Nove meses depois...

Estávamos a caminho do hospital. Ou melhor. Da maternidade. Estava na hora.

- Respira Beth, você vai tirar essa criança dai! – Falei gritando enquanto entrávamos na maternidade. Quando entramos meu pai (que estava com ela no colo) pegou uma cadeira de rodas e a colocou ali. Fui até a recepção para falar com a moça que estava lá.

- Elizabeth Stark, por favor. – Disse tremendo. A moça sorriu e olhou para ela. Eu a olhei também e sorri. Ela voltou a escrever no computador.

- Vocês trouxeram tudo que ela precisa? – Assenti com a cabeça e ela continuou escrevendo. – Quarto 613, por favor. Lá ela vai esperar a médica para ver o quanto falta para a dilata... – Ela foi cortada pelo grito de Beth. Quase gritei junto, pois levei um susto. Meu pai começou a gritar junto.

- PAPAI! CALA A BOCA! – Gritei. Quase quatro da manhã e nós no hospital... A única sorte é que estava basicamente vazio. – Moça... Eu acho que ela não vai aguentar mais e... Já está dilatado o suficiente, eu tenho certeza disso. – Falei preocupada.

- Ela tem razão Meredith. – Disse uma voz feminina desconhecida para mim. Era a médica de Beth, a doutora Simpson.

- Ah meu Deus doutora, me ajude! – Beth gritou. – TIRA ESSE TRECO DE DENTRO DE MIM! – Eu quase soltei uma gargalhada, mas achei que não ficaria bem com o momento. Meu pai e ela estavam preocupados demais. Eu estava basicamente nervosa, um pouco... Mas não tanto como eles dois. Os gritos de Beth eram hilários, ela praticamente já havia chamado o bebê de treco, coisa, porcaria e outras coisas. A doutora Simpson a levou para a sala de parto. Estava na hora. Papai deu um beijo na minha testa, soltei a mão de Beth e a abracei.

- Boa sorte, Beth. – Sussurrei para ela. Meu pai foi a empurrando pelo corredor enquanto ela gritava e ele continuava aflito. Fiquei ali esperando na... Hm, sala de espera. Minha cabeça estava abaixada e eu estava segurando uma garrafa de água sem gás. Ouvi passos e senti uma presença. Levantei minha cabeça e vi todos eles ali. Natasha, Clint, Bruce e... Ah meu Deus ele estava aqui! Abri um sorriso quando os vi, mas meus olhos começaram a brilhar como nunca.

- Thor! Você veio! Quer dizer... – Soltei um riso. – Todos vocês vieram! – Corri para abraçar cada um. Fiquei sorrindo enquanto olhava para todos eles. Foi um momento lindo. Sentei-me em uma das cadeiras da sala de espera e fiquei lá, esperando o tempo passar. A cada segundo que se passava eu ficava esperando meu pai sair da sala que Beth estava para dizer que a criança havia nascido, e como não sabíamos o sexo do bebê não sabia se seria menino ou menina. Eu estava com a cabeça baixa quando ouvi alguém me chamar, era uma voz conhecida e pelo fato de estar em silêncio percebi que não era de nenhuma das pessoas que estavam ali em minha volta.

- Am... ? – Essa pessoa me chamou. Levantei a cabeça e vi Colin, meu melhor amigo de infância e o cara que me beijou pela primeira vez. Eu abri um sorriso enorme quando o vi e sai correndo pela sala de espera para abraçar ele. Todos ficaram me olhando, eu me animei e quando isso acontece eu não me importo com nada e nem ninguém apenas com o que está acontecendo comigo no momento.

- COLIN! O que você faz aqui? – Perguntei para ele enquanto terminávamos um abraço que eu esperei durante anos. Ele sorriu para mim. Ah... Mas que saudades daquele sorriso.

- Minha tia entrou em trabalho de parto em alguns minutos e... Eu vim ver meu primo ou prima. – Ele falou rindo. Fiquei com minhas bochechas completamente vermelhas. – E você? – Ele perguntou levantando uma de suas sobrancelhas.

