Brutal Game escrita por Mandy-Jam


Capítulo 3
Conspiração


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Ares mastigava lentamente enquanto observava Atena. A Deusa da guerra precisava discutir sobre alguns conflitos que estavam para surgir com o irmão, mas nenhuma palavra que saía de sua boca parecia fazer sentido.

Atena estava tão esquisita que até mesmo alguém desinteressado como Ares notou isso. Ele ergueu uma sobrancelha e engoliu a comida.

- Você está bem? – Perguntou.

- Por que eu não estaria bem? – Perguntou erguendo uma sobrancelha para ele. Ares deu de ombros e se ajeitou no divã da biblioteca da Deusa.

- Você está roendo as unhas e só está falando “aí”, “tipo”, “é...” e “mas então”. – Respondeu olhando-a – Não parece tão inteligente para vir de você.

- Mas então... – Murmurou tentando voltar ao assunto e notou que o que Ares falara era verdade. Ela suspirou pesadamente – Eu estou bem. É... Aí...

- Tipo... – Disse prendendo o riso.

- Tipo... – Atena notou que Ares começara a rir dela, e lançou uma almofada sobre o Deus. Ele olhou para Atena, prendendo vários risos de deboche, e revirou os olhos.

- Vamos logo terminar com essa porcaria. Eu tenho mais o que fazer, Atena. – Reclamou, mas ainda estava de bom humor. Ele espreguiçou-se – Eu voto por deixar todos eles se matarem, porque vai ser divertido. Acho que as pessoas precisam de mais sangue hoje em dia.

- Quero promover a paz, e não a guerra, Ares. – Rebateu.

- Então porque me chamou aqui? Eu sempre quero promover a guerra. – Retrucou confuso.

- Eu te chamei porque sei disso. Sei que vai tentar piorar a situação para explodir uma guerra, mas temos que amenizar isso. – Disse apontando para o mapa – Se os mortais começarem mais uma guerra, a economia vai despencar piorando as relações diplomáticas com...

Atena interrompeu-se. Ares ergueu uma sobrancelha.

- Nem você está entendendo o que está falando, não é? – Adivinhou.

Atena olhou para o mapa que estendera na mesa em frente á Ares. Suas marcações estratégicas não passavam de rabiscos aleatórios. Por mais que tentasse pensar em algo bom para falar, sua mente se prendia á outro assunto.

Ela ficou irritada ao ver que estava deixando suas obrigações de lado para se importar com banalidades, com futilidades. De modo agressivo, então, derrubou a mesa para o lado e bateu o pé no chão com raiva.

- Droga! – Reclamou e saiu jogando globos terrestres, papeis, e materiais de escrita no chão. Ares ficou surpreso ao ver aquela cena – Droga!

O Deus da guerra colocou o sanduiche de carne que estava comendo de lado bem devagar, e ajeitou-se no divã.

- Talvez seja melhor nós cedermos dessa vez. – Comentou com calma. Ele queria dizer que seria melhor esquecer o lance da guerra e deixar por conta dos mortais, não achando necessário que eles se metessem nisso, mas Atena entendeu errado.

- O que?! – Rugiu virando-se para Ares. Seu vestido balançou no ar dando um tom ainda mais teatral ás suas emoções – O que você disse?!

Ares não repetiu, pois por mais pobre que fosse seu cérebro, ele entendia que tinha falado alguma besteira.

- Ah, eu já entendi! Típico de você! – Reclamou derrubando outra mesa no chão – Você quer que ela ganhe, não quer?! Vocês não passam de uns babacas!

- Você xingou? – Arregalou os olhos, incrédulo.

- Vocês não conseguem por em mente que as mulheres podem ser inteligentes e bonitas ao mesmo tempo. Que ela podem ser muito mais do que curvas provocantes ou decotes absurdos, mas eu vou provar que vocês estão errados! – Exclamou em um ataque de raiva – Acha que eu vou entregar a coroa para ela novamente?! NÃO!

- Entregar o que para quem? – Perguntou confuso. Ele colocou-se de pé – Você ficou maluca de vez? Eu não falei nada sobre mulheres, Atena.

- Disse que eu tinha que ceder! – Gritou apontando para ele – Não se faça de idiota!

- É, disse sim. Ceder na guerra! – Exclamou de volta – Mas do que você está falando? Eu não entendi nenhuma palavra sua desde que cheguei aqui!

Atena bufou de raiva, mas viu que não adiantaria nada reclamar se Ares não tinha a mínima ideia do que ela estava falando. Ela olhou-o com desconfiança por alguns instantes, como se houvesse a chance dele estar apenas fingindo-se de inocente, mas logo notou que ele desconhecia o que estava acontecendo.

- Ninguém te contou? – Perguntou em um murmuro baixo.

- Contou o que? – Quis saber – Qual é o problema para você dar todo esse show?

