Brutal Game escrita por Mandy-Jam


Capítulo 6
Unicórnios e alces coloridos


Notas iniciais do capítulo

E depois de milênios sem atualizar, eu volto dos mortos com mais um capítulo.
Eu sinto muito. Provavelmente você não se lembra muito bem da história, mas como ela tem poucos capítulos, talvez dê para você reler.
De qualquer forma, um resumo: Luh vai ser jurada da competição para ver quem é a Deusa mais bonita e todo mundo quer suborná-la, extorqui-la, ou ameaçá-la.
Pronto.
Boa leitura.



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Luiza piscou os olhos tentando entender o que Hermes acabara de falar.

– Oi? – Falou confusa.

– Um unicórnio. – Repetiu Hermes – Sabe? Um cavalo com um chifre na testa. Só um chifre, para ser mais preciso.

– Eu...

– Ou se você gostar de cavalos com mais chifres, pode ser um alce também. Mesmo que um alce cor de rosa se já um tanto incomum... – Hermes parecia estar falando consigo mesmo. O Deus estreitou os olhos e olhou para Luiza – Você gosta de rosa?

– Er... Não muito. – Respondeu.

– Foi o que eu pensei. – Encolheu os ombros – Então tanto faz se o alce for da cor natural dele ou não, não é? Claro, não sejamos racistas. Temos que aceitar os animais e as pessoas pela cor que elas têm.

– Claro. Isso é sempre legal. – Confirmou Luh – Mas eu prefiro o unicórnio. Se é que eu posso escolher.

– Claro! Mas é claro que você pode escolher, Luíza. – Sorriu Hermes amigável – Você pode escolher qualquer coisa que você quiser nessa vida. Pode escolher com quem vai casar, qual roupa vai usar para ir a pizzaria, como vai matar um minotauro, qual sobremesa vai querer depois do almoço, quem é a Deusa mais bela... Qualquer coisa.

– Ah, não... – Murmurou sabendo onde aquilo ia chegar.

– Quero só ter certeza que você vai fazer escolhas certas na sua vida, Luh. Posso te chamar de Luh, Luh? – Continuou ele.

– Você já está chamando mesmo. – Respondeu ela um tanto tensa – Olha, eu não...

– Por favor, deixe-me continuar, Luh. – Pediu Hermes – Tudo pode ser muito mais fácil se você faz a escolha certa, não é mesmo? Tenho certeza de que você entende o que eu te digo, e que você vai fazer a escolha certa e facilitar as coisas para todo mundo.

– Ah, não... – Repetiu.

– Ah, sim. – Insistiu Hermes – Vamos, seja esperta. Você pode faturar um unicórnio! Tem noção do quanto isso vai causar inveja nos seus amiguinhos?

– Eu não tenho muito amiguinhos. – Respondeu Luh. Mas ela queria o unicórnio. Ah, se queria.

– Melhor ainda! Ele pode ser o seu amiguinho. – Falou entusiasmado – Tudo que você precisa fazer é a escolha certa quando te perguntarem quem é a Deusa mais bonita.

– Atena. – Respondeu Luiza suspirando pesadamente – Atena Pallas é a palavra mágica.

– Isso está bem errado. – Hermes negou com a cabeça – Até porque, Atena Pallas são duas palavras.

– Já tivemos uma longa discussão sobre isso. – Luiza revirou os olhos, cansada.

– Quem? – Quis saber Hermes.

– Alguém. É tudo o que eu posso dizer. – Disse Luiza soltando-se do Deus das corridas. Hermes segurou o braço dela.

– Esqueça isso de Atena. A resposta certa é Deméter. – Falou sério.

– Eu não posso. – Respondeu Luh.

– Ei, não complique as coisas, ok? – Reclamou Hermes com olhar fixo em Luiza – Você quer seu unicórnio, e eu quero a comida. Vamos todos cooperar e ninguém se machuca.

– Eu me machuco! – Protestou Luiza se soltando novamente – Quero muito o unicórnio, mas ele não vai servir se eu morrer.

– Ares veio te subornar antes de mim? Que miserável trapaceiro! – Hermes pareceu surpreso – Como ele se atreve a tentar roubar antes de mim?!

– Pois é, a vida não é justa.

Luiza passou por Hermes e começou a andar. Seus pés, no entanto, a cada segundo que passava pareciam mais pesados. De repente, ela não conseguia mais impulsionar o chão para trás de si, e ficou completamente parada. Seu coração bateu mais forte. Aquilo estava deixando-a nervosa.

– Me deixa ir embora. Eu tenho que voltar. – Pediu Luh, tentando manter a calma. Hermes parou na sua frente de novo, dessa vez com um olhar de pena.

