Resolvi deixar tudo na mão de Deus pois ele saberia o que fazer e fui dormir. Quando amanheceu, acordei com meu celular tocando “Carry On My Wayward Son” em um volume meio alto. Era o despertador. Não me lembro de ter colocado tão alto assim. Talvez Beth tenha colocado ontem a noite antes de ir dormir. Resolvi me levantar, fui tomar um banho de água fria pois estava quente para caramba neste dia. Assim que sai do banho, olhei para o relógio e vi que já eram oito e meia da manhã, na verdade ainda era sedo, eu costumava acordar meio dia e acordar oito e meia era madrugada ainda. Bom, coloquei uma roupa qualquer que estava jogada no meu guarda roupa e sai do meu quarto. Estava tudo quieto e eu conseguia ouvir apenas o barulho da televisão do quarto do meu pai e de Beth ligada, fui até lá para ver se eram os dois que estavam lá e estavam. Os dois estavam sentados na cama encostando-se à cabeceira. Beth estava com uma tigela de cereais na mão e meu pai estava assistindo a um jogo de futebol americano e rindo de alguns comentários que o narrador fazia. Bati na porta que estava meio aberta e entrei, fiz apenas um sinal para meu pai me acompanhar e ele saiu correndo da cama com o rosto mais pálido do que quando ele fazia algo errado e não me contava.

– O que foi minha princesa? – Ele disse saindo do quarto e fechando a porta. Abriu um sorriso enorme e suspeito para mim e foi andando para a sala, fui atrás dele e me joguei no sofá. Ele foi para a cozinha que faz divisa com a sala e preparou um suco para nós.

– Papai... O que aconteceu ontem a noite? Para onde vocês o levaram? – Ele parou de fazer o que estava fazendo e me olhou. Acho que ele estava escondendo algo de mim. Ele veio mim e se sentou ao meu lado e puxou minha cabeça para o ombro dele.

– Porque você se importa com aquele cara que só fez as pessoas que você ama e principalmente, que fez você sofrer. Qualquer coisa para aquele animal não é bom o suficiente. Ele fe... – Eu o cortei.

– Papai, para. Ele não fez por mal. Eu tenho certeza que não. – Falei com esperança.

– Ah pode ter certeza que ele fez.

– Como você tem tanta certeza assim? – Perguntei. Ele deu uma pausa e se ajeitou no sofá.

– Ontem, eu o levei para a S.H.I.E.L.D. Nick disse que saberia o que fazer com ele, só que antes disso eu... Eu resolvi dar um trato nele digamos que... Pessoalmente.

– COMO ASSIM? – Exclamei.

– Como assim, que eu teria o matado se ele fosse um ser mortal. – Ele fez uma de suas caretas que me animava, mas dessa vez eu não ri e nem me animei.

– VOCÊ O QUE????????????? – Gritei.

– O que ele tem de tão importante para você? Por um acaso você está....? – Ele ficou quieto de uma hora para a outra.

– Apaixonada por ele? – Eu ri. – Não, não mesmo. Eu sinto pena dele. Sério. Ele precisa de uma pessoa que o ame e precise dele e faça ele precisar dessa pessoa também. Assim como... Sei lá, como você e Beth ou até mesmo... – Fiquei quieta por um tempo. – Ou até mesmo eu e Thor. Se é que ele precisa de mim. – Fiquei quieta de vez. Ele ficou me observando. Ele me contou que depois que “quase matar” Loki, o levou para a S.H.I.E.L.D. E ele voltou a ficar preso em um lugar familiar para ele. Sim, o lugar de antes que sim... Havia sido feito para Bruce nas horas... Digamos que nas horas de necessidade. Aquele era o único lugar que eu sabia entrar na S.H.I.E.L.D. Então... Eu fui até lá. Isso mesmo, eu fui até lá. Não sei como consigo entrar mas eu entrei. O avistei sentado no chão e olhando para seu reflexo no espelho. Até que ele me viu no reflexo e sorriu. O sorriso que ele dava quando não estava contente.

– Olha só quem resolveu aparecer para me visitar. Você é a primeira... Está aqui porque quer ou porque foi obrigada ou quem sabe esse é mais um de seus planos? Porque como o de ontem a noite não é? Diga-me, o que você pensa que eu sou? Porque eu realmente tentei mudar, mas você não deixou. Começou a brincar com o meu coração... – Ele se levantou e começou a se aproximar de mim pelo vidro. – Você sabe que eu não sou esse monstro mesmo, afinal você me beijou e tudo mais.

– Eu não deveria ter feito isso. – Falei em voz baixa.