- O mesmo. Mas é a mulher do meu pai que está dando a luz lá dentro. – Eu comecei a rir mas parei logo em seguida.

- Sua mãe? – Ele perguntou duvidoso.

- Não. Minha madrasta. Ou boadrasta. – Ele riu da palavra que havia saído da minha boca. Uma mulher se aproximou dele, era maravilhosa.

- Ah, mamãe se lembra da Amelie? – Ele perguntou para a moça e logo em seguida apontou para mim. Ela abriu um sorriso enorme e eu fiz o mesmo. Nós duas nos abraçamos. Não acredito que não havia reconhecido a mãe do meu melhor amigo!

- AH MEU DEUS AMELIE! COMO VOCÊ CRESCEU! – Ela começou a gritar no meio do hospital. “E como” murmurou Colin. Eu comecei a rir quando a recepcionista a mandou falar mais baixo, pois havia uma pessoa tendo um filho em uma sala ali perto.

- Pois é. Eu cresci. – Sorri para ela.

- Porque nós... Não nos sentamos ali? – Colin apontou para um banco vazio ali perto. Fiz sinal para Natasha de que em pouco tempo estaria ali com eles novamente, ela simplesmente assentiu com a cabeça e mirou os olhos em Thor que estava olhando para o nada. Ela fez um sinal de uma faca cortando um pescoço e apontou para mim, revirei os olhos e voltei a olhar para Colin. Fui com os dois até o banco que estava apenas um banco atrás do que eu estava sentada ao lado de Natasha.

- Então querida, o que te trouxe aqui? Você não está grávida não é? – Perguntou ela. Eu e Colin começamos a rir. A imaginação de Megan era grande demais e sem limites.

- NÃO! – Gritei rindo. – Vim aqui, pois Beth a minha madrasta está tendo meu irmãozinho ou irmãzinha lá dentro. – Ela e Colin se olharam, e ela levantou uma de suas sobrancelhas.

- Como assim... Beth? Beth O’Connor? – Ela perguntou fazendo uns gestos com a mão.

- Exatamente. Eu me lembrei de vocês na hora, o mesmo sobrenome.

- Amelie, minha irmã se chama Beth O’Connor... E ela é casada com... – Liguei os pontos. Soltei um grito no meio da sala de espera que fez com que Thor saísse do transe e me olhasse. Coloquei minhas mãos na minha boca.

- Você está querendo dizer, que sua irmã é minha madrasta? Como assim?

- Eu não sei! – Ela começou a rir. – Que mundo pequeno!

- Isso quer dizer... Que eu sou seu primo? – Perguntou Colin com uma voz digamos que... Decepcionada. Eu comecei a rir junto com Megan. 

- Praticamente sim. – Eu sorri. Ele abriu um sorriso forçado. Ficamos ali ligando os pontos por mais dez minutos, percebi um silêncio dominante na sala de espera. Fui até a moça que estava no balcão mexendo em algumas folhas.

- É... Um parto demora tanto tempo assim? – Perguntei e ela me olhou.

- Não. Quer dizer... Depende muito da pessoa. – Eu abri um sorriso preocupado e voltei a me sentar ao lado de Colin. Eu deveria ter ido para perto de Natasha, mas não sei por que não fiz isso. Fiquei pensando no quanto o mundo realmente é pequeno. O meu melhor amigo desde que eu me entendo por gente, é meu primo. Bom, eu acho que é considerado primo. Fiquei sorrindo sozinha. Ouvi um barulho da porta que meu pai havia entrado se abrir. Ele apareceu lá na nossa frente com os olhos brilhando, usando uma touca e uma dessas roupas de hospital e olhou para cada um de nós que ficamos olhando para ele fixamente. Uma lágrima caiu sobre os olhos dele.

- É o menino mais lindo que eu já vi na minha vida. – Ele disse sorrindo. Eu comecei a chorar e sorrir e gritar ao mesmo tempo. Eu corri para abraçar ele e ele começou a me dar pequenos beijos no rosto. Ele segurou minha mão e com a outra fez um gesto para todos os outros seguirem ele. Passamos por um longo corredor e assim que entrei na porta do quarto vi Beth segurando um bebê completamente encolhido e pequeno. Beth olhou para mim com os olhos cheios de lágrima, fui para perto dela e ela ficou me olhando.