- Ela quer ganhar de mim. – Disse sentando-se ruidosamente no divã. Ares olhou para ela e segurou seus braços.

- Quem quer ganhar de você em que? – Perguntou ficando impaciente.

- Afrodite! – Exclamou irritada – Deixe de ser burro, Ares! Por que nunca sabe de nada?!

- Afrodite quer ganhar uma guerra contra você? E que coroa é essa? – Ficou ainda mais confuso. Ele imaginava a Deusa do amor tentando ganhar de alguém, quebrando uma unha, e saindo chorando para seu quarto.

- A competição para eleger a Deusa mais bela do Olimpo. – Contou por fim. Ares retorceu seus lábios tentando não rir.

- Ah, não... De novo isso? Essa história não tinha acabado desde, sei lá, Tróia? – Perguntou quase rindo.

- Éris deu a ideia de fazermos uma competição mais justa, tendo em vista que a última não valeu. – Respondeu cruzando os braços.

- Não valeu porque você não achou justa, ou não valeu porque Afrodite ganhou de você? – Perguntou rindo. Atena deu-lhe um forte tapa no rosto.

- Eu não sou uma Deusa feia, Ares. Por que não me escolheriam como Deusa mais bela?! Paris não soube enxergar a razão. – Exclamou com raiva.

- Paris enxergou a razão muito bem, e acho que esse foi o problema. – Rebateu agora irritado. Atena tentou acertar outro tapa nele, mas Ares segurou seu pulso com agilidade – Pense bem. Acha absurdo eleger a Deusa da beleza como a mais bela?

- Acho! – Reclamou tentando se soltar – Isso é levar as aparências como o critério mais importante...!

- Em uma competição de beleza, Atena, as aparências são as mais importantes! – Exclamou Ares – Afrodite ganhou, porque é a Deusa da beleza. Se ela não ganhasse, pode ter certeza que Hera ganharia. Não você.

- Você está me chamando de feia?! – Praticamente berrou isso – Está dizendo que eu perderia até para a sua mãe?!

- Preste atenção. – Disse apontando para ela com seriedade – Estou sendo racional. Coisa que você deveria ser também, levando em consideração que você é você.

Ares a soltou e se levantou. Atena colocou-se de pé em um pulo e o seguiu com o olhar enquanto ele vagava pelo quarto.

- Isso vai acabar tão rápido quanto acabou da última vez. Vão eleger Afrodite, porque ela é bonita, vocês vão ficar com raiva, destruir algum estado americano, e tudo vai voltar ao normal. – Falou dando de ombros.

Ela negou com a cabeça. Sabia que ele tinha razão, e que se deixasse Afrodite seria mesmo escolhida como da última vez. Entretanto, Atena estava mais do que determinada á não perder por nada. Seria uma questão de honra.

- Não. – Disse simplesmente. Ares ergueu uma sobrancelha ao ver um sorriso maldoso surgir no rosto de Atena – Não, Ares. Eu vou ganhar. A coroa será minha.

- No que você está pensando? – Perguntou um pouco tenso. Ela o chamou com o dedo indicador, e notou que não era nada bom. Andou até Atena em passos lentos, como se temesse que ela enfiasse uma lança em seu peito.

- Da última vez, eu tentei comprar Paris. Mas não deu muito certo. – Comentou olhando para os olhos dele – Mas dessa vez eu vou ter certeza de que o jurado esteja a meu favor.

- Quem vai ser a pobre alma? – Perguntou.

- Éris não disse quem vai ser a mortal, mas eu tenho certeza que Apolo vai estar nessa também. Com ele eu posso lidar. – Contou Atena, e depois colocou as mãos na cintura – Mas o mortal... Se não tiver um preço, vai ter que ser de outro jeito.

- Eu não tenho nada a ver com isso. – Disse desviando o rosto.

- Ah, tem sim. Quero que você encontre o mortal, e compre-o para mim enquanto eu vou atrás de Apolo. – Falou apontando para Ares. Ele piscou os olhos – E se não conseguir ajeitar as coisas na palavra, ajeite na força. Faça qualquer coisa para que o voto seja para mim.

- Você pirou de vez. – Falou incrédulo – Você acha que eu vou fazer isso para você? E se Afrodite me pedir a mesma coisa?

Atena apertou o braço dele, dando-lhe um prolongado beliscão.

- Você vai ficar do lado da sua irmã, não vai Ares? – Perguntou rangendo os dentes. Ele fez uma careta de dor – Da sua irmã que sabe lutar todas as artes marciais e que pode arrastar o seu traseiro pelo Olimpo todo se quiser, não é?

Ares bufou de dor ao sentir Atena apertar seu outro braço.

- Eu não...! – Ela o interrompeu com um golpe mais cruel. Suas duas foram para o pescoço dele e o apertaram com uma força gigantesca. Ares arregalou os olhos e tentou se livrar de Atena, mas era impossível.