– Mas fez. E sim, você queria isso.

– Não mesmo, você sabe que eu nunca quis isso.

– Então porque deu a ideia de me beijar para me distrair e depois seus amigos me atacarem? – Ele apontou para seu rosto que estava completamente machucado... Provavelmente meu pai fez isso. Minha cabeça começou a dar reviravoltas quando eu o vi todo machucado daquele jeito me lembrou das coisas que papai havia falado sobre quase mata-lo se ele fosse um mero mortal e aquilo me apertou.

– Porque eu pensei que você estivesse sentindo algo por mim e que ficaria tão feliz com aquele beijo que até esqueceria que estava aqui por “vingança”.

– Você está dizendo que pensou que eu... Estivesse apaixonado por você? – Ele começou a rir. Senti que eu ia começar a desabar. – Eu nunca me apaixonei por você, só queria ter você para mim para deixar Thor com raiva e eu finalmente acabar com ele, mas você atrapalhou meus planos. Você fez o seu próprio plano e aqui estou eu... Neste lugar horrível e sujo novamente.

– Não é nada sujo comparado ao que você me deixou trancada e amarrada á meses atrás. – Falei isso chorando.

– Oh “querida” porque está chorando? – Abri um sorriso pequeno enquanto ele ficava rindo de mim.

– Porque eu quase perdi todo mundo que eu amo, tentando dizer que você não é culpado por estar fazendo o que faz.

– Oh meu amor, mas eu sou culpado sim. E me orgulho em dizer que estou aqui procurando vingança de todos aqueles... Como vocês chamam? De todos aqueles super heróis. – Ele continuava sorrindo para mim.

– Todos estavam com razão. Você realmente é um monstro. E eu ainda perdi meu tempo aqui, tentando ver se você estava bem. Eu realmente mereço um grande castigo. – Me virei e fui em direção a porta. Olhei para ele novamente que estava parado olhando em minha direção sem expressão alguma no rosto. – Ah... E se você não fosse imortal... Eu desejaria sua morte nesse exato momento. – Ele arregalou os olhos e eu sai. Comecei a chorar, mas um choro forte e alto. Cheguei a soluçar. Como eu pude ser tão idiota e burra a ponto de pensar algo assim. Que Loki poderia ser um cara do bem. Estava chovendo muito e quando sai pela porta Steve apareceu ali com um guarda chuva. Olhei para ele e comecei a chorar mais ainda. Corri e o abracei, ele estava na frente de um carro preto com películas pretas não tão fortes mas não dava para ver muita coisa do lado de dentro. Entramos no carro, eu fiquei sentada olhando pela janela sem falar absolutamente nada, foi um silêncio desde quando saímos de lá até como chegamos na torre Stark. Meu pai havia falado para ele que eu sai daqui correndo e ele logo pensou na S.H.I.E.L.D. Afinal, foi ele quem me mostrou como entrar naquela parte da agência. Assim que entrei meu pai estava sentado ao lado de Beth que imediatamente olharam para mim. Steve fez um sinal com a cabeça, não entendi direito então fui ao meu quarto, liguei o som e coloquei “I’m not a girl, not yet a woman” em um volume baixo, mas apropriado para eu ouvir durante um banho frio e bem demorado. Assim que terminei o banho, coloquei outra roupa completamente o oposto do vestido delicado que eu estava usando, deliguei o som que estava em uma música desconhecida por minha pessoa e fui para a sala como se nada tivesse acontecido.

– Papai. Você estava certo, como sempre. Você, Natasha, Steve... Todos. Eu fui burra demais e achei que ele tivesse realmente mudado. Mas agora quem mudou fui eu. E... Eu vou adorar deixar o rosto daquele cara mais machucado do que já está. – Abri um sorriso malicioso e fui em direção a porta pois tinham acabado de tocar a campainha. Meu pai olhou para Beth e os dois sorriram e eu ouvi ele sussurrar para ela: “Essa é a minha garotinha.” Abri a porta e vi Natasha, Clint, Bruce e Thor na porta. A festinha ia começar. Brincadeira. Steve já estava com Ruby lá em casa então só faltava eles. Eles entraram e quando Thor entrou eu o abracei forte e fechei a porta. Cada um se sentou em um canto, Thor sentou em uma parte do sofá e eu sentei no chão sobre as pernas (lindas) dele. Todo mundo estava conversando sobre como derrotar Loki de vez. Dessa vez simplesmente eu não estava pensando nisso, estava pensando em outra coisa. Na minha vida antes de tudo isso acontecer. Eu morava em Paris com minha mãe, mas quando ela morreu vim para New York com meu pai e ele virou esse gênio, bilionário, playboy e filantropo que é Tony Stark. Minha cabeça saiu de Paris e voltou para a torre Stark que é onde estávamos todos nós rindo e planejando coisas. Natasha resolveu fazer um comentário.

