Hinata corria pelo corredor de seu prédio por causa do atraso.

Acordara atrasada aquela manhã e provavelmente já tinha perdido o ônibus, agora só Deus sabe que horas passaria outro e com certeza ela pegaria um engarrafamento enorme até o centro.

Ela saiu de casa batendo a porta com força e trancando-a desajeitadamente, sua pressa era tal que nem percebeu que o seu novo vizinho que trancava a porta no mesmo instante, iria esbarrar nela, ela só pode ver quando ambos já estavam no chão e ela em cima dele encarando aquelas lindas e maravilhosas safiras que a fitavam surpresas e bem-humoradas. O coração da Hyuuga bateu mais forte.

—Ãhn… Eu estava com vontade de voltar a deitar, mas não era no chão que eu gostaria de deitar não, e sim na minha cama!—O belo loiro de lindos olhos azuis falava divertidamente. Ele ria da morena que o encarava petrificada e incrivelmente corada.

Ela levantou assim que voltou a sí.

—Oh! Go-go-go-gomem!!! Go-go-gomem… nã-nã-não era mi-mi-minha intensão!—Ela falava rápida e ‘gaguejadamente’ pra ele enquanto se levantava e pegava seus livros no chão.

Ele riu enquanto também catava suas coisas que estavam espalhadas no chão do corredor.

—Não se preocupe, está tudo bem. Essas coisas acontecem… —Ele disse calmamente para ela. —Você é a minha nova vizinha não?

Ela o encarou novamente e corou. Ele era realmente muito bonito, o homem mais bonito que ela já vira: Intensos olhos azuis que brilhavam divertidos, Cabelos loiros sedosos e aparentemente incrivelmente macios dourados como o sol, um rosto másculo com o queixo largo completando as linhas de sua face inumanamente linda e um corpo escultural e cuidadosamente esculpido que deixaria qualquer mulher sem ar e os homens morrendo de inveja. Olhar aquele anjo em forma de homem a deixava constrangida e o acidente anterior não ajudava na situação.

—Ha-ha-hai! Hyu-u-uga Hinata pra-pra-prazer!—Ela disse desviando os olhos das safiras que a encaravam e voltou o seu olhar aquela linda boca carnuda e sorridente.

—Uzumaki Naruto, o prazer é meu!—Ele lhe sorriu torto. E que sorriso! –Dentes brancos e alinhados emoldurados por perfeitos lábios grossos e vermelhos que lhe sorriam como se ela fosse a pessoa mais importante do mundo e que aquele lindo sorriso caloroso fosse apenas para ela. Aquilo foi demais para Hyuuga que logo desmaiou.

Ela acordou e se deu conta de que alguém a abraçava. A segurava era uma palavra melhor.

—Hinata! Hinata!—Alguém a chamava insistentemente. Ela abriu os olhos e enxergou o loiro que acabara de conhecer. —Ah… Você acordou! Você está bem?—Ele perguntou numa mistura de preocupação e alívio.

Ela olhou ao redor e viu que ainda estava no corredor. Sentiu braços fortes a envolvendo gentilmente e observou que seus livros se encontravam espalhados no chão novamente. A visão de seus livros a fez voltar a sí.

—AH! A faculdade! ESTOU ATRASADA PARA CHEGAR AO CENTRO!—Ela gritou catando os livros do chão. Naruto se abaixou para ajuda-la.

—Se você quiser, eu te dou uma carona até o centro. Estou de carro e posso chegar rapidamente. –Naruto falou com a mão na nuca depois de entregar o material a ela.

Quando o homem mais bonito que você já viu, por mais que não o conheça direito, te oferece uma carona, só por que é seu vizinho e você está atrasada, você aceitaria? Ela o olhou em duvida, mas o desespero com o horário e o seu coração, que parecia estar em uma maratona de tão rápido que batia, falou mais alto e ela aceitou.

Eles saíram do prédio lado a lado e logo chegaram à garagem, assim logo ele se dirigiu a um lindo carro esporte cor laranja estacionado ali. Era sem duvida o carro mais caro e mais chamativo que ela já tinha visto. Logo ele abriu a porta para ela, que entrou ainda tentando assimilar o que lhe acontecia, e logo ele entrou no carro dirigindo rapidamente para o centro de Tókio.

—Humm… Você faz faculdade onde?—Perguntou o loiro tentando puxar assunto.

