Brutal Game escrita por Mandy-Jam


Capítulo 7
Eu acho que, sei lá, talvez...


Notas iniciais do capítulo

Feliz aniversário, Luh! Esse capítulo foi feito de presente para você :3
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/334844/chapter/7

Já era manhã.

Não que isso fizesse diferença de alguma forma, pois no Mundo Inferior era sempre noite, mas para Luh fazia. Ela sentia a imensa vontade de continuar dormindo. Infelizmente, era a vez dela de cuidar dos cães infernais, por isso tinha que permanecer no jardim enquanto eles tinham o momento de diversão correndo livres.

Juh, felizmente, não tinha trabalho nenhum naquele dia, o que permitiu que ela ocupasse sua manhã quase que inteira relaxando no seu quarto. Pretendia continuar lá na sua cama por mais tempo, quando teve uma ideia que julgou brilhante.

Saiu correndo do quarto e desceu as escadas principais da fortaleza de Hades olhando em volta, procurando por sua irmã.

– Viu a Luh? – Perguntou ao seu pai ao abrir a porta do seu quarto. Hades estava sentado a uma das poltronas lendo. Ele ergueu os olhos para a filha.

– Por que a pressa? – Quis saber.

– É importante. – Respondeu rapidamente.

– O que? – Quis saber.

– Tipo, muito importante. – Ela completou.

– Juh, eu...

– Importante, importante mesmo. – Falou assentindo firmemente e com pressa – Muita coisa depende disso.

– O que depende do que, Julia? – Perguntou franzindo o cenho e deixando o livro de lado.

– A minha vida. – Respondeu em seguida – E vida de bastante gente.

– O que aconteceu, Julia? – Ele ficou preocupado.

– Pai, você está me atrasando. – Reclamou revirando os olhos – Só fala logo onde ela está!

– Talvez eu possa te ajudar. Eu posso... – Ele ia dizer que ele era um Deus e seria provavelmente muito útil para salvar a vida dela, como Juh colocou, mas foi interrompido.

– Você não serve, pai. Cadê a Luh? – Retrucou impaciente. Hades cruzou as mãos.

– Como assim eu não sirvo, Julia?! – Repetiu desentendido – Como eu posso não servir para te ajudar?

– Argh, pai. Você não entende nada. – Revirou os olhos – Eu acho ela sozinha.

E fechou a porta deixando Hades sozinho e pasmo em seu quarto. Julia desceu os degraus com pressa, checando se a irmã não estava por algum cômodo. Ao ver que não, atravessou a porta principal até o jardim.

– Ah, você está aí! – Exclamou aliviada e começou a correr. Juh sentou-se no banco bem ao lado de Luh. Ela estava um tanto sem fôlego, o que deixou Luh surpresa.

– O que houve? – Perguntou preocupada.

– Escuta, Luh. Isso é importante. Muito, muito importante. – Disse tentando controlar o próprio batimento cardíaco acelerado.

– O quê? O que houve? – Luh ficou tensa por alguns instantes, até que a irmã falou.

– Eu vou dar meu número de celular para o Ares. – Falou abrindo um sorriso.

– Ah, eu não acredito nisso... - Suspirou passando a mão pelo rosto – Por que foi que eu pensei que era uma coisa importante?

– Isso é importante. – Insistiu e continuou – A gente pode passar no Olimpo de novo, e você me apresenta para ele. Aí eu entrego o meu número depois de uma boa conversa e a gente marca de se encontrar.

Juh bateu palmas de felicidade só de imaginar a cena, e Luh revirou os olhos.

– Acredite, por dentro eu estou muito feliz por você. – Falou.

– Sério?

– Sarcasmo, Juh. – Revirou os olhos de novo – Por que ninguém entende?

– Eu não acredito que você não enxergue o quanto isso seria bom para mim. – Falou tentando convencê-la – Imagina! O Ares! Ah, meus Deuses...

Luh assentiu em silêncio. Não valia a pena discutir sobre aquele assunto. Não valia a pena dizer que Ares era um louco bruto e sanguinário que sentia prazer em ver as pessoas sofrendo e morrendo e se sendo espancadas e/ou tudo junto, porque Juh o enxergava como só um bad boy sexy.

– Mas... Mas tem um problema. – Murmurou pensativa.

– Ah, tem é? – Falou Luh, mas depois diminuiu o tom de voz – Só um?

– Você acha que ele ligaria para mim? – Perguntou franzindo o cenho com preocupação.

– Sinceramente, eu espero que não. – Respondeu Luh olhando para os cães disputando uma corda.

