Brutal Game escrita por Mandy-Jam


Capítulo 8
Somente para seus olhos


Notas iniciais do capítulo

Genialmente começando um capítulo com o título de um filme do James Bond, eu tiro a poeira que estava em cima dessa fic.
Eu espero que vocês ainda estejam aí, e que gostem desse novo capítulo.
Vou tentar não demorar uma eternidade para o próximo.
Boa leitura!



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– Estamos chegando? É perto daqui?

Ela não respondeu. Só continuou andando no mesmo ritmo apressado.

– Espera. Dá para andar mais devagar?

Ela não diminuiu o passo.

– Luh, eu não quero chegar suada no templo do Ares! – Exclamou Juh irritada por ser ignorada pela irmã – Se eu estiver com o cabelo todo bagunçado quando você me apresentar para ele, eu juro que...!

– Pode ir parando! – Disse parando de andar e virando-se para a irmã de repente – Você lembra o que eu falei para você?

– Que você o Apolo sem camisa? – Perguntou Juh cruzando os braços.

– Não isso. – Luh franziu o cenho ao notar o que dissera – E eu não o vi sem camisa, só para constar.

– Viu si...! – Juh foi cortada.

– De qualquer forma! Eu disse que não ia apresentar você ao Ares. Disse que ia trazer você até aqui, e te levar para perto do templo dele, já que você provavelmente ia ficar perdida por aqui. – Luh negou com a cabeça – Eu não quero ter nada a ver com ele.

– Você vai mesmo me largar assim? Mas o que eu vou dizer para ele? – Juh sentiu um pouco de nervosismo – Deuses, Luh! Como eu vou puxar assunto com ele? E se eu gaguejar? E se ele não quiser falar comigo?!

– Você vai ser uma pessoa mais feliz do que pensa. – Respondeu encolhendo os ombros.

– Isso é sério! Seríssimo! – Falou nervosa. Ela sentou-se em um banco perto dali, e respirou fundo – Rápido, me ajuda a pensar no que dizer a ele.

– Oi, eu me chamo Juh e tenho um santuário seu do lado da minha cama. – Falou Luh prendendo o riso. Juh fuzilou-a com o olhar.

– Você não entende o significado da palavra sério?! – Reclamou.

– Eu acho que você é que não entende. – Rebateu em um murmuro.

– Luh, ele é o cara. – Juh colocou a mão sobre seu peito, exatamente em cima do coração – Ele é tão perfeito que chega doer. E agora eu estou perto de conhecer ele de verdade! Eu tenho que fazer uma boa apresentação.

– Juh, você não... – Luh foi interrompida.

– Já sei! – Exclamou colocando-se de pé – Por Hades, Luh, eu tive uma ótima ideia. Você me leva até lá, finge que vai conversar com ele, já que já são amigos, e fala “Ah, você sabia que eu tenho uma irmã e que ela tem muito em comum com você?”.

– Nós dois não somos amigos! – Exclamou Luh irritada com aquilo – E você não aguenta nem ver sangue sem desmaiar, não tem nada em comum com ele!

– Por que você nunca me ajuda?! – Reclamou Juh – Toda vez que eu peço alguma coisa você sempre vê um defeito...!

Ela continuou a reclamar sem parar, e Luh tentou não dar muita atenção. Ela olhou em volta, irritada por ter que ficar ouvindo todo aquele blá blá blá. Tudo o que ela queria era ficar em paz com o Apolo, preparando as coisas para o concurso, e não ter que se preocupar com a sua irmã nem com o seu pai.

Por isso, Luh olhava em volta e tentava pensar no que faria para se livrar daquele problema. Ela não tinha noção, no entanto, que teria que pensar bem rápido.

Bem ao longe, seus olhos encontraram Ares. Seu sangue gelou ao ver o Deus da guerra andando e olhando em volta, como se procurasse por alguém.

Ele não está procurando por mim. Claro que não. Deve ser... Deve estar procurando por Afrodite.

Infelizmente, ela não tinha tanta sorte. Os olhos do Deus da guerra encontraram os dela.

Ele não sabe. Ele não sabe que eu concordei com Hermes. Não, não, ele não sabe.

Infelizmente de novo, ela ainda não tinha tanta sorte.

Luh pode ver os olhos deles se encherem de raiva. Ele apontou diretamente para ela, e rosnou:

– Você!

