Na casa de Svetlana......

Passado alguns minutos, Svetlana acorda, e vê que o seu pai estava dormindo.

– Pai.....pai.....- murmurou Svetlana num ouvido do pai, de forma que pudesse acordá-lo sem ter que fazer muito barulho.

Ian foi abrindo lentamente os seus olhos.

– Svetlana......- bocejou Ivan - Já acordáste, eu queria dizer-te que o nevão acalmou e que já podias ir para casa do Stuart, mas tu estavas a dormir tão bem, que eu tive pena de te acordar.

– Ah, pai, podias-me ter acordado!! Eu não me importava.

– Mas tu estavas a dormir tão angelicalmente que eu tive pena de te acordar.

– Oh pai, mas mesmo assim podias-me ter acordado. Agora antes que volte outro nevão, vou para casa do Stuart.

– Posso ir contigo? Só mesmo para ter certezas que não vem nenhum nevão.

– Prontos, se não há outra maneira de te fazer sentir seguro, sim, podes.

Ivan sorriu á filha e foi vestir roupas mais quentes. Svetlana já estava preparada.

–-

Na porta da casa de Stuart....

Svetlana tocou á campainha. David, o pai de Stuart veio abrir a porta.

– Oh, Laninha, e o Senhor Ian Bashkin, fico feliz por vêr-vos. aqui. Laninha, o Stuart está no quarto, e Ivan, se quiser pode ir até á sala. A minha mulher está a fazer chocolate quente.

– Oh, obrigada. - agradeçeu Ivan - Enquanto esperamos, vamos conversando

Svetlana correu até ao quarto do Stuart. Quando chegou á porta do quarto dele, bateu com pouca força.

– Quem é? - perguntou Stuart

– O homem das neves - respondeu Svetlana, do outro lado da porta.

Stuart sorriu e viu que era Svetlana. Bastava ouvir a voz dela, para ele reconheçer que era ela.

– Podes entrar, Svetlana.

Svetlana entrou.

– O teu pai deve ter exagerado nas tuas roupas......pareçes um esquimó. Sem ofensa. - disse Stuart com alguma vontade de rir.

– Eu sei - riu-se Svetlana - O meu pai não gosta muito de neve.....

– Porquê? - perguntou Stuart com vontade de rir

– Enfim, pela razão que todos nós sabemos...... - respondeu Svetlana, referindo-se a morte da mãe

– Oh, entendi.....foi por causa.....da tua......tu sabes.....- disse Stuart

– Sim, foi......mas eu não vi para aqui para falar de coisas melancólicas como a morte da minha mãe.

– Svetlana!!

– Que foi? É verdade. Não estou para falar agora da morte dela, por isso.....

– Svetlana!! Eu agora reparei, que já consegues dizer "morte", sem teres que começar a chorar como uma nuvem num dia tempestoso.

Svetlana abriu bem os olhos, e começou a sentir-se orgulhosa por já conseguir superar o seu pavor de dizer a palavra "morte".

– Consegui, não consegui? Por um lado, é uma sensação muito boa. E Stuart, só por teres dito uma frase como essa, tu devias ir para literatura. Já pareces o meu pai, tens jeito para dizer palavras caras.

– Haha. Pois é. Mas em termos familiares, eu não quero acabar como o teu pai......se é que me entendes.....

– Estás a referir-te á......minha mãe....? - perguntou Svetlana

– Não é bem á tua mãe que eu me refiro.......É mais á minha futura esposa, se eu me chegar a casar claro......

– O que tu estás a tentar dizer, é que não queres que a tua esposa morra pelas razões que a minha mãe morreu, certo? Bem, eu não sei se herdei a fragilidade da minha mãe........

– E quem é que disse que tu vais ser a minha mulher? - disse Stuart na brincadeira.

Svetlana não entendeu a brincadeira e levou o que Stuart disse a sério.

– O quê? Tu dizes que queres ficar comigo para sempre, mas depois vens me dizer que já não queres casar comigo? Afinal não és como eu pensava......- disse Svetlana angustiada, quase chorando - É sempre a mesma coisa, cada vez que tenho um amigo ou amiga, acabam sempre por deixarem de ser meus amigos. Que mal é que eu tenho......

Antes que Svetlana saí-se do seu quarto, Stuart agarrou-lhe o braço

– Lana, eu não estava a falar a sério. Isto foi apenas uma piada, mas eu não tinha pensado que podias levar o que eu disse a sério. Desculpa. Eu não tinha intenção de magoar-te. - disse Stuart abraçando-a. - Eu não volto a dizer mais piadas deste tipo.

Svetlana também sorriu e abraçou-o.

– É isto que eu gosto em ti.......és um rapaz muito doce, e muito cavalheiro......Sabes, hoje em dia, é dificil encontrar rapazes desse tipo. Hoje em dia, os rapazes só pensam em ter 5 namoradas ao mesmo tempo, e depois engravidar raparigas menores de 15 anos. Pelo menos na Rússia funcionava ou ainda funciona assim. Rapazes russos, não são a melhor escolha, na minha opinião. Muitos deles, são machistas e mulherengos. Só pensam em sexo e em raparigas nuas. Eles olham as raparigas como escravas.

– Isso é um pouco mau. - disse Stuart seriamente

– Um pouco?? Engravidar uma menina indefesa de 11 anos é um pouco mau? É machismo. - disse Svetlana - Ao menos, há alguns rapazes na Rússia, que também são simpáticos e cavalheiros como tu. Mas não sei porquê, sempre duvidei da simpatia deles.....

– Deixa estar. Aqui no Reino Unido, por acaso não há muitos machistas, mas há alguns. Nós os britânicos, sempre demos valor á educação e etiqueta. Não gostamos de ser mal educados.

– Na Rússia é o contrário. Machismo, atrás de machismo. Mas, que se lixe a Rússia. O que interessa agora, é que eu estou a levar uma vida melhor no Reino Unido.

– Sim, isso é o mais importante para ti......e para mim......- sorriu-lhe Stuart

És tão fofinho....- disse Svetlana - Um dia destes tens que me levar a um restaurante inglês.

– Sim, não te preocupes, eu um dia levo-te. - sorriu-lhe Stuart