- Amelie, esse é Henry. Seu irmãozinho. – Senti meus braços se esticarem sozinhos e meus olhos começarem a ficar completamente encharcado de lágrimas. Eu sorri quando Beth o colocou nos meus braços. Meu pai chegou perto de mim e eu olhei para ele, consegui perceber que Beth e Megan se abraçaram, mas eu só conseguia olhar para ele. Eu finalmente ia ter alguém para culpar das coisas erradas que eu fizer, finalmente ia ter alguém para brigar pelo último pacote de biscoito da casa mas principalmente, eu ia ter alguém para finalmente me chamar nas horas que estivesse com medo no meio da noite. Fiquei sorrindo e acordei do transe em que eu estava e o entreguei para Megan que ficou olhando para ele, Colin chegou do lado dela e os dois ficaram fazendo palhaçadas para ver se ele abria um sorrisinho. Eu cheguei perto de Beth e segurei a mão dela, ele me olhou. Eu voltei a chorar e a abracei. Senti seus braços me abraçarem e me apertarem. Ficamos por um tempo assim, até que eu a soltei, pois Henry iria voltar para os braços dela. Fui para o outro lado e Thor me puxou para perto dele. Comecei a sorrir.

- Ele não é lindo? – Disse em voz alta para todos ouvirem.

- Não sou de achar homem bonito, mas esse daí é uma fofura. – Disse Clint. Natasha, Beth e eu começamos a rir. – Que foi? – Continuamos rir.

- “Fofura”. – Respondeu Beth enquanto ria.

- Muito tempo com Natasha, dá nisso. – Ele disse ficando vermelho. Todos nós rimos. Meu pai pediu para sairmos, pois Beth e Henry tinham que descansar. Todos nós (inclusive meu pai) saímos da sala onde Beth estava e voltamos para a recepção. Sentei-me em um banco ao lado de Thor e deitei minha cabeça no ombro dele, ele segurou minha mãe e eu senti que ele havia sorrido. 

- Amelie, posso falar com você? – Ele perguntou.

- Hm, é claro. – Respondi e me virei para ele tirando minha cabeça do ombro dele.

- Aqui não, em um lugar onde teremos privacidade. – Eu sorri.

- Ok. Levantamos-nos e fomos para a lanchonete que estava vazia.

- OLHA LÁ O QUE VOCÊ VAI FAZER COM A MINHA FILHA HEIN! – Meu pai gritou para que todos do hospital pudessem ouvir. Eu olhei para ele e revirei os olhos, dei de ombros e continuei a andar. Assim que chegamos à lanchonete ele se sentou em uma cadeira e me colocou em seu colo. Ele começou a sorrir.

- O que foi? – Perguntei, enquanto fazia carinho no cabelo dele. Ele ficou sério.

- Você sabe que eu terei que voltar para Asgard depois, não sabe? – Fiquei quieta.

- Infelizmente eu sei.

- Infelizmente por quê? – Ele perguntou. – Não sei se você vai precisar de mim depois que eu for. Ou depois que esse seu amigo apareceu. – Eu abri um sorriso.

- Thor Odinson você está com ciúmes do Colin O’Connor? – Fiquei rindo.

- Se esse é o nome daquele cara que você estava abraçando ali na sala de espera, é. Exatamente isso. – Ele disse olhando para o lado. Fiquei rindo por um tempo.

- Você é tão idiota. Não me admira muito Loki ser adotado.

- O que você quer dizer com isso?

- Se ele fosse um pouquinho só burro como você, ele nunca teria vindo a terra. – Falei rindo. Ele fez uma cara de deboche.

- Seria ótimo, não é? E daí quem sabe a gente nunca teria se conhecido. – Assim que ele falou isso ele ficou sério e eu parei de rir.

- E você teria ficado feliz com isso, eu aposto. – Falei enquanto me levantava. Ele me puxou.