– Quer saber?! – Luh virou-se para Juh de repente. Ela tinha que agir rápido para não ter que enfrentar a fúria do Deus da guerra – Você tem toda a razão! Eu vou te ajudar! Vamos agora mesmo para o templo dele e eu te apresento! Vem!

Antes que Juh pudesse processar a situação e o que sua irmão tinha dito, ela foi puxada e forçada a sair correndo. Luh corria driblando todas as ninfas, Deuses menores e criaturas pelo caminho.

– Calma, Luh! Para que tanta pressa?! – Perguntou surpresa.

– Porque...! Porque não se deve fazer o amor esperar! – Respondeu Luh olhando paranoicamente em volta, só para se certificar que ele não estava mais por perto. Colocando-se na ponta dos pés para ter uma visão melhor, ela tentou ver se Ares tinha realmente sumido.

– O que está procurando? – Perguntou Juh, sem entender.

– Estou tentando achar o templo. – Mentiu Luh. Demorou cerca de alguns segundos para ela ver que Ares estava se aproximando delas pela rua á esquerda – Ah!

– O que foi Luiza?! – A filha de Hades ficou preocupada.

– Achei o templo! É para a direita, vem! – Berrou ela puxando sua irmã para o lado oposto de Ares.

As filhas de Hades saíram correndo desesperadamente para a direita. Uma delas achava que ia encontrar o Deus da guerra, e a outra corria pelo motivo oposto. O Deus da guerra, por sua vez, não ia se deixar vencer tão fácil. Ele apareceu justamente do outro lado do caminho, metros de distância de Luiza.

– Não pense em correr! – Exclamou ele com raiva.

Luh parou imediatamente e virou Juh de costas para ele.

– Eu disse direita? Eu quis dizer esquerda! O templo é para...! – Ares a interrompeu se aproximando.

– Não vai escapar de mim, fedelha! – Rosnou estalando os dedos dos punhos.

– É o Ares?! – Perguntou Juh se virando para ver. Luh, então, teve que pensar rápido. Antes que o Deus da guerra se aproximasse o suficiente para segurá-la, ela empurrou Juh na direção dele.

Sua irmã tropeçou e acabou chocando-se contra o Deus.

– Ares, essa é Julia! Ela ama você! – Exclamou rápido – Tchau!

Luiza! – Berrou Julia corando de vergonha e raiva.

– Mas o quê...?! – Ares ficou um tanto atônito. Ele saiu correndo atrás de Luh de novo, mas parou alguns metros depois. Ela tinha driblado a multidão e sumido de sua vista. Furioso, ele esmurrou uma árvore perto – Maldita!

Ele parou e tentou pensar no que faria, mas seus pensamentos foram cortados quando ouviu uma tosse. Olhou para o lado e se deparou com uma garota de cabelo escuro, com olhos castanhos brilhando enquanto o admiravam.

– Ahm... Eu peço desculpas por isso. Toda essa informação de uma vez só. – Juh soltou uma risada tentando parecer descontraída – Eu sou Julia, e...

– Não estou nem aí. – Disse virando

– Ah! Espera! Eu... – Julia tentou acompanhar o passo dele, mas era difícil – Eu tenho certeza de que nós poderíamos nos conhecer melhor! Na verdade, eu queria muito isso, porque...!

– Não quero conhecer você! – Respondeu Ares sem ligar, ainda irritado pela jurada ter escapado.

– Porque eu sou sua fã! Você é o meu Deus favorito, eu adoro você de coração! Significaria muito para mim se você cedesse um pouquinho do seu tempo para...! – Ele a interrompeu com impaciência.

– Eu não tenho tempo para jogar fora com você! Agora suma! – Berrou com raiva.

Julia parou de andar. Ela sentiu seu coração ser esmagado em mil pedaços. Seus olhos lacrimejaram um pouco, e por alguns instantes ela cogitou a ideia de tentar convencer Ares de ela poderia ser sim muito interessante, mas logo desistiu. Cerrou seus punhos, e com uma voz de mágoa disse o que achava ser as últimas palavras que trocaria com o Deus da guerra.

– Ótimo! Eu também não quero passar tempo com você! Você...! Você só liga para a minha irmã porque ela é jurada desse concurso estúpido! – Exclamou Julia. Ares, de repente, parou de andar. Ela achou que ele estivesse irritada com o que ela dissera, por isso prosseguiu – Adeus! Até nunca mais!

E quando ela estava prestes a ir embora, a mão de Ares tocou seu ombro. Ela virou para olhá-lo.