– Eu tenho chances. – Comentou Juh ignorando a irmã e olhando para os cães também – Mas você sabe, né? Ele é ocupado.

– É, esmurrar gente dá trabalho. – Assenti Luh.

– Estou falando sério. – Juh revirou os olhos – Então, quando vamos ao Olimpo?

Eu vou ao Olimpo para ajudar o Apolo a montar o concurso. Unicamente para isso. – Respondeu olhando-a – Não quero e nem vou ficar na frente do Ares. Já o conheci e foi experiência o suficiente para a minha vida toda.

– Ah, então para o Apolo tudo bem! – Reclamou Juh.

– É, para o Apolo tudo bem. – Assentiu Luh – Porque ele é quem vai ser jurado comigo.

– Mentira. Você tem uma queda por ele. – Protestou Juh – Você só está nessa porque pode ficar perto do Apolo!

– Não é verdade. – Mentiu Luh. Pois era verdade. Ah, se era verdade – Eu estou nessa só para poder ajudar. Acho legal isso de concurso de beleza.

– Você odeia concurso de beleza! – Rebateu.

– Eu odeio Miss Universo! – Corrigiu Luh – Mas isso é um concurso com as Deusas. Isso é outro nível e eu me sinto muito útil ajudando com as coisas.

– Quem é Apolo na frente do Ares? – Retrucou Juh irritada – O Ares é alto, forte, musculoso! O Apolo é só loiro de olhos azuis.

– Apolo também é musculoso. – Rebateu Luh, defendendo-o – E só para constar, ele é bem mais bonito que o Ares.

– Ele nem deve ter uma barriga tanquinho como a do Ares. – Desdenhou Juh revirando os olhos.

– Ei, ele tem sim! Ele tem uma barriga tanquinho muito bonita! – Luh deteve-se por alguns instantes ao ver o que tinha dito.

– Por quê? Você viu ele sem camisa? – Perguntou Juh.

– Não. – Negou mentindo – Não que eu tenho visto ele sem camisa, mas... Outras pessoas viram.

– Você viu ele sem camisa. – O queixo de Juh caiu – Ah. Meus. Deuses. Você viu o Apolo sem camisa!

– Não! Outras pessoas viram e me contaram que ele é bonito sem camisa! – Defendeu-se, mas seu rosto estava começando a ficar vermelho. Juh negou com a cabeça.

– Mentira! Você viu ele sem camisa! – Exclamou apontando para Luh – Você viu o Apolo sem camisa e é por isso que quer ir para o Olimpo o tempo todo!

– Eu já disse que é só porque eu sou jurada! – Exclamou irritada – Agora para com isso, Juh! Eu não vou te apresentar para o Ares!

Juh se colocou de pé bem na frente de Luiza.

– Sim. Sim você vai. – Afirmou. Luh prendeu o riso.

– Vai sonhando. – Respondeu.

– Se você não me apresentar ao Ares, eu vou contar para o papai que você anda grudada com o Apolo. – Falou mostrando muita firmeza. Luh parou de rir e estreitou os olhos tentando adivinhar se aquilo era verdade ou não.

– Eu não ando grudada com ele. Isso é mentira. – Reclamou.

– Mas eu vou contar mesmo assim, e aí você vai estar perdida. – Rebateu negando com a cabeça – Porque você sabe muito bem que ele vai querer ir atrás do Apolo para reclamar. Isso vai ser bem vergonhoso.

– Você quer me ferrar por causa do Ares, Juh?! – Reclamou colocando-se de pé – Eu sou sua irmã!

– Você está sendo injusta! – Retrucou.

– Não, você está sendo injusta! Não acredito nisso! – Queixou-se e depois se sentou com raiva no banco – Tá bom! Eu te levo para o Olimpo, mas é só isso. Você acha o Ares, você fala com o Ares. Eu não quero ter nada a ver com isso.

Julia sorriu e colocou a mão sobre o coração.

– Isso é tão emocionante. Eu vou conhecer o Ares! – Seus olhos brilharam de emoção, e Luh suspirou.

– Só faça o favor de não falar nada sobre mim. Ninguém pode ficar sabendo que eu sou jurada, entendeu? Senão eu vou entrar em uma grande confusão. – Pediu.

– Certo. – Disse sentando-se ao lado da irmã – Eu não vou falar de você.

– Certo. – Disse Luh depois de analisar o rosto dela por longos segundos.

– Certo. – Repetiu Juh sorridente. Elas ficaram em silêncio por mais um tempo até que – Luh.