- O que você disse? – Quis saber.

- Eu...! Tá! – Respondeu sem ar. Ela o soltou e o Deus da guerra e repôs sua postura de calma e tranquilidade.

- Então vai logo. Ache quem Éris escolheu, e traga para o meu lado. – Pediu Atena – E quem sabe você não vai ter a chance de quebrar alguns ossos?

Ares passou a mão pela testa. Estava tentando pegar fôlego novamente. Olhou para Atena de soslaio e notou que aquele plano diabólico de reviver uma competição tão louca como aquela só poderia ter vindo de Éris mesmo.

- Eu já estou indo... – Murmurou saindo de perto de sua irmã assassina.

- Luh? – Chamou Julia andando pelos caminhos do Olimpo. Ela olhava para todos os lados, enquanto segurava um de seus cães infernais – Luh, onde está você?

Já era quase noite. O Sol estava se pondo cada vez mais rápido no horizonte, mas nada daquilo realmente incomodava uma filha de Hades. A escuridão do Mundo Inferior era muito mais densa do que uma noite no Olimpo poderia ser.

Seus olhos correram por todos os lados, até que encontraram Luiza. Ela estava sentada em um banco tomando sorvete com um homem esbelto e loiro.

- Luiza! – Exclamou Juh. O cão infernal notou a presença de sua dona e saiu correndo em direção de Luiza. Pulou contra ela derrubando-a do banco.

- O que é isso?! Para! – Exclamou tentando se livrar das lambidas. Julia correu para perto deles e olhou para o loiro.

- Apolo? – Adivinhou. O Deus sorriu e piscou para ela, mas depois olhou para Luiza erguendo uma sobrancelha.

- Você está viva? – Perguntou quase rindo.

- Estou. Eu... – Ela sentou-se no banco de novo e olhou para Apolo, um tanto sem graça por ter caído, e depois para sua irmã – Por que você trouxe o cachorro? E porque você está aqui?

- Porque você não voltou. Papai ficou preocupado. – Respondeu colocando as mãos na cintura – E ele vai ficar com raiva se souber que você ficou enrolando para passar um tempo com Apolo.

- Cala a boca, Juh! – Exclamou com o rosto corando. Apolo riu e se levantou.

- Pelo visto eu já causei muita confusão familiar para um dia. Bem... A gente se vê amanhã, quem sabe? Até mais garotas. – Disse acenando e indo embora. Luiza socou o banco com tanta raiva que seu punho doeu.

- Feliz? Você fez ele ir embora! – Reclamou – Eu não preciso de babá. Sei que horas eu tenho que voltar para casa.

- Pelo visto não sabe. Não importa o quanto goste de ficar aqui, você tem obrigações lá embaixo também. – Julia estava dando lições de morais um tanto exageradas, e no fundo sabia disso. Mas continuava falando unicamente porque não tinha gostado nem um pouco de ter que limpar a sujeira que Luh deveria ter limpado.

- Não enche, tá bom? – Reclamou Luh.

- Você tem que me escutar. Sou mais velha que você! – Rebateu.

- Isso não diz nada! – Retrucou.

As duas começaram a discutir, o que chamou a atenção de Ares. Ele parou em um lugar próximo e ouviu uma frase que definiu seus objetivos.

- Só porque você é jurada dessa maldita competição, não quer dizer que é a pessoa mais importante do mundo, Luiza! – Exclamou Julia.

- Ei! – Chamou Ares se aproximando devagar. Ele apontou para Luiza, mas como ela estava próxima demais de Julia, as duas se confundiram – Vamos conversar, garota.

Julia sentiu seu coração bater mais rápido. Ares sempre fora seu Deus favorito. Ela comprara uma revista escrita por um dos filhos de Atena só porque vinha com um pôster do Deus. Tudo bem que ele estava furioso na foto, e tentara lançar um tijolo no fotógrafo, mas estava lindo de qualquer maneira.

Toda a sua raiva fora embora. Ela abriu um sorriso bobo.

- Eu? – Perguntou incrédula e feliz – Você quer falar comigo?

Ares revirou os olhos.

- Por que eu iria querer falar com você? – Perguntou com impaciência – Estou falando com ela.

Luiza piscou os olhos. Ares era o último Deus com quem ela queria conversar. Não gostava do Deus guerra, porque o achava idiota e grosso. Uma versão burra da Atena. Podia até suportar Dionísio mais do que Ares.

- Eu não quero falar com você. – Respondeu por instinto. Ares esboçou um sorriso maldoso.

- Não torne as coisas mais difíceis para você. Venha. – Falou.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado.
Alguém tenta arriscar quem vai ganhar essa competição? Em quem vocês votariam?
Aguardo os reviews! Beijos e até o próximo capítulo de Brutal Game.