- Não. Se eu não tivesse te conhecido desse jeito, com meu irmão quase querendo destruir o lugar que a mulher da minha vida mora eu tenho certeza que a gente iria se conhecer de outro jeito. – Eu não sabia o que dizer ou fazer, meu coração disparou quando ouvi falando: “a mulher da minha vida”.

- Como você sabe disso? – Perguntei. – Quer dizer, como você tem tanta certeza assim? – Disse voltando a ficar séria.

- Por quê? Porque você Amelie, é o meu destino. – Ele falou isso e segurou minha mão. Eu comecei a chorar. Tá eu sou chorona e choro por tudo. Eu o abracei forte e ele fez o mesmo. – E eu sempre, sempre voltarei para você.

- E se um dia eu precisar de você, e você não voltar? – Falei chorando.

- Isso quer dizer que eu não estou mais vivo. – Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e enxugou minhas lágrimas. – Eu amo você. E vou amar para sempre. Agora levanta, eu tenho um presente para você. – Me levantei e fiquei esperando o presente. Fiquei pensando o que poderia ser, pois ele não sabe o que é dinheiro eu imagino. Ele tirou do bolso um colar com uma pedra brilhosa em formato de coração. – Minha mãe me deu isso quando eu falei de você. Quando eu falei para ela que havia achado a mulher da minha vida e o motivo que eu tinha para proteger mais ainda a terra, ela imediatamente me deu isso. E falou para eu dar para você. Isso representa o meu coração. – Me virei e ele colocou o colar em mim. Eu não parava de sorrir. Virei-me para ele novamente. – Que está com você agora, e para sempre. – Ele continuou. Assim que ele terminou de falar, eu o beijei. Foi o presente e as palavras mais lindas da minha vida.

- Eu... Não sei nem o que dizer com tudo isso. – Falei sorrindo para ele.

- Não precisa dizer nada. – Ele sorriu. Voltamos para a sala de recepção, nos sentamos um lado do outro e ficamos ouvindo uma conversa entediante entre Megan e Bruce. Os dois falavam sobre raios gama. E ele contava toda sua história para ela que o observava com os olhos brilhando. Ela se levantou e foi ao banheiro. Colin estava dormindo, meu pai havia voltado para o quarto de Beth, Natasha e Clint estavam se agarrando em um canto qualquer e Ruby estava dormindo com a cabeça encostada no ombro de Steve. Bruce sentou do meu lado e ficou me encarando.

- Acho que eu encontrei a mulher da minha vida. – Eu e Thor começamos a rir.

- Agarre ela então doutor. – Eu falei. Ele sorriu e voltou a se sentar onde estava antes.

No dia seguinte...

Beth havia recebido alta, ela saiu do quarto em uma cadeira de rodas e segurando Henry que estava dormindo. Eu o segurei enquanto ela entrava no carro e depois o dei a ela. Meu pai estava dirigindo e eu estava atrás contando para eles três tudo que havia acontecido com Thor. Em 10 minutos chegamos a Torre Stark. Estávamos sozinhos. Assim que deixei minhas coisas no meu quarto meu pai me levou ao central park. Beth e Henry estavam junto de nós. Chegamos lá e eu fiquei sentindo o vento bater no meu rosto. Meu pai e Beth estavam paparicando Henry, cruzei os braços, comecei a sorrir e fiquei observando eles de longe.

- Quem sabe um dia não somos nós assim também? – Ouvi a voz de Thor atrás de mim. Virei-me e o abracei.

- Veio se despedir dessa vez? – Falei rindo. Ele riu e me apertou um pouco.

- Está na hora de eu ir, mas eu já falei para você. Eu volto. E enquanto eu estive lá, cuidarei de você. – Ele disse e nós nos beijamos. Talvez fosse a última vez. Talvez não. O olhei e comecei a chorar. Ele assentiu com a cabeça para meu pai que estava olhando. E em um piscar de olhos. Ele havia ido embora. Coloquei a mão no colar que ele havia me dado e fechei os olhos. Logo após me virei e sai correndo até Beth, meu pai e... Meu irmão.