– Espera... Vocês duas são meio irmãs? – Perguntou ele, repentinamente interessado.

– Irmãs. Nós temos a mesma mãe. – Respondeu ela fungando, tentando não começar a chorar. Ares, no entanto, não a deu motivo para isso. Ele abriu um sorriso torto, e a virou completamente para ele.

– Ah, olha só isso. Você ia chorar? Não, não, nada disso. – Ele secou as lágrimas ainda não existentes no rosto de Juh, fazendo-a se derreter – Eu sinto muito por ter sido tão grosso com você.

– Você sente? – Perguntou boba.

– Mas é claro que eu sinto! – Mentiu ele, e abriu as mãos apontando-as para Juh – Uma garota tão bonita como você? Eu fui um idiota. Quer saber o que eu acho, Julia?

– Se quero. – Sorriu ela.

– Eu acho que nós dois temos que nos conhecer melhor. Não acha? – Piscou para ela. A filha de Hades suspirou apaixonada.

– Eu esperei tantos anos para ouvir isso...

xXx

Apolo entrou em seu templo calmamente. O Deus da música pretendia ter um pouco de descanso pelo resto do dia, talvez um banho quente enquanto era massageado pelas musas, ou ficar em seu quarto tocando lira.

Por isso, não perdeu muito tempo e foi logo tirando a roupa indo em direção ao seu quarto. Primeiro a camisa, depois desabotoou a calça, mas antes que pudesse tirá-la, deteve-se ao ver que não estava sozinho.

– Ahm... – Apolo parou na porta já aberta de seu quarto, e franziu o cenho – Atena? O que está fazendo aqui?

– Uhm? – Atena respondeu fingindo estar distraída, como se nem passasse pela sua mente que o Deus poderia voltar para o seu próprio templo – Ah, Apolo. Eu espero que não se importe com a minha visita. Estava com saudade da sua companhia, de uma boa conversa...

– Você e eu estávamos juntos á alguns minutos atrás. – Interrompeu ele, confuso.

– Ah, é verdade. – Atena fingiu lembrar de repente – Nossa, como o tempo voa longe de você. Parece que não nos vemos há meses.

– Atena... – Apolo estava confuso com aquilo. Ele coçou a cabeça tentando imaginar o que ela estava fazendo. A Deusa estava em cima de uma escada de madeira que ele tinha para alcançar todas as prateleiras da sua estante enorme – Sinto muito, mas eu vou ter que pedir para você sair.

– Você está aborrecido? – Perguntou ela fingindo preocupação – Eu vi a porta aberta, chamei seu nome, mas parecia que não tinha ninguém. Então eu entrei para procurar você. Não estou aqui a mais de alguns instantes.

Era mentira, mas Apolo não sabia disso. Atena conseguia ser uma das Deusas mais espertas do Olimpo. Sempre que queria alguma coisa, ela armava o plano perfeito em sua mente para manipular e conseguir a vitória. Por isso ela ganhava as guerras em cima de Ares: seu meio irmão tinha cabeça quente demais para persuadir os outros.

Mas a combinação dos dois era o que Atena acreditava ser a chave da vitória do concurso. Enquanto ela manipulava Apolo, Ares ameaçava a jurada mais fraca.

– Por que você está aqui? – Perguntou Apolo encolhendo os ombros – Eu não quero ser rude, mas eu estava no meio de uma coisa no instante.

Atena não pode deixar de fazer uma leve careta.

– Você estava tirando as calças, por favor, não me diga que ia... – Ela não quis completar a frase – Quero dizer, você está sozinho aqui, então...

– Não! Não. – Apolo passou a mão pelo rosto, tentando não rir – Eu ia tomar um banho quente. Eu ficar deitado na cama.

– Nu?

– De cueca.

– Você faz isso com frequência?

– Bem, é o meu quarto. – Apolo ficou um tanto impaciente. Atena suspirou com alívio.

– Ainda bem que não esperei você sentada na cama. – A Deusa desceu da escada bem devagar, o que tornou possível para Apolo reparar nas suas pernas pelo longo rasgo lateral que seu vestido tinha.

Quando ela finalmente colocou o pé no chão, ele teve que sacudir a cabeça para acordar.

– Eu estava... – Ele interrompeu Atena.

– Não estava olhando! – Disse defensivamente. Atena riu.

– Tudo bem, Apolo. Não faz mal nenhum olhar. – Apolo arregalou os olhos.

