta de futebol...

Já era verdade, James. Eu já tinha me perguntado se podia ficar fazendo lição de casa ou ficar lendo enquanto você treinava. Mas ninguém mais fazia isso. As outras namoradas não se falavam muito, muito menos comigo, só me olhavam como se o garçom tivesse trazido o molho errado para a salada. Mas era tão elegante e valeu a pena te ver acenar para mim, e o suor nas suas costas quando vocês se dividiam entre os com e os sem camisa.

Ficamos conversando enquanto sua mãe e eu tentávamos fazer com que a macarronada saísse antes das treze horas, pois era a hora que seu pai e seu irmão viriam para o almoço e a todo momento eu me senti incrivelmente bem, e tudo que posso dizer é um obrigada James, obrigada por ter me dado momentos tão bons como esse.

–Acho que estão se dando bem. – você surgiu encostado na porta sorrindo como se essa fosse a cena preferida de um livro que você tinha o prazer de presenciar ao vivo. Seu cabelo para todos os lados e roupas soltas, uma camiseta de banda, pés descalços e shorts, estava incrivelmente lindo.

Passamos horas conversando naquela tarde James, Gina me tratou como se eu fosse sua filha e mais tarde tive o prazer de conhecer seu pai e seu irmão que são pessoas incríveis, e diga a Alvo que ele ainda me deve uma tarde na biblioteca. Foi um dia maravilhoso com pessoas maravilhosas, lembranças que eu guardaria para sempre com todo carinho, mas elas não são mais minhas.

Então as leve James. Tome tudo de volta.