– Thor sem ofensas mas... Você não acha que deve cortar seu cabelo? Ele é maior que o meu e o da Beth juntos. Isso que Beth tem um cabelo um pouco comprido demais. – Todos rimos menos ele claro, ele não achou graça nenhuma pois não gostava quando falavam do cabelo dele. Eu e Natasha vivíamos zoando o cabelo dele no ano passado e foi em uma dessas brincadeiras que damos o nosso primeiro beijo.

– Eu concordo, quando você e Amelie se beijam parecem duas mulheres. – Bruce falou rindo e eu joguei uma almofada no rosto dele.

– Seu idiota. – Falei rindo depois de jogar a almofada. O tempo foi passando e chegou à noite. Ficamos em silêncio por um tempo enquanto Beth e meu pai foram fazer a janta. Pois é, Tony Stark tem um ótimo dom para culinária, aprendi tudo que sei com ele. Resolvi me sentar no sofá ao lado de Thor pois o chão não estava mais confortável como no início.

– Clint! – Gritei para ele. Ele me olhou imediatamente. – Quando você vai pedir Natasha em namoro de uma vez. – Começaram a rir e Natasha ficou vermelha.

– Essa eu quero ver. – Thor falou rindo. Dei um tapa no ombro dele.

– Eu estou falando sério. Vocês estão ficando a um tempo que eu sei. Desde aquele dia no hospital que vocês dois apareceram bêbados quase se agarrando na frente da enfermeira. Eu passei vergonha com vocês aquele dia. – Comecei a rir e Clint se levantou sorrindo. Natasha ainda estava vermelha e sem reação.

– Amelie você é uma francesa muito idiota. – Ela falou rindo e com cara de deboche. Eu comecei a rir. Clint ainda estava de pé e sorrindo para ela. Sussurrei para Thor: “Será que...?” Clint ficou de joelhos. Abri um sorriso maior do que todos os que já havia dado na vida.

– AH MEU DEUS! PAPAI, BETH VENHAM AQUI AGORA! – Gritei o mais alto que consegui e Steve começou a rir do jeito que eu falei sem desmanchar o sorriso. Aquilo estava acontecendo. Eles iriam realmente virar um casal? Ai meu Deus, eu ia começar a chorar. Papai e Beth vieram correndo ver a sena. Ficou um silêncio na sala e todos estavam olhando para Clint e Natasha.

– Natasha Romanoff, somos amigos há tempo. Se é que o que temos pode ser chamado de “amizade”. – Eles dois riram. Eu estava completamente encantada pela sena que eu estava vendo. Segurei sem perceber a mão de Thor que me olhou com um sorriso lindo. – Então atendendo ao pedido da nossa amiga e ao do meu coração... Você aceita namorar comigo? – ELE PEDIU! AH MEU DEUS!

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAWWWWWWWWWNNNNNN!! – Gritei. – Não acredito nisso!!!!!!! – Falei toda entusiasmada.

– Clint, ai meu Deus eu pensei que você tava brincando mas caramba. Isso é sério? – Natasha falou sorrindo e quase chorando.

– Muito sério. Eu pensei que já estávamos namorando, mas... – Ele riu e ela abraçou ele, fazendo ele cair no chão. Eles se levantaram. – Vou aceitar isso como um sim. – Ela sorriu e eu continuava olhando para ele completamente encantada. Steve em seu momento “safado” agarrou Ruby e eles começaram a se beijar ali mesmo.

– Ei, podem parar com isso. Tenho uma coisa importante para falar! – Levantei do sofá e apontei para Bruce. – Esse cara, ainda está solteiro. Precisamos achar urgentemente uma namorada para esse homem. – Comecei a rir. Todos riram.

– Eu estou tranquilo aqui.

– Claro que está. – Disse meu pai. Todos nós sabíamos que Bruce não estava afim de ninguém, mas eu não queria que ele ficasse segurando vela ali.

– Até porque, quem ia querer um cara que na primeira DR poderia se transformar em um monstro verde? – Ele falou tranquilo.

– Bruce, não fale isso. Você é um cara perfeito. Sério mesmo.

– Amelie, para. – Ele disse. Me levantei e fui para a cozinha.

– Tá certo. Você não sabe o que está perdendo. – Falei enquanto voltava para sala com um copo de água e ligava a televisão em um canal antigo. Passava um filme qualquer e eu deixei ali.