—Na Iryo-nin- a melhor faculdade de medicina do país. —Disse ela orgulhosamente com um lindo sorriso no seu rosto meigo. Ele riu.

—Humm… Interessante! A dona da faculdade é Namikase Tsunade, não? Mulher de Jiraya ex-presidente das indústrias Namikase, que se aposentou depois de passar a liderança ao filho Namikase Minato, que agora está na Itália, não?—Perguntou ele rindo sem motivo aparente.

—Sim… —Respondeu ela desconfiada. Bom ela não tinha muito o que fazer nas horas vagas do trabalho, e as meninas fúteis que trabalhavam com ela, sempre comentavam sobre o mudo dos ricos e famosos.—Olhando bem, você se parece com ele. Sabe, os cabelos loiros, olhos azuis…

“E bonito de morrer…” Pensou envergonhada.

Ele riu, mas não respondeu ao comentário dela. O que ela achou estranho, mas quem era ela pra comentar.

Assim que ela chegou ao campus abriu a porta do carro e agradeceu a carona. Principalmente por ele tê-la deixado na entrada da escola poupando tempo e ajudando-a a chegar no horário. Ela logo saiu se despedindo e seguindo seu caminho.

Hinata saiu correndo pra sala, e entrou esperando a professora chegar.

— Você viu a estranha da Hyuuga hoje? Menina, ela saiu de um carrão. Era um Audi R8 V10 Coupe, amiga. Esse carro mal foi lançado no mercado pelo que eu ouvi os garotos comentando. De quem será? Seja lá quem for o dono do carro deve ter muito dinheiro e a Hyuuga deve estar tentando se aproveitar dele.—Perguntou uma garota que se encontrava na cadeira atrás de Hinata. Ela podia ouvir a conversa das duas e sua vontade era de sair chorando de lá, afinal não era a primeira vez que ela ouvira alguém comentando sobre isso e o comentário que veio a seguir não foi nem o pior comentário.

—Deve ser de alguém com quem ela dormiu. Quanto será que ela deve ter ganhado pra dormir com ele? Seja lá quanto foi, deve ser assim que ela paga a faculdade. —Comentou a outra garota venenosa.

A menina de olhos perolados abaixou a cabeça indignada, envergonhada e chorosa. Era muita humilhação e olha que falavam isso só porque ela tinha ganhado uma carona.

Assim que chegou em casa a Hyuuga se jogou no sofá pensando em seu lindo vizinho enquanto seu coração batia forte. “Como um homem pode ser tão lindo?” ela se perguntava enquanto levantava para fazer algo pra comer. Não saia de sua mente a visão do sorriso que ele lançou pra ela enquanto estavam no chão. Esse foi um momento que inconscientemente ela guardou em seu coração e em sua mente.

Naruto olhou no relógio e viu que já marcavam 20:30hs. Ele havia chegado ao trabalho ás 08:00hs da manhã e só saia agora 12horas e 30 minutos depois. Ele se lembrou do acontecimento da manhã e sorriu. Os lindos olhos perolados ainda estavam em sua mente e aquele rosto de boneca ainda rondavam seus pensamentos.

Ele saiu de seu escritório e foi pro seu apartamento pensando nela. “ É bom conhecer alguém no prédio. Um amigo ali. Será que ela aceita jantar comigo? O Sasuke e a Sakura desde que noivaram não tem tempo mais pra mim….”

Ele chegou em casa e logo correu pra tomar banho, colocando uma roupa mais leve: calça Jeans e uma blusa social leve na cor laranja, pegou sua carteira, telefone celular e as chaves do seu carro, pondo-os nos bolsos da calça e saiu indo em direção ao apartamento em frente trancando a porta e guardando as chaves também no bolso da calça.

Bateu na porta hesitante.

Hinata estava desligando o notebook, ela tinha terminado o trabalho sobre coagulação que tinha que entregar no dia seguinte na faculdade, e já pensava no que fazer. Havia chego da faculdade e descansado um pouco. Hoje era o único dia que não trabalhava como garçonete na lanchonete na frente da faculdade. Ela não ganhava muito, mas era o suficiente para pagar a faculdade, o condomínio do prédio e comprar o básico para seu apartamento. Ela graças a Deus tinha bolsa de 90%, se não fosse assim ela não teria condições de pagar a sonhada faculdade.