– Eu sinto muito que as coisas tenham que acontecer assim, mas... Parece que eu vou ter que competir com a proposta do Ares. – Suspirou – Ou você escolhe a Deméter, ou alguns acidentes vão acontecer.

– Que... Acidentes? – Luiza tinha que ter certeza de qual era a ameaça mais cruel. Aparentemente, Hermes não parecia muito pior que Ares, mas era preciso conferir.

– Sabe aqueles livros que você comprou na internet e está esperando chegar pelo correio? Sabe aquelas coisas legais que você tem no seu quarto e que não ia gostar que fossem roubadas? Sabe aqueles textos que você ia detestar ver cair nas mãos erradas? – Perguntou com um sorriso malandro. Luiza engoliu em seco.

– Você não faria. – Murmurou.

– Faria qualquer coisa pela torta surpresa de queijo com tomate, Luiza. Faria qualquer coisa. – Assentiu.

Luiza franziu cenho, sem saber o que iria fazer para sair daquela situação.

Se ela escolhesse Deméter, ia sofrer uma morte lenta e dolorosa, possivelmente envolvendo algum tipo de tortura medieval em que a pessoa e esticada até seus membros se rasgarem do restante do corpo. Se ela escolhesse Atena, no entanto, tudo de maior valor para ela se perderia por aí, seria destruído, ou exposto para todo mundo. Não que ela tivesse revistas impróprias ou toda a coleção de 50 tons de Cinza, mas alguns de seus textos, rabiscos e músicas ela preferia que ficassem só para ela.

Mas pela lógica que se seguiu em sua mente, não ter mais nada não era tão ruim, contanto que você permanecesse viva para conseguir juntar tudo de novo.

– Olha... Eu realmente preferia a sua oferta do unicórnio. – Comentou em um suspiro. Hermes esperou pelo resto – Mas tudo bem. Eu vou escolher a Deméter. Só... Por favor, não deixe o Ares saber. Sério.

Hermes estreitou os olhos para ela.

– O que foi? – Perguntou sem saber.

– É que... Bem, entenda, quando se é o Deus dos ladrões você passa a não acreditar tão facilmente nas pessoas. – Respondeu ele. Hermes deu uma risada casual – Mas é claro que eu estou sendo exagerado, não é? Você não está mentindo para mim, certo Luiza?

– Certíssimo. – Mentiu ela assentindo – Mas eu quero meu unicórnio.

– Vou pensar no seu caso. – Piscou ele levantando-se – Tenha uma boa noite.

– Ei! Espera! – Pediu. Hermes se virou, e Luh apontou para os seus pés – Será que dá para você resolver isso aqui?

– Ah, sim. Claro. – Ele fez um gesto com a mão, e Luiza sentiu seus pés tão leves que tinha quase certeza de que poderia voar. Hermes se afastou cada vez mais, até que a filha de Hades não conseguia mais ver sua silhueta no meio da noite.

xXx

Julia estava deitada na cama olhando para o teto. Não sentia nem um pouco de sono. A cada cinco minutos a filha de Hades rolava de um lado para outro na cama. Para a esquerda ela tinha a visão da cama vazia da irmã, a direita tinha a visão da cortina que tampava uma das janelas do quarto.

A outra janela ficava entre as duas camas, e foi exatamente por ela que Luiza entrou. Julia deu um pulo da cama ao ver uma perna entrar no quarto.

Ah! – Berrou sacando sua faca e apontando para o invasor – Para trás!

Luh levou um susto com a reação da irmã, e acabou tropeçando e caindo sobre o tapete do quarto. Julia, ainda sem notar quem era, lançou a faca no chão. Por sorte, sua mira fora prejudicada por causa da escuridão, o que fez a lâmina se prender alguns centímetros de sua irmã.

– Julia! Você ficou louca?! – Reclamou virando-se para olhá-la – Ia me matar?!

– Você que deve ter ficado louca! Esqueceu para que servem as portas?! – Rebateu irritada – Que susto, Luiza!

As duas repiraram fundo para se acalmarem. Luh já estava relaxada, mas podia ver que sua irmã não.

– O que foi agora? – Perguntou levantando-se do chão e indo arrumar sua cama.

– Você não voltou. – Reclamou – Você tinha que voltar, porque hoje era o dia de você lavar a louça. E adivinha quem fez isso?

– Caronte? – Brincou Luiza.

– Muito engraçado. – Julia fez careta.

– Vê-lo de avental lavando pratos é realmente uma cena muito engraçada. – Assentiu Luh. Julia suspirou pesadamente, mostrando incomodo.

– Eu lavei a louça e arrumei a bagunça do cachorro. Além de fazer as minhas tarefas de verdade. Tem noção do quanto eu estou com raiva de você? – Falou.