– O quê?

– Como é o Apolo sem camisa?

– Não enche, Juh.

–... Aí eu disse para ela que tudo aquilo poderia ser resolvido com um bom jantar. E ela disse “vou fazer um frango assado”. Aí eu disse “Ei, você quer me matar?”. – Contou Hermes e Apolo e Atena riram.

– Essa foi boa. – Riu o Deus da Sol enxugando uma lágrima provocada pelo riso. A Deusa da sabedoria levantou-se e sorriu para eles.

– Essa manhã foi muito agradável, mas eu tenho trabalhos a fazer. – Falou parando de rir aos poucos.

– Mas já? – Perguntou Hermes ajeitando-se no sofá.

– Já. Na verdade, temo estar atrasada. Vejo vocês mais tarde, irmãos. – Disse e atravessou a porta do templo de Hermes. No instante em que desceu o último degrau da escadaria de frente, encontrou com Ares.

– Ora, mas que adorável coincidência. Como vai você, Ares? – Perguntou Atena com muita tranquilidade.

– Ah, eu vou bem e... – Ela segurou a gola da sua camisa com força e seriedade. Seus olhos mostraram um brilho assassino.

– Se quiser continuar assim, é melhor que tenha convencido mesmo a jurada. – Falou em um tom baixo e rangendo os dentes. Ares engoliu em seco.

– É claro que eu convenci. – Assentiu tenso – Eu falei com ela.

– Falou com ela? – Repetiu.

– É. Falei do meu jeito. – Respondeu para mostrar que não teria forma de Luh votar por outra Deusa – Agora acalme-se, ok?

Atena soltou a gola da camisa do meio-irmão, mas não antes de analisar bem o seu rosto, procurando por qualquer resquício de mentira. Por fim, julgou que ele tinha dito a verdade e respirou fundo.

– Eu tenho que vencer, Ares. Não posso perder de novo. – Falou.

– Eu já disse que convenci a jurada. Dê seu jeito com o Apolo agora. Ele é tudo o que te separa da vitória. – Disse Ares devagar e baixo. Atena assentiu.

– Vou cuidar disso. – Falou e passou por ele indo embora.

Ares revirou os olhos. Não gostava de estar metido no meio dessa loucura toda. Tudo o que ele queria era poder ver o circo pegar fogo de longe, e não estar dentro do circo. Subiu as escadas em silêncio e entrou no templo do Deus dos ladrões.

Apolo e Hermes estavam rindo de mais uma piada quando o Deus da guerra adentrara.

– Vocês não tem nada o que fazer, não é? – Falou negando com a cabeça.

– Olha só, o senhor ocupado veio se juntar a nós. – Falou Apolo rindo.

– Cala a boca. – Disse sentando-se em uma das poltronas. Ares olhou para Apolo e franziu o cenho – Atena estava aqui?

– Acabou de sair. Disse que estava atrasada para algum trabalho aí. – Respondeu encolhendo os ombros.

– Ela bem que podia continuar aqui. – Comentou Hermes suspirando – Atena estava muito simpática hoje.

– Aposto que sim. – Disse olhando para Apolo – E como vai esse negócio de concurso de beleza?

– Sei lá. – Ele encolheu os ombros – Até agora eu não tive que fazer nada. Particularmente, acho que é só uma ideia de Éris para criar o caos.

– Que inteligente da sua parte reparar isso. – Riu Hermes – Atena te ajudou a chegar a essa conclusão ou você conseguiu sozinho?

– O que importa é que eu vou estar rodeado de mulheres bonitas. Isso já é o suficiente para te deixar com inveja, Hermes. – Respondeu Apolo com um sorriso no rosto.

– Quem acha que vai ganhar? – Perguntou Ares quase que em seguida.

– Ué, mas assim? – Apolo franziu o cenho – Quer que eu diga quem ganha sem nem ver o desfile de roupas íntimas?

– Não tem desfile de roupas íntimas. – Ares riu da ideia.

– Por que não? Tem em todo concurso de beleza. – Respondeu Apolo rindo também.

– Acho que está confundindo com desfile de trajes de banho. – Riu Hermes – Desculpa cortar a sua onda, mas ninguém vai andar de lingerie para você.

– Trajes de banho, roupas íntimas, é tudo bem similar. – Apolo encolheu os ombros – Ainda estou no lucro.

– Mesmo assim, quem você acha que iria vencer? – Perguntou Ares, como quem não quer nada. Apolo parou para pensar e encolheu os ombros.