Ela ouviu alguém batendo em sua porta, algo realmente estranho já que ela não conhecia quase ninguém no prédio e suas duas melhores amigas-Ino e Tenten- estavam fazendo faculdade no outro lado da cidade e não a visitariam a essa hora da noite. Era relativamente cedo, mas até voltarem para o campus da faculdade, já que moravam lá, seria muito tarde e elas acordavam cedo pela manhã.

Ela andou hesitante até a porta e logo que abriu pode visualizar a figura loira que habitara seus pensamentos durante todo o dia. Ela não pode evitar em sorrir ao ver o lindo sorriso que ele lhe lançava e sentir o seu coração bater ainda mais forte ao identificar de quem se tratava.

—Oi Hinata! Tem alguma coisa pra fazer agora? Eu estou morrendo de fome e os desnaturados dos meus amigos devem estar namorando e não tem tempo pra mim. Então… Você quer ir jantar comigo?—Perguntou ele hesitante.

Ela pensou por um minuto. “Ele foi tão legal comigo hoje. Por que não? Eu não tenho nada pra fazer mesmo.”

Ela olhou pra ele com um tímido sorriso no rosto e corou ao notar que ele estava ainda mais lindo.

—Cla-Claro!—Ela se repreendeu por gaguejar na frente dele. —Aonde vamos para que eu me arrume decentemente?

—Humm… Que tal no Ichikaru? É o meu restaurante predileto!!!—Comentou o loiro com um sorriso crescendo na face.

—Aquele restaurante caro do centro? Ma-mas não é muito caro Naruto-kun?—Ela disse surpresa, porém tímida, e corou quando ele sorriu por ela ter acrescentado o sufixo ‘-kun’ ao seu nome.

—Não se preocupe Hinata-chan. Eu convidei. Eu pago. –Ele sorriu pra ela, o que a fez corar ainda mais. —Eu te espero lá na entrada do prédio. Vou tirar o carro da garagem e fico te esperando lá em baixo.

—Tudo bem!

Ele saiu e ela entrou correndo. Pegou um vestido preto de alcinhas, que era justo na área do busto e que ficava folgado a partir da cintura e chegava até os joelhos. Não era rodado, na verdade era bem simples, porém ainda sim ficava adequado para tal restaurante.

Ela tomou um banho rápido, colocou o vestido, prendeu o cabelo num coque solto, passou uma maquiagem bem leve e calçou uma sandália preta. Tudo isso em 30 minutos. Pegou uma bolça pequena, jogando dentro o celular, sua carteira com os documentos e saiu rapidamente do apartamento. Trancando a porta e jogando as chaves dentro da bolsa.

Assim que chegou lá em baixo pode ver Naruto encostado no capô do carro, rodando as chaves do mesmo no dedo e olhando para um casal que discutia do outro lado na rua, em frente a padaria que ficava ali na frente.

—Naruto-kun?—Chamou timidamente.

Ele virou o rosto pra ela e quando a viu perdeu a fala. Ela estava lindíssima arrumada daquela maneira. Ela realmente parecia uma boneca e ali ele confirmou isso.

—Então vamos Hinata-chan?—Ele convidou abrindo a porta para ela assim que voltou a realidade, como um perfeito cavalheiro.

Ela sorriu corada e entrou no carro. Ele fechou a porta e entrou no carro sentando-se no banco do motorista. Eles saíram de lá e foram para o restaurante.

—O seu namorado não irá ficar chateado por você estar saindo comigo, em vez de ficar com ele?—Perguntou o loiro com uma certa apreensão na voz.

—Ah… Eu não tenho namorado!—Ela disse corada.

—Como não? Mas você é tão bonita!—Ele disse sem pensar tamanho era seu espanto.

Ela corou absurdamente por causa do elogio.

—E-e-e vo-vo-você?—Perguntou mudando de assunto e gaguejando por causa do constrangimento.

—Eu não tenho namorada. Meus amigos: O Sasuke e a Sakura dizem que eu trabalho demais e eu tenho que concordar. Eu saí do trabalho hoje ás 20:30hrs, o que é bem cedo pra mim, já que costumo sair ás 22:00hrs no mínimo, isso quando saio.—Contou ele.

—Você não devia trabalhar tanto! –Ela o repreendeu meigamente. E ele lhe sorriu.