– Não?! – Ele pareceu perplexo – Por que...?! Por que você nunca me disse isso ao longo de todos esses anos?!

– Porque aí qualquer um poderia olhar, e eu não preciso de mais um motivo para acertar um soco na cara de Poseidon ou de Hermes. – Respondeu ela sorrindo amigavelmente. Apolo ergueu as mãos em defensiva novamente.

– Não vai acertar um soco na minha cara, não é? Porque eu já vi você treinando, e eu sei como um soco seu poder ser um estrago. – Atena riu e avançou na direção dele. Apolo encolheu-se – Por favor, na cara não! Meu rosto é tão bonito...!

Atena colocou a mão sobre o ombro dele, ainda gentilmente. Apolo olhou-a depois de garantir que ela não estava prestes a bater nele, e relaxou.

– Eu não vim aqui para isso. – Disse calmamente – E eu não me importo de você olhar para mim, porque você é diferente dos outros Deuses.

– Eu poderia chorar agora mesmo. – Disse ele aliviado – Mas afinal, o que você quer?

– Eu vim aqui dizer que você não seria um jurado competente. – Respondeu ela ainda sorrindo. Apolo olhou bem para o rosto dela.

– Como é que é? – Perguntou ofendido.

– Eu achei que você não era a pessoa mais qualificada a beleza de ninguém, por causa da sua leve inclinação para o narcisismo. – Continuou ela. Apolo começou a ficar com raiva – E eu acho que essa estante ainda confirma o que eu temia.

Atena aproximou-se novamente.

– Seus troféus de competições de música...

– Eu sou narcisista só porque gosto de ver as minhas vitórias?! – Reclamou.

– Todos os porta-retratos tem fotos suas...

– Bem, novamente, é o meu quarto! – Exclamou ainda mais irritado.

– E todos esses livros de poemas...

– O que tem eles?!

– Que os mortais escreveram em para você. – Completou ela – Tudo isso confirma o que eu ia dizer.

– Então é isso?! Você vem até aqui, invade meu próprio templo, para poder jogar na minha cara todas as suas críticas?! – Ele se aproximou dela com raiva. Atena assentiu, ainda com uma calma impressionante.

– Sim.

– Achou que eu não era capaz de julgar um concurso de beleza, eu, o Deus da beleza, só porque me julga narcisista?! – Ele cerrou os punhos.

– Sim, eu achei. – Confirmou Atena avançando para a direção dele. Quando estava extremamente próxima do Deus do Sol, ela sorriu – Eu achei.

Apolo franziu o cenho.

– Mas aí você entrou no quarto, e eu pude olhar melhor para você. – A Deusa tocou o rosto de Apolo com a ponta do dedo indicador e passou por suas bochechas até seu queixo. Ele ergueu uma sobrancelha – E olhando melhor para você, eu cheguei à conclusão... Quem seria mais apto a isso, do que alguém que possuí um rosto tão belo?

Apolo acabou esquecendo completamente da sua raiva. Aquilo era comum. Se tinha um modo de manipulá-lo, era com elogios.

Atena aproximou seu rosto da orelha do Deus, e sussurrou.

– Eu nunca machucaria o seu rosto, Apolo. Nem mesmo com um arranhão. – Apolo teve mil fantasias com aquela voz sussurrante, com o calor do corpo de Atena, com a visão que teve de suas pernas, mas teve que se controlar.

– Bom saber. – Respondeu também sussurrando, do mesmo jeito que sussurrava no ouvido de uma garota que ele gostaria de levar para a cama depois de uma festa. Ele sabia que nunca teria tais chances com Atena, uma das Deusas castas, mas não viveria sentindo-se culpado por não tentar.

Atena sorriu para ele mais uma vez.

– Eu só espero ter um quinto da sua beleza no dia do concurso. – Disse olhando nos olhos azuis dele.

– Ah, querida. Eu acho que você está na metade do caminho. – Falou ainda sussurrando sedutor. Suas mãos tocaram a cintura de Atena, que riu colocando suas mãos sobre as dele.

– Bom saber, Apolo. Espero que lembre disso no dia. Mas por enquanto... – Ela tirou as mãos dele de sua cintura – Pode olhar, mas não tocar.

E a Deusa foi embora deixando-o finalmente sozinho.


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Notas finais do capítulo

Espero pelos reviews!
Beijos e até o próximo capítulo.