– Acho que Afrodite. – Respondeu.

– Eu acho... Sei lá. – Ares encolheu os ombros – Acho que Atena devia ganhar.

– Que? – Disse Apolo surpreso – Por quê?

– Porque ela é bonita, mas ninguém nunca nota isso porque todo mundo só a vê como a Deusa da inteligência. – Respondeu como se fosse algo que ele tivesse pensado na hora – Mas se ela vencesse ia juntar aquele negócio de beleza e inteligência, e derrubar tabus e ganhar a paz mundial ou qualquer coisa parecida com essas baboseiras.

– Faz sentido. – Disse Apolo pensando no que Ares tinha dito. Hermes apressou-se em derrubar a ideia.

– Mas se você for pensar nisso, teria que ver que outras Deusas também não são notadas pela beleza. – Rebateu também como quem não quer nada. Ares olhou para ele desconfiado, mas Apolo olhou só querendo ouvir sua opinião – Como... Ah, sei lá. A Deméter. Ela é bonita, mas todo mundo só fica pensando nela como uma mulher chata que briga por qualquer errinho de educação e que tenta empurrar cereal nossas goelas abaixo.

Apolo parou para pensar.

– É. Deméter é bonita. – Assentiu pensando no caso.

– Mas Deméter não é tão bonita quanto a Atena. – Retrucou Ares – Não mesmo.

– Mas a Deméter merecia mais destaque pela sua beleza. E isso é muito relativo. Ela tem atributos que a Atena não tem. – Falou Hermes – Eu acho que ela devia, não sei, talvez... Ganhar o concurso.

– E eu acho que você tem uma queda pela Deméter. – Respondeu Ares atacando o Deus das corridas – Você tá apaixonado e acha que ela é mais bonita do que é de verdade.

– Você e a Deméter? – Riu Apolo – Desde quando isso?

– Desde quando o Ares inventou isso. Agora, para ser mais exato. – Hermes apontou para o seu lado no sofá, e mesmo estando vazio, fingiu que tinha alguém – Acho que nos descobriram, amor.

– Atena devia ganhar. É só isso que eu tenho a dizer.

– E Deméter devia ganhar mais do que Atena devia ganhar. – Respondeu Hermes. Os dois se fuzilaram com o olhar por longos instantes. Apolo quebrou o silêncio rindo.

– Quer saber o que eu acho? – Sim, eles queriam. Por isso viraram o rosto simultaneamente para o Deus do Sol – Eu acho que os dois estão apaixonados. Arrumem um quarto, homens. Eu vou para o meu templo.

Ele se levantou rindo e foi embora deixando Hermes e Ares sozinhos. Eles se entreolharam em silêncio por alguns instantes, em completa seriedade, até que Hermes riu quebrando o clima pesado.

– Eu sei o que está fazendo. – Falou esboçando um sorriso torto – E acredite, não é melhor do que eu nisso.

– Ah, eu sou sim. – Ares estalou os dedos das mãos – Acredite.

– Não, não é. Eu digo para você aqui e agora que não há chances de Deméter perder essa competição. E quando falo isso, digo com toda a certeza. – Falou sorrindo torto – Ou metade dela.

Ares riu da piada que Hermes julgava ser o único que entenderia.

– Ah, não, meu caro. Eu tenho metade da certeza. – Sorriu torto, mas depois os dois perderam seus sorrisos. Entenderam porque estavam tão confiantes. Souberam, naquele instante, que ambos tinham subornado a jurada, e que ambos foram garantidos de um voto.

Ares pensou no que aconteceria a ele se a filha de Hades não votasse a favor de Atena na última hora. Ia levar a maior surra de sua vida. Quer dizer, ela ia. Mas depois ele ia, porque Atena enfiaria o salto alta na sua...

E Hermes pensava no banque infinito de tortas surpresa voando pela janela. Aquele era o pior pesadelo de sua vida.

– Eu... Eu vou deixá-lo em paz. – Falou Ares dando um riso forçado para parecer casual – Deve querer descansar.

– É. Descansar. É uma boa ideia. – Respondeu o Deus enquanto Ares atravessava a porta. Assim que Ares saiu, ele suspirou pesadamente – Que mundo é esse onde nem mesmo um unicórnio compra uma garotinha?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu tentei adiar o capítulo onde a Luh se ferrar bastante, porque é aniversário dela. Então quero saber o que vocês acharam. Deixem seus comentários, recomendem ou critiquem se quiserem.
Vejo todos no próximo capítulo!
Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Brutal Game" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.