—Vou tentar!—Ele prometeu.

Chegando ao restaurante, Naruto saiu do carro e se dirigindo ao banco do carona, ajudou Hinata a sair, o que fez a moça corar bastante, e logo entregou a chave do carro ao manobrista.

Ele entrou no restaurante de braços dados com ela, mais por causa dos olhares dirigidos a eles e por ela estar tão envergonhada que sairia correndo dali, do que pelo simples fato de estarem naquele lugar juntos. Hinata estava muito corada.

Logo que entraram o maitrê os conduziu a uma mesa na janela, de onde podiam ver todo o movimento da linda cidade que era Tóquio. Eles sentaram na cadeira, um de frente para o outro, e logo fizeram os pedidos, observando que o restaurante estava lotado.

—Nossa… O restaurante está realmente cheio! Não sei como conseguimos uma mesa! —Ela comentou espantada.

—Eu sou cliente vip daqui. Como aqui todos os dias, inclusive o dono do restaurante é meu amigo de longa data. Afinal esse também é o restaurante preferido da minha mãe. —Ele explicou sorrindo ao se lembrar da mãe.

Ela sorriu, mas o seu olhar era triste.

—Eu gostaria de lembrar- me da minha mãe. Lembrar- me do que ela gostava, dos lugares que costumava ir, entre outras coisas… —Ela comentou enquanto bebia uma taça com água que foi colocada em cima da mesa pelo garçom.

—O que aconteceu com ela?—Ele indagou com a face tranquilizadora para a moça a sua frente.

—Ela morreu quando eu tinha cinco anos, ela não resistiu depois de ser baleada em um assalto. E ficou só eu, meu pai, meu primo Neji e minha irmã mais nova, a Hanabi. Desde então o meu relacionamento com meu pai é péssimo. Até que faz um ano eu saí de casa e fui morar naquele apartamento. –Ela contou. “Por que estou contando isso para ele?” Por algum motivo ela sentiu que podia se abrir para ele e confiar nele. Ele lhe passava segurança.

—Mas você ainda fala com ele?—Ele perguntou tentando fazê-la desabafar.

Ela negou com a cabeça.

—Só com Hanabi e o meu primo Neji. Principalmente Neji, já que ele é casado com a Tenten, uma das minhas melhores amigas. —Ela finalmente encarou os olhos do homem a sua frente e pode sentir todo o conforto de que precisava. Lembrar-se da história a fazia sentir toda tristeza de novo, mas de alguma forma Naruto a fazia se sentir segura e confiante, ele a fazia se sentir bem.

—Eu sinto muito… Deve ser difícil lidar com isso. Mas por que você saiu de casa?—Perguntou realmente curioso fitando intensamente os olhos perolados da linda mulher a sua frente.

—Eu estava cansada dele me tratar como um estorvo. Parecia que tudo o que eu fazia não era o suficiente para ele. Nós nunca fomos ricos, mas vivíamos bem. Meu primo se tornou engenheiro, minha irmã começou a faculdade de engenharia recentemente e eu queria ser médica, mas meu pai não aceitava isso e decidiu que iria me colocar na faculdade de engenharia eu querendo ou não, foi quando eu cansei. Consegui uma bolsa na Iryo-nin, arrumei um emprego de garçonete na lanchonete em frente a faculdade, um apartamento para morar e saí de casa. Desde então o meu pai nunca mais falou comigo. Eu agora estou no penúltimo semestre da faculdade e finalmente vou poder me tornar médica. —Ela contou.

—Fico feliz que você esteja vivendo o seu sonho. O sonho da minha mãe também era de ser médica e, depois de muitos problemas, ela finalmente conseguiu seguir seu sonho. Ela sempre diz pra mim algo que, segundo ela, que foi uma das primeiras coisas que minha avó, mãe do meu pai, disse pra ela quando elas se conheceram: “lute e siga o seu sonho porque você pode se arrepender de não ter dado certo, mas nunca de ter tentado!”. Desde então minha mãe segue esse concelho, ela conseguiu se tornar médica, casar com meu pai, ter uma família e ser feliz.—Ele disse isso com um sorriso de satisfação no rosto, encorajando-a e mostrando que ela podia conseguir seguir o sonho dela.

Ela lhe sorriu agradecida, mas foram interrompidos por uma voz surpresa atrás de si:

—NARUTO???