– Tenho. – Revirou os olhos – Eu vou lavar a louça amanhã, Juh. Agora para de reclamar.

– Amanhã e depois de amanhã. – Corrigiu Julia. Luiza pensou em protestar, mas tudo o que mais queria era um pouco de silêncio para pensar na situação em que se metera.

– Isso. – Confirmou enquanto ajeitava seu travesseiro. Vestiu seu pijama, e isso levou alguns minutos. Minutos silenciosos, por incrível que parecesse.

Depois de um tempo ela estranhou o fato de Julia estar quieta. Normalmente, ela passaria longos minutos reclamando sobre como fora chato ter que fazer as tarefas no lugar dela, e sobre como o mundo era injusto, e como ela estava com raiva.

– Juh, você... Ah! – Luiza levou um susto ao se virar.

Sua irmã estava absurdamente próxima dela. A iluminação fraca do quarto deixava-a sombria. À ela e a foto que ela segurava nas mãos: a cara de Ares.

– Ele. É. Lindo. – Falou pausadamente. Luiza se recuperou do susto aos poucos – Ele é lindo, e eu o vi. Ao vivo. Na minha frente. E ele apontou para a gente, e falou com a gente.

– Ele apontou e falou comigo. E não, ele não é lindo. – Corrigiu Luh.

– Isso não é justo. Ele devia ter falado comigo. Eu que o acho bonito. – Resmungou Julia olhando para a foto.

– Ele é horrível, Juh. – Luiza revirou os olhos – E onde você conseguiu essa foto?

– Ah, tem mais. – Comentou puxando a cortina da janela que ficava ao lado da sua cama. Lá estava o pôster de Ares jogando um tijolo no fotógrafo e, para a surpresa de Luh, várias outras fotos do Deus.

– Você me assusta. – Comentou ela – Isso é o que? Um santuário do Ares?

– Eu chamo de parede dos sonhos. – Suspirou alisando as fotos – Será que você pode me apresentar a ele?

– Eu não quero nunca mais ter que vê-lo, Julia. – Respondeu Luiza. Julia cruzou os braços.

– Ora, vamos! Você já conhece o Apolo e agora conheceu o Ares. Por que eu não posso conhecer ninguém? – Perguntou irritada.

– Não foi isso que eu disse. – Rebateu deitando-se na cama.

– É porque eu não sou jurada desse concurso idiota? – Insistiu Julia – Eu posso ser jurada, se eu quiser. Eu sempre vejo American Next Top Model. E eu sempre vejo miss Universo. Tenho uma ideia de como funcionam esses concursos.

– Não, você não tem ideia! – Exclamou Luiza ficando irritada – Se tivesse não teria aberto a boca na frente do Ares! Agora ele sabe que eu sou uma das juradas. É uma questão de tempo até o Olimpo todo saber também, aí vai ser o meu fim!

Julia fora pega de surpresa, mas tentou responder a altura.

– Ele não é tão ruim assim. Você é que não sabe dar uma chance para as pessoas. – Retrucou.

– Nossa, Juh, você tem uma foto dele tentando matar um fotógrafo na parede do quarto. Tem razão. Isso realmente deve mostrar que ele é um amor de pessoa. – Resmungou revirando os olhos.

– Se ele não fosse simpático, ou se ele não fosse bonito, por que acha que Afrodite ficaria com ele? – Juh se sentiu triunfante com aquele argumento.

– Porque ele conta boas piadas. – Respondeu tranquilamente.

– É sério? – Juh ergueu uma sobrancelha, surpresa.

– Claro que não. Isso foi sarcasmo. – Respondeu Luiza aconchegando-se para dormir – Eu queria que alguém nesse mundo entendesse sarcasmo. Seria tão bom.

– Humpf. – Julia deitou-se em sua própria cama e virou para a Parede dos Sonhos – Você diz que o Ares é horrível e ainda te chama para ser jurada de um concurso de beleza. Lógica para que nesse mundo?

– Ah, e Julia... Faça o favor de fechar essa cortina. Não quero acordar e dar de cara com esse idiota. – Comentou Luiza.

– Argh. Eu vou fechar. Como você é chata! – Reclamou.

Passaram-se alguns minutos de silêncio.

– Juh?

– Oi.

– Você ainda está olhando para as fotos dele, não está?

–... Talvez.


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Notas finais do capítulo

Eu espero pelos reviews.
Vou começar a escrever o próximo agora mesmo, que eu já deixo programado para a próxima semana. Assim eu não atraso, e vocês não ficam tristes.
(Se é que alguém ainda acompanha essa fic)
Enfim, muito obrigada pela paciência e por continuar acompanhando Brutal Game. Beijos, e vejo vocês no review!



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