Por Isso A Gente Acabou escrita por Guess The Riddle


Capítulo 12
Fogueira




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Como toda boa história de romance, os mocinhos passam por algo onde o amor que supostamente sentem um pelo outro é testado. É claro que no final tudo se resolve e vivem felizes para sempre, mas James, não estamos vivendo uma história de romance escrita por grandes autores como Nicholas Sparks. Estamos vivendo o mundo real, onde infelizmente finais felizes nem sempre chegam.

E é nessa hora que chegamos James. Na hora em que eu devia ter percebido que amor não era o bastante pra nós dois, que quando colocado a prova ele falhou, fomos reprovados, e então inventamos uma recuperação inexistente, onde todos a nossa volta sabiam que já estávamos reprovados, e só nos dois fingíamos que não.

E lá estava ela.

Rosa.

E porra James, como ela é linda.

Quando me apresentou a ela eu juro que me senti a garota mais feia do mundo. Quem poderia competir com ela James? (Eu achei que poderia, então vamos lá, veja a grande idiota que fui) Digo, ela era perfeita, em todos os sentidos, dos cabelos as unhas, do sorriso as lagrimas. Estava na cara o que ia acontecer.

Foi depois de um dos seus jogos, era noite de fogueira e quando a gente chegou no parque naquela noite, a fogueira já estava acesa, a gritaria, a festa. Quando o carro parou, tinha algo de admirável à nossa frente no para brisa, o laranja claro e as sombras vibrando na frente daquilo como um documentário ridículo sobre o dia que virá quando o sol explodir e a raça humana pendurar as chuteiras. Mas era só o fogo, e as pessoas correndo dele, já bêbadas ou só loucas e frenéticas e livres. O meu rosto devia estar transparecendo que eu achava tudo lindo e maravilhoso, porque James eu nunca tinha visto nada daquilo antes, e você sabe que eu não estou falando do fogo.

E quando eu ia te dizer tudo aquilo que eu estava sentido você já não estava mais lá. Eu estava sozinha, toda aquela sensação maravilhosa que senti ao chegar James se foi, tudo que você me mostrava, todos os lugares que conhecemos juntos, tudo que vivemos, só foi lindo e mágico quando você estava por perto, e então você se foi e tudo perdia o brilho, e eu fiquei perdida, assustada, pensando e agora?

— Você está perto demais – disse Abigail Beach, a maldita da sua ex acompanhada de uma garota extremamente linda - É a sua primeira fogueira, né?

— Mais ou menos -falei, sentindo os meus braços se cruzarem.

— A gente sabia - disse a menina que estava com ela.

— Sempre acontece, chegar perto demais quando nunca viu. É como se o fogo atraísse as virgens.

— É verdade, o meu hímen é extremamente inflamável.

Elas riram, eu não sorria James, nem um pouco.

— Eu me chamo Rosa – e então nem preciso descrever novamente o quanto ela é linda não é James, você já sabia, e eu também.

— Elizabeth - falei, puxando a mão de volta quando entendi que a gente não devia se cumprimentar. E então elas se foram James, sem dizer mais nenhuma palavra, como se aquele pequeno dialogo nunca tivesse ocorrido.

Pensei que poderia suportar aquela noite sozinha na fogueira até que percebi que todos estavam em uma roda gritando, e eu juro que por um minuto pensei em não ir ver, e talvez não devesse ter ido.

Você estava bem ao centro da roda com uma garrafa de cerveja na mão, todos gritavam o seu nome James, e então quando me dei conta, lá estava ela, Rosa, ao seu lado, e antes que eu pudesse sequer notar o que estava acontecendo ela o beijou.

E naquele momento eu te odiei muito.

Eu estava tão brava que sabia que aquilo ia voltar como bumerangue em algum lugar, logo. Alguma coisa horrível grunhiu em mim e fiquei parada, congelada, perdida.

E ai você me viu. Fui para trás e você ficou lá, você manteve a posição, e começou a contar nos dedos, contar o número de vezes que você dizia o que dizia, as duas mãos duas vezes e quase tudo de novo. Era a única coisa que você podia dizer, perfeita, foi o que você disse.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

Desculpa.

— Cinquenta e dois - você disse, antes que eu pudesse perguntar. Todo mundo estava reunido ao redor, ou, bom, estavam à nossa volta, num turbilhão que parecia a rebentação, alta e suja. A multidão virou fundo na mixagem, alguns gritinhos, alguns miados. - Cinquenta e dois - você disse de novo, para a multidão, e deu um passo em direção a mim.

— Não - falei, mesmo que não tivesse certeza.

— Cinquenta e dois - você disse. - Um para cada dia que a gente ficou junto, Liza. - Alguém fez “ooohh”. Alguém fez o outro alguém ficar quieto.

— E espero que algum dia eu faça outra coisa imbecil e tenha que dizer um milhão de vezes porque vai durar até lá, você e eu, Liza. Você e eu.

O meu ombro tremeu, atrás do joelho também.

Balancei a cabeça, enterrando a raiva numa cova rasa e a deixando esperar para ser exumada numa reviravolta da trama. Mas, também, você, lindo, o jeito como você conseguia me comover, falar comigo. Eu não conseguia olhar para outra coisa.

—Qualquer coisa - você disse, uma resposta vasta para o nada que eu tinha dito. - Qualquer coisa, Liza. Qualquer coisa, qualquer coisa. O que eu posso fazer, o que eu... como eu faço para você querer começar?

E eu pensei que fazer você jurar que isso nunca mais ia acontecer serviria de alguma coisa. Mas não serviu. E então está ai sua resposta correta James. Nada, você não poderia fazer nada, porque nós nunca devíamos ter começado, e nem tentado recomeçar, e talvez, só talvez, seja por isso que a gente acabou.


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